Teológico Pastoral

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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Jesus misericordioso

FESTA DA MISERICÓRDIA

O Segundo Domingo da Páscoa é o dia da misericórdia. O lema do Papa Francisco é: “Eleito por misericórdia”. De fato, em II Cor. 4,1, Paulo Apóstolo escreve: “recebemos o ministério por misericórdia”. É também o que diz Santa Teresinha: “toda vocação tem sua origem na misericórdia divina”. Tereza de Calcutá é a santa da misericórdia para com os pobres. A misericórdia salvará o mundo. Ser Igreja misericordiosa é praticar o perdão e ter compaixão com os pobres.
São grandes as misérias e feridas humanas, maior, porém é a misericórdia de Deus. Santo Agostinho não se desesperou graças à fé na misericórdia, ele dizia: “Minha esperança Senhor é a tua misericórdia”. Dolorosas e profundas são as fraquezas humanas, mas, o remédio que tudo cura é a misericórdia. A farmácia de Deus Chama-se “Misericórdia sem limites”.
Os salmos qualificam a misericórdia de Deus como: imensa, incansável, eterna, sem limites. “Eu te atrai com minha misericórdia” (Jr. 31,3). O salmo 50 de modo especial é um canto, um hino, uma sinfonia da misericórdia do Pai. Já o profeta Oseias escrevia: “Eu quero a misericórdia, não o sacrifício” (Os 6,6). Este texto Jesus o repete (Mt 12,7).
Santa Faustina é a doutora da ciência da misericórdia. Eis algumas reflexões da Santa: a fonte e o trono da misericórdia é o sacrário que consome nossas misérias. Jesus é o Deus que esquece nossos pecados. Sua misericórdia é onipotente.
O que fere o Coração de Jesus diz Santa Faustina, é nossa desconfiança em sua misericórdia.  O que faz pulsar de amor o Coração de Jesus, é a sua misericórdia. Sim, sua misericórdia divina nos persegue. Nenhuma miséria esgota a misericórdia do Sagrado Coração, que sem se cansar se desdobra em carinho e ternura pelo pecador arrependido. A experiência da misericórdia leva à experiência da alegria e à experiência da fraternidade.
Dom Geraldo Fernandes, primeiro bispo de Londrina tinha por lema: “a misericórdia me acompanhará”. Este pode ser um lema para todos nós. Jamais cairemos no desespero, na auto condenação, no escrúpulo, no pessimismo. Pelo contrário, seremos misericordiosos com os outros. Misericórdia é amor de mãe, amor visceral, amor incondicional.
É a misericórdia que nos cura e liberta da raiva, do julgamento dos outros, do ódio, mágoa e ressentimento. Lembremos que misericórdia, não é permissividade, nem cumplicidade, nem licença para pecar. Ao contrário, ela nos impele a sermos melhores e fieis. Ela  nos recria e cumula-nos de sensibilidade e delicadeza de alma, para não mais ofendermos a Deus. Justiça e misericórdia se abraçam.
A misericórdia nos leva ao confessionário e aos pés dos pobres, aos hospitais e presídios, às periferias e à dor humana. A misericórdia é a salvação para o crime, a violência, o terrorismo, porque é mais eficaz resposta ao mal. Ela impede que o mal se torne um circulo e uma espiral de discórdia e de destruição. Misericórdia é o novo nome da paz, é a garantia dos direitos humanos, é a segurança da vida humana. Misericórdia é compaixão. Quanto mais misericórdia, mais paz teremos. O reino da misericórdia vencerá, porque Jesus suspenso na cruz venceu e derrotou todo mal graças à sua infinita, paciente e renovada misericórdia. Jesus é o Rei misericordioso. Misericórdia é ser recriado no amor.
Lembremos que a misericórdia não anula a justiça. O Papa João Paulo II perdoou ao homem que tentou matá-lo, mas, o criminoso foi preso. Belo exemplo de misericórdia é o daquela mãe que visitava semanalmente um prisioneiro. Alguém perguntou: “senhora, este detento é seu filho?” Ela respondeu: “Não, ele não é meu filho de sangue, ele é o assassino do meu filho, mas, eu o adotei como filho e por isso venho sempre visitá-lo”. Eis aonde chega a misericórdia. Os misericordiosos alcançarão misericórdia.
Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Londrina      -    Folha de Londrina, 06 de abril de 2013
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