Teológico Pastoral

Teológico Pastoral

domingo, 29 de julho de 2012

Vida

VIVER A VIDA

A vida passa muito rapidamente, e quando nos damos conta, já se passou o dia, o mês, o ano, muitos anos e a velhice que vem chegando de modo tão veloz e inesperado. Surge então o grande questionamento do ser humano: mas afinal, que sentido tem essa vida? Que sentido tem essa correria, essa sede de mais e mais, essa loucura desenfreada que toma conta de tanta gente?
Por mais que prolonguemos a nossa existência, graças ao avanço da ciência, a vida será sempre breve e passageira. Isso, com certeza, nos assusta, pois a constatação da morte sempre foi motivo de angústia e sofrimento para a maioria das pessoas. Os anos vão passando, os cabelos brancos surgindo, as forças desaparecendo, as dores se manifestando no corpo. A saudade então da juventude, dos tempos áureos, onde tudo parecia ser eterno. Que mistério essa nossa existência!
Diversas pessoas tentam encontrar razões para viver, e não apenas passar por essa vida. Muitos encontram na religião a resposta para suas perguntas; outros anseiam por mais e mais, o mundo material dirige suas vidas; outros ainda buscam sem cessar o poder; tem aqueles que fazem da sua existência uma busca desenfreada pelo prazer. E para você, que sentido tem essa vida?
Pessoalmente, acredito que a vida é feita de etapas, assim como as estações do ano. A primavera é o tempo do desabrochamento da vida e vai desde o nascimento até a juventude. Um período essencial para direcionar os sonhos, os projetos, a escolha profissional. Um período intenso de energia, de fôlego, onde tudo parece ser possível e realizável. O verão é o tempo da plenitude, onde os projetos se realizam, e o ser humano vive plenamente a sua vida. Tempo de brilhar, construir, escrever livros, realizar-se na sua profissão. É o período das grandes realizações da vida. Chega então o outono, tempo da colheita. Nós colhemos aquilo que plantamos, essa é a grande verdade. É o tempo da velhice, da aposentadoria, onde cada um desfruta daquilo que semeou ao longo da sua existência. Enfim, o inverno, tempo final da existência, quando nos preparamos para a partida. Tempo árduo para alguns, pois saber-se próximo do fim dessa vida, sempre é doloroso e angustiante. Para outros, pode ser um período de paz, na certeza de ter realizado o melhor ao longo da sua vida. A morte não é vista como o final de tudo, mas como o inicio de uma nova existência.
Saber viver, eis a grande questão. Acredito que ao longo de toda sua vida, torna-se fundamental para o ser humano, encarar os problemas, as adversidades, com coragem e determinação. Quando alguém, frente a uma dificuldade logo sucumbe, jamais poderá usufruir dessa curta existência. O enfrentamento, eis o grande desafio, em cada estação da nossa breve passagem por esse mundo. Quando alguém facilmente desanima diante das contrariedades, com certeza não poderá nunca fazer a experiência da vitória. Aí está, para mim, o segredo do bem viver em todas as fases da vida. Deveríamos educar e ser educados a sermos fortes interiormente, a fim de lutarmos até o fim, mesmo quando tudo parece dizer que não seremos capazes e que não vai dar certo.
Só poderá comemorar a vitória, quem soube arriscar, ousar, enfrentar e acreditar que é possível, mesmo quando tudo parece mostrar o contrário. Ao longo da história, quantas pessoas nos deram o exemplo de bravura, de galhardia e coragem, mantendo-se de pé e firmes nas horas mais árduas e dolorosas da sua existência.
Tudo que é fácil e não exige luta, não tem sentido, mas tudo aquilo que é resultado de muita persistência, perseverança, tem um gosto todo especial. E para mim, é exatamente isso que dá o brilho especial para a nossa vida.

Dr. Pe. André Marmiliez

sábado, 28 de julho de 2012

Homilia da Liturgia do domingo - 30de julho de 2012

DO APARENTE IRRISÓRIO À ABUNDÂNCIA DOS BENS: O VERDADEIRO MILAGRE
(Liturgia do Décimo Sétimo Domingo do Tempo Comum)

Há alguns milagres que Jesus realiza com o objetivo de saciar. Saciar as fomes, as angústias e a sede de vida.  Mas há alguns dos quais Jesus “foge” como quem evita o perigo. O motivo é porque, ao invés da saciar, provocam ainda mais fome.  Uma fome que nunca pode ser saciada.
A cena evangélica deste décimo sétimo domingo do Tempo Comum (Jo 6,1-15) nos apresenta um dos primeiros milagres realizados diante dos olhos de uma grande multidão. Contudo, no final, aponta para um outro tipo de milagre do qual Jesus quer ficar longe a todo custo.
O primeiro é um milagre que sacia. Trata-se da multiplicação dos pães e dos peixes. Um milagre que acontece a partir daquilo que se tem. Isto é, da realidade concreta daquelas pessoas. Esse milagre só pode acontecer quando se aceita partilhar.
O que Jesus faz em primeiro lugar, na verdade, é ajudar a crer naquilo que se tem, naquilo que se é. Com certeza, Filipe, que é posto à prova por Jesus, sabe que no grupo há aquela quantidade de alimento irrisória.
Jesus não pergunta, mas é como se dissesse: o pouco que se tem não é nada? Será que, mesmo sendo pouco, não significa nada?  Será que não serve para nada? O que temos nunca será o bastante?
O primeiro movimento do gesto de Jesus começa a operar um verdadeiro milagre sobre toda a forma de baixa autoestima, inferioridade e desvalorização. Então, o grande milagre, mesmo antes da fartura, está em reencontrar a confiança!
O segundo movimento do gesto de Jesus ajuda a ir em direção à partilha. Aquilo que se tem, ainda que pouco ou, aos olhos de muitos, sem importância, deve ser compartilhado. É isso que sacia! Sacia quem assim age, encontrando coragem para partilhar os próprios bens e os dons, e sacia também quem se alimenta do que foi partilhado, isto é, os famintos e desencorajados diante da vida. 
Jesus não distorce a natureza, tampouco as leis da vida, como às vezes temos a tentação de desejar e pedir, com expressões como estas: “por que Deus não acaba com a fome do mundo? Por que Deus não faz um gesto e elimina as doenças, as guerras e a violência? Não! Deus não é um mágico. Na pessoa de Jesus, Deus age de modo contrário a todo o tipo de artificialismo, ajudando-nos a entrar na dinâmica das leis da natureza e da vida.
Saciar a fome a partir do nada, isso sim, teria sido um “milagre” espetacular, mas fora de qualquer lei da natureza. Teria sido um gesto mágico, como o próprio diabo já havia proposto que Ele fizesse, no início do Seu ministério: “Faça com que estas pedras se transformem em pão, e todos acreditarão em ti”.
Mas Jesus está longe disso e vê esse tipo de atitude como uma tentação da qual deve se distanciar. Mais discreto e mais eficaz, mais de acordo com a lógica de Deus é o gesto de fazer uma pessoa tomar consciência daquilo que tem e aquilo que é, como também dos próprios dons, dos próprios recursos.
A dinâmica de Jesus está fundamentada na lógica de Deus e é por isso que os seus movimentos são gestos que podem ajudar a pessoa a agir confiando que aquilo tem é importante. A partir do contexto da sua realidade e usando aquilo que tem, isto é, os seus recursos, os bens, a sua história e a sua realidade toda, encontrar-se no amor, nas relações com os outros, na partilha com os pobres.
Um outro milagre, ao qual se alude, e que Jesus recusa absolutamente, é aquele no qual as pessoas parecem tropeçar, quando querem fazer dele um rei. Ele se distancia dessa situação, porque percebe que é justamente o oposto do que Ele acaba de fazer.
Se tivesse se prestado a essa dinâmica, teria distanciado as pessoas umas das outras e d’Ele mesmo, como também da responsabilidade de encontrar no amor pelos outros, a própria razão de viver. O pão não seria multiplicado, nem os recursos de cada um, muito menos a vontade de partilhar, mas apenas o poder de alguém, isto sim, teria sido multiplicado sem medida.
A multidão O procura para coroá-lo rei. Está em busca de um homem poderoso para seguir, entusiasmando-se por um líder. Na realidade, quer alguém que a desresponsabilize. Prefere tornar-se uma massa indistinta em busca de um herói, atrás de um profeta e de um líder que faz sonhar, mas que, na realidade, aliena e tira de cada um a responsabilidade que tem de operar com os dons que Deus lhe deu.
Diante dessa perspectiva e desse capricho Jesus foge e se esconde! Não quer que as pessoas o encontrem. Não para corresponder aos seus desejos de poder. Disse um não, em alto e bom tom, a essa dinâmica.
Eis o que Ele considera como um verdadeiro milagre: cada um caminha com suas próprias pernas, pensa com sua própria cabeça, torna, por assim dizer, o líder e o profeta de si mesmo, o seu próprio chefe, e essa responsabilidade floresce em vida sempre nova, justamente porque cada pessoa sabe aceitar aquilo que tem e aquilo que é. Quando sabe fazer de si um dom para os outros.
Assim se constrói o sonho de Deus manifestado na segunda leitura (Ef 4,1-6): “um só Corpo e um só espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. Um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos que age por meio de todos e permanece em todos”. Só Deus é o nosso Rei! Nós somos, todos unidos num só Corpo, irmãos e irmãs. O Reino de Deus é assim! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).

terça-feira, 24 de julho de 2012

Leitura Orante da Palavra de Deus


Leitura orante com enfoques específicos


Cresce cada vez mais na Igreja o exercício de Leitura Orante como uma das formas privilegiadas do encontro com a Palavra-Jesus.

Cada pastoral, cada grupo cristão busca a Palavra de Deus a seiva de vida para sua ação. 

Vejam por exemplo, a Leitura Orante realizada no dia 21/07 durante o 3º Encontro da Pastoral de Comunicação (PASCOM): o encontro de Jesus com a Samaritana na ótica da comunicação.


Mantra preparando ambiente: (mapa da palestina, jarras com água, potes de barro...)

Motivação: No momento mais quente do dia, à beira de um poço famoso Jesus pede de beber. Inicia-se um diálogo profundo que se torna vibrante como a fonte de água! 

 Vamos meditar uma das mais belas narrativas do 4º Evangelho: a conversa de um judeu com uma samaritana. A comunidade joanina é uma das mais distantes do acontecimento Jesus de Nazaré... poucas pessoas eram testemunhas oculares de Jesus. Jesus morreu pelo ano 33 e o evangelho foi concluído por volta do ano 100 da era cristã.

O evangelho de João é cheio de simbologia (que comunica muito!),  mas  é mais difícil de ser entendido.Símbolos, metáforas, comparações são  elementos importantes para esclarecer uma mensagem. Quanto símbolo fala mais que muitas palavras!!!!

O capítulo 4, 1-30 narra a conversa entre Jesus e a samaritana. A conversa foi difícil: tanto para Jesus quanto para a samaritana. Os dois tiveram que superar algumas barreiras. Jesus se encontrava em um ambiente estranho... fora de casa... de sua cidade...(precisava passar pela Samaria – Jo 4,4).  A samaritana estava em seu próprio ambiente... ambiente de sua casa e do seu trabalho. Mas, por ser mulher, ela não podia conversar com um homem estranho, judeu e de outra religião. Mesmo assim, os dois tentaram superar barreiras... Depois de várias tentavas... a comunicação dialógica avançou significativamente e se estabeleceu uma comunicação interativa  entre os dois... Difícil acolher uma pessoa estranha e diferente  sobretudo quando se quer realizar comunicação que é comunhão de vida... interatividade....

INVOCAÇÃO DO Espírito Santo:A nós descei...

Vamos ouvir o texto que nos relata o encontro: Jo 4,1-30 

Refrão: Escuta Israel, o Senhor, teu Deus, vai falar...

Ler uma segunda vez a partir da ótica da comunicação, percebendo como vão se dando os passos comunicativos de forma crescente até constituir comunhão de vida: quem fala, para quem fala, sobre o que estão falando. Detenha-se sobre o que mais lhe chamou atenção no texto.

Momento de silêncio...

1º passo: Leitura: O QUE DIZ O TEXTO

RECONTAR O TEXTO: 

1- Jo 4,1-6: Palco/espaço onde se realiza o encontro: Jesus percebe que os fariseus podem irritar-se com a sua atividade batismal, ele sai da Judéia e volta para Galiléia. Assim ele evita uma briga religiosa (4,1-3). Ao voltar ‘era preciso que passasse pela Samaria... perto do meio dia... chega junto ao poço de Jacó... Cansado, senta-se perto do poço onde a samaritana vai encontrá-lo. O poço era o point dos encontros. Hoje quais são os lugares (físicos e virtuais) do encontro?

2- Jo 4,7-15: primeiro nível de comunicação: água e trabalho: água, corda, balde poço (eram os elementos que marcavam o mundo do trabalho da samaritana. Jesus é quem toma a iniciativa do diálogo... As barreiras se rompem... Ele vai ao encontro, assim como Deus tomou a iniciativa de vir ao encontro da humanidade, de se comunicar conosco, de vir  ao encontro de cada um de nós... Jesus parte de uma necessidade concreta, de sua sede e pede água... Pela pergunta, a samaritana percebe que Jesus precisa de sua ajuda para resolver o problema que é a sede! Com isso Jesus desperta nela o interesse/gosto para ajudar e servir. Desde o início da conversa Jesus usa a palavra água nos dois sentidos: normal (água que mata a sede) e simbólico (como fonte de vida e como dom do Espírito Santo prometido no AT – Zc 14,8; Ez 47,1-12). Aí aparece um primeiro ruído de comunicação: a samaritana só entende água no sentido normal: água que mata sede do corpo. Há uma tensão: Jesus tenta ajudar a samaritana a passar para outro nível de entendimento e a samaritana, por sua vez, procura levar Jesus a entender as coisas conforme o sentido que ela tem no cotidiano. Conclusão: por essa porta Jesus não consegue comunicar-se com a samaritana e o diálogo não avança...

3- Jo 4,16-18: segundo nível de comunicação: Marido ou família. Jesus manda buscar o marido. A resposta da samaritana não permite que Jesus estabeleça comunicação com ela; a reposta é seca: “não tenho marido”. E Jesus: “tá certo... tiveste cinco, e o que tens agora não é seu marido!”. Os cinco maridos evocam simbolicamente os cinco ídolos do povo samaritano (2 Rs 17,29-30). O sexto marido a que Jesus alude, provavelmente fosse João Batista venerado como Messias, ou a fé diferente dos samaritanos em Javé. 

4- Jo 4,19-24: terceiro nível de comunicação, a adoração. Até que enfim! Por causa da resposta de Jesus a samaritana o identifica com o Messias... Aí é ela quem começa a perguntar... a comunicação muda o rumo: onde adorar a Deus?  Em Jerusalém ou em Garizin?  Agora é Jesus que aproveita a porta aberta pela samaritana para comunicar-se com ela.  Ele estabelece interatividade dialógica, porta para a comunhão de vida, de comunicação. Primeiro Ele relativiza o lugar do culto: nem em Jerusalém, nem em Garizin, ou seja, aqui não há privilégio para os judeus! Em seguida Jesus esclarece que tanto judeu como samaritano adoram a Deus. A diferença é que os judeus adoram o que conhecem. Os samaritanos adoram o que ainda não conhecem... ‘pois a salvação vem dos judeus’! Jesus termina dizendo que chegará o tempo em que se poderá adorar a Deus em qualquer lugar, desde que seja em “espírito e verdade”.

5- Jo 4,25-30: quarto nível de comunicação, a revelação: “O Messias sou eu que estou conversando contigo”! A samaritana muda de novo o rumo da comunicação e passa para outro assunto, a esperança messiânica do seu povo (sei que vem o Messias!). E Jesus aproveita essa ‘deixa’ para se apresentar, para revelar-se, para comunicar-se no verdadeiro sentido da palavra: comunhão de vida que é compromisso entre ambos. (“Sou eu que estou conversando contigo”).  O diálogo é interrompido pela chegada dos discípulos (novo ruído: eles se admiram de Jesus estar conversando com uma mulher). A samaritana – que agora já não necessita mais do balde, pois encontrou a água viva – regressa para a sua aldeia e aí estamos no ponto alto do relato, o espetáculo da comunicação: a palavra de salvação se propaga; a samaritana se torna discípula missionária. Desperta a curiosidade dos samaritanos que dão seus primeiros passos ao encontro com Jesus. O diálogo de Jesus começou com a mulher, mas vai bem além dela: os samaritanos todos participam acolhem Jesus – a comunicação do Pai.

Refrão: ÉS ÁGUA VIVA, ÉS VIDA NOVA...

2º passo: Meditação: O QUE O TEXTO DIZ PARA MIM?

Colocando-nos no lugar da Samaritana, escutamos Jesus que nos pede água.  Qual é a água que ele nos pede?

A samaritana se admira de que Jesus peça água a ela... afinal ela era a necessitada...
Eu.. você.. temos nossas necessidades, nossas buscas, nossas sedes...e é Jesus que pede água. O que significa isso? Como Ele me pede de beber? O que significa essa insistência...
“O senhor não tem balde para tirar a água...e o poço é fundo...” O poço de minha vida, de minhas buscas  e desejos é fundo. Como vou conseguir essa água da vida? Será que o Senhor é mais importante que Jacó? –
Como a samaritana, deixemos que essas perguntas ressoem em nosso coração: Como vou conseguir essa água viva que me satisfaça? Será que Jesus não é mais do que eu sei e que os outros me comunicaram e comunicam? Que Jesus nós comunicamos? (Só o encontro profundo, íntimo revela quem Jesus é!
“A água que eu lhe der se tornará nele (a) fonte de água viva” -  De que água eu estou bebendo para alimentar minha missão de comunicador/a?

Refrão: 

3º  passo: Oração: O QUE O TEXTO ME FAZ DIZER A DEUS

È o momento da oração; do diálogo espontâneo e direto com Jesus. Ele que se apresentou como profeta, Messias, Comunicador da boa notícia da salvação para todos. 
É o momento da comunicação mais profunda entre Jesus e eu.
Ele me falou no texto lido; eu respondo em oração.
Peça neste momento a água que você precisar para viver, para cumprir a sua missão de ser fonte para os outros....

4º passo: Contemplação: A QUE AÇÕES /COMPROMISSOS O TEXTO ME REMETE 

Vamos contemplar/ encantar-nos com a beleza e a profundidade do texto e sua consequência para a missão de comunicadores/ comunicadoras.
É o momento de silêncio profundo que também comunica... é o momento em que a palavra ouvida penetra minha vida e me sugere uma ação... mudança de vida... novo jeito de comunicar
O momento do silêncio nos permite distinguir o importante, o essencial do acessório, do periférico... Quanto mais abundantes  a comunicação de mensagens e informações... mais necessários se fazem os  momentos de silêncio
É no silêncio que se identificam os momentos mais importantes da comunicação entre aqueles que se amam
Deixemo-nos amar por Deus... contemplemos esse amor  e de coração assumamos o que este amor nos propõe... 

Pai Nosso e Canto final: É como a chuva que lava...


Por Maria Cecília Rover
Assessora Nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação 
Bíblico-Catequética 

Poesias

A pedra mais preciosa
  "Exercitai-vos na caridade!" (MC) Paulin Ir. Laurinda ascj
Clélia Merloni, alma ardente Fez do Coração de Jesus seu Sumo Bem Consagrou-se e amou a Ele somente E no amor, foi muito mais além.
Clélia, em sua vida, sempre sonhou E no seu sonho real e bonito Uma congregação planejou Para honrar, de Jesus , o Coração bendito.
Ela deseja que o Instituto floresça Compara-o a um vasto jardim E do seu coração missionário Envia as primeiras flores, enfim
Seu coração se dilata, ama... Ser missionária, o mundo conquistar Levar a todos a eterna chama Um raio da ternura do Coração de Jesus
Suas seguidoras, devem ser santas Propõe a humildade e mansidão Virtudes que florescem, entre tantas, No jardim do Sagrado Coração
Mas a flor mais bela, é a caridade Desabrochou no lado aberto de Jesus Pedra preciosa, gotejando sangue e água Para o Instituto ser: sal e luz.
 
 
ROSTO DE CRISTO, ROSTO DE CLÉLIA, ROSTO DE APÓSTOLA
 
Em sua vida terrena,
Jesus encontrou muitos rostos
Da samaritana, da Cananéia, de Nicodemos,
Rostos que retrataram angústia, que comunicaram sede,
Rostos que revelaram uma intensa busca de sentido,
De algo que durasse para sempre, de VIDA ETERNA.
Clélia Merloni, em sua época,
Seguiu as sendas do Mestre,
Encontrou rostos questionadores, rostos acusadores,
Mas, também, rostos apaixonados por Cristo,
Sobretudo, escolheu nunca desviar o olhar
Do Rosto Oferente de Cristo.
Nos rostos que hoje encontramos,
Rostos filipinos, mexicanos, italianos,
Rostos americanos, haitianos, africanos,
Rostos com os mais diferentes traços,
Em todos vislumbramos a mesma sede infinita,
Da samaritana, da Cananéia, de Nicodemos.
Voltemos nosso rosto ao Rosto Santo de Cristo
E peçamos que Ele conceda às suas Apóstolas
A graça de sermos para a humanidade inteira
O rosto de Clélia, rosto de esperança,
Rosto pleno de inabalável confiança
No Sagrado Coração de Jesus.
Onde houver um irmão desfigurado pela dor e pelos sofrimentos,
Possa o nosso rosto de Apóstola
Devolver-lhe um rosto à imagem e semelhança de Deus,
E que o mundo tenha a certeza de que o caminho para a paz
É escolher para si o Rosto humano e divino do Cristo.
Amém.
 Ir. Ana Cristina Távora de Albuquerque 
 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Amizade

"AMIGOS são anjos enviados por Deus!"
No último dia 20 de julho, comemoramos o dia da AMIZADE. 
 A amizade é um dos grandes e belos dons deixados de Deus para todos nós.
Um amigo sempre é alguém que simplesmente está presente de alguma forma: falando, escrevendo, recordando, rezando, etc.
O amigo é também aquele que nos lembramos em momentos fortes da vida, pois ele jamais deixa de fazer parte das cenas históricas de nossa caminhada.
Não é por acaso que ele se torna uma espécie de confidente, ajuda, encorajamento e, às vezes, até um pequeno anjo que nos mostra luzes. O amigo é aquele que possui a copia da chave dos nossos corações: pode entrar e sair, mas sempre deixa marcada a sua presença. E se o amigo faz parte do órgão mais precioso, que é o coração, certamente também é ele que ajuda a carregar os tesouros da nossa história. Assim, o amigo é um tesouro dentre os tesouros que Deus nos presenteia.
Por isso, agradeço a Ele por todos os meus amigos. Que esta data seja para todos nós um dia de agradecimento ao maior amigo que é Deus, e a todos, que procedendo desta fagulha divina da amizade, fazem parte do tesouro guardado no baú de nosso coração.
Parabéns amigos!!!
Carinhosamente,
Irmã Veridiana Kiss - ASCJ -

sábado, 21 de julho de 2012

Homilia da Liturgia do domingo - 22 de julho de 2012

JESUS, O BOM E VERDADEIRO PASTOR
(Liturgia do Décimo Sexto Domingo do Tempo Comum)

A Palavra de Deus nos apresenta neste Décimo Sexto Domingo do Tempo Comum, Jesus como o Pastor bom, atencioso e guia seguro para o Seu rebanho.
Na primeira leitura profeta Jeremias (26,1-3) nos apresenta um rebanho disperso, confuso e dividido por causa do desinteresse ou da maldade dos pastores aos quais tinha sido confiado. “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem"!  Fica muito claro que o rebanho é propriedade do Pastor Supremo e não dos pastores!
É terrível a maldição de Deus para os falsos e maus pastores, para os impostores, para quem escandaliza e desvia o rebanho!
A cada um de nós é confiado um “pequeno rebanho”. A família, os amigos, os colegas de trabalho etc. Em todos esses ambientes podemos ser fieis testemunhas do amor de Deus ou, pelo contrário, apossar-nos e aproveitar-nos tanto das pessoas como das situações de acordo com o nosso próprio interesse.
O pressuposto fundamental para que alguém seja um bom pastor é o de preocupar-se com as ovelhas que lhe são confiadas. Tomar cuidado das suas necessidades, das suas fragilidades e aspirações.
No Evangelho (Mc 6,30-34) deste domingo Jesus parece quase ver o rebanho descrito por Jeremias e, olhando-o com ternura infinita, se comove!
Mas nós, cristãos deste século, homens deste tempo temos, de fato, necessidade de um pastor? Somos mesmo semelhantes à ovelhas perdidas e confusas? Não seria ofensiva essa comparação ao homem moderno que desvendou tantos segredos da natureza, da ciência e até mesmo do sobrenatural?  É claro que a primeira e imediata resposta dada por cristãos verdadeiros é que sim! Sem dúvida, temos ainda necessidade de um ponto de referência, de um guia, um farol no qual basear a rota da nossa vida e da nossa existência, de modo a reduzir o risco de nos perdermos.
Portanto, há sim, a necessidade de uma moral, uma filosofia divina ou um ideal. O risco aqui é o de trocar a necessidade de ter o Pastor como referência e paradigma pelas “cercas” que podem dar segurança ao rebanho. 
É preciso lembrar que as “cercas” que dão segurança ao rebanho são apenas o abrigo das ovelhas durante a noite. O resto do dia o rebanho corre e caminha livre pelos pastos, onde cada ovelha vive ao seu modo sob o olhar atento do Pastor que sabe reconhecer a cada uma individualmente, ao ponto de chamá-la pelo nome.
Infelizmente, como sempre, não há alternativa: ou seguir o Pastor, ou perder-se, correndo o risco de vir a ser devorado pelos lobos.
A nossa profunda necessidade do Pastor se revela nos momentos das perdas irreparáveis e das dificuldades na vida. É quando descobrimos que somente Ele é capaz de enfrentar as noites escuras e os caminhos acidentados para procurar-nos, resgatar-nos e curar nossas feridas.
É justamente quando a ovelha está mais perdida que o Pastor Bom e verdadeiro estará mais próximo! Nesses momentos o ser humano, ovelha ferida, tem necessidade de um encontro e não de teorias, explicações e conceitos! Nesses momentos terríveis da vida, somente aquele que é Bom Pastor, que vem procurar para carregar o peso das nossas misérias e das nossas dores, pode salvar-nos do desespero.
Jesus queria parar um pouco para descansar com os seus discípulos, mas “viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas que não tem pastor”.
Ele consegue enxergar no mais profundo da alma de cada homem e de cada mulher, a imensa sede de Deus. Consegue ver no mais profundo de cada ser uma imensa necessidade de verdade, de resgate e de sentido da vida!
E então, começa a ensinar-lhes. Recomeça a guiá-los um a um, para que todos, sem exceção, sejam salvos.  O Bom Pastor, no entanto, não se limita a guiá-los com o Seu ensinamento. Ele compreende, não condena, protege e cura cada uma das ovelhas, ainda que tivessem fugido e ido para longe dele! Então, Ele as cura e doa a Si mesmo, diferentemente dos maus pastores denunciados na primeira leitura pelo profeta Jeremias, que são o motivo das feridas nas ovelhas!
Jesus, o Bom Pastor, cuida de suas ovelhas, sacrificando-Se a Si mesmo! Ele se oferece como “presa” para satisfazer o apetite do “lobo” e manter o Seu rebanho salvo, definitivamente, da boca do predador feroz.
Ao oferecer-Se em sacrifício na cruz, Jesus o Bom Pastor, reúne as Suas ovelhas marcando-as com o Seu sangue precioso e tornando-as dignas do Paraíso. Destrói, assim, como escreve São Paulo na segunda leitura (Ef 2, 13-18) a inimizade, o “muro da separação” e o medo.
Graças ao Seu sangue derramado na cruz, a divisão do rebanho e a divisão entre o rebanho e Deus, foi superada para sempre. Ele re-pacifica com o sacrifício redentor, a humanidade inteira consigo mesma e com Deus.
É por isso que temos necessidade de um Pastor. Sozinhos, certamente, nos perderemos e não conseguiremos vencer o mal que se agita dentro e em torno de cada um de nós. Mas incorporados em Cristo, como os ramos na videira e como os membros no corpo, com a sua Graça santificante é que vencemos o “bom combate”. Com o salmista podemos então rezar: “Felicidade e todo o bem hão de seguir-me por toda a minha vida”! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).

sexta-feira, 20 de julho de 2012

ANO DA FÉ - parte 3 - PAPA BENTO XVI

TEMA: DOGMAS DA FÉ
"Porque meu povo se perde por falta de conhecimento." (Os 4,6)

"Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo a seus apóstolos: "Quem vos ouve a mim ouve" (Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que seus Pastores lhes dão sob diferentes formas". (§87)

Agostinho, escrevendo a um discípulo:
"Deus te livre de supor que Ele odeia em nós precisamente aquela virtude pela qual nos elevou acima dos seres. Não agrada a  Deus que a fé nos impeça de procurar e de encontrar as causas. Com toda  a tua alma, esforça-te por compreender" (Rops, vol II, pg.41).

"O Magistério da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com estas têm uma conexão necessária". (§88)

"Há uma conexão orgânica entre nossa vida espiritual e os dogmas. Os dogmas são luzes no caminho de nossa fé que o iluminam e tornam seguro. Na verdade, se nossa vida for reta, nossa inteligência e nosso coração estarão abertos para acolher a luz dos dogmas da fé". (§89)

 PAPA  BENTO XVI:
"Numa visão subjetiva da teologia, o dogma é muitas vezes considerado como uma camisa-de-força intolerável, um atentado à liberdade do estudioso, individualmente considerado. Perdeu-se de vista o fato de que a definição dogmática é , ao contrário, um serviço à verdade, um dom oferecido aos crentes pela autoridade querida por Deus. Os dogmas, disse alguém, não são muralhas que nos impedem a visão, mas ao contrário, janelas abertas que dão para o infinito."
("A Fé em Crise?  J. Ratzinger/ V. Messori; Ed. Pedagógica e Universitária LTDA; E.P.U.; 1985, pg. 49/50)

PAPA SÃO GREGÓRIO VII (1073-1085), NO "DICTATUS PAPAE"
"A Igreja romana nunca errou, e segundo o testemunho das Escrituras nunca cairá no erro." (n.22)
"Ninguém deve ser considerado católico se não estiver de pleno acordo com a Igreja Católica." (n.26)

(Registrum Gregorii VII,MGH, Ep.Sel. II, n. 55ª; (História da Igreja, Roland Frohlich)

João Paulo II - " A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos".


PE. LEONEL FRANÇA - (1893-1948), Fundador e reitor da primeira Universidade Católica do Brasil; PUC-RJ):

"...Quem não tem um conceito exato, uma percepção viva da infinita, absoluta e inefável majestade de Deus, na inviolabilidade soberana dos seus direitos, não pode entender a intransigência dogmática da Igreja Católica. A Igreja não é autora de um sistema humano, filosófico ou religioso, é depositária autêntica de uma revelação divina. Cristo ensinou-nos uma doutrina celeste: "A doutrina que eu vos ensinei é d'Aquele que me enviou". " (São João, 7,16; 12,49)

"A Igreja Católica tem, pois, promessa divina de imortalidade e infalibilidade. Não foi, não será nunca infiel à sublimidade da sua missão. Quando a sinagoga, alarmada com os prodígios que sancionavam o cristianismo nascente, prendeu os apóstolos e lhes impôs um silêncio criminoso, Pedro respondeu aos sinedritas um sublime "non possumus" (não podemos)".

"Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade. A salvação está na verdade" (§ 851).
"Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4).
 "A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade" (1Tm 3,15).

SÃO VICENTE DE LERINS (?450),  dizia que:
"O que todos em toda parte e sempre acreditaram, isso é verdadeira e propriamente católico"(Communitorium).
A
PROCLAMAÇÃO DE UM DOGMA
1. É necessário que ele fale "ex-cathedra", isto é, de maneira decisiva, como Pastor e Mestre dos cristãos, e não apenas de modo particular. Ele não é obrigado a consultar algum Concílio e alguém, embora possa fazê-lo, e quase sempre o faz.

2. A matéria a ser definida se refira apenas à fé e à moral; isto é, se relacione com a crença e o comportamento dos cristãos.

3. Que o Sumo Pontífice queira proferir uma sentença definitória e definitiva, irrevogável, imutável, sobre o assunto em questão.

Somente a sentença final é objeto da infalibilidade, e não os argumentos e as conclusões derivadas da sentença proclamada. E não há uma fórmula única de redação para a definição dogmática. Os termos normalmente usados pelos Papas são: "pronunciamos", "definimos", "decretamos", "declaramos", etc.

SÍMBOLOS DA FÉ - "A regra de doutrina" (Rm 6,17).
Símbolo dos Apóstolos Credo Niceno- Constantinopolitano (325-381)
Símbolo "Quicumque", de Santo Atanásio (?373)
"Fides Damasi" de São Dâmaso (366-384)
Profissão de Fé do Papa Paulo VI, O Credo do Povo de Deus (1967)
Profissões de fé de alguns Concílios (Toledo; Latrão; Lião; Trento)


São Cirilo de Jerusalém (315-386):
"Esta síntese da fé não foi elaborada segundo as opiniões humanas mas da Escritura inteira recolheu-se o que existe de mais importante, para dar, na sua totalidade, a única doutrina da fé. E assim com a semente de mostarda contém em um pequeníssimo grão um grande número de ramos, da mesma forma este resumo da fé encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento" (Cathecheses illuminandorum, 5,12; Cat. §286).


Santo Ambrósio (340-397)  disse do Credo:
 "Ele é o símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela onde Pedro, o primeiro Apóstolo, teve sua Sé e para onde ele trouxe comum expressão de fé (sententia communis = opinião comum)" (Expl. Symb.,7 ; Cat. § 194)

"Nenhum dos símbolos das diferentes etapas da vida da Igreja pode ser considerado como ultrapassado e inútil. Eles nos ajudam a tocar e a aprofundar hoje a fé de sempre através dos diversos resumos que dela têm sido feitos."(Cat.§ 193)

PAPA JOÃO PAULO II AOS BISPOS EM SANTO DOMINGO 12/10/92, durante o IV CELAM:
"...recentemente aprovei o Catecismo da Igreja Católica, o melhor dom que a Igreja pôde fazer aos seus Bispos e ao Povo de Deus. Trata-se de um valioso instrumento para a Nova Evangelização onde se compendia toda a doutrina que a Igreja deve ensinar" (DSD,9)

.Papa Bento XVI falando de Teologia:
"Muita teologia parece ter esquecido que o sujeito que faz teologia não é o estudioso individual, mas a comunidade católica no seu conjunto, a Igreja inteira. Desse esquecimento do trabalho teológico como serviço eclesial deriva um pluralismo teológico que, na realidade, é frequentemente um subjetivismo, um individualismo que pouco tem a ver com as bases da tradição comum.
Cada teólogo parece agora querer ser ´criativo´. Mas a sua tarefa autêntica é aprofundar, ajudar a compreender e anunciar o depósito comum da fé, e não a de ´criar´. Caso contrário a fé se fraciona em uma série de escolas e correntes frequentemente contraditórias, com grave prejuízo para o desorientado povo de Deus." (Messori, A fé em crise?, 1985, pg 49).







segunda-feira, 16 de julho de 2012

Formação Humana

ERRAR É HUMANO. RECONHECER O ERRO É DIVINO

Como seres humanos, marcados pela fragilidade, continuamente nos vemos cercados por problemas e situações totalmente inesperadas. Por vezes, as quedas são inevitáveis e os erros acabam acontecendo. Talvez por falta de análises mais sólidas, outras vezes porque as ações foram muito pautadas no instinto, as decisões tomadas seguiram uma direção errada. Nessas horas é preciso agir com calma e pontuar a situação com uma análise mais racional.
Errar faz parte da nossa raça humana, e o próprio Jesus afirmou aos fariseus, prontos para condenar a mulher pecadora, ‘quem não tiver pecados, atire a primeira pedra’. Em silêncio, todos se retiraram, começando pelos mais velhos, que com certeza tinham pecado mais pela simples realidade de terem vivido mais que os jovens.
Existe um dizer que eu gosto muito de repetir, ‘um erro só é um erro quando não se tira nenhuma lição dele e se continua a agir do mesmo modo’. Na escola da vida, os erros podem ser os nossos grandes mestres, quando ouvidos atentamente e levados a sério. Do contrário, podem se tornar os nossos grandes adversários, nos colocando numa situação de culpa e de condenação.
Ao longo da história, conhecemos personagens muito famosos, marcados por uma vida totalmente desregrada, que de repente mudaram radicalmente de vida. Os erros cometidos ao longo da vida foram para eles como que sinais, apontando uma nova direção. É possível mudar, e transformar a nossa existência, tomando um novo rumo.
Muitas pessoas, diante dos erros cometidos, se colocam na atitude de auto-condenação, retornando seguidamente para trás, ao ato cometido, e se culpam, se condenam, entrando por vezes numa verdadeira depressão. Essa atitude demonstra claramente a falta de coragem em assumir o erro cometido, e colocar-se numa dinâmica de mudança e transformação.
Perdoar a si mesmo pode ser um problema sério, mas perdoar o outro, pode ser muito mais exigente e difícil. Quantos lares se desfazem por causa da falta de perdão frente a um erro cometido pelo parceiro. Quantas vezes o erro do outro acaba acarretando verdadeiras discussões e até vinganças. Perdoar não é fácil, mas é uma atitude nobre e divina. Deus sempre nos perdoa, mesmo quando nos desviamos do seu caminho. A sua alegria é a nossa conversão, porque para Deus existe muito mais motivo de festa por um pecador que se converte e vive, do que por causa de 99 justos que se acham perfeitos e imaculados.
Frente a um erro cometido, a primeira atitude deve ser de humildade em reconhecer a falha e buscar meios de superá-la. Se por um lado existem pessoas que se condenam e se culpam por um erro cometido, por outro, existem aqueles que vivem justificando suas falhas, alegando sempre o outro como o culpado. Talvez esses sejam ainda piores, porque não tem a humildade em reconhecer a sua fragilidade. Aliás, quantos problemas de família exatamente porque as pessoas são incapazes de perceber o seu erro, admitir a falha e colocar-se na dinâmica da mudança.
Seja lá como for, seres humanos que somos, nascidos do pó e pó um dia seremos, nada melhor do que a atitude de pequenez frente a um erro cometido. O orgulhoso, o arrogante sempre se sentirá na razão; o humilde, o pequeno, será capaz de rever a sua atitude e pedir perdão.
A sua atitude de humildade será fundamental para que a vida aconteça de modo digno e saudável. O orgulhoso e o arrogante, vão morrer pelo seu próprio veneno. O humilde vai reviver e se reerguer pela força interior que move sua vida. Seja humilde, e sua vida será plena de vida e de esperança.
Dr. Pe. André Marmilicz

domingo, 15 de julho de 2012

Homilia dominical - 15 de julho de 2012

ENVIADOS: POBRES DE BENS E SEGURANÇA TERRENOS – RICOS DA FORÇA DO ALTO!
Liturgia do Décimo Quinto Domingo do Tempo Comum)

Sempre que me vem a tentação do desânimo na caminhada pastoral ou dos projetos e iniciativas, por causa das dificuldades que, às vezes, são obstáculos para a caminhada, procuro não ceder, justamente por causa do texto do Evangelho deste décimo quinto domingo do Tempo Comum (Mc 6,7-13).
Na realidade nos faz relembrar sempre de novo que o Senhor é o dono da Vinha! Ele é quem proverá tudo aquilo que precisamos! Em nós, de fato, deve permanecer apenas o desejo de fazer substancialmente, aquilo que Ele ordena, no mesmo estilo, fé e amor como Ele fazia e faz!
Não podemos, no entanto, ignorar que hoje o nosso trabalho pastoral e a nossa missão está, por vezes, contaminada por vários “supérfluos” que procuramos justificar sempre como necessidades da modernidade, e com a lógica perversa dos fins, para os quais são permitidos todos os meios, não tendo, portanto, claro o que é, de fato, essencial à nossa missão.
Certamente não se coloca em discussão os meios bons, isto é, aquilo que nos ajuda a trabalhar e a desempenhar de um modo melhor a nossa missão!  Mas é preciso colocar em discussão sim, todos aqueles meios atrás dos quais se escondem a nossa eficiência, carreirismo, desejo de sucesso, privilégios e, sobretudo o desejo de possuir bens e dinheiro.
É contra toda essa busca por eficácia, carreirismo e desejo de poder que contamina hoje até mesmo a nossa missão, que nos é dado hoje o remédio neste Evangelho do envio, sem meias medidas, no estilo da missão evangélica da Igreja!
Hoje Jesus nos manda Ir dois a dois, no estilo judaico (Mt 18,16). Trata-se do testemunho crível da nossa fé, da nossa salvação e batismo comum. Dois é o mínimo para os irmãos que não devem e não querem permanecer sozinhos, testemunhando que o “terceiro” é o próprio Jesus que permanece sempre no meio deles. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei aí, no meio deles” (Mt 18,20 – Heb 10, 28), afirmando, ao mesmo tempo, que o nosso Deus tem o desejo de ser o outro, e que ninguém é destinado à solidão, seja ela forçada ou voluntária, porque a salvação que testemunhamos não é uma teoria humana, mas destino divino.
O cajado que todo peregrino deve levar é mais do que um simples objeto de apoio. É a memória bíblica do maior evento de salvação em que se transforma a história da humanidade. É um cajado que pode fazer a diferença, separando as águas de um mar, fazendo jorrar água de pedra, e ainda recordar o lenho da cruz, no qual Deus sela a vitória sobre a morte.
O bastão ou cajado é esse símbolo forte para edificar, não para constranger ou agredir, mas para dar apoio e todo o sustento à nossa fraqueza que é também a nossa força (2Cor 12, 9-10). É esse símbolo que nos lembra que, cedo ou tarde, todos temos necessidade de uma ajuda, um auxílio.
As sandálias calçadas são a única defesa de quem deve caminhar muito. Elas garantem a possibilidade de atravessar o mundo inteiro sem levar ou fazer o mal. São o símbolo da coragem do homem de Deus que não teme ir lá onde Deus o envia. Geralmente, as tiramos dos pés quando entramos em casa, deixando a poeira do lado de fora, impedindo que toda a “poeira” que não pertence à nossa dignidade e santidade, e que às vezes se prende no “recinto” sagrado da nossa fé e da nossa salvação, colocando-a em perigo, a destrua.
Simbolizam também a coragem com a qual precisamos nos calçar, ainda que tenhamos que caminhar sobre brasas ardentes, quando temos que ir onde não gostaríamos de ir.
As sandálias não escondem a beleza dos pés daqueles que anunciam a salvação. Pés missionários que nos lembram também que, justamente porque usam sandálias, não criam um escudo impenetrável, e dizem, ao mesmo tempo, que devemos estar prontos a arriscar sempre algo da nossa segurança, que a nossa força está em Deus e não em nós!
Se Jesus nos diz o que levar, por outro lado, nos diz o que não levar, porque seria inútil à missão que devemos enfrentar.
Não levar pão é uma das recomendações. Esse pão não seria fruto da Providência, mas do nosso desejo de providenciar as próprias seguranças, confiando mais em nós do que em Deus. É um pão inútil porque não se destina à partilha, mas à nossa própria necessidade.
Parece que Jesus envia os seus, fazendo-os passar por uma prova em preparação àquele único Pão que é bem mais do que simples pão e bem mais do que qualquer sustento que possamos providenciar. Trata-se daquele Pão que pode vir somente do Céu e que é enviado para que confiemos na Providência. Esse pão não elimina apenas o medo de morrer, mas vence a própria morte. Como ensina Inácio de Antioquia, é “moeda para a imortalidade”! É o Pão verdadeiro, sinal de Sua misericórdia e único tesouro que somos autorizados a levar sempre, mas que, infelizmente, às vezes confundimos com o pão que nós mesmos providenciamos, e já não o buscamos como deve ser buscado!
Seria uma contradição rezar ao Pai pedindo que nos dê “o pão nosso de cada dia” e depois querer levar sacolas do nosso próprio pão!
Não levar duas túnicas! Obviamente inútil, simbolizam a imagem do que, realmente, é supérfluo, como roupagens que servem para satisfazer não apenas a necessidade básica de cobrir-se, mas um projeto pessoal de previsão, de planejamentos e de cálculos que tem o objetivo de endossar e aparentar que estamos sempre prontos, limpos e fortes para qualquer ocasião, mesmo que percamos a “ocasião” de Deus, que é a ocasião certa. Isto é, o hoje no qual o meu Senhor me acolhe com uma única túnica, sinal da minha identidade, dada por Ele no dia do meu batismo.
A Ele não importa que esteja amarrotada ou bem passada, porque apenas as coisas que usamos, de fato, dão testemunho do verdadeiro trabalho que realizamos, ou seja, o bem que fazemos, a nossa verdadeira dignidade.
Se essa única túnica é a nossa única identidade, então, temos que nos perguntar: conheço, de fato, a minha dignidade cristã? Tenho consciência da minha pertença Àquele que me envia? Confio ainda numa dupla identidade que providencio para mim mesmo com o único objetivo de aparentar o que não sou diante de Deus e das pessoas?
Nem dinheiro na cintura é aconselhado levar. Portanto, renunciar ao dinheiro é uma condição existencial mais do que material, ainda que se deva renunciá-lo também materialmente, para permitir que o ser transpareça em nós, ao invés do ter.
O dinheiro é a somatória de todas as nossas exigências de autonomia e de egoísmo. A começar com o egoísmo para com Deus e o próximo! É a principal preocupação tanto do pobre como do rico.
Ele é capaz de nos “roubar”, possuindo o nosso ser, desorientando a nossa alma, confundindo a nossa fé e confiança na Providência e alimentando a nossa sede de poder!
É verdade que com o dinheiro se pode fazer muita coisa boa. Aliás, o dinheiro sempre nos dá a oportunidade de fazer o bem! Infelizmente, o mal também! Mas ele pode tornar-se providência para alguns necessitado, pode ser sinal de esperança para outros. Mas qual é o preço que devemos pagar, quando nos dedicamos a conseguí-lo a qualquer custo como um recurso poderoso para ter poder?
O perigo do dinheiro é que ele pode tornar vã a nossa missão, subornar a santidade e a dignidade humana, e ainda mais, pode fazer com que as grandes obras de caridade tornem-se “empresas”, tais como sociedades anônimas que, como enormes serpentes de ouro que engolem a própria cauda, substituem todo e qualquer objetivo benéfico pelo bem supremo das suas próprias existências.
Uma das maiores acusações que se voltam contra nós e à nossa missão, diz respeito à combinação Igreja-riqueza. Ainda que a maioria das acusações sejam inoportunas ou inverídicas, diante de um estoico e concreto esforço eclesial em favor dos mais sofredores e injustiçados, devemos considerar o testemunho de tantos santos que fizeram resplandecer a glória de Deus, através de uma vida obediente, casta e pobre.
São eles que hoje nos ajudam a examinar a nossa consciência de missionários, religiosos, religiosas, leigos engajados e então, perguntar-nos: Essas acusações são, de fato, injustas? Será que não teríamos nada a melhorar a esse respeito? Será que conseguimos renunciar alguma coisa para “ganhar” o mundo inteiro”? Sabemos “morrer” para viver e “perder” para ter, verdadeiramente?
Como seria bonito levar a sério, realmente, o Evangelho de hoje e seguir o seu conselho literalmente! Talvez uma nova credibilidade nos ajude a ser ainda missionários do Reino, portadores da Palavra de salvação e de cura!
Quem sabe se algum pobre de bens materiais ou de espírito encontre, concretamente, um pouco de alívio no nosso supérfluo, feito de bens materiais, contas bancárias, riquezas que a “traça corrói” e quem sabe, algum missionário, livre das preocupações de gerenciar casas, campos e contas bancárias, consiga ser mais atento à sua missão?
Quem sabe se nos libertarmos dos motivos dessas suspeitas e acusações, a fim de sermos mais fieis à missão à qual fomos enviados pelo Senhor, não nos tornamos um pouco mais pobres de bens terremos, porém mais ricos da força do alto. Quem sabe, assim, o Reino dos Céus não se torna mais próximo? (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Nossa Senhora do Carmo

Bendita e Imaculada Virgem do Carmelo



Bendita e Imaculada Virgem do Carmelo, que tratas com especial carinho os que se revestem do Santo Escapulário, como sinal de sua piedade filial, volta para nós teu olhar e aproxima-nos de teu Filho, nosso Salvador.


 É com essa pequena prece que começo o boletim de hoje, dedicado à madrinha da Obra Evangelizar é Preciso, Nossa Senhora do Carmo. Tenho muita devoção e carinho pela Mãe do Carmelo, pois toda a minha formação sacerdotal foi carmelita e, por isso, sou muito grato. Aprendi a admirar a mística do Escapulário, um sinal de proteção e de consagração a Nossa Senhora. Sempre recomendo o uso piedoso deste artefato mariano, não como amuleto, mas para lembrar-nos do infinito amor de Deus por nós, através de Maria. Para finalizar esta mensagem, deixo a Consagração a Nossa Senhora do Carmo.
Ó Nossa Senhora do Carmo, venho hoje consagrar-me inteiramente a vós. Tudo o que sou e tudo o que tenho, entrego em vossas mãos.
Vós olhais com especial bondade, os que estão revestidos do vosso Escapulário. Suplico-vos que fortaleça com o vosso poder a minha fraqueza. Iluminai a escuridão da minha mente com vossa sabedoria, para que eu possa render-vos todos os dias, a minha homenagem.
Que o Santo Escapulário atraia sobre mim o vosso olhar misericordioso. Traga-me a vossa especial proteção nas lutas diárias, para que eu possa ser fiel a vós e ao vosso Divino Filho. Possa o Santo Escapulário, afastar-me de tudo o que é pecaminoso e lembre-me sempre o dever de imitar-vos e revestir-me com vossas virtudes. Desde já me esforçarei, para viver em vossa presença, de oferecer tudo a Jesus por vossas mãos e fazer da minha vida um espelho de vossa humildade, caridade, paciência, mansidão e empenho. Mãe querida apoia-me com vosso constante amor, para que eu, vosso filho mais pecador, possa um dia trocar vosso Escapulário pela veste celestial e viver convosco e os santos, no Reino do Vosso Filho. Amém.
Nossa Senhora do Carmo, rogai por todos nós e amparai-nos com a vossa proteção. Amém.
Deus abençoe.

Padre Reginaldo Manzotti

Ano da Fé - parte 2


Revelação Divina - Dei
 Verbum

"Depois de ter falado em muitas ocasiões e de diversos modos pelos Profetas, ultimamente, nesta etapa final, Deus nos falou por seu Filho (Hb 1,1-2). Com efeito, ele enviou seu Filho, o Verbo eterno que ilumina todos os homens, para que habitasse entre eles e lhes expusesse os desígnios de Deus (cf. Jo 1, 1-18). Jesus Cristo, portanto, Verbo feito carne, enviado como homem aos homens, fala a linguagem de Deus (Jo 3, 34) e consuma a obra salvífica que o Pai lhe confiou (cf Jo 5, 36; 17, 4). (DV, 4)

"Deus tomou providências a fim de que aquilo que ele revelara para a salvação de todos os povos se conservasse inalterado para sempre e fosse transmitido a todas as gerações. Por isto o Cristo Senhor... ordenou aos Apóstolos que o Evangelho, prometido antes pelos Profetas, completado por ele e por sua própria boca promulgado, fosse por eles pregado a todos os homens como fonte de toda verdade salvífica e de toda disciplina de costumes, comunicando-lhes dons divinos" (DV,7).

"Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram como sucessores os Bispos, a eles transmitindo o seu próprio encargo de Magistério. Portanto, esta Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura de ambos os Testamentos são como o espelho em que a Igreja peregrinante na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até que chegue a vê-lo face a face como é (I Jo 3, 2)".

"Por isto os Apóstolos, transmitindo aquilo que eles próprios receberam (cf. I Cor 11, 23; 15, 3), exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam seja oralmente, seja por carta (cf. II Tes 2, 15). Quanto à Tradição recebida dos Apóstolos ela compreende todas aquelas coisas que contribuem para santamente conduzir a vida e fazer crescer a fé do Povo de Esta Tradição, oriunda dos Apóstolos, progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo." (DV,8)

"O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presença vivificante dessa Tradição, cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja que crê e ora. Pela mesma Tradição toma-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos Livros Sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nela cada vez melhor compreendidas e se fazem sem cessar atuantes".

Relação entre a Tradição e a Sagrada Escritura
9 - "A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão, portanto, estreitamente conexas e interpenetradas. Ambas promanam da mesma fonte divina, formam de certo modo um só todo e tendem para o mesmo fim.

Com efeito, a Sagrada Escritura é a fala de Deus enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo; a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos para que, sob a luz do Espírito de verdade, eles em sua pregação fielmente a conservem, exponham e difundam.

Resulta, assim, que não é através da Escritura apenas que a Igreja consegue sua certeza a respeito de tudo que foi revelado. Por isso, ambas - Escritura e Tradição - devem ser recebidas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência".
Relação da Tradição, a  Bíblia e o Magistério da Igreja.

10 -  "A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só sagrado depósito da palavra de Deus confiado à Igreja".

"O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja,  cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo... E deste único depósito da fé o Magistério tira tudo aquilo que nos propõe como verdade de fé divinamente revelada".

"Fica, portanto, claro que segundo o sapientíssimo plano divino a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal maneira entrelaçados e unidos que um perde sua consistência sem os outros e que, juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas."

Como interpretar a Sagrada Escritura
12 - Já que Deus na Sagrada Escritura falou através de homens e de modo humano, deve o intérprete da Sagrada Escritura, para bem entender o que Deus nos quis transmitir, investigar atentamente o que foi que os hagiógrafos de fato quiseram dar a entender e por suas palavras aprouve a Deus manifestar.

Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, deve-se levar em conta, entre outras coisas, também os gêneros literários. Pois a verdade é apresentada e expressa de maneiras bem diferentes nos textos de um modo ou outro, históricos, ou proféticos, ou poéticos, bem como em outras modalidades de expressão".
Origem apostólica dos Evangelhos

18 - "Que os quatro Evangelhos têm origem apostólica, a Igreja sempre e em toda parte o ensinou e ensina. Pois, aquilo que os Apóstolos pregaram por ordem de Cristo, eles próprios e os varões apostólicos sob a inspiração do Espírito Santo no-lo transmitiram em escritos que são o fundamento da fé, a saber, o quadriforme Evangelho - segundo Mateus, Marcos, Lucas e João".

19- A Santa Mãe Igreja firme e constantemente creu e crê que os quatro mencionados Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente aquilo que Jesus, Filho de Deus, ao viver entre os homens, realmente fez e ensinou para salvação deles, até o dia em que foi elevado (cf. At 1, l-2).

"Os autores sagrados escreveram os quatro Evangelhos, escolhendo certas coisas das muitas transmitidas ou oralmente ou já por escrito, fazendo síntese de outras ou explanando-as com vistas à situação das igrejas, conservando enfim a forma de proclamação, sempre de maneira a transmitir-nos verdades autênticas a respeito de Jesus".

"Pois foi esta a intenção com que escreveram, seja com fundamento na própria memória e recordações, seja baseado no testemunho daqueles que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da Palavra, para que conheçamos a solidez daqueles ensinamentos que temos recebido" (Lc 1, 2-4).

"Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo a seus apóstolos: "Quem vos ouve a mim ouve" (Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que seus Pastores lhes dão sob diferentes formas" (Cat. §87).

Dogmas da Fé - "O Magistério da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com estas têm uma conexão necessária" (§88).
A infalibilidade da Igreja

"Para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos apóstolos, Cristo quis conferir à sua Igreja uma participação em sua própria infalibilidade, ele que é a Verdade. Pelo "sentido sobrenatural da fé", o Povo de Deus "se atém indefectivelmente à fé", sob a guia do Magistério vivo da Igreja" (§889).

"A missão do Magistério está  ligada ao caráter definitivo da Aliança instaurada por Deus em Cristo com seu Povo; deve protegê-lo dos desvios e dos afrouxamentos e garantir-lhe a possibilidade objetiva de professar sem erro a fé autêntica. O ofício pastoral do Magistério está, assim, ordenado ao cuidado para que o Povo de Deus permaneça na verdade que liberta. Para executar este serviço, Cristo dotou os pastores do carisma de infalibilidade em matéria de fé e de costumes. O exercício deste carisma pode assumir várias modalidades" (§890).

"Goza desta infalibilidade o Pontífice Romano, chefe do colégio dos Bispos, por força de seu cargo quando, na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis e encarregado de confirmar seus irmãos na fé, proclama, por um ato definitivo, um ponto de doutrina que concerne à fé ou aos costumes...

A infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo episcopal quando este exerce seu magistério supremo em união com o sucessor de Pedro", sobretudo em um Concílio Ecumênico.

Quando, por seu Magistério supremo, a Igreja propõe alguma coisa "a crer como sendo revelada por Deus" como ensinamento de Cristo, "é preciso aderir na obediência da fé a tais definições. Esta infalibilidade tem a mesma extensão que o próprio depósito da Revelação divina. (§891)

"A assistência divina é também dada aos sucessores dos apóstolos, ao ensinarem em comunhão com o sucessor de Pedro e, de modo particular, com o Bispo de Roma, Pastor de tida a Igreja, quando, mesmo sem chegar a uma definição infalível e sem se pronunciar de "forma definitiva", propõem no exercício do magistério ordinário um ensinamento que leva a uma compreensão melhor da Revelação em matéria de fé e de costumes. A este ensinamento ordinário os fiéis devem "ater-se com religioso obséquio do espírito" qual, embora se distinga do assentimento da fé, o prolonga" (§892).

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