Teológico Pastoral

Teológico Pastoral

quinta-feira, 30 de março de 2017

Via-Sacra Reparadora


V. Nós Vos adoramos e Vos bendizemos, Senhor Jesus.
R. Porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo.
_______________________
.Canto:  
Pela Virgem dolorosa, / Vossa Mãe tão piedosa,    
Perdoai-me Bom Jesus. Perdoai-me Bom Jesus.



Primeira Estação: Jesus é condenado à morte 

Dir.:  
Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-O para ser crucificado. (Mc 15,15) 

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando Fostes condenado à morte e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Segunda Estação: Jesus aceita a pesada cruz 

 Dir.:
Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as Suas roupas e levaram-No para ser crucificado. (Mt 27,31)

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando tomastes a pesada Cruz e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Terceira Estação: Jesus cai por terra 

Dir.:
Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de Coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve. ( Mt 11,28-30)

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando caístes por terra e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Quarta Estação: Jesus encontra Maria Santíssima 

 
Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe. (Mc 3,35)

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando encontrastes a Mãe Santíssima e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Quinta Estação: Jesus é ajudado por Cirineu 

Dir
Jesus perguntou: Qual [...] te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?
Respondeu: O que usou de misericórdia para com ele.
Jesus disse:  Vai e faz tu também o mesmo. (Lc 10, 36-37)

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando o Cireneu Vos auxiliou e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Sexta Estação: Verônica enxuga a Face de Jesus 

Dir
Ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se existe dor igual à dor que Me atormenta. (Lm 1,12)

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando Verônica enxugou Vosso rosto e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Sétima Estação: Jesus cai pela segunda vez 
Dir
Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida, há de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de Mim e do Evangelho, há de salvá-la

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando novamente caístes e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Oitava Estação: Jesus pede que as mulheres não chorem 
Dir.: Jesus voltou-se para elas e disse-lhes: Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim, chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos.

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando Vos consolaram as mulheres de Jerusalém e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Nona Estação: Jesus cai pela terceira vez 

Dir.: 
E disse-lhes: "A Minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai".

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando caístes pela terceira vez e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Décima Estação: Jesus é despido de suas vestes 
Dir.: 
Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Repartiram entre eles as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. (Jo 19,24)

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando Vos despiram publicamente e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Décima Primeira Estação: Jesus é cravado na cruz 

 Dir.:
Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: "Mulher, eis o teu filho!"
Depois, disse ao discípulo: Eis a tua mãe! E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua. (Jo 19, 26-27)

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando Vos cravaram na Cruz e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Décima Segunda Estação: Jesus morre na cruz 

Dir.:
Dando um forte grito, Jesus exclamou: "Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito". Dito isto, expirou. (Lc 23,46)

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando expirastes no Calvário e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.




Décima Terceira Estação: Jesus é descido da cruz 

Dir.: 
Uma espada trespassará a tua alma. Assim hão de revelar-se os pensamentos de muitos corações. (Lc 2,25)

Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando Vos desceram da Cruz e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Décima Quarta Estação: Jesus é sepultado 
 
Jesus disse [a Maria Madalena]: "Não Me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os Meus irmãos e diz-lhes: Subo para o Meu Pai, que é vosso Pai, para o Meu Deus, que é vosso Deus.'"
Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: "Vi o Senhor!" E contou o que Ele lhe tinha dito. (Jo 20,17-18).  
Oh! meu Bom Jesus, pelo mérito da Vossa Dolorosa Paixão quando Vos sepultaram e pelos merecimentos de Vossa Mãe Santíssima e das almas reparadoras, peço-Vos a conversão dos pecadores, a salvação dos moribundos e o alívio das Almas do Purgatório.

Canto:


Vitória tu reinarás Ó cruz tu nos salvarás!

 Brilhando sobre o mundo
Que vive sem tua luz
Tu és o sol fecundo
De amor e de paz, ó cruz

Aumenta a confiança
Do pobre e do pecador
Confirma nossa esperança
 Na marcha para o Senhor.


.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Quinto Domingo da Quaresma - 2017

O DESAFIO DE SOLTAR A VIDA

“Lázaro, vem para fora!”

Os relatos evangélicos do 3º., 4º. e 5º. domingo da Quaresma do Ciclo A, tomados do evangelista João, apresentam Jesus como Fonte de Água viva (samaritana), Luz do mundo (cego de nascença) e Vida (ressurreição de Lázaro). Três símbolos de nossas necessidades humanas mais fortes (água, luz e vida) e que só o encontro com Jesus pode preenchê-las.
A Quaresma termina com um chamado à vida. Não qualquer vida, mas a Vida verdadeira, a Vida que deseja ser despertada para romper com tudo aquilo que a limita. Por isso, o relato da ressurreição de Lázaro é toda uma catequese sobre o encontro com Aquele que é Vida e que é fonte de vida em crescente amplitude. Jesus não vem prolongar a vida biológica, vem comunicar a Vida de Deus que Ele mesmo possui pelo Espírito e da qual pode dispor.
Em Jesus acontece algo totalmente novo; Ele traz uma nova maneira de viver e de comunicar vida que não cabe nos nossos esquemas. É justamente isso o que mais atrai em sua pessoa. Quem entra em comunhão de vida com Ele, conhece uma vida diferente, de qualidade nova, expansiva...
Nesse sentido, a experiência do Seguimento de Jesus é uma verdadeira “escola de vida”, cujo aprendi-zado nos leva ao âmago do nosso ser, para enraizar nossa vida no coração da Trindade, dele haurir a seiva da vida divina e deixar-nos plenificar pela graça transbordante de Deus.
Nada mais contrário ao espírito do Evangelho que a vida instalada e uma existência estabilizada de uma vez para sempre, tendo pontos de referência fixos, definitivos, tranqüilizadores...

Para o evangelista João, a “vida” é uma totalidade, ou seja, a vida presente, a vida atual, possui tal pleni-tude que, com toda razão, podemos chamá-la de “vida eterna”; uma vida com tal força e tão sem limites, que nem a morte mesma terá poder sobre ela. A “vida eterna”, então, não é um prolongamento ao infinito de nossa vida biológica. É a dimensão inesgotável e decisiva de nossa existência. Ela torna-se “eterna” desde já.
Precisamos adquirir uma consciência mais profunda da vida do Espírito, perceber as pulsações desta vida eterna que está em nós, do mesmo modo que, prestando atenção, percebemos as batidas do coração de toda a criação. Nesse sentido, a vida tem a dimensão do milagre e até na morte anuncia o início de algo novo; ela carrega no seu interior o destino da ressurreição. “Minha vida é uma sucessão de milagres interiores” (Etty Hillesum).
Vida plena prometida por Jesus: Eu vim para que tenham a vida e vida em abundância” (Jo 10,10)

Nem sempre sabemos viver de maneira intensa: conformamo-nos com uma vida estreita, estéril, fechada ao novo, carregada de “murmurações”, atada com faixas. O dinamismo do Seguimento de Jesus, no entan-to,  é gerar vida, possibilitar que o(a) discípulo(a) viva a partir da verdade mais profunda de si mesmo; ou seja, viver a partir do coração, do “ser profundo”.
A imagem de Jesus, presente junto às vidas feridas e bloqueadas, nos ajuda a conhecer nossa própria inte-rioridade e desperta nossa vida, arrancando-a de seu fatal “ponto morto”, de seus limites estreitos e cons-tituindo-a como vida expansiva em direção a novos horizontes.
O seguimento proporciona vigor inesgotável, nossa vida se destrava e torna-se potencial de inovação criadora, expressão permanente de liberdade, consciência, amor, arte, alegria, compaixão.... É vida em movimento, gesto de ir além de nós mesmos; vida fecunda, potencial humano. Vida com fome e sede de significado, que busca o sentido... Vida que é encontro, interação, comunhão, solidariedade. Vida que é seduzida pelo amor, pela ternura. Vida que desperta o olhar para o vasto mundo. Vida que é voz, é canto, é dança, é festa, é convocação...

“Lázaro” representa a humanidade ferida e amada, com dimensões de sua vida necrosadas, amarradas, presas nos sepulcros. Nós mesmos podemos perceber parcelas de nossa vida paralisadas e atrofiadas.
Mas Lázaro, que está presente em cada um, não está morto, apenas dorme. As fontes da alegria, as fontes da criatividade e da confiança, as fontes do agradecimento e das bem-aventuranças... não estão mortas; estão adormecidas e necessitadas de que alguém tire os escombros e afaste a pedra que bloqueia o impulso da vida. E cabe a nós, como seguidores(as) de Jesus, despertá-las com a voz, com os gestos, com o olhar, com as mãos.
O primeiro passo é remover a pedra. Quem jaz atrás da pedra está fechado a qualquer tipo de relação.
Quando a pedra é removida, Jesus ora e diz: “Lázaro, vem para fora!”. Chama seu amigo, e suas palavras de amizade e amor ressoam dentro da sepultura para levantá-lo, despertá-lo e insistir para sair por seus próprios pés. A palavra de amizade de Jesus o alcança inclusive naquilo que está necrosado em Lázaro.
“Lázaro vem para fora”: “Ele tinha as mãos e os pés amarrados com faixas e um pano em volta do rosto”. Ainda não está livre; está preso pelas faixas. Algumas ligaduras podem ser bloqueios internos, dependências, medos, inseguranças, carências...

Diante do túmulo, Jesus mobiliza a todos: para ressuscitar a Lázaro pede a uns que afastem a pedra, a outros que estendam as mãos e desatem as faixas, a outros que o ajudem a pôr-se de pé.
Como podemos crescer em uma corresponsabilidade que nos faça a todos e cada um extrair o melhor de nós mesmos para contribuir com a vida, para que entre luz em nossas relações humanas, para construir entre todos os seus seguidores que caminham, livres das amarras, ao ritmo do Espírito?
“Lázaro, vem para fora!”. Não é este o grito diário de Deus em nossas vidas? Este apelo “vem para fora” é para todos. Todos somos portadores de um sepulcro que nos fecha, nos isola e nos asfixia, privando-nos de nossa liberdade. É preciso dar asas à vida, soltá-la em direção à imensidão do universo.
“Lázaro, vem para fora!” Esta palavra é preciso dizê-la desde agora, com Jesus. Venhamos todos para fora, de maneira que não vivamos mais de morte, que não permaneçamos na letargia, envolvidos em sudários e faixas, compactuando com a violência e a injustiça, dando cobertura àqueles que matam.
Temos de sair de um mundo no qual, de um modo ou de outro, nos habituamos com a morte e nos sentimos impotentes: “Senhor, já cheira mal: é o quarto dia”

Cada dia Deus nos tira do sepulcro e nos devolve a vida sempre enriquecida e iluminada. É um milagre que cada dia possamos amanhecer com vida. Ninguém vive só de momentos extraordinários e de grandes festas; o que mais influi em nossas vidas é a alegria de cada dia, a festa de cada dia, a vida de cada dia, o amor de cada dia, a esperança de cada dia.
Jesus nos oferece a oportunidade de deixar-nos amar pelo Deus da vida, que gera vida, proximidade e abertura, fraternidade profunda e sincera. Podemos fazer isso porque carregamos ricas potencialidades de vida dentro de nós e que, muitas vezes, permanecem atadas, impedindo-nos viver a comunhão e a convivência com os outros. Vir para fora do túmulo significa viver para a vida, na justiça e solidariedade, condenando toda violência que atrofia a vida.
A comunhão de vida com Cristo nos faz ter um “caso de amor com a vida”.

Texto bíblico: Jo 11,1-45

Na oração: “Vem para fora!”, não te feches em ti mesmo,
                     sai de tudo o que há de morte em tua vida; sai de teu individualismo, de teu orgulho, de tua indiferença! sai de tua insensibilidade à dor dos outros! sai da vulga-ridade e superficialidade  de tua vida e vive a elegância da santidade!



segunda-feira, 20 de março de 2017

4o. Domingo da Quaresma - 26 de Março de 2017

JESUS, AQUELE QUE “VÊ” E “FAZ VER”

“Vai lavar-te na piscina de Siloé. O cego foi, lavou-se e voltou enxergando” (Jo 9,7)
 
Jesus afasta-se do Templo, fugindo dos fariseus que queriam apedrejá-lo por ter dito: “Eu sou a luz do mundo”. Ele vai repetir isso e demonstrar com atos, dando ao cego a capacidade da visão.
Não conhecemos o nome deste cego. Só sabemos que é um mendigo, cego de nascimento, que pede esmola nas proximidades do templo. Não tem experiência da luz, não a conhece, nunca a viu. Estava sentado, não podia caminhar nem orientar-se por si mesmo; estava imóvel, dependendo sempre dos outros. Sua vida transcorria nas trevas. Nunca poderia conhecer uma vida digna.
Também não se menciona que era sábado, somente ao longo da narração. Jesus não leva em conta essa circunstância à hora de fazer bem ao ser humano. “Amassar barro” estava explicitamente proibido pela interpretação farisaica da lei. O amassar o barro no sétimo dia, prolonga o sexto dia da criação. Jesus termina a criação do ser humano.
Este ponto de partida é chave para ressaltar o ponto de chegada. Jesus vai ativar no cego a mobilidade e a independência, vai lhe devolver a capacidade de ver, vai reconstruí-lo como ser humano por inteiro.
Jesus vê na cegueira uma ocasião para a manifestação da atividade salvífica de Deus. As obras que Deus realiza consistem em libertar o ser humano de sua inatividade e dar-lhe capacidade de ação.
                      “Enquanto é dia, temos de realizar as obras d’Aquele que me enviou”.

Jesus não consulta ao cego se ele quer ficar curado, pois sendo cego de nascimento não tem experiência da luz e não a pode desejar de maneira especial.
Mas a cura não acontece automaticamente; o cego tem de aceitar a luz e optar livremente por ela. Jesus não lhe tira a liberdade: oferece-lhe a oportunidade e coloca diante dos seus olhos o projeto de Deus sobre o ser humano. A decisão de recuperar a vista fica nas mãos do cego: ela se manifesta no fato de ir à piscina de Siloé por sua própria iniciativa, de caminhar livremente, de poder sair do seu lugar, lavar-se na piscina, para chegar a ser ele mesmo.
Jesus passa à ação. João usa dois verbos para indicar a aplicação do barro nos olhos: aqui untar-ungir tem relação com o título de Jesus “Messias” (que significa o “ungido”). Mais adiante dirá simplesmente “aplicar”. Aquí está a chave de todo o relato. O cego é agora um “ungido”, como Jesus. O homem ferido na sua cegueira foi transformado pelo Espírito.
A reação das pessoas (parentes, vizinhos...) sobre a identidade do cego manifesta a novidade que o Espírito realiza. Sendo o mesmo, é outro. O que era cego revela a nova identidade de homem reconstruí-do pelo Espírito: ele agora é um ungido, encontrou-se a si mesmo“Ele afirmava: sou eu”.
Ao “ungir-lhe os olhos”, Jesus convida o cego a ser homem “acabado, reconstruído, restaurado...”
Os outros personagens continuam em sua cegueira: fariseus, conterrâneos, pais… são símbolos da dificuldade de aceitar a luz quando esta ilumina o que não se quer ver.

Há uma grande diferença entre o cego sem iniciativa, sem liberdade no início da cena, e o homem livre depois da cura. Daí que ele utilize as mesmas palavras que tantas vezes, no evangelho de João, Jesus utili-zava para identificar-se: “Sou eu”. Esta fórmula deixa transparecer a identidade do ser humano recriado pelo Espírito; descobre a transformação que se realizou em sua pessoa e quer que os outros a vejam.
O cego opta livremente pela luz. Segue o caminho apontado por Jesus e chega à meta indicada. Ele, que era só limitação, recupera sua autonomia e deixa-se conduzir pelo Espírito.
O que de verdade importa é que este homem estava limitado e carecia de toda liberdade antes de encontrar-se com Jesus. Agora descobre o que significa ser pessoa e se sente completamente realizado. O Espírito o capacitou para desatar todas as possibilidades de ser “humano”.
Sua vida, escondida e dependente, está agora cheia de sentido. Perde o medo e começa a ser ele mesmo, não só em seu interior mas diante dos outros. O horizonte que se abre para ele é indescritível. O mundo mudou radicalmente; agora ele poderá dar orientação à própria vida: não dependerá mais que os outros o conduzam.

O relato do evangelho de hoje é, sobretudo, uma catequese cristológica. Como aparece Jesus nele?
Em primeiro lugar, Jesus é Aquele que vê. Na cena do “cego de nascença”, onde os discípulos viam um pecador, Jesus via um ser humano. Seu olhar não se detinha na máscara, mas contemplava um rosto.
O “cego de nascença” encontra em Jesus um olhar encorajador, compreensivo, que acredita nele e lhe inspira confiança; um olhar que não se prende ao passado, mas abre uma nova possibilidade de vida. Um olhar que ativa nele a capacidade de olhar a própria vida de maneira diferente.
Por isso, Jesus aparece também como Aquele que faz ver. É o mestre que vai curando a cegueira e trazendo luz, para que a pessoa, descobrindo sua identidade, possa dizer como o cego curado: “sou eu”.

Neste tempo quaresmal, sentimos a urgência de uma conversão do nosso olhar; é preciso purificar o olhar, cristificá-lo. Olhar com os “olhos cristificados”. Não se trata de qualquer olhar. É o olhar limpo, diáfano, gratuito e desinteressado, que destrava e expande a vida do outro numa nova direção.
Contemplar o rosto do outro é sentir sua presença, sem pré-conceitos e pré-juízos..., vendo nele o sinal da ternura de Deus. Passar da contemplação à acolhida: este é o movimento da oração dos olhos.
O “olhar contemplativo” está perdendo sua força criativa no contexto atual; marcado pela ansiedade de querer “ver” tudo ao mesmo tempo, o ser humano já não é mais capaz de fazer uma “pausa” para se deixar “ver” pela realidade. Sob o peso do olhar do racionalismo, ele tudo examina, compara, esquadri-nha, mede, analisa, separa... mas nunca “exprime”. Daí o olhar reprimido, desviado, insensível, frio, duro, ríspido...
Este é o pecado contra o olhar: olhar supérfluo e imediatista, olhar esquizofrênico e narcisista, olhar morno, sem vibração, sem brilho, sem assombro... Nesse olhar não há lugar para a admiração, nem para a acolhida e a presença do outro. Só existe o olhar que “fixa”, escraviza e aliena.
A arte de viver consiste, fundamentalmente, em chegar a ver tudo com o coração. Só o coração descobre em tudo as pegadas da Presença Última, que olha a partir do rosto de cada pessoa, a partir da beleza de cada criatura. O amor nos abraça em tudo quanto vemos.

Texto bíblico:  Jo 9,1-41

Na oração: Ver mais além, a partir do coração,
                     transcender, despertar nossa visão interna e intuitiva das coisas e das pessoas, tirar as cataratas de nossos olhos e abrir-nos a Deus.
- Abro os olhos para olhar de outra maneira.
- Quê há de fechamento, de intransigência, de superficialidade, de rotina em minha vida, que não quero ver?
- Estou aberto a acolher a Luz da verdade, do amor, da justiça, da gratuidade... venha de onde vier?
- Creio ter a posse da verdade ou me deixo questionar pelos outros?
- Em quê aspectos de minha vida pessoal e relacional preciso abrir-me à luz do Evangelho?
- Sou luz que ajudo os outros a verem?




segunda-feira, 13 de março de 2017

3o. domingo da quaresma - 2017

SAMARITANA: história de uma sede

“Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede...” (Jo 4,15)

Comprovamos hoje uma atrofia ou um “déficit de interioridade”, pois a volatilidade das sensações pas-sageiras nos dificulta ter acesso à nossa própria identidade.
Continuamente chegam até nós, sensações inteligentes e sedutoras elaboradas pelos técnicos da publicida-de em laboratórios e ilhas de edição e semeadas na nossa afetividade subconsciente. Estamos rodeados por telas iluminadas (tvs, smart, tablets, computadores...) que emitem uma mensagem “interessada” e nos for-çam a permanecer na superfície de nós mesmos, esvaziando-nos de toda densidade humana.
Precisamos re-descobrir uma pedagogia que nos conduza até o mais profundo de nossa intimidade, onde o Espírito alimenta a originalidade de nosso ser único, através de uma fonte que nunca se esgota.
Precisamos, sob a ação da Graça, destravar nosso centro vivo e sempre inédito, de tal maneira que brote a novidade que tudo renova e plenifica nossa existência.

Vamos, pois, buscar inspiração no encontro instigante de Jesus com a Samaritana, junto a um poço.
Assim como a água, necessária para a vida, é preciso extraí-la do fundo da terra, também a água do Espí-rito é preciso tirá-la das profundezas de si mesmo.
No início do relato vemos uma mulher caminhando em direção ao poço de Siquém em busca de água; ela vive um “eu fragmentado”, perdida em sua solidão, sedenta de um sentido para sua existência...
Tinha graves problemas, estava confusa, em toda sua vida havia buscando o grande amor. No entanto, seus casamentos fracassados continuavam a perturbá-la. Era uma mulher que havia se perdido no cami-nho: tantos cântaros quebrados, tantos pedaços para recolher.
Jesus rompe com as fronteiras culturais e religiosas, assenta-se junto ao poço de Jacó e, através de um diálogo provocativo, ajuda a mulher samaritana a encontrar, dentro dela mesma, esse centro de onde mana sem cessar uma água que mata a sede, e não buscá-la em tantos poços secos ou rachados.
Com sua presença instigante, Jesus ajuda a mulher a integrar suas rupturas existenciais, reconstruindo-a como pessoa, a partir de sua própria interioridade.

O encontro com Jesus fez a samaritana viver uma verdadeira “páscoa”, passando de uma vida trivial e dispersa à missão de anunciar aos outros Aquele com quem se havia encontrado. Como uma água “que jorra para a vida eterna”, uma torrente de gratuidade percorre a cena e transfigura a mulher. Ela foi sendo conduzida até sua própria interioridade através de um paciente processo que a fez passar da dispersão à unificação, da exterioridade à interioridade, da desarmonia à unidade interior, da solidão à comunhão com os outros.
Ela entra em cena como “uma mulher da Samaria” e sai dela como conhecedora do manancial de “água viva”, consciente de ser buscada pelo Pai para fazer dela uma adoradora. Sua identidade transfor-mada a converte em uma evangelizadora que consegue, através de seu testemunho, que muitos se apro-ximem de Jesus e creiam nele. Aquela que falava de “tirar água” como uma tarefa de esforço e trabalho, abandona agora seu cântaro: Jesus a fez descobrir um dom que lhe é entregue gratuitamente.
Na realidade, ela passou a ter a sensação de estar nascendo pela primeira vez e que Deus a amava. Caíam as etiquetas. Tudo o que tinha sido, a samaritana, filha de sangues misturados e de religião meio pagã, a mulher com uma vida afetiva fracassada, a amante que, depois de compartilhar sua vida com seis homens, duvidava de ter sido amada de verdade alguma vez... tudo aquilo parecia deixar de existir.
Os véus que cobriam o verdadeiro rosto da mulher do cântaro vazio, foram levados pelo vento. Ela se tornou “pessoa”.

Estamos, aqui, diante de uma vida em processo. Ao longo do relato assistimos a tentativa da mulher de permanecer em um nível superficial e mover-se em seu diálogo com Jesus no âmbito da superficialidade. Uma e outra vez ela procura escapar e desviar a conversação para terrenos que não permitem descer em sua profundidade e que não a deixam enfrentar-se com a verdade de sua existência.
Mas ela não contava com a tenacidade de Jesus e com sua determinação de alargar aquela vida atrofiada. Ao longo do encontro, Ele é o verdadeiro protagonista, o condutor da cena e aquele que marca as estra-tégias da conversação.
Como hábil pescador, Jesus joga suas redes e lança seus anzóis para tirar a mulher, com quem dialoga, das águas enganosas da trivialidade e do desejo de auto-justificação que a afogam.

Como bom pastor que conhece suas ovelhas, Jesus a faz sair do deserto da superficialidade, vai guiando-a para a profundidade e autenticidade, para a terra do dom da água viva.
Como amigo que busca criar relações pessoais, em nenhum momento emite juízos morais de desapro-vação ou condenação: em lugar de acusar, prefere dialogar e propor, emprega uma linguagem dirigida ao coração da mulher.
Como “expert” em humanidade, Jesus mostra-se profundamente atento e interessado pela interioridade de sua interlocutora e lhe faz descobrir o manancial que pode brotar do mais profundo dela mesma.
Revela-lhe também a interioridade de Deus como Pai que busca adoradores em espírito e em verdade.

Jesus desperta a samaritana a cair na conta que é preciso abrir-se a um “manancial” novo, que lhe vem através d’Ele e que “brota em seu interior” de um modo permanente. Ele é o manancial e com sua presen-ça desperta o manancial interior da samaritana, entupido.
                     “Dá-me um pouco de sede porque estou morrendo de água!”
Eis o clamor da nossa geração que tendo quase tudo, parece que não consegue descobrir o sentido da própria existência. Morre de sede junto ao poço de água viva.
A sede se refere à busca de sentido presente em todo ser humano, busca daquilo que traz definitivamente a paz: a “água viva” que coincide com o “dom de Deus”.
Por isso, o relato se situa intencionadamente em chave de oferta: “se conhecesses o dom de Deus...”
Acabou-se o tempo dos templos; a adoração passa pelo coração, é interior e verdadeira, corresponde a uma vida em fidelidade.
A experiência acontece quando escutamos em nosso interior o “eco” que a água viva produz, saciando nossos desejos mais plenos. “Uma água viva murmura dentro de mim e me diz: Venha para o Pai” (S. Inácio de Antioquia)
Como a samaritana, também diante de nós se apresenta uma alternativa: continuar buscando água viva e justificação em poços secos e esgotados ou eleger “vida eterna” e deixar-nos arrastar pela oferta de transformação proposta pelo Jesus que nos busca, porque deseja ampliar nossa existência e comunicar-nos alegria e plenitude.

Texto bíblico: Jo 4

Na oração: A cena do encontro de Jesus com a samari-
                    tana nos remete à experiência fundante de nossa vida. Tal experiência significa abertura, dilatação do coração, expansão da consciência ao ver que tudo parte  de Deus (Fonte do rio da vida) e tudo volta para Deus (rio que mergulha no Mar).
A experiência de oração junto ao nosso poço nos conduz à outra fonte, aquela que brota do coração, e que estava ressequida, impedindo-nos de reconhecer o murmúrio da água viva.
De quê tenho sede? Onde busco saciar minha sede?


segunda-feira, 6 de março de 2017

Tríduo em preparação à Festa de  Madre Clélia
Com Madre Clélia, mulher de fé, celebramos o dom de sua Vida

1º Dia –  A fé-confiança na vida de Madre Clélia
Canto:  a escolha
Dirigente: Para Madre Clélia, que confiava ilimitadamente no Coração de Jesus, confiança é acreditar incondicionalmente que Deus nos ama com um amor infinito, e jamais, nada, poderá me separar do seu abraço: “Procura estar sempre preparada para a luta, ou melhor, saiba resistir com calma, energia, alicerçada no espírito de fé” (Carta 4, p. 36). Ela acrescenta, em seus escritos: “Quando ruge a tempestade, refugia-te na cela do Coração de Jesus e consola-te com a esperança que suas promessas despertam, perpetuamente, em toda alma piedosa.” (Antologia, 163)

Reflexão: O Papa Francisco nos diz:

Leitor 1: “Sem a verdade, a fé não salva, não torna seguros os nossos passos. Seria uma linda fábula, a projeção dos nossos desejos de felicidade, algo que nos satisfaz só na medida em que nos quisermos iludir; ou então reduzir-se-ia a um sentimento bom que consola e afaga, mas permanece sujeito às nossas mudanças de ânimo, à variação dos tempos, incapaz de sustentar um caminho constante na vida.”  (Lumen Fidei, 24)

Leitor 2: “A fé ilumina também a matéria, confia na sua ordem, sabe que nela se abre um caminho cada vez mais amplo de harmonia e compreensão. Deste modo, o olhar da ciência tira benefício da fé: esta convida o cientista a permanecer aberto à realidade, em toda a sua riqueza inesgotável... Convidando a maravilhar-se diante do mistério da criação, a fé alarga os horizontes da razão para iluminar melhor o mundo que se abre aos estudos da ciência.” (Lumen Fidei, 34)

Texto bíblico: Em todas essas coisas, somos mais que vencedores em virtude daquele que nos amou. Eu, de fato, estou convencido de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos nem principados, nem o presente nem o futuro, nem as potências, nem as alturas, nem a profundidade, nem outra criatura qualquer poderá jamais nos separar do amor de Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 8, 37-39)

Oração à Santíssima Trindade para obter graças por intercessão de Madre Clélia Merloni:
Ó Santíssima Trindade, que vos comprazeis em exaltar os humildes e confundir os soberbos, dignai-vos ouvir a minha prece, concedendo-me por intercessão da vossa fiel Serva, Madre Clélia, a graça que ardentemente desejo...
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo... (3x)

Canto final (à Madre Clélia)  



2º Dia –  A fé-abandono na vida de Madre Clélia
Canto:  a escolha

Dirigente: A vida de Madre Clélia, foi marcada por momentos de perda e de escuridão mas em cada instante de sua existência, nunca lhe faltou a confiança em Deus que tudo permite para nosso bem.  Ela viveu e nos ensinou que a plenitude da existência consiste em viver abandonada em Deus. Assim sendo, ela nos exorta a um total e pleno abandono nos braços Daquele que nos ama infinitamente. São suas essas palavras: “Coragem e confiança no Senhor, que tudo permite para o nosso bem, mesmo as tribulações e cruzes, e nos assiste e nos dá a força necessária, para poder adquirir abundantes méritos para o céu.” (Antologia, 106) Encoraja às filhas a uma fé forte: “... não nos devemos perturbar e cair no desalento; nossa fé deve ser maior que a de qualquer outra pessoa. Em nós a fé deve resplandecer e brilhar.” (Antologia, 109)

Reflexão: O Papa Francisco nos diz:

Leitor 1: “O conhecimento da fé, pelo fato de nascer do amor de Deus que estabelece a Aliança, é conhecimento que ilumina um caminho na história. É por isso também que, na Bíblia, verdade e fidelidade caminham juntas: o Deus verdadeiro é o Deus fiel, Aquele que mantém as suas promessas e permite, com o decorrer do tempo, compreender o seu desígnio... O conhecimento da fé ilumina não só o caminho particular de um povo, mas também o percurso inteiro do mundo criado, desde a origem até à sua consumação”. (Lumen Fidei, 28)
Leitor 2: A fé nasce do encontro com o amor gerador de Deus que mostra o sentido e a bondade da nossa vida; esta é iluminada na medida em que entra no dinamismo aberto por este amor, isto é, enquanto se torna caminho e exercício para a plenitude do amor. A luz da fé é capaz de valorizar a riqueza das relações humanas, a sua capacidade de perdurarem, serem confiáveis, enriquecerem a vida comum.” (Lumen Fidei, 51)

Texto bíblico: Salmo 130 (131)
Senhor, meu coração não é orgulhoso, nem se eleva arrogante o meu olhar;
Não ando à procura de grandezas, nem tenho pretensões ambiciosas!
Fiz calar e sossegar a minha alma; ela está em grande paz dentro de mim,
Como a criança bem tranquila, amamentada no regaço acolhedor de sua mãe.
Confia no Senhor, ó Israel, desde agora e por toda a eternidade!

Oração à Santíssima Trindade para obter graças por intercessão de Madre Clélia Merloni:
Ó Santíssima Trindade, que vos comprazeis em exaltar os humildes e confundir os soberbos, dignai-vos ouvir a minha prece, concedendo-me por intercessão da vossa fiel Serva, Madre Clélia, a graça que ardentemente desejo..
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo... (3x)
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Canto final (à Madre Clélia) 

 
3º Dia –  A fé em Deus só!

Canto:  a escolha

Dirigente: Clélia foi uma mulher forte cuja doçura e humildade foram aprendidas na escola do Mestre Jesus. Sua confiança ilimitada no Sagrado Coração de Jesus, levou-a a aceitação e ao sacrifício extremo, para que em tudo Ele fosse o centro.  Embora sua alma tenha sido pautada pelo sofrimento, o que mais a caracteriza é o amor e a confiança em Deus só: “Deus só para mim é tudo!” Essa frase não foi apenas dita com os lábios, mas vivida no cotidiano de sua existência! Hoje, às portas de sua beatificação, agradeçamos ao Senhor, pela sua vida, seu carisma e missão e por seus sábios ensinamentos. Peçamos-lhe sua intercessão para que cada Apóstola seja uma filha segundo o Coração de Jesus e sua bênção materna seja extensiva aos  familiares e colaboradores.

Reflexão: O Papa Francisco nos diz:

Leitor 1: “A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos... A fé faz compreender a arquitetura das relações humanas, porque identifica o seu fundamento último e destino definitivo em Deus, no seu amor, e assim ilumina a arte da sua construção, tornando-se um serviço ao bem comum. Por isso, a fé é um bem para todos, um bem comum: a sua luz não ilumina apenas o âmbito da Igreja nem serve somente para construir uma cidade eterna no além, mas ajuda também a construir as nossas sociedades de modo que caminhem para um futuro de esperança... As mãos da fé levantam-se para o céu, mas fazem-no ao mesmo tempo que edificam, na caridade, uma cidade construída sobre relações que têm como alicerce o amor de Deus”. (Lumen Fidei, 51)

Leitor 2:    “Se tiramos a fé em Deus das nossas cidades, enfraquecer-se-á a confiança entre nós, apenas o medo nos manterá unidos, e a estabilidade ficará ameaçada... a fé, ao revelar-nos o amor de Deus Criador, faz-nos olhar com maior respeito para a natureza, fazendo-nos reconhecer nela uma gramática escrita por Ele e uma habitação que nos foi confiada para ser cultivada e guardada; ajuda-nos a encontrar modelos de progresso, que não se baseiem apenas na utilidade e no lucro mas considerem a criação como dom, de que todos somos devedores; ensina-nos a individuar formas justas de governo, reconhecendo que a autoridade vem de Deus para estar ao serviço do bem comum”.  (Lumen Fidei, 55)

Texto bíblico:  A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Foi ela que fez a glória dos nossos, antepassados. Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do invisível. Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício bem superior ao de Caim, e mereceu ser chamado justo, porque Deus aceitou as suas ofertas. Graças a ela é que, apesar de sua morte, ele ainda fala. Pela fé Henoc foi arrebatado, sem ter conhecido a morte: e não foi achado, porquanto Deus o arrebatou; mas a Escritura diz que, antes de ser arrebatado, ele tinha agradado a Deus. Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram. Pela fé na palavra de Deus, Noé foi avisado a respeito de acontecimentos imprevisíveis; cheio de santo temor, construiu a arca para salvar a sua família. (...) Foi pela fé que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber em herança. E partiu não sabendo para onde ia. Foi pela fé que ele habitou na terra prometida, como em terra estrangeira, habitando aí em tendas com Isaac e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Porque tinha a esperança fixa na cidade assentada sobre os fundamentos (eternos), cujo arquiteto e construtor é Deus. (Hb 11, 1-10)

Dirigente: Podemos continuar a leitura orante da carta aos hebreus, percorrendo a história de amor e salvação de Madre Clélia: Foi pela fé que Clélia suportou a perda de sua mãe e avó, pela fé superou doenças e enfermidades, pela fé superou conflitos e contratempos, pela fé superou dúvidas, calúnias, exílio e abandono, pela fé superou a crise financeira, pela fé lutou para manter o nome do Instituto por ela fundado, pela fé estava disposta a tudo... pela confiou e se deixou conduzir por Deus somente.

Oração à Santíssima Trindade para obter graças por intercessão de Madre Clélia Merloni:
Ó Santíssima Trindade, que vos comprazeis em exaltar os humildes e confundir os soberbos, dignai-vos ouvir a minha prece, concedendo-me por intercessão da vossa fiel Serva, Madre Clélia, a graça que ardentemente desejo...
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo... (3x)
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Canto final (à Madre Clélia)   
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