Teológico Pastoral

Teológico Pastoral

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Homilia dominical - 28 de junho de 2015

AS PROVOCATIVAS PERGUNTAS DE JESUS

“E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15)

A Pedagogia de Jesus é a da pergunta que “des-vela”,  que nos coloca diante do mistério de nossa vida, de nossas opções, de nossa fé...; pergunta que nos move a entrar no mais profundo de nós mesmos e encon-trar-nos com a fonte que mana e corre. É através das perguntas que Jesus nos abre acesso às nossas reservas interiores de criatividade e imaginação.
De fato, a força criativa de suas perguntas, põe em movimento grandes dinamismos de vida do ser humano; debaixo do modo  paralisado e petrificado de viver, existe uma possibilidade de vida nova nunca posta em movimento. Jesus, ao destravar a interioridade de cada um, reconstrói “pessoas quebradas” e presas ao passado. As perguntas que Ele faz consistem em libertar o ser humano de sua inatividade e dar-lhe capacidade de ação. Isso implica em abandonar a estreiteza da vida e deixar o coração bater no ritmo do seu coração compassivo.

São as perguntas que, com frequência, nos despertam. Se deixarmos de nos perguntar, o fogo vai se apagando. As perguntas são como a lenha que adicionamos ao fogo.
As grandes perguntas permanecem dentro de nós, como uma brasa ardendo. Quando nos perguntamos a nós mesmos, algo se inquieta dentro de nós, o fogo se aviva, brota um impulso que nos desinstala e nos move a buscar o novo. Quem tem medo das perguntas, acovarda-se e fecha-se numa vida sem criatividade e sem busca. Quem não se pergunta é porque quer viver tranquilo, sem necessidade de mudança alguma.
Há perguntas inofensivas, fáceis de responder e que não nos comprometem. O problema está quando nos fazem perguntas nas quais nos sentimos implicados.
Há perguntas que parecem ser de pesquisas; e há perguntas que nos des-velam por dentro. Há perguntas secundárias sobre as quais podemos dizer qualquer coisa. E há perguntas essenciais que nos movem a falar de nós mesmos. E essas perguntas doem porque são perguntas que desnudam o fundo de nosso coração. São perguntas que nos implicam naquilo que somos realmente.
O perguntar é ousado, instigante; perguntar contém desafio, provocação; leva dose de irreverência.
“Perguntar é mergulhar no abismo” (Exupèry). As perguntas tem uma força que não encontramos nas respostas. Somente enquanto perguntamos por Alguém, palpita em nós um impulso, um interesse que não se apaga enquanto não sacia nossa curiosidade.
A pergunta é movimento; e só quando pergunta é que emerge a novidade, pois a pergunta ativa a busca por uma resposta criativa. Mais ainda, perguntar põe em crise certas convicções, idéias fechadas, modos arcaicos de viver...e nos mantém em busca permanente.

É neste nível que surge a pergunta de Jesus aos discípulos, na região de Cesaréia de Filipe.
Ele não pergunta aos seus discípulos sobre o que pensam a respeito do Sermão da Montanha ou sobre sua atuação curativa juntos aos doentes da Galiléia. Para seguir Jesus, o decisivo é a adesão à sua Pessoa. Por isso quer saber o que eles pensam e sentem, depois de um tempo de convivência com Ele.
Jesus propõe a pergunta fundamental, “e vós, quem dizeis que eu sou?”; uma pergunta exigindo que eles se examinem a sério, que tomem consciência do que pretendem, que explicitem as reais motivações que os levam a segui-lo. Responder à pergunta “Quem sou eu para vocês?” é fazê-los comprometer com um novo estilo de vida, é assumir o novo caminho com Ele, é arriscar-se numa aventura.
A pergunta é desafiadora, e não simples curiosidade e inquietação, e se dirige a todos. Cada um tem de dar sua resposta. Ela exige uma tomada de posição, um ato de fé.

É importante para Jesus saber o que as pessoas  pensam d’Ele. Mas é possível que isso fosse apenas uma introdução para a segunda pergunta. De modo particular, a Jesus lhe interessava não tanto saber o que sabiam ou pensavam, mas “quê significava Ele para eles?”
É a pergunta que todos deveríamos nos fazer: não o quanto sabemos d’Ele, nem quê doutrinas ou teorias sobre Ele seguimos, nem qual é a nossa teologia sobre Ele. Para Jesus lhe interessa mais “o significado, o sentido de Sua Vida em nossas vidas”.
Muitas vezes a própria comunidade cristã está muito preocupada com a “ortodoxia doutrinal” e não se preocupa em fazer sua a Vida de Jesus. Há mais condenações doutrinais que condenações de falta de vivências. É preciso “mais evangelho e menos doutrina” (papa Francisco).
A fé implica ideias e doutrinas. Mas a fé não é crer em doutrinas; é crer em “Alguém”; e crer em Alguém que seja o centro de nossas vidas, em Alguém que inspira as nossas vidas, em Alguém que dê sentido ao que fazemos e como fazemos.
Começamos a ser cristãos quando nos deixamos impactar pela pessoa de Jesus e decidimos seguir seus passos e viver como Ele viveu. Podemos saber muita teologia sobre Jesus e ter uma vivência d’Ele muito pobre. O que importa é o “Jesus vida e na vida”.
Todos estamos seguros de que Jesus é o centro de nossas vidas, mas não nos atrevemos a nos questionar por dentro. Com isso, nosso seguimento vai se esvaziando e se tornando pura normatividade.
Para aprofundar nossa fé em Jesus, é preciso nos perguntar constantemente por ela: quê significado Ele tem em nossas vidas? Quê implicações tem no nosso cotidiano o modo de ser e de viver de Jesus?
Porque não basta dizer que cremos nele; é preciso perguntar-nos: em quê Jesus cremos e quem é Ele para nós? Tal pergunta nos conduz a uma identificação com o estilo de vida d’Ele.

Mas hoje, talvez num gesto de ousadia e atrevimento, poderíamos inverter as perguntas. No Evangelho, é Jesus quem pergunta e nós respondemos; agora somos nós que fazemos as perguntas a Jesus. Se Ele está interessado em saber o que os outros pensam dele, também nós estamos interessados em saber o que Ele pensa de nós: “Senhor, quê dizes, quê pensas de mim?”
Talvez, de início, possamos sentir um pouco de medo da verdade que Ele dirá sobre nós. Mas, pensando bem, podemos concluir que Jesus pensa melhor sobre nós que nós sobre Ele. E se nos dá vergonha responder às suas perguntas, certamente que Jesus não sentirá vergonha alguma em responder às nossas.
Aliás, nós estamos mais acostumados a perguntar a Deus que deixar-nos perguntar por Ele. Porque, em tudo o que nos acontece, nossa reação imediata costuma ser sempre: “Por quê, Senhor?”; “por quê aconteceu comigo?”; “por quê não me escutas?”... A agenda de Deus está cheia de nossas perguntas.

Texto bíblicoMt 16,13-19

Na oração: - “Senhor, Tu quê pensas de mim como pessoa? Porque tu me deste a vida não para que a conserve
                    atrofiada mas para que me realize humanamente e chegue a ser uma pessoa livre, madura e
                      comprometida. Tenho amadurecido no amor, chegando a ser essa pessoa que Tu esperas de mim?”
- “Senhor, que pensas e dizes de mim como batizado(a) e teu(tua) seguidor(a)? Sou realmente essa imagem do(a) homem/mulher novo(a) nascido(a) de tua Páscoa?”
- Senhor, que pensas e dizes de mim como: jovem? esposo/a? trabalhador(a)...?”
Como Tu falas ao coração, melhor permanecer em silêncio, que é a melhor maneira de escutar-te.
Fala-me claro e fala-me forte!






segunda-feira, 15 de junho de 2015

Homilia Dominical dia 21 de junho de 2015

Deus está logo ali, depois da nossa zona de conforto

“Passemos para a outra margem” (Mc. 4,35)

“Jamais conseguirei esquecer um certo refrão que ouvi uma vez ao amanhecer, no meio de uma multidão reunida na noite da véspera de uma grande festa:
- Levai-me até a outra margem, barqueiro!, dizia o refrão.
Mas qual o significado desse chamado universal? Sem dúvida alguma, ecoa a sensação que temos de não haver ainda chegado ao nosso destino. No entanto, haveria algo mais? Onde está essa outra margem? Seria algo diferente do que já possuímos? Estaria em outro lugar, além deste, onde estamos?
Não, claro que não. O lugar onde procuramos nosso destino está no próprio coração de nossa atividade. Estamos clamando para que nos levem ao próprio lugar onde já nos encontramos.
Na verdade, ó Oceano de prazer, esta margem e a outra que busco formam em ti uma única margem. Quando digo: “esta minha margem”, a outra me parece estranha, e, quando eu perco o sentido dessa plenitude que existe em mim, meu coração ansioso reclama “outra margem”. Tudo que possuo e tudo que me parece alheio espera para ver-se reconciliado por completo em teu amor. (Tagore)

O primeiro desejo de chegar à outra margem nasce de dentro, do coração, que sabe estar longe de seu centro e entende sua missão de busca e peregrinação interior, de colocar-se em movimento...
Sair da margem conhecida, “velha”, rotineira... para encontrar a nova margem: lugar de relação, de questionamento, de criatividade, de encontro com o novo e diferente…
A outra margem: lugar provocador, incitador, desperta curiosidade...
                           : aqui brotam as grandes experiências religiosas, as intuições, projetos, ideais vitais.
Caminhar para a outra margem é sair do centro, da segurança, da acomodação... e ir em busca das surpresas, das novas descobertas; implica arriscar, ter ousadia, não ter medo de caminhar para os “confins da terra”, para regiões desconhecidas em seu próprio interior...
Os poetas, artistas, místicos... são aqueles que fazem a experiência da “outra margem”, vislumbram o outro lado, tocam as raízes mais profundas do próprio ser.

O Evangelho de hoje começa com um forte apelo de Jesus dirigido aos seus discípulos, convidando-os  a sair da sua rotina, a abrir-se para o novo, para o diferente, ultrapassando os próprios interesses e precon-ceitos. “Passar para a outra margem” exige mudança de atitude, pôr-se a caminho, êxodo, sair-de-si.
Jesus se encontra no lado de cá, na margem ocidental do lago de Genesaré, na Galiléia É a margem da vida regrada do judeu piedoso: a margem da Lei, da sinagoga, do Sábado..., tudo o que dá segurança aos judeus. No lado de lá do lago, encontram-se a Traconítide, a Decápole, terras não familiares aos judeus. É a margem dos pagãos, dos excluídos, do afastamento de Javé. Para surpresa e até escândalo, Jesus convida os seus discípulos a passar para a outra margem, para o “outro lado da humanidade”.
Jesus também nos convida a sair da nossa própria margem, para ir à margem do Outro e dos outros.
Ele não diz “passai para a outra margem”, mas “passemos”, “vamos juntos para a outra margem”.
Viver o seguimento é iniciar uma travessia, sem saber exatamente as tempestades ou calmarias que iremos encontrar, porque o vento sopra onde quer”, como o Espírito. O seguidor de Jesus é como quem está numa barca, no meio do rio e não rema constantemente, mas, às vezes, se deixa levar pela correnteza” (Péguy).
Isto supõe coragem para enfrentar o  risco do diferente, disponibilidade, abertura ao novo.            
Para quem inicia este Caminho Espiritual, seguindo as pegadas irrepetíveis do Cristo Jesus, a vida é sempre nova e surpreendente. “Empreendemos com a ajuda dos acasos/as travessias nunca projetadas/... em serviço de Deus e seus roteiros” (J.Lima).
O seguidor de Jesus não sabe o que há do outro lado. A ele lhe custa ver claramente. No entanto, consi-dera que a outra margem é talvez diferente, mas tão apaixonante como esta margem onde ele está; e então, decide animar-se a cruzar o mar.

Uma das teorias mais importantes descobertas atualmente defende que tudo o que é criativo surge quando  saímos da nossa zona de conforto, ou seja, do lugar onde nos sentimos cômodos e seguros. Essa teoria levada ao campo da espiritualidade, quer dizer que devemos sair, como pessoas e como comunidade, de nosso espaço espiritual rotineiro e “normótico” para poder nos encontrar com Deus.
Deus não “cabe” nas nossas “margens” conhecidas; Ele está sempre além da nossa “zona de conforto”, instigando-nos a fazer contínuas e ousadas “travessias”.
Deus nos quer a cada um fora de nosso espaço de conforto para poder abraçar a  missão original que Ele tem reservada para cada um de nós.
Não devemos nos conformar com a espiritualidade que vivemos, devemos buscar como aprofundar nela, em cada palavra, em cada lugar, em cada gesto, em cada pessoa.
Todos os santos e santas foram pessoas que sairam de seu espaço de conforto, “transgrediram” o conhe-cido e rotineiro, fizeram a travessia…: nova visão, nova missão…
Ser santo(a) é sair desse espaço e entrar no espaço de Deus. Cada um à sua maneira.
Em todo momento histórico, quando a Igreja e a sociedade são sacudidas por grandes mudanças, surgem homens e mulheres que rompem com esquemas e seguranças envelhecidos e se deixam conduzir pelo Espírito ao deserto, às margens, às fronteiras... fugindo de um ambiente e de uma ordem asfixiantes.
A fronteira, para eles, passa a ser terra privilegiada onde nasce o “novo” por obra do Espírito.
Uma vez passada a zona de conforto, situar-se na outra margem passa a significar colaboração  com o Deus presente e ativo em toda situação humana. Isso vai gerar uma maneira nova de viver, um estilo de vida, um compromisso diferente, uma ação carregada de ousadia...

Em toda travessia há o despojamento, a pobreza, por vezes a fome e a sede, os caprichos das estações, a incerteza dos dias de amanhã. Há a liberdade do espírito, horizontes infinitos, sem limites nem constran-gimentos; há o imprevisto, o acontecimento inesperado, favorável ou adverso, que é o melhor e mais seguro dos sinais de Deus, que comanda o ritmo da marcha, as paradas, as estadias, as partidas, as mudanças de rumo ou itinerário. Há o encontro com os companheiros que se mantém fiéis, amigos que ajudam, inimigos que espreitam, pobres que compartilham o mesmo pão.
Finalmente, a travessia aproxima o peregrino cada dia, a cada instante, da meta ainda escondida, mas certa. Ao voltar-se para trás, ele se dá conta de que o itinerário foi realmente maravilhoso, que a expe-riência o transformou, que está mais puro”, mais livre”, mais autêntico”...; numa palavra, Deus, que está no têrmo, já palmilhava a travessia com Ele.

Texto bíblico:   Mc. 4,35-41

Na oração: Preparar-se para a travessia
                      
- Nas nossas vidas acontece algo de verdadeiro e belo quando nos  dispomos a buscar dentro de nós mesmos a razão da nossa existência.
- A nossa vida é um êxodo, um sair constante de uma realidade para  entrar em uma outra realidade nova. O peregrinar é o elemento determinante e com maior valor simbólico para toda a vida.
- Existem ainda céus por explorar, aventuras por empreender, pensamentos por experimentar e expe-riências por aceitar; falta-nos ainda muito por saber, por ver, por sentir, por desfrutar...
- No “mapa espiritual” de nosso interior ainda existe uma  “terra desconhecida”, que proporciona  interesse à vida, suscita  curiosidade, nos põe a caminho...  Grandes surpresas interiores  estão à nossa espera, e a capacidade de continuar buscando é que dá sentido ao esforço e vigor à vida.


domingo, 14 de junho de 2015

HOMILIA DOMINICAL - 14 DE JUNHO DE 2015

PRESSA: vida sem sentido e sem sabor


“...e a semente vai germinando e crescendo, mas o agricultor não sabe como isso acontece” Mc 4,27

Conta-se que o notável pintor francês Renoir, já sexagenário e bastante afamado pela vitalidade que deu ao impressionismo, foi procurado por um jovem admirador interessado em aprender as artes do desenho.
Porém, alegando um tempo escasso para tal empreitada, o apressado discípulo desejava saber quanto tempo duraria o aprendizado, pois ficara assombrado ao ver que o grande mestre fora capaz de fazer uma bela pintura com delicadas pinceladas, mas com uma rapidez espantosa.
Diz Renoir: “Fiz este desenho em cinco minutos, mas demorei 60 anos para conseguí-lo”.

Esta é a resposta de alguém que é um sábio consistente e que ultrapassa o senso comum e o óbvio, geran-do o novo (em vez de produzir mera novidade).
É a revelação da sabedoria daquele que consegue maturar, sem pressa, a experiência de vida.
Esse é o problema do mundo moderno:  a agitação, a pressa e a preocupação se tornam um estilo de vida e acabam controlando nosso ritmo cotidiano, tornando-se fonte inesgotável de ansiedade.
Em nosso padrão cultural, somos pressionados a mostrar o tempo todo que estamos ocupados e “produ-zindo” alguma coisa. Vivemos perdidos numa floresta de compromissos e atividades, incapazes de per-ceber alguma trilha estreita para poder andar e respirar. Mesmo com tudo que foi inventado para facilitar a vida – celular, internet, e-mail, mensagens instantâneas – parece que não temos tempo para nada.
Há muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Acuados pelo relógio, pelo ativismo, pela agen-
da, pela opinião alheia, disparamos sem rumo feito hâmsteres que se alimentam de sua própria agitação.

A pressa constante é mais um dos muitos transtornos que vem afetar nossa qualidade de vida.
Quem sofre deste mal sente a necessidade compulsiva de cumprir tarefas durante 24 horas por dia e, se por algum instante, se encontra sem nada para fazer, se sente culpado.
Além disso, a pressa, ao nos tornar superficiais, nos impede de perceber o verdadeiro valor e originalidade do trabalho próprio e dos outros. Quanto vale o trabalho de um artesão, uma cozinheira, um mecânico, uma professora, um palestrantes, um médico, uma cientista, um místico...?
O escritor alemão Lothar J. Seiwert, autor do best-seller “Se tiver pressa, ande devagar”, afirma:
“Se você negligencia suas próprias necessidades e trabalha até cair de cansaço, desprezando fé-rias e lazer, se torna uma pessoa de difícil trato e uma ameaça para aqueles com quem convive, desperdiça o tempo por falta de atenção e cria um clima de tensão permanente”.

No fundo a questão é esta: qual o sentido e a direção daquilo que fazemos?
                                      Para quê? Para quem? Qual é a intenção ou a motivação que está
                                      por trás de nossa ação?

Esta “dica” pode nos ajudar a superar a ansiedade e a pressa, harmonizando-nos com o “tempo” e fazen-do as pazes com o relógio. Igualmente isso vale para viver e saborear, de uma maneira mais tranquila, as atividades cotidianas mais simples.

Normalmente, vivemos ações “in-sensatas”, ou seja, sem sentido, sem direção.
Se fizéssemos uma faxina em nossos compromissos e deveres, boa parte desapareceria rápido no ralo do bom senso. Se examinássemos o baú de nossas prioridades, certamente a arrumação interior seria outra.
Vivemos uma quantidade de experiências rápidas, amontoadas, sem possibilidade de avaliação... O coti-diano torna-se convencional e, não raro, carregado de desencanto, pesado, estressante...
Aliviar a vida, o coração e o pensamento... eis o desafio; não para inventar de acumular ali mais alguns compromissos estéreis e sem sentido.

Jesus e suas provocativas parábolas: Ele foi um grande artista na construção de parábolas tiradas do cotidiano. Através delas, Ele nos ajuda a “ver” no centro da realidade “o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração humano não percebeu”, ou seja, a realidade impensável do Reino de Deus no meio de nós, emergindo como dom.
As parábolas nos Evangelhos não são contos com uma finalidade moral, nem representam uma doutri-nação; seu núcleo original busca, antes de tudo, interrogar, provocar, chamar a atenção sobre a realidade presente. Podemos afirmar que Jesus tem a pretensão, através desta linguagem, de provocar a quem o escuta e motivá-lo a uma tomada de posição frente à realidade. Não existe, na parábola, a intenção de pintar um quadro mais bonito da realidade, mas de utilizar o potencial do relato para que as pessoas se aproximem de uma dimensão sempre nova da existência.


Nas duas parábolas de hoje, Jesus revela que a única coisa que a semente precisa é de um ambiente adequado para destravar sua vitalidade. Ela foge da eficácia e dos resultados instantâneos. Não tem pressa.
As duas parábolas nos falam mais de aposta no futuro, de calma, de paciência, de realidade sujeita a inclemências de todo tipo, que de certezas ou finais previamente escritos. Igualmente elas nos des-velam que o resultado futuro não vem de fora, mas que vai se forjando por dentro.
Em cada uma das duas parábolas Jesus quer destacar um aspecto dessa realidade potencial dentro da semente. Na primeira, sua vitalidade, ou seja, a força, o impulso que tem para desenvolver-se por si mesma. Na segunda, nos é revelada a desproporção entre a pequenez da semente, quase imperceptível, e a enorme planta que dela surge, onde, inclusive as aves podem fazer seus ninhos.

Estas imagens nos fazem pensar que as coisas de Deus são de outra maneira e de outro ritmo.
Ao mesmo tempo, elas nos questionam: não vivemos hoje muito rápido? Tudo tem que ser prá já; temos perdido a paciência, o sossego, a paz. Fizemos do verbo “esperar” uma relíquia do passado. Tudo parece imprescindível. Tudo urge. Parece que muitas vezes é a agenda que controla nossa vida. E corremos o risco de esvaziar-nos e nos frustrarmos porque queremos correr muito esperando já os frutos quando temos apenas plantado a semente. Outras vezes sofremos porque não vemos os frutos de nosso esforço.
Mas é necessário a paciência do camponês para respeitar processos e colher os frutos no devido tempo.
Oxalá saibamos aproveitar os dias, plantar a semente de algo bom, ativando, pouco a pouco, nossas ca-pacidades no serviço aos outros; que saibamos celebrar a vida, preocupar-nos com coisas que verdadeira-mente valem a pena e fugir de nossas manias, pressas e ansiedades. Deixemos as pressas de lado, pois o Amor e a Vida, isso sim, é o mais seguro.

Espere o momento

“Não apresses a chuva, ela tem seu tempo de cair e saciar a sede da terra;
não apresses o pôr do sol, ele tem seu tempo de anunciar o anoitecer até seu último raio de luz;
não apresses tua alegria, ela tem seu tempo para aprender com a tua tristeza;
não apresses teu silêncio, ele tem seu tempo de paz após o barulho cessar;
não apresses teu amor, ele tem seu tempo de semear, mesmo nos solos mais áridos do teu coação;
não apresses tua raiva, ela tem seu tempo para diluir-se nas águas mansas da tua consciência;
não apresses o outro, pois ele tem seu tempo para florescer aos olhos do Criador; não apresses a ti mesmo, pois precisas de tempo para sentir tua própria evolução”.

Textos bíblicos:  Mc 4,26-34

“Domine a pressa, purificando-a pela mística da atenção

a tudo e todos que compõem o seu existir”.
- Reze sua agenda cotidiana: ativismo? Pressa? Ansiedade? Tarefismo?...



segunda-feira, 1 de junho de 2015

Corpus Christi

CRISTO SE FAZ CORPO...

 “Isto é o meu corpo” (Mc. 14,22), nos diz Jesus. Ele poderia ter dito: “Esta é minha vida, esta é minha história, eu mesmo...”. Mas diz: “Isto é meu corpo”; e, contido nele, sua maneira de estar na vida e de situar-se nela, seu modo de olhar, de sentir, de estar presente...
O único recurso de que Jesus dispõe é seu próprio corpo. Não tem outra riqueza nem outro dom que oferecer. Esse corpo era sua vida, feita doação.
Como o corpo da mulher, capaz de conter e alimentar com seu sangue a criatura que carrega dentro de si, o Corpo de Jesus é um corpo aberto e vulnerado, quebrado e repartido. Constantemente doado.
No encontro com este Corpo podemos nos reconhecer e nos acolher mutuamente, criar comunidade, multiplicar e expandir o amor para que o sonho do Corpo doado se propague no mundo.
Jesus se revela, assim, como autoridade de amor, porque ofereceu seu “corpo”, isto é, sua vida, para que outros pudessem viver. Na multiplicação dos pães, nas refeições com pecadores e sobretudo na Última Ceia, Ele oferece aquilo que não pode ser comprado nem vendido: o pão do próprio corpo carregado de humanidade, o vinho de sua vida portador das energias alegres e criativas.
Comungar o pão e o vinho não é só aderir a Jesus, à sua pessoa e à sua mensagem; não é só experimentar sua intimidade, deixando-se transformar por Ele. Implica estar dispostos a comungar com todos, porque Jesus nunca vem só: “traz” com ele toda a realidade. “Não nos devemos envergonhar, não devemos ter medo, não devemos sentir repugnância de tocar a carne de Cristo” (papa Francisco).

Corpo de Cristo são todos os homens e as mulheres, a humanidade inteira, pois nela se encarnou o Filho de Deus. Essa é a verdade cristã: que todos comam e bebam em amor solidário e real o pão de cada dia, o vinho da festa da vida.
Corpo do Cristo quer ser em especial a Igreja, comunhão daqueles que celebram expressamente sua festa e compartilham seu pão e seu vinho eucarístico, recordando a Palavra: “o Verbo se fez carne”.
Como é bom termos essa oportunidade de mais uma vez celebrarmos o “Corpo de Cristo”, que nos alimenta e nos faz re-pensar nossa postura  diante dos corpos... tanto do próprio corpo, como do corpo do irmão e irmã que amam e sofrem ao nosso lado!
Como seria bom se pudéssemos olhar, valorizar, respeitar, amar, cuidar dos corpos dos nossos irmãos e irmãs mais necessitados com o mesmo amor e zelo que temos pelo Corpo de Cristo!... quem fizer isso a um menor dos meus irmãos, é a mim que o fizestes..., corpos, amor, respeito, doação.
Cristo/Eucaristia... perceber e amar a presença real de Cristo no corpo... do outro.

Celebramos o “Corpo de Cristo”, uma das celebrações mais ricas que nos faz pensar em seu conteúdo e simbolismo... Mas, como celebrar este “Corpo de Cristo” no meio de tantos outros corpos?
Temos muito o que pensar e rezar diante dos corpos, tanto diante do Corpo de Cristo, como diante dos corpos que passam fome, que são explorados, que sofrem... Não esqueçamos isto: Corpo de Cristo... pão... comunhão, outro, fome, pão... partilha... celebração, amor, corpos...
Jesus Cristo nos fascina por ter a coragem de ser diferente em sua época, por ser Ele mesmo e estar profundamente integrado com seu corpo, colocando-o a serviço e crescimento do outro... do outro corpo.
Jesus, na vivência de sua corporalidade, destrava e dignifica os corpos dos outros: diante dos corpos doentes... cura; diante do corpo pecador... ama, perdoa, abençoa, encoraja; diante dos corpos esfomeados: alimenta, multiplica os pães; diante do corpo sem vida: “ jovem, levanta-te!” vida nova; diante dos corpos que exploram/roubam: protesta, recusa, não façam da casa  de meu Pai um covil de ladrões; ai de vós, fariseus hipócritas, que se preocupam demais com as aparências dos “corpos”... e não vêm o interior.

Seu Corpo mesmo se apresenta como amor compartilhado. O Evangelho nos conduz assim ao princípio de todo amor, que consiste em doar o corpo, a fim de que outro viva. Corpo não é aqui o oposto a alma, exterioridade do ser humano, mas pessoa e vida inteira; é comunicação e crescimento, exigência de alimento e possibilidade de morte, fragilidade e grandeza daquele que enfrenta a violência destruidora e doa sua vida em amor, criando a comunhão com todos.
A celebração de “Corpus Christi”  nos revela como será o futuro: uma humanidade reconciliada e fraterna; uma mesa para todos, na qual circularão o Pão e a Palavra; uma comunidade reunida em torno do Corpo Ressuscitado e participando de sua vida.
Ao aproximarmos d’Ele, a partir da experiência dolorosa de um mundo dividido e rompido, nossa esperança se refaz ao celebrar antecipadamente a realização do sonho de Deus sobre o mundo:  ser pão compartilhado e presença real do amor de Deus para com os últimos.

Comungar o Corpo de Cristo e não comungar com o outro, é comungar a própria condenação. Não se pode comungar com o Corpo e o Sangue do Senhor sem entrar em solidariedade com corpos violentados, feridos, famintos... “Se em alguma parte do mundo há fome, nossa celebração da Eucaristia fica de algum modo incompleta em todas as partes do mundo” (Pe. Arrupe).
“Na Eucaristia recebemos a Cristo faminto no mundo. Não vem a nós sozinho, mas com os pobres, os oprimidos, os que morrem de fome na terra. Por meio d’Ele vem a nós esses homens e essas mulheres em busca de ajuda, de justiça, de amor expresso em obras. Não podemos, por conseguinte, receber digna-mente o Pão da Vida, se ao mesmo tempo não damos pão para que vivam aqueles que dele neces-sitam, sejam quais forem eles e onde quer que estejam” (Pe. Arrupe).

A Encarnação  foi o caminho que a Trindade escolheu para se aproximar da humanidade e fazer história
conosco. Nosso corpo humano, feito de barro – vaso frágil e quebradiço – tornou-se o lugar privilegiado da chegada e da revelação do amor trinitário.
“Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós?” (1Cor, 6,19)
O nosso corpo é o “templo” santo e santificado, onde Deus Trino faz sua morada.
A Encarnação de Jesus não autoriza qualquer desprezo da corporeidade; pelo contrário, valoriza o ser humano na sua totalidade.
Cuidar do corpo para recuperar a saúde, combater o stres, harmonizar mente e corpo, razão e emoção, isto é benéfico. A deturpação desumanizante do corpo aparece quando ele é visto como fim em si mesmo.
Temos muitas ofertas para o corpo: ginásticas, academias, cosméticos, bioenergéticas, yoga, dança, expressão corporal, cirurgias plásticas, implantes, massagem...
Cuidar sim, idolatrar não; é preciso caminhar para a superação do medo do corpo, mas sem idolatrá-lo.

Texto bíblicoMc 14,12-16.22-26

Na oração: Sinta todo o seu corpo como um templo. E neste templo acolha o Sopro.
                     Procure saboreá-lo internamente. E deixe atuar em você a força da inspiração e da expiração para que todo o seu corpo seja iluminado e plenificado. Deixe vir a Luz e que ela penetre nas partes mais dolorosas do seu ser. Sinta que você é um corpo de argila e também um corpo de diamante.
Simplesmente respire na presença d’Aquele que É.


SS. TRINDADE: Deus é UM, mas não está só

“No princípio está a comunhão dos TRÊS e não a solidão do UM” (L. Boff)

“Já se disse, de forma bela e profunda, que nosso Deus em seu mistério mais íntimo não é uma solidão mas uma família, pois que leva em si mesmo a paternidade, a filiação e a essência da família que é o amor; este amor, na família divina, é o Espírito Santo” (João Paulo II, Puebla, 1979)

Quando os cristãos professam que Deus é Trindade, PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO não estão somando números 1+1+1=3. Se houver número então Deus é um só e não Trindade.
De fato, o Pai, o Filho e o Espírito Santo não são partes de Deus. Os três unidos não constituem Deus. Mas cada um é Deus. Cada um não somente tem, mas é a natureza divina, a divindade, toda a divindade.
O Pai é toda a divindade, enquanto nascente, doada. O Filho é essa mesma divindade, enquanto recebida. E o Espírito Santo também é toda a divindade, enquanto compartilhada, comunicada, doada.
Com a Trindade, nós cristãos não queremos multiplicar Deus. O que queremos é expressar a experiência singular de que Deus é comunhão e não solidão.
Numa correta compreensão da fé cristã não podemos dizer que primeiramente Deus é UNO e depois se desdobra ou aparece como TRINO, quer dizer, como Pai, Filho e Espírito Santo. O que se professa é que Deus desde sempre foi, é, e será Pai, Filho e Espírito Santo.
Como combinar estas duas proposições: Deus é TRINO sem deixar de ser UNO?

Devemos partir do fundamental da experiência cristã de Deus: na história de Jesus, na sua oração, na sua prática de libertação, na sua ressurreição... mostrou-nos que existe o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Para se entender como os três podem ser UM e o ÚNICO Deus, devemos considerar as relações que vigoram entre os três.
Deus-Trindade é, portanto, a relacionalidade por excelência; total relacionalidade de cada uma das pessoas divinas com respeito às outras, de tal forma que se implicam e incluem reciprocamente sempre e em cada momento, sem que uma seja a outra.
Deus só existe como ser em relação. A grande novidade cristã é que a divindade só existe comunicada, parti-lhada. Deus é relação. Deus é só relação. Deus é só amor. “No princípio está a relação” (G. Bachelard).
É por ser o próprio Deus essencialmente relação que essa relação, “num belo dia”, num transbordamento de vida, num transbordamento de gratuidade, pôde abrir-se a nós para nos fazer existir, concedendo-nos ser e convidando-nos a essa relação com Ele.
É por ser Deus diálogo, conversação desde sempre com o Filho e o Espírito, que Ele pôde empreender o propósito de dialogar conosco. Seu relacionamento para conosco desvenda, deixa entrever o dinamismo das eternas relações entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, dinamismo no qual elas têm origem e do qual nos convida a participar.

As TRÊS PESSOAS DIVINAS não estão uma ao lado da outra; elas estão voltadas umas às outras.
                     Cada PESSOA é PARA a outra, PELA outra, COM a outra e NA outra.
Se o PAI existe em si, é para poder se entregar totalmente ao FILHO, que por sua vez, comunga plenamente com o PAI. Ambos, como num só movimento doam-se completamente ao ESPIRITO SANTO, e este a eles. No princípio está, portanto, a comunhão dos três. Esta comunhão tão perfeita fundamenta a UNIDADE das  Três Pessoas. Só Deus é Deus, mas Ele não está só. Deus não é solitário. Deus é, por natureza, vida doada, partilha, relação, comunicação, ânsia de comunhão.
Assim, o PAI está todo no FILHO e todo no ESPÍRITO SANTO; o ESPÍRITO SANTO está todo no PAI e todo no FILHO; o FILHO está todo no PAI e todo no ESPÍRITO SANTO.
O PAI é único e não há ninguém como Ele; o FILHO é único e não há ninguém como Ele; o ESPÍRITO SANTO é único e não há ninguém como Ele. Cada um é único.
Os Únicos se relacionam entre si tão absolutamente, se entrelaçam de forma tão íntima, se amam de maneira tão radical que se uni-ficam, isto é, ficam Um.

Para a fé cristã, portanto, só Deus é Deus, mas Deus não está sozinho. No próprio Deus há lugar para a alteridade, a fim de que haja oportunidade para o dom e a partilha, para a comunhão. O próprio Deus é dom e partilha, de tal sorte que tudo o que vem dele, tudo o que Ele cria gratuitamente, também é marcado pela chancela da gratuidade, do desejo do outro e do dom de si. Desde toda a eternidade, Deus só é Deus comunicando-se, Deus só é Deus doando-se.


TODOS são igualmente eternos, infinitos e amáveis, em comunhão sem princípio e sem fim. As Pessoas divinas são, desde toda a eternidade, Pessoas-comunhão. Então, há um só Deus-comunhão-de-Pessoas.
"Deus é UM, mas não está jamais só."
Ele é sempre Trindade, comunhão de Três Pessoas divinas, pelas quais circula toda a torrente de Vida Eterna.

Cada PESSOA divina é distinta para poder se entregar e fazer-se dom para a outra.
Assim, encontramos no mistério da TRINDADE o modelo perfeito da co-existência da multiplicidade com unidade. A diferença (o Pai não é o Filho, nem o Filho é o Pai, nem o Espírito Santo é o Pai e o Filho) não funda uma divisão, mas deixa emergir a riqueza de uma unidade plural.
Ora, tal Mistério fonte de todo ser, constitui o modelo ideal de todo e qualquer convívio humano. Somos feitos à “imagem e semelhança da Trindade”.  Trazemos em nós impulsos de comunhão.
Sempre que construirmos relações pessoais e sociais que facilitem a circulação da vida, a comunhão de diferentes à base da igualdade, estaremos tornando visível um pouco do mistério íntimo de Deus.
Deus quer inserir-nos nesta sua COMUNHÃO, como no-lo disse Jesus: "Que todos sejam um como Tu, Pai, estás em mim e eu em Ti, para. que eles estejam em nós, e o mundo creia que Tu me enviaste" (Jo. 17,21).
A glória de Deus é a COMUNHÃO dos homens.
Se nós não somos COMUNHÃO de pessoas, não somos IMAGEM de Deus que é CO-MUNHÃO de pessoas.
O ser humano só é autenticamente humano na relação. Porque Deus é relação.

Aqui a luz da revelação trinitária vem iluminar e confirmar a intuição de que o ser humano pode ter de si mesmo: existir realmente não é existir só para si, é “ex-istir”, sair de si mesmo, assumindo o risco de perder-se para reencontrar-se no outro e com o outro. Em Deus, o Deus de Jesus Cristo, descobrimos que o ser é relação, que a pessoa é relação.
Como homem e como mulher trazemos esta força interior que nos faz “sair de nós mesmos” e criar laços, construir fraternidade, fortalecer a comunhão.
- o ser humano não é feito para viver só; ele é chamado a viver em comunhão com todas as pessoas;
- ele necessita com-viver, viver-com-os-outros;
- é essencial descobrir o sentido e a vivência da relação com os outros, da fraternidade...
- o sentido da vida em comum é um dom de Deus, que nos foi dado a todos.

Deus nos fez amor para o mútuo encontro, para a doação, para a comunhão...
Fomos criados “à imagem e semelhança” do Deus Trindade, comunhão de Pessoas (Pai-Filho-Espírito Santo). Quanto mais unidos somos, por causa do amor que circula entre nós, mais nos parecemos com o Deus Trindade. “Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu Amor em nós é perfeito” (1Jo. 4,12)
Deus colocou em nossos corações impulsos naturais que nos levam em direção ao convívio, à coopera-ção, à acolhida, à solidariedade... “Só corações solidários adoram um Deus Trinitário”.

Texto bíblicoCol. 3,12,17  Jo. 14,22-26






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