Teológico Pastoral

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sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano Novo

Ano Novo: O primeiro passo com Maria
(Solenidade de Sta. Maria Mãe de Deus e dia Mundial da Paz)

Um primeiro passo é sempre bom, se for em direção à luz. Este é um pensamento de encorajamento para motivar o início de um novo caminho, de uma nova fase. Pode ser também uma síntese da festa deste primeiro domingo do ano novo.
A Igreja, nesta solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, nos ajuda a dar o primeiro passo neste ano novo, em direção à luz de um Deus que se fez homem.
Quando éramos crianças e tínhamos medo de enfrentar qualquer situação ou coisa que não conhecêssemos, pedíamos a ajuda da nossa mãe e ela, certamente, pegava a nossa mão para nos guiar ou nos conduzir. É assim que Maria faz ainda hoje com cada um de nós; pega-nos pela mão e nos ajuda a dar o primeiro passo em direção ao ano de 2012. 
Escutamos no Evangelho deste domingo que “Maria, por sua vez, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles no seu coração”. Aqui está a ajuda que Maria pode nos dar para entrarmos neste ano novo: ter um coração que saiba guardar e meditar. Significa, em primeiro lugar, ter um coração que saiba confiar e agradecer a Deus.
A primeira leitura contém uma das mais belas bênçãos presentes na Bíblia (cf Nm 6, 24-26). Deveríamos lembrar-nos sempre desta bênção no começo de cada dia, de cada jornada a ser começada: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a Sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o Seu rosto e te dê a Paz”!
“Fazer brilhar a face”, como diz a bênção, corresponde ao sorriso de uma pessoa. De fato, quando sorrimos o nosso rosto se ilumina. Não poderia ser outra expressão, a não ser o sorriso, a expressar um rosto que brilha. Deus se fez homem para iluminar a história humana.
Se Ele “sorri” sobre a minha vida e sobre toda a humanidade, quer dizer que a minha vida e toda a história está aberta a um mistério que a supera, inclusive, a dor e a morte e que, ao final, nos dará paz e a alegria, porque esta é a Palavra que Deus pronuncia sobre toda a humanidade, ao fazer-se homem. E é esta a fé e a esperança que Maria leva no seu coração. É esta a fé que guardará e da qual irá fazer memória cada dia da sua vida, sobretudo nos momentos difíceis de discernir o projeto de Deus.
Agradeçamos, então, a Deus, no início deste novo ano, por todos os Seus “sorrisos”, pelos “toques” da Sua graça, que conseguimos perceber e discernir durante o ano que passou. Peçamos o dom da fé para olhar na sua direção, principalmente quando os acontecimentos tristes não nos permitirão sorrir, trazendo não o brilho, mas a sombra ao nosso semblante.
Ter um coração que saiba guardar e meditar, como o de Maria, significa também unir as “peças”, isto é, integrar e construir a unidade. Exatamente o contrário de tudo o que acontece na noite da virada, quando o barulho, os exageros, as frustrações e o delírio humano, levam tantas pessoas a desintegrar em mil pedaços as coisas do ano passado, entre fogos de artifício. Seria bonito e proveitoso saudar o ano novo fazendo também um breve momento de silêncio, para retornar ao centro da nossa vida, àquilo que é essencial para nós e para o estado de vida em que cada um se encontra.
Maria recolhe no seu coração todos os fatos e acontecimentos em que esteve envolvida, porque reconhece que ali no seu coração, está escondido o segredo da sua história e da sua missão; por isso, procura penetrar profundamente no sentido de tudo, procura alcançar o sentido de tudo, contemplando o seu Filho recém-nascido.
Experimentemos também nós, ter um coração que, na companhia do Menino Jesus, saiba meditar sobre os acontecimentos da nossa própria vida, na presença de um Deus que habitou entre nós, que anuncia a esperança e que em qualquer situação em que nos encontremos, age em nossa vida. Ainda que estejamos em situações de cansaço ou sofrimento; mesmo que as coisas não estejam indo bem; ainda que esperemos que o mundo ao nosso redor mude para melhor.  É Maria que hoje nos diz que, provavelmente, as coisas ao nosso redor não mudarão, mas que poderá mudar o nosso modo de agir, em relação à elas; que pode mudar o nosso modo de encará-las, sabendo que é ali que Deus está se tornando próximo e dando-nos a Sua graça. Ela nos ajuda a conscientizar-nos que nós mesmos devemos ser a mudança que queremos ver acontecer. As fugas ilusórias, isto é, aqueles atalhos dos caminhos mais fáceis a que já nos referimos em outra ocasião, não encontram mais espaço no coração das pessoas que começam a ler a própria história com esta grande certeza.  O que o Senhor espera de mim, diante desse acontecimento? Que oportunidades e ocasiões o Senhor está me dando? Estas são as perguntas de um coração que dá o primeiro passo em direção à Luz de Cristo! E então, uma dificuldade pode tornar-se ocasião e oportunidade para confiar em Deus; o defeito de quem convive conosco, pode tornar-se uma oportunidade para amar mais profunda e verdadeiramente. É quando percebemos que um sofrimento pode ser ocasião para crescer na fé e amadurecer como pessoa e como cristão.
Ter um coração que saiba guardar e meditar, como o de Maria, significa, enfim, ter um coração pacificado. O primeiro domingo deste ano novo é também o dia mundial da paz. A paz é uma atitude que diz respeito à nossa interioridade: a paz do coração! Ter paz no coração não significa apenas ter um coração que não sinta nenhuma aflição ou que seja indiferente aos sentimentos. Um coração pacificado é um coração de alguém que consegue, mesmo nos momentos de sombras e incertezas, conservar a luz que vem do próprio Cristo, como fez Maria!
Possuir essa paz interior significa, então, ser libertos das garras do nosso próprio egoísmo e confiar em Deus, distanciando-nos de tudo o que não esteja integrado saudável e positivamente dentro de nós. Significa não depender das coisas, nem do sucesso ou do reconhecimento dos outros para ser uma pessoa completa e realizada! A paz de Cristo nos ajuda a simplificar as coisas e a nossa própria vida. Ela não depende dos outros, mas de nós mesmos, porque é uma escolha que o coração faz.
A exemplo de Jesus, que encontrou caminhos para a paz mesmo quando era envolvido pela violência, nós podemos decidir viver e estar em paz com quem quer que seja. Trata-se de uma escolha! Confiemos o nosso ano ao Senhor, deixando-nos guiar pela mão, por Maria. Façamos este primeiro passo conscientes de que todo passo é sempre bom se for em direção à luz de Cristo, rumo à Sua paz.  Maria,  Divina Pastora, cuidai de mim! Entregai-me aos cuidados do Divino Pastor! Feliz ano novo! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos).

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