Teológico Pastoral

Teológico Pastoral

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Graças pelas bênçãos de setembro, mês da Palavra de Deus!
Outubro é Mês Missionário e Mês do Rosário.

Como cristãos, católicos, somos todos chamados a ser
Discípulos de Jesus e Missionários Evangelizadores,
em todas as idades, ambientes e locais.
Anunciemos Jesus, com a vida, palavras e ações!
Iniciemos evangelizando nossa mente, coração e os mais próximos.
Que nossas crianças, nossos jovens e os adultos preocupados e
ocupados com tantos afazeres despertem para a vivência cristã!
Rezemos e façamos nossa parte, da forma que for possível,
com o entusiasmo de um coração apaixonado por Jesus Cristo!
Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das Missões,
intercedei a Deus por nós!
Essas contas coloridas do Terço missionário indicam os cinco continentes.
Entre no google e  coloque assim, entre aspas: "Terço Missionário"
Aprenda a respeito do significado das 5 cores e da forma de rezar


Oração Missionária
Ó Deus, Pai de todos os povos, Vós que nos abraçais
com a ternura de uma mãe, ouvi o clamor das multidões
da Amazônia e do mundo inteiro desejosas de Vos conhecer
e Vos Amar. Ensinai-nos a Vos servir, na partilha da Fé
e dos bens que Vós mesmo nos deste. Amem.
Fonte: Semanário Litúrgico Deus Conosco

Agosto, mês das vocações: Jesus Cristo nos chama para a missão.
Setembro, mês da Bíblia: Jesus Cristo nos forma para a missão.
Outubro, mês das Missões: Jesus Cristo nos envia em missão.
Novembro
Finados e Cristo Rei: Jesus Cristo nos julga em nossa missão,
pelo bem e pelo mal praticado.
Autor: Pe. Maikol

1º de outubro - Festa de Santa Teresinha do Menino Jesus, padoeira das Missões
2 de outubro - Festa do Anjo da Guarda, que recebemos de Deus, ao nascer.
... ... ... ...
 

sábado, 28 de setembro de 2013

Homilia Dominical - 30 de setembro de 2013

Lázaros de Hoje

Celebramos hoje o Dia da BÍBLIA.
E o lugar privilegiado para ler e acolher a Palavra de Deus
é a Comunidade na celebração dominical.

A Liturgia de hoje convida a ver os bens desse mundo,
como dons que Deus colocou em nossas mãos,
para que administremos, com gratuidade e amor.

Na 1ª Leitura: o Profeta AMÓS denuncia severamente
os ricos e poderosos do seu tempo,
que viviam no luxo e na fartura, explorando os pobres,
insensíveis diante da miséria e da desgraça de muitos.
O Profeta anuncia que Deus não aprova essa situação.
O castigo chegará em forma de exílio em terra estrangeira. (Am 6,11-16)

* As denúncias de Amós são ainda hoje atuais!
- Povos gastando fortunas matando gente em guerra,
  enquanto outros morrem de fome por não ter o que comer.
- Quantos vivem na abundância, enquanto muitos morrem de fome e na miséria.
- Quantos satisfazem seus caprichos, sacrificando até seus familiares...

Na 2ª Leitura, Paulo denuncia a cobiça,
"Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males". (1Tm 6,10-16)

No Evangelho, temos o julgamento de Deus sobre a distribuição das riquezas.

A Parábola do homem Rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31) tem três quadros:
  - A Situação de vida do Homem rico e do Pobre "Lazaro".
  - A mudança de cena para ambos após a morte...
  - Um DIÁLOGO entre o rico e Abraão,
      > Proposta: "Pai Abraão, se alguém entre os mortos
         for avisar meus irmãos, certamente vão se converter..."
     > Resposta: "Se não escutam a Moisés, nem aos profetas,
        mesmo se alguém ressuscitar dos mortos, não acreditarão..."

A morte de ambos reverte a situação:
quem vivia na riqueza está destinado aos "tormentos",
quem vivia na pobreza se encontra na paz de Deus.
É uma Catequese sobre escatologia,
antecipa o amanhã para que valorizemos o presente.
O rico não é condenado por ser rico, mas porque prescinde de Deus.
O pobre se salva porque está aberto para Deus e espera a Salvação.
A pobreza não levou Lázaro ao céu, mas a humildade,
e as riquezas não impediram o rico de entrar no seio de Abraão,
mas seu egoísmo e a pouca solidariedade com o próximo.

* Na Parábola, o pobre tem "nome", o rico não...
   Em nossa Comunidade, os pobres têm nome?

+ "Escutem Moisés e os profetas!":
    Essa advertência tem um significado todo especial no DIA DA BÍBLIA.
  
A expressão "Moisés e os Profetas", no tempo de Jesus, significava a Bíblia.
Por isso, Jesus queria dizer que não estamos precisando
de aparições duvidosas do além, de videntes ou prodígios milagrosos...
A BÍBLIA é a única Revelação segura que todo cristão deve acreditar...
Ela é suficiente para iluminar o nosso caminho.
Seguindo essa Luz, encontraremos, aqui na terra, a solidariedade, a fraternidade  e, na outra vida, acolhida na casa de Deus, um lugar junto de Abraão.

Essa Palavra de Deus, podemos encontrá-la:
Na Catequese... na Liturgia... na Leitura Orante da Bíblia...
nos Grupos de Reflexão, nos Cursos de formação... na Leitura pessoal...

+ Quem são os LÁZAROS hoje?
Ainda hoje quantos ricos esbanjam na fartura, enquanto pobres "Lázaros" continuam privados até das migalhas que sobram...
Creio que os vemos diariamente nas ruas e na televisão...
Escutar Moisés, os Profetas, o Evangelho
favorece o desapego e abre os olhos às necessidade dos irmãos.

O Documento de Santo Domingo afirma:
"O crescente empobrecimento a que estão submetidos
  milhões de irmãos nossos, que chega a intoleráveis estremos de miséria,
  é o mais devastador e humilhante flagelo que vive a América Latina" (179).

No Brasil: O Salário mínimo irrisório... A aposentadoria miserável...
enquanto outros recebem supersalários... e inúmeros desvios...

No Brasil, milhões de Lázaros nos indicam o caminho da salvação...
- Se nos abrirmos ou não a eles...
- Se nos colocarmos ou não a serviço de sua libertação.

+ E conclui com uma ADMOESTAÇÃO:
   "Há um abismo que nos separa... e não haverá mais volta..."
    Após a morte, a situação se torna irreversível.

+ Como superar esse abismo que nos separa?
    Abismo que não foi construído por Deus, mas pelos homens...
    abismo que começa agora... e se prolonga no além...

    A EUCARISTIA é um grande meio para vencer esse abismo,
    desde que seja sempre uma verdadeira COMUNHÃO...     
       - que inicia AGORA (na Igreja, na família, na sociedade) e
       - se prolonga por toda a ETERNIDADE junto de Deus.

                                      Antônio Geraldo Dalla Costa -29.09.2013

sábado, 21 de setembro de 2013

Liturgia dominical - 22 de setembro de 2013

Dois Senhores

Vivemos numa sociedade globalizada,
em que o dinheiro parece mandar em tudo e
é procurado a qualquer custo.
Para muita gente, ter dinheiro significa poder e prestígio...
Qual deve ser a atitude cristã diante das riquezas?     

Na 1a Leitura, Amós denuncia os ricos comerciantes do seu tempo,
que exploravam nas mercadorias e nos preços os pobres camponeses.
Nem respeitavam os "dias santos" para celebrar e descansar.
O Profeta os adverte que Deus não ficará impassível diante disso:
"Não esquecerei nenhum de vossos atos..." (Am 8, 4-7)

* Essa exploração descrita por Amós não é um fato apenas do passado.
É uma realidade que os pobres conhecem muito bem ainda hoje.
A exploração e o lucro desmedido não fazem parte do projeto de Deus...

Na 2ª Leitura, Paulo convida a elevar ao céu "mãos puras",
numa oração universal, em favor de todos os homens.
A oração só tem sentido se for expressão de uma vida de comunhão,
com Deus e com os irmãos. (1Tm 2,1-8)

No Evangelho, Cristo convida a conseguir a verdadeira liberdade,
servindo a Deus e não ao dinheiro. (Lc 16,1-13)

Ilustra com a Parábola do ADMINISTRADOR infiel, que ao ser despedido, reduz o valor da dívida dos devedores para garantir futuros amigos.

À primeira vista, poderia dar a impressão de que Jesus
elogia a desonestidade e a corrupção do administrador.
Para compreender o ensinamento do Mestre, devemos nos situar no tempo.
Naquela época, os administradores deviam entregar ao empresário
uma determinada quantia; o que conseguissem a mais ficava com eles.
O que fez o administrador? Renunciou ao que lhe cabia nos negócios.
Ele entendeu que, no futuro, mais do que dinheiro, precisava de amigos.
Por isso, renunciou ao dinheiro, para conquistar amigos.

* A "esperteza" do administrador revela a criatividade,
que falta aos "filhos da luz".
Devemos também usar essa "esperteza"
para tornar sempre atual a mensagem de Cristo.

A Busca desenfreada pelo dinheiro continua...
O dinheiro é o deus de muita gente, que está disposta a tudo
desde que faça crescer a conta bancária.
- Para ganhar mais dinheiro, há quem trabalha
  doze ou quinze horas por dia, num ritmo de escravo,
  e esquece de Deus, da família, dos amigos e até própria de saúde;
- por dinheiro, há quem vende a sua dignidade, a sua consciência e
  renuncia a princípios em que acredita;
- por dinheiro, há quem não tem escrúpulos
  em sacrificar a vida ou o nome dos seus irmãos;
- por dinheiro, há quem é injusto, explora os operários,
  se recusa a pagar um salário justo...  

  Talvez nunca cheguemos a estes casos extremos;
  mas, até onde seríamos capazes de ir, por causa do dinheiro?
  A adoração ao "deus dinheiro" não é o caminho mais seguro
  para construir valores duradouros, geradores de vida e de felicidade.

* Jesus não quer dizer que o dinheiro seja uma coisa desprezível e imoral,
   do qual devamos fugir a todo o custo.

O dinheiro é necessário para uma vida com qualidade e dignidade…
Mas ele não pode se tornar uma obsessão, uma escravidão,
pois não nos assegura (e muitas vezes até perturba)
a conquista dos valores duradouros e da vida plena.
O Dinheiro é um "ídolo tirano", que nos escraviza e
nos torna insensíveis a Deus e às necessidades dos outros.

+ Jesus conclui com sentenças sobre o bom uso das riquezas:

- "Ninguém pode servir a DOIS SENHORES... a Deus e ao Dinheiro..."
  * Deus e o dinheiro representam mundos contraditórios...
     Os discípulos são convidados a fazer a sua escolha
     entre o Mundo do DINHEIRO (de egoísmo, interesses, exploração, injustiça)  
     e o Mundo do AMOR (da doação, da partilha, da fraternidade).

- As riquezas não devem ser obstáculo à Salvação,
  mas um meio para fazer amigos "nas moradas eternas."
  Um instrumento de Comunhão entre as pessoas, de amizade, de igualdade...
  Não servir ao dinheiro, mas nos servir do dinheiro
  para servir a Deus e aos irmãos...

- Honestidade tanto nos grandes como pequenos negócios,
  porque quem é fiel no pouco, também é fiel no muito,
  quem é infiel no pouco, também é infiel no muito.
  Quem não é fiel nas riquezas terrenas (no pouco),
  também não é fiel nas riquezas eternas (no muito).

Qual é a nossa atitude diante dos bens terrenos?
Só Deus é o dono de tudo o que existe...
Nós somos apenas administradores...

A qualquer momento, Cristo poderá também nos dizer:
"Presta conta da tua administração!"

- Como estamos administrando? Já garantimos a nossa morada eterna?

                                    Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 22.09.2013

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Pais, Filhos e Avós

Por Marcela García Fausto
Lembro-me aos seis anos esperavando ansiosa pelas férias para ir passar uns dias no rancho dos meus bisavós. Ainda tenho fresco na memória caminhar entre os campos de milho e ver caminhar diante de mim o meu bisavô com o chapéu posto, abrindo o caminho entre os pés de milho. Hoje os meus bisavós já não estão entre nós nem os passeios pelos campos, mas ainda se recebe os tetranetos de braços abertos porque na nossa família convivem várias gerações: os meus bisavós, os meus avós, pais, filhos, netos, bisnetos e tetranetos!
As mudanças sociais que se deram nas últimas décadas, claro que tiveram as suas repercussões na nossa família. Os avós da atualidade são importantes agentes do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social dos netos, são os intermediadores dos conflitos entre pais e filhos, especialmente quando os netos chegam à adolescência.
De onde vem esta nova relação? Quando falamos de “nova” relação estamos a referir-nos a algo que não existia antes. Os avós e os netos sempre existiram. Aqui falamos do lugar que adquire esta relação dentro do ciclo vital da família hoje em dia. Onde está a origem desta relação? Sabemos que hoje as pessoas de idade avançada constituem um grupo da população de maior crescimento. Dos 13 milhões que havia em 1959, prevê-se que em 2025 este número suba para 137 milhões, mais ou menos 25% da população. Isto deve-se especialmente a duas razões: a primeira é o aumento da esperança de vida; a segunda é o declinar da natalidade
O fato dos avós do presente viverem durante mais anos e em melhores condições físicas e psicológicas, permite-lhes compartilhar com os seus netos mais experiências e ter um papel mais ativo nas famílias.
Ao mesmo tempo, vemos que é possível uma maior independência das pessoas na famílias e manter os vínculos relacionais profundos de intimidade mesmo à distância.
As relações familiares entre gerações estão baseadas na intimidade à distância. Isto é, apesar da crescente autonomia residencial que se observa nos avós nos dias de hoje, mantêm um contato muito constante com os netos. É o que se chama identidade à distância.
No que toca às relações avós-netos, estas relações na maioria das vezes são satisfatórias. Nestas relações há menos tensões e apesar da diferença de idades, do gênero ou do nível socioeconómico, em geral os jovens sentem pelos avós admiração, veem neles bondade, proteção.
Os avós contribuem para o desenvolvimento dos seus netos de diferentes formas: sendo companheiros de interação, proporcionando estimulação cognitiva e afetiva, cuidados, etc., ou seja, o desenvolvimento dos netos está intimamente relacionado com as funções que os avós desempenham dentro das relações familiares. Por outro lado, os jovens procuram os avós como alguém com quem podem desabafar os seus problemas, preocupações, aborrecimentos, etc. E esta situação é muito lucrativa para os dois lados porque os avós sabem o que é ser jovem.
Os Avós Como Educadores
Como colaboram os avós na educação dos netos? Os conselhos e recomendações que vêm dos avós muitas vezes aceitam-se melhor que se viessem dos próprios pais. A experiência dos avós, a sua paciência, o tempo de que dispõem, pode fazer dos avós excelentes educadores.
Ainda por cima, os avós representam um laço de união entre as famílias e as gerações e isto dá à criança ou jovem um sentimento de segurança e de pertencer a algo que o torna mais equilibrado. Quando um dos pais falhar, seja porque motivo for, o avô ou a avó são uma certa compensação para a criança.
Mas há no entanto o perigo do avô em vez de educar a criança fazer precisamente o contrário. E isto acontece quando? Quando os avós protegem ou mimam demais a criança, quando se mostram como “bons”, em oposição aos pais que são “maus”.
É, portanto, importante fomentar as relações entre os pais, filhos e avós e envolver estes últimos no trabalho educativo dos pais, sobretudo quando os avós sabem dar aos pais o papel principal como educadores e ficar com o papel secundário na educação dos seus netos.
Fonte: Mujer Nueva

sábado, 14 de setembro de 2013

O PAI MISERICORDIOSO
(Liturgia do Vigésimo Quarto Domingo do Tampo Comum)

Pode, realmente, Deus arrepender-Se e voltar atrás, como nos fala a primeira leitura deste vigésimo quarto domingo do Tempo Comum, tirada do livro do Êxodo (32,7-11.13-14)?
Mas, não seria o arrependimento um sentimento “muito humano”, para ser atribuído a Deus, já que é derivado da negação das atitudes e pensamentos que o antecederam? Embora seja estranho pensar assim, é possível perceber no relacionamento da Aliança com o povo de Israel que Deus também tem sentimentos. São sentimentos que variam no relacionamento com o povo de Israel, de acordo com as opções que vai fazendo, dentro da sua liberdade humana.
Deus fica até mesmo irritado em algumas situações. Mas também a Sua ira é uma forma de amor. Tem o objetivo de provocar uma resposta do homem. Portanto, Deus se arrepende sim, e o Seu arrependimento é outra forma de amor que perdoa o homem, graças à intercessão de Moisés.
Na verdade, a ira de Deus convida e chama novamente o homem à conversão, mas não exige e não condiciona o amor como à sua resposta. Assim, independente da resposta do homem, Deus o amará, sempre!
Deus não exige nada, apenas dá. Isso Moisés compreendeu muito bem, porque na sua intercessão em favor do povo, ele “relembra” o próprio Deus da gratuidade das Suas ações em favor do Seu povo: “Por que, ó Senhor, se inflama a tua cólera contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Israel, com os quais te comprometeste, por juramento, dizendo: Tornarei os vossos descendentes tão numerosos como as estrelas do céu; e toda esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos descendentes como herança para sempre”.
Se Deus deu ao povo gratuitamente toda a herança prometida a Abraão, a saber, a descendência e a terra, então ainda pode perdoá-lo, isto é, esquecer todos os seus pecados e renovar a Sua Aliança com ele.
O arrependimento de Deus está, portanto, em perfeita coerência com o que Deus é: Aquele que dá e perdoa.
Não será, talvez, esta imagem que Jesus tem de Deus e que nos revela na extraordinária parábola, que tradicionalmente chamamos de parábola do “filho pródigo”, mas que deveríamos chamar de parábola do pai amoroso ou do pai misericordioso?
Ali, o pai não espera que o seu filho caçula faça uma declaração formal de humildade. Pelo contrário, não permite que se coloque na posição de escravo. Tão logo o vê, se comove, corre ao seu encontro, o abraça e o beija!
O Pai revelado por Jesus não o reprova, nem o repele, tampouco lhe pergunta o que fez com o dinheiro da herança.
Esse pai é misericordioso, sobretudo, porque não assume a postura e o papel do ofendido, como nós costumamos fazer nesses casos, nem lhe impõe punições, fazendo-o viver mal consigo mesmo e como escravo. Não! Rapidamente coloca-lhe um anel no dedo, e sandálias nos seus pés. Trata-se de símbolos do homem livre, que tem direito à herança paterna.
É esta atitude radicada no amor e na gratuidade que o filho mais velho não consegue compreender. Ele, que sempre serviu o pai e nunca recebeu em troca um cabrito para fazer uma festa com os amigos.
O problema do filho mais velho, na verdade, é acreditar que merece alguma como recompensa do pai, pelo fato de ter sido bom. Ele pensa e enxerga o seu relacionamento com o pai apenas nos termos do direito e do dever, das obrigações e não do amor.
O pai, na verdade, tenta fazê-lo compreender que o verdadeiro relacionamento com ele deve ser fundamentado em outra atitude bem diferente. No amor.
A resposta do pai aponta justamente para isso. É como se dissesse: se não te dei um cabrito é porque o cabrito e tudo mais sempre foram teus! Você ainda não compreendeu que tudo o que é meu é teu?
É por isso que ele precisa entrar e participar da festa! Aliás, fazer festa com o irmão, que na verdade ele não considera mais como irmão, mas apenas como “esse teu filho”, torna-se sinal concreto e passagem obrigatória para reconhecer o amor do pai.
Será que, finalmente, o filho mais velho entrou para a festa? O Evangelho (Lc 15,1-32), que lemos hoje, não nos informa.
A resposta não é dada porque cada um de nós é chamado a dar essa resposta no seu lugar. Na verdade, a intenção de Jesus é fazer com os Seus discípulos e cada um de nós nos identifiquemos com o irmão mais velho e que nos perguntemos, sinceramente, se seremos capazes de ir festejar com o seu irmão, sem calcular se ele merece ou não, sem fazer comparações, sem abrir um  inquérito sobre o seu passado e sem fazer uma sindicância sobre a justiça do pai.
 Este é o Pai que Jesus nos revela. O Pai é alguém que não calcula os nossos méritos, mas que ama gratuita e desproporcionalmente. Isso mesmo, desproporcionalmente!
Trata-se da mesma superabundância de amor testemunhada por Paulo quando fala da sua própria conversão, na carta que escreve a Timóteo e que lemos na segunda leitura (1Tm 1,12-17): Agradeço àquele que me deu força, Cristo Jesus, nosso Senhor, pela confiança que teve em mim, ao designar-me para o seu serviço, a mim, que antes blasfemava, perseguia e insultava. Mas encontrei misericórdia, porque agia com a ignorância de quem não tem fé”.
Numa sociedade que presta culto aos méritos e que mercantiliza as relações, capaz de perdoar só os que vencem e pronta a condenar os “perdedores”, os que foram um dia “viver em meio aos porcos”, sem possibilidade de apelo, o Evangelho da superabundância e da manifestação do amor gratuito do Pai soa como provocatório e escandaloso.
Geralmente, preferimos um Pai que nos recompense e nos elogie pelo fato de termos sido bons, mas isso é apenas um “fetiche’ que carregamos por debaixo da educação moralista recebida na nossa infância.
O Pai revelado por Jesus, o Pai verdadeiro, não nos elogia, tampouco nos condena. Ele simplesmente nos ama! E isso basta! Quanto a nós, precisamos ter coragem para alinhar as nossas atitudes de cristãos que muitas vezes agem como o irmão mais velho, com os gestos concretos e gratuitos de amor de Jesus.
Do contrário o nosso nome de cristãos estará comprometido. Graças a Deus o papa Francisco tem exigido da Igreja uma atitude cada vez mais corajosa assim. Graça a Deus, como Missionários Inacianos, aprendemos isso do nosso fundador temos o mesmo desafio nas mais diversas situações da vida concreta. Nunca vi um homem com tanta coragem e ousadia para ser cristão a esse ponto! Assim como o Pai. Assim como Jesus. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – www.inacianos.org.brformador@inacianos.org.br).


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Familiaridade com a Bíblia
         Verbum Domini – Palavra de Deus, é o documento do Sínodo da Palavra realizado em Roma de 5 a 26 de outubro de 2010. Recebemos este documento “Verbum Domini” em novembro de 2010. É um inestimável presente de Natal oferecido por Bento XVI.
O Papa nos convida a que nos debrucemos sobre a Palavra, façamos uma redescoberta da Bíblia, tenhamos familiaridade com a Palavra para que ela seja o coração de toda a atividade eclesial. Somos convidados a ser amigos da Palavra e a amar cada vez mais as Sagradas Escrituras. Cada fiel possa dizer: “sou amigo da Palavra”.
A fé da Igreja se renova na Palavra de Deus, daí o deixar-se plasmar pelas Escrituras que são o coração da vida cristã. A Igreja funda-se, nasce e vive da Palavra e as comunidades crescem graças à escuta, celebração e estudo da Palavra. Há que reconhecer que nas últimas décadas aumentou na Igreja a sensibilidade pela Palavra de Deus.
Como São Paulo, devemos dizer: “Faço tudo por causa do evangelho” (ICor 9,23). O Papa deseja que melhore a nossa relação com as Sagradas Escrituras na leitura orante, na liturgia, na catequese, na investigação científica. É assim que adquirimos maior familiaridade com a Palavra de Deus.
Deus fala e responde através da Palavra. Estabelece um profundo diálogo conosco, deixa-se conhecer e fala a nós como um amigo. O chão da Palavra são nossos ouvidos e nosso coração. Assim, a Escritura Sagrada deve ser proclamada, escutada, lida, acolhida, vivida profundamente.
Bento XVI faz uma clara distinção entre Palavra de Deus e Bíblia. A Palavra é mais ampla, ela vem antes do Livro e vai além do Livro. Há uma “sinfonia” da Palavra. Ela fala através da criação porque Deus tudo criou pela Palavra. Ela fala através dos Profetas. A definitiva revelação da Palavra de Deus é Jesus: “O Verbo se fez carne”. Os Apóstolos e as comunidades ensinavam a Palavra antes dela ser escrita. Só mais tarde vem o Livro, ou seja, a Bíblia, principalmente o Novo Testamento.
Veneramos extremamente as Sagradas Escrituras, mas, o cristianismo não é a “religião do Livro”, é a “Religião da Palavra”. A Igreja deve ser a “mestra da escuta” para ser discípula. A Palavra é maior que a Igreja, embora, a Sagrada Escritura seja um “livro da Igreja”, deve ser interpretado na fé da Igreja. Por isso a Igreja é “casa da Palavra”.
Pelo que vemos a Igreja não será mais a mesma depois deste documento. Chegou a “hora da Palavra” e assim seremos mais profetas, mais discípulos, mais apóstolos. Inicia-se a aurora de uma nova primavera na Igreja. Já fizemos tantos progressos em ralação à Bíblia, mas, precisamos de mais ousadia e chegar a uma “mobilização bíblica” na vida da Igreja. A Palavra tem o poder de nos reencantar, fascinar, recuperar. Todo nosso entusiasmo pela Palavra de Deus tem um objetivo: estabelecer um encontro pessoal vivo, definitivo, persuasivo com Jesus Cristo, Palavra do Pai. Podemos ver, ouvir, tocar e contemplar Jesus, o Verbo da vida. Ouvindo sua voz, ouvimos o Pai. Jesus é o alto falante do Pai. Fala o que o Pai mandou falar.
Para que aconteça uma revolução bíblica na Igreja precisamos fazer diariamente a leitura orante, frequentar os grupos bíblicos de reflexão, participar do dia da palavra, estudar mais a Bíblia, procurando viver a Palavra. É assim que vai aumentar nossa familiaridade com as Sagradas escrituras. As boas ações falam mais que as palavras. Cabe-nos permanecer na Palavra, que é pão, rocha, espada, ouro, mel, lâmpada, leite, chuva para que sejam restauradas a profecia, o discipulado e a missão na Igreja.

Dom Orlando BrandesArcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 12 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Biblia Sagrada

 
As cinco vias da Palavra
Setembro é o mês da Bíblia. Sofremos um analfabetismo bíblico e precisamos criar o “século da Bíblia” e tê-la todos os dias em nossas mãos. Eis as cinco vias da Palavra.

1 - O ouvido -  Como poderemos crer sem ouvir a pregação da fé? “Ouve oh Israel”. Este é o mandamento divino. Dá-nos Senhor, ouvido de discípulo, pede o profeta Isaías. A fé entra pelo ouvido. Não podemos ser surdos ao Deus que se revela a nós como a amigos. Quem ouve minha Palavra e a põe em prática, este é o maior no reino dos céus, ensinou Jesus. Hoje se ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis o vosso coração, diz o livro de Samuel. A Palavra supõe a audição, o ouvido, do contrário, ela cai no chão.

2 - A cabeça - A Palavra exige o estudo, a teologia, o magistério e o catecismo. A fé não pode contrariar a reta razão, mas, ela vai além da razão. É preciso dar a razão de nossa fé porque a verdade e a fé são duas asas que movem o ser humano até Deus. Fé e razão se completam. O ato de fé é um ato de decisão, de opção, de adesão a Deus, a Jesus Cristo e à revelação divina. A cabeça é uma via da fé para evitar todo infantilismo, magia, engano, exploração, fanatismo e heresia no âmbito da religião. A Palavra guia nossos pensamentos e oferece critérios, valores e luzes para a razão.

3 - O coração - A Palavra ouvida desce ao coração, ou seja, é interiorizada, assimilada, vivida, experimentada. É no intimo do coração que a Palavra se faz carne em nós. Ela se torna alimento. “Toma o livro e come-o” diz a Escritura.  Há uma grande fome e sede da Palavra porque ela alimenta a fé no coração dos cristãos. A fé é resposta à Palavra e compromisso assumido no centro, no interior dos corações.

4 - As mãos - A fé sem obras é morta. A Palavra alimenta a fé. É no testemunho, na ação, mas principalmente nos gestos de amor a Deus e ao próximo, que se manifesta nossa fé. Nossas mãos se abrem à generosidade, à solidariedade, à prática do amor pessoal e social, graças à fé. Uma fé autêntica é compromisso com a vida, a transformação, a promoção humana. Daí se entende os famosos binômios: fé e vida, oração e ação, mística e política, contemplação e transformação. A Palavra abre nossas mãos para a construção do reino, para as boas obras e o amor transformador.

5 - Os pés - A Palavra é o combustível, o motor, a energia da missão. Quem tem fé não é acomodado, mas, missionário, caminhante, evangelizador. Fé com  pé na estrada, pé a caminho, pé nas ruas, nas portas das casas, nas periferias e nas mansões. A fé leva ao lava-pés e a andar a pé para facilitar o encontro. De pessoa a pessoa, de casa em casa, de grupo em grupo, de nação a nação, a fé nos coloca em movimento, em ousadia missionária. Os caminhos da fé levam ao encontro com o diferente, o afastado, até o além fronteiras. A fé nos dá pés velozes que correm até os confins da terra, que nos levam ao povo. Com os pés iluminados pela Palavra caminhamos pressurosos para a casa do Pai. Pés evangelizadores que mesmo feridos e machucados nos deixam sempre de pé especialmente ao pé da cruz.  

Dom Orlando Brandes

domingo, 8 de setembro de 2013

Homilia dominical - 8 de setembro de 2013

 O Seguimento de Jesus

Estamos no Mês da BIBLIA.
Ela é sempre uma luz em nossa caminhada cristã.
Hoje ela nos fala do Seguimento de Jesus
e suas EXIGÊNCIAS:
Não é um caminho de facilidade, mas sim de renúncia...

A 1ª Leitura lembra que só em DEUS é possível encontrar
a verdadeira felicidade e o sentido da vida. (Sb 9,13-19)

Na 2ª Leitura, Paulo aplica as conseqüências do seguimento de Jesus:
intercede em favor de um escravo fugitivo (Onésimo),
junto a seu "dono" (Filêmon). (Fm 9b-10.12.17)

O Evangelho aponta o "Caminho do Discípulo". (Lc 14,25-33)

- Jesus estava a caminho de Jerusalém... onde iria ser morto numa Cruz...
- O Povo o seguia numeroso, entusiasmado pela sua pessoa.
- Mas Cristo não era um demagogo, que fazia promessas fáceis,
  para atrair multidões a qualquer preço. Ele sabia que entre eles havia:

   * Bons, desejosos da boa palavra... que buscavam sinceramente o Messias...
   * Curiosos: em satisfazer o desejo de novidade...
   * Interesseiros: na esperança de participar da glória e da fama...
   * Inimigos: à espreita de uma ocasião para acusá-lo e condená-lo.

+ Sem medo de perder alguns simpatizantes,
   Jesus aponta TRÊS CONDIÇÕES para segui-lo:

1. DESAPEGO afetivo: aos familiares... até à própria vida:
   "Quem não 'odeia' o seu pai, sua mãe...
     até a própria vida, não pode ser meu discípulo..."
     * ODIAR aqui não significa rejeitar os sagrados laços familiares,
        mas priorizar os valores do Reino.

2. DISPONIBILIDADE em carregar a Cruz:
    "Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim,
      não pode ser meu discípulo..."

      * A CRUZ é a imagem que melhor sintetiza toda a vida de Cristo.

         O "Discípulo" é convidado a imitar o Mestre...

3. RENÚNCIA aos bens materiais:
   "Quem não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo..."
     * Vivendo em função deles, não sobra espaço para Deus,
         nem relações de partilha e solidariedade com os irmãos...

+ Seguir o Mestre, não deve ser uma atitude passageira,
   nascida num momento de entusiasmo,
   mas sim, uma decisão ponderada, amadurecida e coerente até o fim.
+ Duas pequenas PARÁBOLAS,
a TORRE a construir e a GUERRA a conduzir, ilustram
a necessidade de planejar, empenhando-se cada dia na vivência cristã.

 * O Povo não podia se deixar levar pelo entusiasmo momentâneo,
   pelo contrário, devia calcular bem, se está em condições de perseverar...
                    
* O seguimento de Cristo é...

   - um caminho fácil, onde cabe tudo?  ou
   - um caminho exigente, onde só cabem os que aceitam a radicalidade de Jesus?
     A nossa Pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência?

- A grande maioria no nosso povo se diz "cristão"... seguidor de Cristo...
   Recebe os Sacramentos de Iniciação... Reconhece os valores de Deus e da Fé... 
   mas a vivência cristã deixa a desejar...

- Muitas vezes, ficamos felizes, quando vemos a igreja lotada...
  Mas qual é o verdadeiro motivo que leva muitas pessoas à igreja?
  Todos os que participam com entusiasmo das cerimônias solenes,
  das procissões, das romarias... estão realmente conscientes
  dos compromissos que a fé cristã envolve?

- O que nos diria a respeito, o Evangelho de hoje?
  Será que Cristo está mais interessado no número, ou na qualidade?

+ Há dois tipos de Religião:

- As REVELADAS: como a nossa... em que a Bíblia é a fonte de inspiração...
   É Deus que se revela e nós aceitamos o que essa revelação nos propõe...
- As CRIADAS: que foram inventadas pelos homens,
  segundo o modelo que mais satisfaz seu modo de pensar e de agir...

Qual nos dá mais segurança de realizar o Plano de Deus?
Uma religião mais fácil pode até ser mais atraente...
mas certamente não será a mais fiel à proposta de Cristo... 

à Estamos nós dispostos a ser verdadeiros Discípulos de Cristo,
     pelo caminho duro e exigente, que o evangelho de hoje nos propõe?

     Peçamos a Deus nessa celebração
     muita LUZ para compreender essa verdade...
     e muita FORÇA para sermos fiéis à escolha feita...

Procuremos nesse mês dedicado à Bíblia, valorizar ainda mais a Palavra de Deus
dedicando-lhe um tempo especial dentro do nosso dia,
para uma atenciosa LEITURA ORANTE DA BÍLIA.

Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 08.09.2013
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