Teológico Pastoral

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Formação humana

A Essência da Vida

Constantemente encontramos pessoas que reclamam da falta de tempo, dos inúmeros compromissos, da correria sem fim, do estresse acumulado, e consequentemente, sentem-se cansadas, esgotadas e deprimidas. Parece que não tem mais controle sobre as coisas, e vivem correndo atrás do tempo perdido. Sempre estão atrasadas, e as tarefas, como dizem, eram para ontem. Triste situação, e o pior é que a vida segue em frente e as pessoas acabam não vivendo, mas vegetando.
É verdade que devemos lutar para crescer na vida, para se desenvolver e buscar um conforto e melhores condições econômicas. O ser humano por natureza anseia pelo melhor, aspira situações mais confortáveis e não se conforma facilmente com as coisas do jeito que elas estão. Os animais, pelo contrário, se satisfazem com pouca coisa, ou seja, uma boa alimentação, água e um bom descanso. Eles não tem grandes aspirações, e é normal que seja assim.
No entanto, como seres humanos não podemos perder o foco daquilo que é essencial para a nossa vida. Precisamos, sim, de um trabalho digno, de um salário que responda às nossas necessidades físicas, mas a vida não se resume nisso. Segundo Maslow, um grande estudioso da questão da realização da raça humana, ele afirma por detrás de uma motivação está uma necessidade. E as necessidades são hierárquicas, no sentido que com o tempo buscamos coisas mais profundas, e não nos fixamos apenas nas coisas materiais. Segundo ele, as primeiras e urgentes necessidades são físicas, mas elas evoluem, e com o tempo, surgem necessidades mais nobres, tais como, a necessidade de segurança, passando pela estima, caminhando para o mundo intelectual e se realizando plenamente na estética, na busca do belo e do além.
Os animais permanecem na primeira necessidade, e por vezes, os seres humanos não passam de animais só preocupados com as coisas materiais e passageiras. É preciso caminhar para realidades mais profundas, tais como o mundo intelectual, o mundo do além, como disse muito bem São Paulo. Ele afirma que as coisas desse mundo passam, e por isso precisamos buscar as coisas que não passam, ou seja, as coisas de Deus, as coisas do além. Infelizmente, tem gente que não encontra tempo para esse mundo espiritual, e passa pela vida simplesmente como um animal, preocupado com as coisas puramente materiais.
Por vezes encontro pessoas que sentem inveja porque fulano ou sicrano está em condições melhores de vida econômica, como se isso fosse o parâmetro da felicidade. A realização plena não está nos bens terrenos, porque estes são passageiros, mas na dignidade e na vivência dos valores perenes, que nos são propostos pelo evangelho. Uma pessoa vale por aquilo que ela é e não por aquilo que ela possui. É triste e até deprimente ver tantas pessoas somente preocupadas com os seus ganhos materiais. Sentem inveja de quem está bem financeiramente e não tem nenhum escrúpulo em conseguir melhores condições de vida, de maneira nem sempre justa e honesta.
Nada contra a busca de uma vida econômica mais estabelecida, mas isso não pode ser o centro da nossa vivência humana. Como passageiros no trem da vida que passa, somos chamados a buscar a essência da nossa existência, ou seja, a vivência dos valores humanos e cristãos. O valor máximo de um cristão é a sua capacidade de servir, de se doar, de fazer o bem, de passar pela vida semeando a semente do amor, e da construção de um mundo melhor.
Aquilo que conta é aquilo que somos e transmitimos através da nossa vida diária. Um sorriso, um aperto de mão, um olhar respeitoso, um tratamento fino, uma preocupação sincera com quem está necessitado, uma atenção qualificada para a família, um tempo para a oração e a vivência comunitária, isso sim faz toda a diferença.
Dr. Pe. André Marmilicz
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