Teológico Pastoral

Teológico Pastoral

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Homilia Dominical - 02 de Junho de 2013

Não sou digno


Retomamos os domingos do Tempo Comum, nos quais refletimos e celebramos os diversos aspectos da fé cristã.
A Liturgia de hoje valoriza a FÉ DOS ESTRANGEIROS.

As leituras nos mostram que a fé não tem fronteiras...

Na 1ª Leitura, temos uma oração de Salomão, na inauguração do Templo.
Ele pede que Deus escute e atenda todos os pedidos dos estrangeiros:
"Assim todos os povos da terra reconhecerão o teu nome e
temerão em ti, como faz o teu povo Israel." (1Rs 8,41-43)

Bela oração, animada de espírito profético, que vê em Javé
não só o Deus de Israel, mas o Senhor de todos os povos,
a quem todo homem pode dirigir-se para obter graça.

Em Cristo, o novo Tempo de Deus, cairão as barreiras entre os homens.
Pedras vivas deste templo espiritual são todos aqueles que aderem a Cristo, aqueles que escolhem o caminho da doação da própria vida.
Mesmo os que nunca ouviram falar de Jesus e do Evangelho
podem pertencer à casa de Deus, desde que se deixem guiar
pelo Espírito do Ressuscitado.

O Salmo convida todas as nações a glorificar o Senhor,
pois "seu amor e fidelidade dura para sempre" (Sl 117)

Na 2ª Leitura, Paulo combate severamente os que, em nome dos apóstolos,
começaram a ensinar que para alcançar a salvação
eram necessárias a circuncisão e a observância da Lei de Moisés.
Como ficaria então a Salvação transmitida por Cristo? (Gl 1, 1-2.6-10)
* Ainda hoje muitos falam em nome de Cristo, deturpando seu evangelho...

No Evangelho Jesus atende o pedido de um estrangeiro,
porque a fé não conhece fronteiras. (Lc 7, 1-10)

As primeiras comunidades cristãs eram formadas por Judeus e pagãos.
Entre os judeus, era muito forte a tradição de rejeitar os pagãos...
Por isso, Lucas destaca aqueles elementos que podem ajudá-las
a superar as desconfianças recíprocas existentes.

- O Centurião: embora não sendo membro do povo judeu,
   era um homem extraordinariamente bom:
- Preocupa-se com um dos seus escravos e demonstra muito carinho por ele...
- Os próprios anciãos judeus o elogiam muito.
  "Ele merece que lhe faças este favor, pois é amigo da nossa gente,
   e foi ele mesmo quem nos edificou uma sinagoga".
- O Centurião é humilde: humilha-se, solicitando a ajuda dos chefes dos judeus
   e chega ao ponto de não se julgar "digno de que Jesus entre em sua casa..."
- Ele respeita os usos e costumes dos judeus. Não exige contato com um pagão.   
   Basta que ele dê uma ordem e a doença desaparecerá.

+ Jesus admira a fé do Centurião:
   "Nem mesmo em Israel, encontrei tamanha fé".
A tal fé responde com o milagre, feito à distância,
e assim é atendido o estrangeiro
que se dirige ao Deus de Israel, presente na pessoa de Cristo.
A bondade do centurião, que se preocupa com o servo doente,
sua humilde e sua fé o dispuseram para receber a graça,
muito mais do que tantos outros, pertencentes ao povo eleito.
Jesus não faz distinção entre judeus e gentios,
mas onde encontra humildade e fé, entrega-se até de longe,
embora ainda não bem conhecido, como fez com o centurião

+ Jesus manifesta uma grande simpatia
   pelas pessoas que "os Justos" do seu povo desprezam.
- O Samaritano mostra-se mais atencioso do que o sacerdote e o levita (Lc 12,13);
- O leproso samaritano é o único que volta a agradecer (Lc 17,16);
- A oração do publicano é mais agradável a Deus, do que a do fariseu (Lc 18, 9-14);
- Os publicanos e as prostitutas entram primeiro no Reino de Deus (Mt 21, 31);
- Tiro e Sidônia, cidades pagãs, mostram-se mais disponíveis à conversão,
   do que Cafarnaum e Betsaida (Lc 10,13).

* Também hoje, fora das fronteiras das Comunidades cristãs,
   há muitas pessoas de bom coração. Qual é a nossa atitude para com elas?

+ A força da Palavra de Jesus:
A salvação é concedida mediante uma palavra, pronunciada "à distância".
Com a sua palavra, domina as ondas do mar, faz desaparecer o sofrimento,
a pobreza, a fome, a doença, o medo, o pecado, restitui a saúde, a alegria, a paz.
A Palavra de Jesus é eficaz hoje como no passado e transforma radicalmente
a vida dos homens, da sociedade, das famílias, do mundo inteiro.
É só confiar na sua palavra e o milagre acontece:
caem todas as barreiras que dividem os homens,
dissolvem-se os ódios, as invejas, as opressões, as violências.
Desaparecem a fome, as doenças e
só permanecem o amor, a solidariedade, a colaboração recíproca.

+ A fé não conhece fronteiras nem raças.
Jesus e o Pai, que ele veio revelar, são sempre os mesmos.
Pode acontecer que, como aconteceu com Jesus,
encontremos mais fé fora, que dentro de ambientes religiosos.
Isso nos deve manter em atitude humilde e respeitosa.
O respeito é devido também a quem não crê ou professa fé diferente da nossa.
Temos em comum a mesma fé no Senhor morto e ressuscitado por nós,
mas cada povo deve poder expressar a própria fé
a partir de sua cultura e realidade.

                                        Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 02.06.1913

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Coração de Jesus

Na quarta, dia dia 29 de maio de 2013, iniciamos a Novena
em preparação à Festa do Sagrado Coração de Jesus,
que será celebrada na sexta-feira, dia 07 de junho.
Estejamos unidos ao mundo cristão em oração e adoração,
confiantes nas palavras de Jesus: "Pedi e recebereis"
Que Deus abençoe os que fazem parte de nossa vida e missão,
todos os que chegam a nós por caminhos reais e virtuais!
Fale do amor do Coração de Jesus, também para as crianças!
Tenha imagens, quadros ou medalhas do Sagrado Coração!

 
Novena para a Festa do Sagrado Coração de Jesus
Ó Coração sacratíssimo de Jesus, fonte viva e vivificante de vida eterna,
tesouro infinito da Divindade, fornalha ardente do amor divino, vós sois o lugar
  do meu descanso, o refúgio de minha segurança.
Ó meu amável Salvador, inflamai o meu coração daquele amor ardentíssimo
do qual arde o vosso; derramai nele as inumeráveis graças de que o vosso Coração é a fonte.
Fazei que a vossa vontade seja a minha e que a minha vontade
seja eternamente conforme a vossa. Amém.

Maria Santíssima

Rezar a Ave Maria

Maria é a Mãe que nos leva ao seu Filho - JESUS.
E foi Maria que, muitas vezes, pediu que rezássemos o terço: em suas aparições em Fátima, em Lourdes... em suas tantas outras manifestações...  Você percebe que...
Ao rezar a Ave Maria... Estamos repetindo o que o Anjo Gabriel disse a Nossa Senhora: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo! Maria deve sorrir, quando ouve que repetimos essa saudação do Anjo Gabriel... e lembrar do momento da “Anunciação”
Ao rezar a Ave Maria... Estamos repetindo o que Santa Isabel, a prima de Nossa Senhora, disse a ela: “Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!”  Ao que Nossa Senhora respondeu com a bela oração do Magníficat: “A minha alma engrandece ao Senhor e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador...”  Maria deve estremecer de alegria, quando ouve que repetimos essa saudação de sua prima Isabel... e lembrar do momento da “Visitação”
Ao rezar a Ave Maria, repetimos o que a Igreja declarou e completou: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém!”  Na oração da Ave Maria expressamos que acreditamos que Maria é Mãe de Deus, Mãe de Jesus, que é Deus e homem...  Pedimos que ela interceda por nós, AGORA e na hora derradeira. 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Homilia dominical - 26 de maio de 2013

 A melhor Comunidade...


Desde pequenos, aprendemos de nossos pais
a fazer o sinal da cruz e chamar a Deus:
de Pai, Filho e Espírito Santo.

Assim com toda a naturalidade, estávamos invocando
o mistério mais profundo de nossa fé e da vida cristã:
o Mistério da Santíssima TRINDADE, cuja festa hoje celebramos.
Mais tarde, na catequese, nos apresentaram o mistério da Trindade
como um exemplo clássico de coisa incompreensível. "É um mistério"!...

O que é um Mistério?
- Na natureza, existem muitos mistérios que hoje não conhecemos e
  que um dia poderão ser desvendados.
- Em Deus, o mistério nunca poderá ser totalmente compreendido,
  pela grandeza de Deus e pela nossa pequenez...
  mas podemos e devemos crescer no conhecimento desse mistério.

O que é então a Trindade?
A Santíssima Trindade é o Mistério de um só Deus em três pessoas.
É uma comunidade de amor vivida pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Deus, como nos ensina São João, é Amor.
E o amor é, ao mesmo tempo, três e um:
aquele que ama, aquele que é amado e o amor entre os dois.
- Ao "Amor amante", nós chamamos de PAI;
- ao "Amor amado", de FILHO;
- ao "Amor que circula entre os dois e
  os abre para o mundo e a humanidade", ESPÍRITO SANTO

As Leituras nos ajudam a entender melhor esse tema central da fé:

- A 1a Leitura fala do PAI e da sua obra criadora.
Põe em ação seu projeto: cria o universo com "Sabedoria" e Amor... (Pr 8,22-31)

- A 2a Leitura apresenta a obra do FILHO.
Através dele Deus-Pai derrama sobre nós os seus dons (a paz, a esperança,                 o amor de Deus) e nos oferece a vida em plenitude. (Rm 5,1-5)

- A 3a leitura esclarece a missão do ESPÍRITO SANTO:
completará a obra do Pai e do Filho, para que possamos aderir plenamente
ao projeto do Pai e à obra salvadora do Filho.  (Jo 16,12-15)

+ O Código do Catecismo da Igreja Católica afirma:
   "Deus deixou vestígios desse mistério na Criação e no Antigo Testamento,
    mas a intimidade de Deus Trindade constitui um mistério inacessível
    à inteligência humana e até mesmo à fé de Israel...
    Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e
    é a fonte de todos os outros mistérios". (CCIC 45)
CRISTO nos revelou claramente essa verdade:

- Fala constantemente do PAI:
    - Felipe: "Mostra-nos o Pai..." (Jo 14,8)
      Jesus: "Felipe... quem me vê, vê o Pai". (Jo 14,8)
    - "Quem observa os meus mandamentos... o Pai o amará...
        e viremos nele e faremos nele morada..." (Jo 14, 23)
    - Ensina a Rezar: "Pai Nosso..." (Lc 11,1 ss)
                                              
- Promete muitas vezes o ESPÍRITO SANTO:
  "Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena Verdade" (Jo 16,13)

* Quando se despede, no dia da Ascensão, afirma:
   "Ide... e batizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28, 19)

+ Por que Jesus nos revelou? Para nos deixar mais um problema? Não...

- É um gesto de amor e de amizade:
  A gente revela os segredos de sua vida íntima a quem confia... a quem ama...
  Porque Deus nos ama, quis revelar os segredos de sua vida íntima...

- É um convite a também viver em comunhão... em comunidade...
  "Pai, que todos sejam um, como eu e tu somos um..." (Jo 17,11)
  A Trindade é o modelo da comunidade sonhada por Deus.

+ A FESTA DA TRINDADE:

  - Não é apenas uma oportunidade para falar da Trindade e
    e compreender e decifrar essa estranha charada de "Um em Três"...

  - É um convite para contemplar Deus,
    que é amor, que é família, que é comunidade e
    que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor. 
    Deus não é um ser solitário que vive sozinho perdido no infinito.
    O princípio do Amor é o Pai.
    Sua realização concreta está no Filho Jesus.
    A perpetuação desse amor é o Espírito Santo.

  - É a festa da COMUNIDADE.
    As Comunidades cristãs devem, ser a expressão desse Deus, que é amor,  
    que é comunidade, vivendo numa experiência verdadeira de amor, de partilha,   
    de família, de comunidade... pois a Trindade é a melhor das comunidades.

   - É a festa do BATISMO, que nos tornou participantes da vida da Trindade.
     Hoje somos chamados a renovar nosso compromisso batismal
     para sermos reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão.

     Quanto mais nos esforçamos para viver
     em comunhão, de partilha e de esperança
     num mundo tão dividido, individualista e desesperançado,
     melhor entendemos o Mistério da Santíssima Trindade.

                                        Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 26.05.2013

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Santíssima Trindade

GLÓRIA À TRINDADE SANTA, GLÓRIA AO DEUS BENDITO

Tudo o que o Pai possui é meu; por isso vos disse: Espírito receberá do que é meu e vos anunciará”

Nem sempre é fácil, como cristãos, relacionar-nos de maneira concreta e viva com o mistério de Deus confessado como Trindade. A festa da Trindade nos recorda que não se trata de entender, ou simples-mente de pensar e estudar o Mistério das Três Pessoas divinas. O decisivo é viver o Mistério a partir da adoração e da partilha fraterna.
A Trindade é Mistério para nós na medida em que nunca conseguiremos compreendê-lo e apreendê-lo pela razão. É o desconhecido que nos fascina e nos atrai para conhecê-lo mais e mais, e, ao mesmo tempo, desperta o assombro e a reverência. A Trindade é o mistério que liga e religa tudo, que deixa transbordar seu Amor criativo no coração de toda a humanidade e no universo inteiro.
O Mistério da Trindade sempre está aí (vivemos submergidos n’Ele), permanentemente nos esbarramos n’Ele (dentro de nós e na realidade) e buscamos conhecê-lo; mas ao tentar conhecê-lo percebemos que nossa sede e fome de conhecer  nunca se sacia. Por isso, diante da presença do Mistério Trinitário, afogam-se as palavras, desfalecem as imagens e morrem as referências. Só nos restam o silêncio, a adoração e a contemplação. “O ser humano que não tem os olhos abertos ao Mistério passará pela vida ser nunca ver nada” (Einsten)

A festa da Trindade nos mobiliza para uma nova maneira de viver e de se relacionar com o Deus de Je-sus,  cuja presença preenche o cosmos, irrompe na vida, habita decididamente no interior de cada pessoa e é vivido em comunidade. É preciso deixar claro que o Mistério da Trindade não é um enigma a ser decifrado, ou seja, como conjugar três “individualidades” em uma Unidade, mas é a proclamação de que Tudo é Relação. A Trindade não é uma especulação teórica sobre três pessoas “abstratas” em Deus, mas a maneira de ser de Deus, como Amor que se expande, em si e fora de si, de uma maneira “reden-tora”, inserindo-se na história da humanidade.
De Deus não sabemos nem podemos saber absolutamente nada. Temos que retornar à simplicidade da linguagem evangélica e utilizar a parábola, a alegoria, a comparação, o exemplo simples, como fazia Jesus. A realidade de Deus não pode ser compreendida, não porque seja complicada, senão porque é absolutamente simples; a nossa maneira de conhecer é que analiza e divide a realidade. Deus não é dividido em partes para que cada um delas possa ser analizada por separado.
A Trindade chega até nós, não cada uma das “pessoas” por separado.
Ninguém poderá encontrar-se só com o Filho, ou só com o Pai, ou só com o Espírito Santo. Nossa relação será sempre com o Deus UNO (“Deus é Um mas não está só”).
É necessário tomar consciência de que quando falamos de qualquer uma das Três Pessoas relacionando-se conosco, estamos falando de Deus. Nem o Pai só cria, nem o Filho só salva, nem o Espírito Santo só santifica. Tudo é sempre obra do Deus Uno e Trino.
Tudo em nós é obra do único Deus. Dizer que é preciso ter devoção a cada uma das pessoas, é uma “piedosa” interpretação do dogma. Quê sentido pode ter, dirigir as orações ao Pai crendo que é diferente do Filho e do Espírito?

O Deus de Jesus não é uma verdade para pensar mas uma Presença a ser vivida. Não é um idéia para quebrar nossa cabeça, mas a base e fundamento de nosso ser. O povo judeu não era um povo filósofo mas vitalista. A Trindade quer expresar o mistério da VIDA mesma de Deus que nos é comunicada.
Uma profunda vivência da mensagem cristã será sempre uma aproximação do mistério Trinitário.
Será, em definitiva, a busca de um encontro vivo com Deus. Não se trata de demonstrar a existencia da luz, mas de abrir os olhos para ver. O verdadeiramente importante foi sempre a necessidade de viver essa presença do Deus, comunhão de Pessoas, no interior de cada ser humano.
Quando nos abrimos à comunhão com a Trindade, Ela entra em comunhão conosco na forma sutil de um perfume. Não força, não invade, mas cria um ambiente agradável, perfumado, que nos eleva e nos suscita alegria interior. Tal como o perfume, a Trindade derrama sua Graça sobre toda a Criação e a humanidade inteira. Quê há de mais suave, reconfortante e realizador do que sentir a Trindade a partir do coração?

Jesus, o Mistério de Deus feito carne no Profeta da Galiléia, é o melhor e único ponto de partida para reavivar uma fé simples no Deus Comunidade de Pessoas. Ele quis trasmitir-nos que, para experimentar Deus, o ser humano precisa aprender a:
Olhar dentro de si mesmo (Espírito), olhar os outros (Filho) e olhar o transcendente (Pai).
Desde sua própria experiência de Deus, Jesus convita seus seguidores a relacionar-se de maneira confiada com Deus Pai, a seguir fielmente seus passos de Filho de Deus encarnado, e a deixar-se guiar e alentar pelo Espírito Santo.  Ensina-nos assim a abrir-nos ao mistério de Deus.
“Só n’Ele (Jesus Cristo) a Trindade se comunica a nós e somos revelados pela Trindade. Jesus é o Mestre porque é a voz da Trindade para nós e a nossa voz para a Trindade. Jesus Cristo é a porta através da qual a Trindade passa até nós e nós até a Trindade. Jesus Cristo é o caminho que nos leva à Trindade e através da qual a Trindade chega até nós. Jesus Cristo é a Vida, porque n’Ele a Vida da Trindade corre em nós e a nossa pobre vida corre na vida da Trindade eterna de Deus” (Bruno Forte).

O que os primeiros cristãos experimentaram é que Deus podia ser ao mesmo sempre e sem contradição:
Deus que está acima de nós (Pai); Deus que se faz um de nós (Filho); Deus que se identifica com cada um de nós (Espírito). Estão nos falando de um Deus que não se fecha em si mesmo, senão que se relaciona doando-se totalmente a todos e ao mesmo tempo permanecendo Ele mesmo. Um Deus que está acima do uno e do múltiplo.
Aproximar-se de Deus é descubrir a Trindade. E em cada um de nós a Trindade deixa-se refletir. Viver a experiencia do Deus Trino implica saber com-viver; fomos feitos para o encontro e a comunicação. Estamos falando de uma única realidade que é relação.

Portanto, Trindade é a glória de Deus que se expressa na vida da humanidade, em especial nos mais pobres e excluídos; é o Amor mútuo, a comunhão pessoal, de Palavra (Filho) e de Afeto (Espírito Santo). Assim é a Trindade na terra: quando todos os seres humanos compartilham a vida e se amam.
Não crê na Trindade quem simplesmente professa que há “em Deus três pessoas”, ou quem faz mecanicamente o sinal da Cruz, mas aquele que vive o impulso e a expansão do Amor Redentor, que se expressa como compaixão, reconciliação e compromisso. Crer na Trindade é amar de um modo ativo, como dizia S. Agostinho. Contempla-se a Trindade ali onde se ama e se compromete com a libertação do próximo. Estamos envolvidos pelo movimento do Amor sem fim que parte do Pai, passa pelo filho e se consuma no Espírito.
Só quem tem coração solidário adora um Deus Trinitário, pois no compromisso libertador torna-se presença trinitária.

Texto bíblico:  Jo. 16,12-15

Na oração: No interior de cada um, a Trindade está atuando, está convidando a que ponha em movimento
                     toda a capacidade de admiração e quer ensinar a ler e interpretar Sua presença em todas as coisas.




segunda-feira, 20 de maio de 2013

Maria Santíssima

Feliz com Maria
 
 
A mãe de Jesus é proclamada mãe de Deus. A base da fé cristã se dá em Jesus, por Ele não ser apenas um homem e sim também Deus. O filho que Maria gerou é pessoa divina. Ela acompanhou seu filho até a ressurreição. Por Ele ter ido ao céu, Maria também o acompanhou em seguida, sendo levada à eternidade na glória do Filho. Celebramos essa realidade da subida de Maria, viva em corpo e alma, para junto de Deus. Nós a proclamamos feliz, porque, de fato, ela cumpriu a missão que lhe foi confiada, apesar de seu sofrimento, vendo a injustiça humana perseguidora de Jesus. Mas, assim como Ele triunfou sobre tudo, sua felicidade foi imensa com essa vitória.

Maria, simples criatura de Deus, foi escolhida como modelo de isenção de pecado e de abertura total à ação do Criador. Ela bem lembra à prima Isabel a grandiosidade de Deus, que olhou para ela, simples serva obediente e humilde. Seu reconhecimento da bondade do Senhor é estímulo para também desenvolvermos nossa docilidade e adesão ao projeto de Deus a nosso respeito. Se todos ouvissem a Deus como Maria, teríamos pessoas mais felizes e convivência humana mais saudável. Jesus reconhece todas as pessoas que realizam o projeto de Deus como sua mãe. “Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28).

Já na preparação à vinda do Salvador, o povo hebreu, a caminho da terra prometida, levava a arca da aliança pelo deserto afora. Era o sinal da presença de Deus, o amparo e protetor do povo contra todas as adversidades da caminhada. O povo confiava no seu Senhor para atingir o objetivo de sua luta para fugir da escravidão e conquistar a liberdade. Com Jesus, a libertação se reveste da amplitude existencial. O objetivo da caminhada de seguimento a Ele vai até a eternidade. Mesmo nas adversidades o sacrifício é meritório e redundante em prêmio, tem em vista a cidade permanente. O ser humano quer revestir-se de imortalidade.

A felicidade transitória nada é em comparação com a imorredoura. A meta da realização humana plena só é atingida totalmente com a visão face a face do esplendor de Deus. O filho de Maria veio nos garantir tal finalidade. Maria foi a primeira a assumir essa causa trazida por Jesus. Torna-se verdadeira discípula e assume a missão de apresentar o filho para termos a vida unida à dele. A felicidade de Maria também pode acontecer em todos os que se tornam verdadeiros discípulos do Divino Mestre. Com Ele alcançamos a vitória sobre a morte, conforme diz Paulo. “Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória pelo Senhor Nosso, Jesus Cristo” (1 Cor 15, 57).

Para entendermos a missão de Maria e sua glorificação é preciso colocarmos fé no projeto de Deus. Ele visa o bem humano, com a valorização de sua caminhada terrestre, através da implantação da justiça e da convivência fraterna de todos, mas tendo o objetivo da conquista do Reino eterno. Não fosse isso, não perceberíamos a ação de Deus em Maria, fazendo dela um exemplo de fidelidade a Deus. Ela fez da sua felicidade a realização do projeto de Deus. Nós também somente conquistamos a felicidade autêntica imitando-a na realização desse projeto.

Dom José Alberto Moura

domingo, 19 de maio de 2013

Pentecostes - 2013

HOMILIA DO SANTO PADRE FRANCISCO
Praça de São Pedro
Domingo, 19 de Maio de 2013

 
Amados irmãos e irmãs,
Neste dia, contemplamos e revivemos na liturgia a efusão do Espírito Santo realizada por Cristo ressuscitado sobre a sua Igreja; um evento de graça que encheu o Cenáculo de Jerusalém para se estender ao mundo inteiro.
Então que aconteceu naquele dia tão distante de nós e, ao mesmo tempo, tão perto que alcança o íntimo do nosso coração? São Lucas dá-nos a resposta na passagem dos Actos dos Apóstolosque ouvimos (2, 1-11). O evangelista leva-nos a Jerusalém, ao andar superior da casa onde se reuniram os Apóstolos. A primeira coisa que chama a nossa atenção é o rombo improviso que vem do céu, «comparável ao de forte rajada de vento», e enche a casa; depois, as «línguas à maneira de fogo» que se iam dividindo e pousavam sobre cada um dos Apóstolos. Rombo e línguas de fogo são sinais claros e concretos, que tocam os Apóstolos não só externamente mas também no seu íntimo: na mente e no coração. Em consequência, «todos ficaram cheios do Espírito Santo», que esparge seu dinamismo irresistível com efeitos surpreendentes: «começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem». Abre-se então diante de nós um cenário totalmente inesperado: acorre uma grande multidão e fica muito admirada, porque cada qual ouve os Apóstolos a falarem na própria língua. É uma coisa nova, experimentada por todos e que nunca tinha sucedido antes: «Ouvimo-los falar nas nossas línguas». E de que falam? «Das grandes obras de Deus».
À luz deste texto dos Actos, quereria reflectir sobre três palavras relacionadas com a acção do Espírito: novidade, harmonia e missão.
1. A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projectar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de Deus. Muitas vezes seguimo-Lo e acolhemo-Lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história da salvação, quando Deus Se revela traz novidade – Deus traz sempre novidade - , transforma e pede para confiar totalmente n’Ele: Noé construiu uma arca, no meio da zombaria dos demais, e salva-se; Abraão deixa a sua terra, tendo na mão apenas uma promessa; Moisés enfrenta o poder do Faraó e guia o povo para a liberdade; os Apóstolos, antes temerosos e trancados no Cenáculo, saem corajosamente para anunciar o Evangelho. Não se trata de seguir a novidade pela novidade, a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Perguntemo-nos hoje a nós mesmos: Permanecemos abertos às «surpresas de Deus»? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento? Far-nos-á bem pormo-nos estas perguntas durante todo o dia.
2. Segundo pensamento: à primeira vista o Espírito Santo parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas, dos dons. Mas não; sob a sua acção, tudo isso é uma grande riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia. Quem faz a harmonia na Igreja é o Espírito Santo. Um dos Padres da Igreja usa uma expressão de que gosto muito: o Espírito Santo «ipse harmonia est – Ele próprio é a harmonia». Só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Também aqui, quando somos nós a querer fazer a diversidade fechando-nos nos nossos particularismos, nos nossos exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade segundo os nossos desígnios humanos, acabamos por trazer a uniformidade, a homogeneização. Se, pelo contrário, nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. O caminhar juntos na Igreja, guiados pelos Pastores – que para isso têm um carisma e ministério especial – é sinal da acção do Espírito Santo; uma característica fundamental para cada cristão, cada comunidade, cada movimento é a eclesialidade. É a Igreja que me traz Cristo e me leva a Cristo; os caminhos paralelos são muito perigosos! Quando alguém se aventura ultrapassando (proagon) a doutrina e a Comunidade eclesial – diz o apóstolo João na sua Segunda Carta - e deixa de permanecer nelas, não está unido ao Deus de Jesus Cristo (cf. 2 Jo 1, 9). Por isso perguntemo-nos: Estou aberto à harmonia do Espírito Santo, superando todo o exclusivismo? Deixo-me guiar por Ele, vivendo na Igreja e com a Igreja?
3. O último ponto. Diziam os teólogos antigos: a alma é uma espécie de barca à vela; o Espírito Santo é o vento que sopra na vela, impelindo-a para a frente; os impulsos e incentivos do vento são os dons do Espírito. Sem o seu incentivo, sem a sua graça, não vamos para a frente. O Espírito Santo faz-nos entrar no mistério do Deus vivo e salva-nos do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para anunciar e testemunhar a vida boa do Evangelho, para comunicar a alegria da fé, do encontro com Cristo. O Espírito Santo é a alma da missão. O sucedido em Jerusalém, há quase dois mil anos, não é um facto distante de nós, mas um facto que nos alcança e se torna experiência viva em cada um de nós. O Pentecostes do Cenáculo de Jerusalém é o início, um início que se prolonga. O Espírito Santo é o dom por excelência de Cristo ressuscitado aos seus Apóstolos, mas Ele quer que chegue a todos. Como ouvimos no Evangelho, Jesus diz: «Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco» (Jo 14, 16). É o Espírito Paráclito, o «Consolador», que dá a coragem de levar o Evangelho pelas estradas do mundo! O Espírito Santo ergue o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo. Perguntemo-nos, se tendemos a fechar-nos em nós mesmos, no nosso grupo, ou se deixamos que o Espírito Santo nos abra à missão. Recordemos hoje estas três palavras: novidade, harmonia, missão.
A liturgia de hoje é uma grande súplica, que a Igreja com Jesus eleva ao Pai, para que renove a efusão do Espírito Santo. Cada um de nós, cada grupo, cada movimento, na harmonia da Igreja, se dirija ao Pai pedindo este dom. Também hoje, como no dia do seu nascimento, a Igreja invoca juntamente com Maria: «Veni Sancte Spiritus… – Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor

Homilia Dominical - Pentecostes - 2013

Nasce a Igreja


Celebramos hoje a festa de PENTECOSTES,
encerrando na Liturgia o Ciclo Pascal...

PENTECOSTES é uma festa antiga,
que já existia no Antigo Testamento.

- Para Israel: Inicialmente era uma festa ligada às colheitas.
- Mais tarde, tornou-se uma celebração da Aliança, feita no Sinai,
  que acontecia 50 dias depois da Páscoa. Era a festa da LEI...
- Hoje: É a Plenitude do Mistério Pascal, com o Dom do Espírito Santo à Igreja.
  É o NATAL da IGREJA... o Dia das Comunidades... o Dia da nossa CRISMA...

As leituras bíblicas nos ajudam a entender melhor esta festa:

Na 1ª Leitura, São Lucas apresenta o fato 50 dias após a Páscoa,
fazendo coincidir com o Pentecostes judeu. (At 2,1-11)

O interesse do autor é apresentar a Igreja como Comunidade,
que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito
e que é chamada a testemunhar aos homens o projeto do Pai.
Para isso se serve de imagens e símbolos: o VENTO e chamas de FOGO.
- O fogo transforma qualquer matéria: Transforma os medrosos apóstolos
em ardorosos anunciadores das maravilhas de Deus...
- O Vento sinaliza o movimento que se opõe à passividade.
Esses dois elementos são o combustível para a Igreja que inicia sua missão
e também para a Igreja de hoje.
Essa renovação e esse movimento devem estar presentes na Igreja ainda hoje,
para pronunciar as maravilhas de Deus em todas as línguas e
na linguagem do nosso tempo.

- Lembram a 1a ALIANÇA realizada no Sinai:
  Foi em meio a trovões e relâmpagos...
  O Espírito é a Lei da Nova Aliança e
  por ele se constitui a Nova Comunidade do Povo de Deus

- É o oposto de BABEL: Desmoronam as barreiras de línguas e raças...
  para formar um novo povo, sem fronteiras, onde todos se entendem.
  Todos falam a mesma linguagem a língua do Espírito de Jesus.

Na 2ª Leitura, Paulo afirma que o Espírito Santo é a fonte
de onde brota a vida da comunidade cristã.
É ele que concede os DONS, que enriquecem a comunidade
e  fortalecem a unidade de todos os membros. (1Cor 12,3b-7.12-13) 

* Devemos acolher os apelos do Espírito Santo
   para que ele possa continuar fazendo ainda hoje
   as maravilhas que realizou no começo da Igreja.

No Evangelho de João, os Apóstolos recebem a efusão do espírito Santo,
no "anoitecer" do dia da Páscoa. (Jo 20,19-23)

- Eles estão reunidos de "portas fechadas" por medo das autoridades.
- Jesus ressuscitado aparece "no meio deles",
  deseja a PAZ: "A Paz esteja com vocês",
  e envia em MISSÃO: "Como o Pai me enviou, eu também vos envio."
- Para isso, "sopra" sobre eles, transmitindo-lhes a "vida nova",
  a força, o ESPÍRITO SANTO: "Recebei o Espírito Santo..."
  e o Dom do PERDÃO e da RECONCILIAÇÃO.

* O cristão é um "enviado" para viver e contagiar PAZ,
experimentar o PERDÃO e a misericórdia e ser construtor da COMUNIDADE.

João e Lucas têm perspectivas diferentes, a finalidade é a mesma:
O Espírito que ajudou Jesus a realizar o projeto de Deus,
também anima agora a Comunidade cristã...

O nosso Pentecostes...

Diante do Fato, talvez invejemos a sorte dos Apóstolos.
E nos esquecemos que o Pentecostes continua acontecendo.
Também em nossa vida houve um PENTECOSTES...

No BATISMO: - Recebemos pela 1a vez o Espírito Santo.
                          - Fomos inseridos na Igreja, obra do Espírito Santo...
Mas na CRISMA, recebemos a Plenitude do Espírito Santo...

Por isso, o BATISMO é a nossa PÁSCOA...
               a CRISMA é o nosso PENTECOSTES....

Lendo a Bíblia, notamos que Deus, sempre que escolhia uma pessoa
para uma missão importante, ungia-o e enviava o seu Espírito.
- No Antigo Testamento: Sacerdotes, Profetas e Reis...
- Cristo: no Batismo, antes de iniciar a vida apostólica...
- Maria: Quando aceitou ser a Mãe do Salvador...
- Assim todo cristão: quando inicia a sua missão de cristão adulto...

Pelo Batismo: entramos na família, nos tornamos membros da Igreja.
Pela Crisma: nos tornamos membros adultos, atuantes e responsáveis na Igreja...

A chama do Espírito Santo transformou totalmente os apóstolos...
A Igreja nasce e se renova constantemente por obra do Espírito Santo.
Que essa mesma chama ILUMINE E AQUEÇA a nossa vida
no caminho da Unidade, do Bem e da Verdade...

Por isso, cantemos: Vem, vem, vem, vem Espírito Santo de Amor,
                                vem a nós, traz à Igreja um novo vigor.

                                             Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 19.05.2013
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...