365 dias com Francisco: Um pontificado marcado por ineditismos
Em um ano de Pontificado, Papa Francisco surpreendeu o mundo com seu carisma e debateu temas considerados tabu na Igreja
Atualizado em 13/03/2014 às 09h
Larissa Alves do RS21
13 de Março de 2014. Em apenas um ano, Jorge Mário Bergoglio, o argentino mais conhecido como Papa Francisco conquistou a simpatia de diversos católicos e não católicos ao redor do mundo. Mais do que popularidade, o novo Pontífice conseguiu por meio de reformas eclesiásticas, debates de temas considerados tabus pela Igreja e a escolha de novos cardeais retirar a Igreja do alvo de escândalos de corrupção e abusos em que estava inserida em 2012.
Primeiro destino internacional do novo Pontífice, o Brasil também marcou presença no Vaticano durante esse primeiro ano com a escolha de Dom Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, como um dos novos Cardeais de Francisco. Junto com ele, mais 18 religiosos integram o time de confiança do Papa. “É um serviço importante porque tem uma dimensão universal. Continuo como arcebispo do Rio de Janeiro, tendo a mais essa responsabilidade de um cardeal: participar dos consistórios, do Pontifício Conselho para os Leigos (PCL), ao qual foi nomeado. Peço que rezem por mim para bem desenvolver este trabalho”, comenta Dom Orani.
O novo Cardeal também chama a atenção para a importância que Francisco teve durante seu primeiro ano como Papa. “Desde que assumiu o Pontificado, Papa Francisco mostrou uma Igreja próxima do povo, com uma capacidade de inovação. Todos sentiram esse contágio da presença do Papa.”, ressalta o Arcebispo.
A escolha
Após 598 anos da última renúncia Papal feita por Gregório XII, católicos do mundo inteiro foram surpreendidos pelo anúncio dado no dia 11 de fevereiro de 2013 pelo então Papa Bento XVI de que iria renunciar.
Para escolher o novo Papa, o conclave teve início no dia 12 de março e após 25 horas , o argentino Jorge Mário Bergoglio foi eleito o novo Santo Padre. O nome escolhido, Francisco, representa uma homenagem a São Francisco de Assis. Pela primeira vez na história do catolicismo um Jesuíta latino-americano chegou ao posto de Papa. “E agora quero dar a Bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim”, pediu o novo Papa.
Com o desafio de assumir o comando de uma Igreja que estava marcada por escândalos envolvendo corrupção e pedofilia, Francisco surpreendeu o mundo com seu carisma. Ao ser eleito, brincou dizendo “Caros irmãos, que Deus lhes perdoe”. Em mais uma prova de humildade, o papa pagou a conta de sua estada no hotel durante o período em que ficou em Roma e escolheu a Casa Santa Marta como sua residência. Em um ano de ineditismos, O papa também realizou a tradicional cerimônia do lava-pés em um presídio, fugindo da tradição de celebrar o ato nas basílicas romanas.
Reformas da Igreja
Como uma das reformas do Vaticano, em agosto de 2013 Francisco nomeou o arcebispo Pietro Parolin, 58 anos, como o novo secretário de Estado do Vaticano. A função tem como intuito comandar a relação do Vaticano com os outros Países. A escolha de Pietro, rompe com o mandato de Tarcisio Bertone, que estava no cargo desde 2006 e foi acusado de abuso de poder, favoritismo, entre outras denúncias.
No final de 2013, um dos momentos mais aguardados pelos católicos era a divulgação da primeira exortação apostólica do Papa Francisco “Evangelii Gaudium” (A Alegria do Evangelho). O documento de mais de 100 páginas traz as reflexões e planejamentos para a Igreja feitas pelo Pontífice. O Papa criticou o comodismo de alguns religiosos e cobra uma maior participação das mulheres na Igreja. Francisco também continua defendendo a visão da Igreja contra o aborto. “Não é progressista pretender resolver os problemas eliminando uma vida humana”, relata o Papa.
Outra crítica feita pelo Pontífice foi sobre a corrupção e a pobreza existente no mundo. “Alguns simplesmente deleitam-se em culpar os pobres e os países pobres de seus próprios males, com generalizações indevidas, e têm como objetivo encontrar a solução em uma ‘educação’ que os tranquilize e os converta em criaturas domesticadas e inofensivas. Isso se torna ainda mais irritante se os excluídos veem crescer esse ‘câncer social’ que é a corrupção em muitos países, governos, empresas e instituições, seja qual for a ideologia política dos governantes.”, relatou o Santo Padre.
Proclamações
Os primeiros Santos proclamados por Papa Francisco foram a freira colombiana Laura Montoya e Upegui e a mexicana Guadalupe García Zavala, conhecida como mãe Lupita. Em março de 2013, Francisco aprovou as beatificações de 63 católicos e em setembro do mesmo ano, o Papa anunciou algumas das canonizações mais aguardadas pelos católicos: os Beatos João Paulo II e João XXIII serão canonizados em 27 de abril de 2014. No Brasil, a beatificação de Nhá Xica, a “Mãe dos Pobres” de Baependi (MG), alegrou os devotos brasileiros em maio. Nhá Xica é a primeira negra, analfabeta e filha de escrava a ser beatificada pela Igreja Católica no Brasil.
Internet
Outra novidade durante o pontificado de Francisco foi o Vaticano ter disponibilizado os primeiros 256 manuscritos da Biblioteca dos Papas em uma plataforma online. A ação faz parte de um projeto que irá facilitar o acesso a mais de 80 mil documentos da Igreja. Ainda na internet, a conta @Pontifex foi reativada no twitter no dia 13 de março de 2013, data da escolha do novo Pontífice, e ao final do ano atingiu 11 milhões de seguidores.
Homem do ano
Antes mesmo de completar um ano de Pontificado, Francisco foi eleito pela revista norte- americana Time como “Homem do Ano” em 2013.
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