Teológico Pastoral

Teológico Pastoral

sábado, 31 de março de 2012

DOMINGO DE RAMOS

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O domingo de Ramos

A entrada de Jesus em Jerusalém 
A Semana Santa começa no domingo chamado de Ramos porque celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples que o aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”.
Esse povo tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro de Betânia há poucos dias e estava maravilhado. Ele tinha a certeza de que este era o Messias anunciado pelos Profetas; mas esse povo tinha se enganado no tipo de Messias que ele era. Pensavam que fosse um Messias político, libertador social que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão.

Para deixar claro a este povo que ele não era um Messias temporal e político, um libertador efêmero, mas o grande libertador do pecado, a raiz de todos os males, então, Ele entra na grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho; expressão da pequenez terrena. Ele não é um Rei deste mundo!
Dessa forma o Domingo de Ramos é o início da Semana que mistura os gritos de hosanas com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras. Os ramos significam a vitória: "Hosana ao Filho de Davi: bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas".

Os Ramos santos nos fazem lembrar que somos batizados, filhos de Deus, membros de Cristo, participantes da Igreja, defensores da fé católica, especialmente nestes tempos difíceis em que ela é desvalorizada e espezinhada.
Os Ramos sagrados que levamos para nossas casas após a Missa, lembram-nos que estamos unidos a Cristo na mesma luta pela salvação do mundo, a luta árdua contra o pecado, um caminho em direção ao Calvário, mas que chegará à Ressurreição.

O sentido da Procissão de Ramos é mostrar essa peregrinação sobre a terra que cada cristão realiza a caminho da vida eterna com Deus. Ela nos recorda que somos apenas peregrinos neste mundo tão passageiro, tão transitório, que se gasta tão rápido. Ela nos mostra que a nossa pátria não é neste mundo mas na eternidade, que aqui nós vivemos apenas em um rápido exílio em demanda da casa do Pai.

A Missa do domingo de Ramos traz a narrativa de São Lucas sobre a paixão de Jesus: sua angústia mortal no Horto das Oliveiras, o sangue vertido com o suor, o beijo traiçoeiro de Judas, a prisão, os mau tratos nas mãos do soldados na casa de Anãs, Caifás; seu julgamento iníquo diante de Pilatos, depois, diante de Herodes, sua condenação, o povo a vociferar “crucifica-o, crucifica-o”; as bofetadas, as humilhações, o caminho percorrido até o Calvário, a ajuda do Cirineu, o consolo das santas mulheres, o terrível madeiro da cruz, seu diálogo com o bom ladrão, sua morte e sepultura.

A entrada "solene" de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de suas dores e humilhações. Aquela mesma multidão que o homenageou motivada por seus milagres, agora lhe vira as costas e muitos pedem a sua morte. Jesus que conhecia o coração dos homens não estava iludido. Quanta falsidade nas atitudes de certas pessoas!
Quantas lições nos deixam esse domingo de Ramos!
O Mestre nos ensina com fatos e exemplos que o seu Reino de fato não é deste mundo. Que ele não veio para derrubar César e Pilatos, mas veio para derrubar um inimigo muito pior e invisível, o pecado. E para isso é preciso se imolar; aceitar a Paixão, passar pela morte para destruir a morte; perder a vida para ganhá-la.

A muitos ele decepcionou; pensavam que ele fosse escorraçar Pilatos e reimplantar o reinado de Davi e Salomão em Israel; mas ele vem montado em um jumentinho frágil e pobre. Que Messias é este? Que libertador é este? É um farsante! É um enganador, merece a cruz por nos ter iludido. Talvez Judas tenha sido o grande decepcionado.
O domingo de Ramos ensina-nos que a luta de Cristo e da Igreja, e consequentemente a nossa também, é a luta contra o pecado, a desobediência à Lei sagrada de Deus que hoje é calcada aos pés até mesmo por muitos cristãos que preferem viver um cristianismo "light", adaptado aos seus gostos e interesses e segundo as suas conveniências. Impera como disse Bento XVI, a ditadura do relativismo.

O domingo de Ramos nos ensina que seguir o Cristo é renunciar a nós mesmos, morrer na terra como o grão de trigo para poder dar fruto, enfrentar os dissabores e ofensas por causa do Evangelho do Senhor. Ele nos arranca das comodidades, das facilidades, para nos colocar diante Daquele que veio ao mundo para salvar este mundo.
Irmã Analice Rocha Amorim - ASCJ -
Coordenadora do GFASC/SP

quarta-feira, 28 de março de 2012

A Cruz de Jesus


 
*........             ... 

Perceba que a CRUZ tem duas dimensões: uma vertical e outra horizontal. A dimensão vertical nos leva a olhar para o alto, para Deus e a colocá-lo em PRIMEIRO LUGAR em nossa vida.  A dimensão horizontal nos faz olhar para os lados, para os irmãos, para o próximo. Esses olhares para o alto e para os lados, para Deus e para os irmãos completa a nossa vivência cristã inspirados e iluminados pela Cruz de Jesus, numa atitude de ouvir a Deus e perceber o clamor e as necessidades dos irmãos. É a vitória do amor, a vitória de Jesus, o Cristo, de Jesus, nosso Salvador!

Pai, abraça-nos em teu Filho , Jesus!  Pai, ajuda-nos a compreender o valor da graça da redenção!
Pai, ajuda-nos a acolher as graças que se renovam!

Você tem em sua residência, em seu local de trabalho, uma cruz, ou melhor, uma cruz com Jesus, o Crucifixo - o sinal de nossa salvação – o sinal do cristão?  Você costuma traçar sobre si o sinal da Cruz? As crianças, em sua família aprendem a traçar o sinal da cruz? O que aprendem na primeira infância são sementes plantadas para germinar em muitas etapas da vida.

 
Sugestão para você fazer com os pequeninos: Faça uma cruz de cartolina, simples e entregue para a criança. Ajude-a a traçar a cruz com os dedinhos e repetir: Jesus, eu creio no teu amor! Jesus, ensina-me a amar! Quando chegar perto da Páscoa a criança pode decorar essa cruz com flores de papel de seda ou de outra forma – uma cruz vitoriosa.

Um coração sobre a cruz lembra o Coração de Jesus, transpassado por nosso amor. Pode-se escrever os nomes de pessoas que desejamos colocar perto do Coração de Jesus, em oração.

Pequenos corações ou flores lembram nossos atos de amor, práticas de virtudes. Fiz isso com crianças da Educação infantil, nos States.  Percebi  a alegria delas, ao realizar essa atividade.

Que Deus nos ilumine a todos para a vivência de uma quaresma cristã, preparando-nos para celebrar a Vitória de Cristo!
"Vitória, tú reinarás, o Cruz, tu nos Salvarás!  Bendita e louvada seja..."

Bênçãos de Jesus!

Ir. Zuleides Andrade, ASCJ
Comunicação para a Pastoral
Web Apóstolas / Sagrado Educação
http://www.apostolas-pr.org.br/

 

Celebração Pascal


Celebração Pascal - 2012
ü        2º ao 5º ano do Ensino Fundamental

Dirigente: Queridas crianças, esta celebração que iremos iniciar expressa nossa alegria pela ressurreição de Jesus. Jesus Ressuscitado é a garantia de que a morte já não mata; a vida prevalece definitivamente sobre qualquer projeto ou forma de morte. Neste ano em que estamos refletindo na Campanha da Fraternidade sobre questões relacionadas à saude, queremos pedir que Jesus que se apresentou a nós como “Caminho, Verdade e Vida” nos abençoe e nos conceda muita vida.
Canto: 
Dirigente: Mas vocês já pensaram sobre o que é de fato a Páscoa?
ü     Páscoa é passagem...
ü     Do botão que transforma em flor. (ilustrar com os objetos)
ü     Da fruta verde para a fruta madura e doce.
ü     Da escuridão para a Luz
ü     Do Pecado para a conversão
ü     Da morte para vida

Dirigente: Vamos esclarecer um pouco mais sobre o que é a Festa da Páscoa
Professora:  A festa da Páscoa é a festa da ressurreição de Jesus.
Celebrar a Páscoa é celebrar a "Vida".

Celebrar a Páscoa é deixar morrer tudo que há de "menor" em nós (os defeitos, as incompreensões, a falta de amor...) e deixar "ressurgir, ressuscitar" tudo que temos de bom, de grandioso em nós.

É deixar o Cristo viver em nós.

Comecemos agora a cultivar o amor de Cristo e a alegria invadirá nossos corações.

Comecemos agora a aceitar o nosso semelhante, cultivemos a compreensão, a confiança, e nos sentiremos melhor.

Comecemos a crer no outro, e sermos bondosos e pacientes, humildes e diligentes.

Comecemos agora a perdoar de coração e a ter coragem de também, pedir perdão!

Comecemos agora a nos alegrarmos com a verdade, a desculpar (as imperfeições), a crer, a realizar dias melhores, e promover a paz.

Comecemos agora, juntos, a "vivermos" a ressurreição do Cristo que nos faz "família".

É Páscoa, todo dia , quando somos capazes de olharmos para os lados, ver em todos que nos cercam um "irmão", filhos do mesmo Pai.

Canto:  

Dirigente:  (Dirigindo-se a um recipiente com água) Um dos grandes sinais utilizados para nos ajudar a viver a Páscoa de Jesus é a água. Ela nos recorda a pureza e a vida nova que recebemos de Cristo. Peçamos a Deus que Ele abençoe está água que será aspergida sobre nós.

Oração: Ó Deus, bendito sejas pela água que fecunda a terra e dá a vida a toda criação. Ela não apenas refaz as nossas forças, mas é sinal de que Tu nos renovas interiormente em tua aliança. Por esta água, venha sobre nós o teu Espírito. Amém! 

(Colocar um pouco de perfume na água e cada um  molha a mão e escolhe um colega para abençoar com a água – dependendo da turma e do tempo poderá só ser aspergida sobre os alunos.) Fundo musical.

Dirigente: Iremos a acolher agora a Palavra de Deus que será dirigida a nós. Escutemos com atenção. (Um professor faz a leitura:  Marcos 16, 1-6)

(Explicação da palavra)

Canto:  

ü     Cada professor irá até o Círio Pascal, acenderá uma vela e levará a luz para junto de seus alunos. O professor permanece com a vela acesa até que o dirigente proclame a seguinte oração.

Oração:  Bendito sejais Senhor, pelo fogo. Com seu calor ele aquece a nossa vida e com sua luz clareia e torna alegre a nossa noite. Que ele ilumine os nossos caminhos e coloque em nós o vigor da sua força. Amém!

Dirigente: Apaguem as  velas. Agora vamos compor uma mesa com o pão e o vinho.
(enquanto prepara-se esse momento assiste-se ao vídeo:_________________)

Oração e partilha do alimento: Todos fazem a oração do Pai Nosso. Logo após partilha-se o pão e vinho/suco de uva.

Celebração Pascal com crianças


Celebração Pascal 2012-

Introdução – Queridas crianças, estamos nos aproximando de um momento muito especial para nossas vidas, iremos daqui a alguns dias recordar de tudo que Jesus fez por amor a cada um de nós. Esse momento tão especial nós o chamamos de Páscoa. O que vocês sabem sobre ela? O que significa esta grande festa? (Deixar as crianças se expressarem).

Cenário do calvário de ontem e de hoje (ambiente que lembre hospital) – Cruz grande, figuras de sinais de morte - tudo o que nos lembra agressão à vida.

Fundo musical – Observação do cenário.
Dir.: O que podemos perceber ao olhar este cenário?

Dir.: Tudo o que fazemos ou deixamos de fazer com a intenção de prejudicar e maltratar qualquer pessoa ou criatura entristece o coração de Deus. Jesus mora no nosso coração e estas situações que estamos vendo a nossa frente fazem com que aquilo que Ele sonhou para nós torne-se uma realidade distante. Da mesma forma, quanto mais nos esforçamos para sermos felizes, cuidar do nosso corpo, termos uma vida saudável e que isso seja possível também para o nosso próximo, nossa família, nossos amigos, temos a certeza de estar realizando a vontade do nosso Pai do Céu.

Vídeo: Bom samaritano

Dir: Somos capazes de ajudar as pessoas como fez o Bom Samaritano na história que assistimos? Ele se interessou em ajudar a pessoa que encontrou caída no caminho até o fim? Somos assim também? Tenho que pedir desculpas para alguém por às vezes não agir com a bondade que Jesus colocou no meu coração? Quais seriam os motivos pelos quais eu teria que pedir desculpas para Jesus, à minha família, aos meus colegas e também ao mundo? (Pausa – fundo musical)
Conforme cada grupo, as crianças poderão expressar em voz alta seu pedido de perdão.

Dir.: (Convidar os alunos para passarem para dentro da tenda – sentido de mudança, de expectativa...)
           
Vídeo: Ressurreição de Jesus.

Cenário: Círio Pascal, Bíblia, flores...
(Explicar a simbologia pascal - todos sentados em semi-círculo)

Enquanto a professora acende uma vela no círio e se coloca próxima de seus alunos todos cantam:
Música: CD Lá na terra do contrário - Dentro de mim existe uma luz – faixa 14
(Após a música pedir para todos apagarem as velas)

(Pedir para todos se aproximarem da mesa da ceia)
VozJESUS: Venham, crianças! Eu preparei para vocês uma festa. Eu passei por muitos sofrimentos, porém o Pai do céu me deu uma vida nova e eu ressuscitei. Agora quero celebrar com vocês a festa da Páscoa que é a festa da minha ressurreição.

Dir: Vamos lembrar-nos do que Jesus fez na última refeição que Ele realizou com seus amigos. Nela Jesus prometeu que ficaria sempre conosco.
Estava Ele à mesa com os doze Apóstolos quando tomou o pão em suas mãos, ergueu os olhos para o céu, abençoou e disse:

VozJESUS: Tomai e comei, isto é meu corpo .
(Partilhar o pão.)
Dir.: Tomou o cálice e disse-lhes:

VozJESUS: Tomai e bebei dele todos, isto é o meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, derramado por todos, para o perdão dos pecados. Fazei isto em memória de mim.
(Partilhar o suco.)
(Conforme o grupo Jesus dará uma breve mensagem...)
Oração do Pai-Nosso – todos de mãos dadas.

Dir.: Pensemos em nosso coração: Como posso ser a presença de Jesus para minha família, na escola e em todos os lugares nos quais eu vou? Expressemos este nosso desejo dando um abraço no amigo desejando que a Paz de Jesus esteja sempre em nossos corações.

Música: CD A bonita arte de Deus – A páscoa chegou alegre – faixa 12

      Todos se dão o abraço da Paz!

Música: CD Emanuel – Amanhecer – faixa 12

segunda-feira, 26 de março de 2012

Prece Confiante

Prece Confiante
© Zuleides M. de Andrade, ASCJ
Divino Mestre,
Venho a Ti, confiante, porque sei que bem compreendes
a minha condição humana e tens para comigo olhares de ternura.

Derramo em teus pés o precioso perfume da minha vida.
É o resultado do meu constante reflorescer e a síntese
dos incontáveis dons que do Pai recebi.

É meu voto de confiança na tua imensa misericórdia,
depois de observar, com admiração, tuas palavras e gestos.

É meu retorno a Ti, depois de tantas estradas percorridas
e até caminhos hostis e agrestes que me feriram,
em minha busca de felicidade, de harmonia e de paz.

Venho com lágrimas de alegria e gratidão, pois em Ti
encontrei todo o amor que a minha alma refaz.

Cheguei, Divino Mestre, confiante no teu abraço,
no teu perdão, no aconchego do Teu Coração!


© Prece de: Ir. Zuleides Andrade, ASCJ

domingo, 25 de março de 2012

Nossa Senhora

Ó Virgem, pela tua bênção é abençoada a criação inteira!

O céu e as estrelas, a terra e os rios, o dia e a noite, e tudo quanto obedece ou serve aos homens, congratulam-se, ó Senhora, porque a beleza perdida foi por ti de certo modo ressuscitada e dotada de uma graça nova e inefável. Todas as coisas pareciam mortas, ao perderem sua dignidade original que é de estar em poder e a serviço dos que louvam a Deus. Para isto é que foram criadas. Estavam oprimidas e desfiguradas pelo mau uso que delas faziam os idólatras, para os quais não haviam sido criadas. Agora, porém, como que ressuscitadas, alegram-se, pois são governadas pelo poder e embelezadas pelo uso dos que louvam a Deus.

Perante esta nova e inestimável graça, todas as coisas exultam de alegria ao sentirem que Deus, seu Criador, não apenas as governa invisivelmente lá do alto, mas também está visivelmente nelas, santificando-as com o uso que delas faz. Tão grandes bens procedem do bendito fruto do sagrado seio da Virgem Maria.

Pela plenitude da tua graça, aqueles que estavam na mansão dos mortos alegram-se, agora libertos; e os que estavam acima do céu rejubilam-se renovados. Com efeito, pelo Filho glorioso de tua gloriosa virgindade todos os justos que morreram antes da sua morte vivificante, exultam pelo fim de seu cativeiro, e os anjos se congratulam pela restauração de sua cidade quase em ruínas.

Ó mulher cheia e mais que cheia de graça, o transbordamento de tua plenitude faz renascer toda criatura! Ó Virgem bendita e mais que bendita, pela tua bênção é abençoada toda a natureza, não só as coisas criadas pelo Criador, mas também o Criador pela criatura!

Deus deu a Maria o seu próprio Filho, único gerado de seu coração, igual a si, a quem amava como a si mesmo. No seio de Maria, formou seu Filho, não outro qualquer, mas o mesmo, para que, por natureza, fosse realmente um só e o mesmo Filho de Deus e de Maria! Toda a criação é obra de Deus, e Deus nasceu de Maria. Deus criou todas as coisas, e Maria deu à luz Deus! Deus que tudo fez, formou-se a si próprio no seio de Maria. E deste modo refez tudo o que tinha feito. Ele que pode fazer tudo do nada, não quis refazer sem Maria o que fora profanado.

Por conseguinte, Deus é o Pai das coisas criadas, e Maria a mãe das coisas recriadas. Deus é o Pai da criação universal, e Maria a mãe da redenção universal. Pois Deus gerou aquele por quem tudo foi feito, e Maria deu à luz aquele por quem tudo foi salvo. Deus gerou aquele sem o qual nada absolutamente existe, e Maria deu à luz aquele sem o qual nada absolutamente é bom.

Verdadeiramente o Senhor é contigo, pois quis que toda a natureza reconheça que deve a ti, juntamente com ele, tão grande benefício.

(Das Meditações de Santo Anselmo, bispo – Séc. XII – Liturgia das Horas).

domingo, 25 de março de 2012


Desejo de ver Jesus

Jesus, chegando a Jerusalém para a festa da Páscoa judaica, é aclamado pela multidão de peregrinos que acorrem à cidade para o cumprimento do preceito religioso de participação nesta festa. Entre estes peregrinos encontram-se gregos, os quais se dirigem a Filipe, manifestando o desejo de ver Jesus, o qual os atrai mais do que a própria festa.
Jesus, na ocasião de seu batismo por João, disse a André e ao outro discípulo que o acompanhava, quando lhe perguntavam onde morava: "Vem e vê" (Jo 1,39). Depois, o próprio Filipe, que já havia sido chamado por Jesus para segui-lo, convidou também Natanael para o encontro com Jesus, com a mesma expressão: "Vem e vê" (Jo 1,46). Agora são os gregos da região de Betsaida que se empenham em ver Jesus. "Ver" significa conhecer, ter a experiência da presença e do diálogo, em um tempo de convívio e comunicação com Jesus.
Filipe, diante do pedido dos gregos, vai dizê-lo a André. Filipe, bem como André e Pedro, era de Betsaida, cidade de cultura grega. Os próprios nomes de Filipe (Philippos) e André (Andréas) têm origem grega.
Quando Filipe e André falam com Jesus, ele lhes responde procurando remover qualquer equívoco. Está próximo o desenlace de seu ministério de amor e dom de si, sem temer perseguições, ameaças e morte. A sua glória não é o poder e o sucesso, mas o dom total de sua vida no amor, a ser assumido também pelos discípulos. O dom da própria vida é o ato fecundo que gera mais vida, tanto naquele que se doa como naqueles que são tocados por seu amor. A vida é fruto do amor e ela será tanto mais pujante quanto maior for a plenitude do amor, no dom total.
A metáfora do grão que se transforma exprime que o homem possui muito mais potencialidades do que aquelas que lhe são conhecidas. O grão que desaparece para dar lugar à planta e ao fruto é a conversão de vida. É libertar a vida de submissão e escravidão aos interesses dos chefes deste mundo e colocá-la a serviço de Jesus presente no nosso próximo. É alcançar a liberdade da vida eterna na prática do amor. Com o dom de si, novas e surpreendentes potencialidades se revelam. A morte, sem ser um fim trágico, pode ser também o começo de uma vida nova, mais plena, já neste mundo. Morrer para os limites e valores impostos por uma cultura de consumo e opressão, para viver livre na comunhão de amor e vida com os irmãos, particularmente os mais necessitados. Isto é servir Jesus, e assim se manifesta a glória de Jesus e a glória do Pai. Quem não teme a própria morte confunde o opressor poderoso, chefe deste mundo, e conquista a liberdade que tudo transforma pelo amor.
Viver é dar a vida e tem-se a vida à medida que ela é dada.

José Raimundo Oliva -

sexta-feira, 23 de março de 2012

Homilia da Liturgia do domingo - 25 de março

MORRER PARA VIVER E PERDER PARA TER!
(Liturgia do Quinto Domingo da Quaresma)

Neste quinto domingo da quaresma a Palavra de Deus apresenta Jesus como o enviado de Deus que, de fato, na sua liberdade, decide e indica o caminho da sua missão em direção à cruz, enquanto mostra aos seus discípulos a direção a seguir na vida.
Ele nos revela o roteiro da sua missão que, no episódio do Evangelho deste domingo, vem logo após a sua entrada triunfante em Jerusalém, no contexto da festa da Páscoa, quando assumirá a Sua Paixão e morte na cruz.
Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado”, são as palavras que Jesus pronuncia diante do pedido de alguns gregos para encontrá-Lo e vê-Lo. Toda a missão de Jesus no Evangelho de João está direcionada para “a hora”, isto é, o momento em que Ele manifestará a glória de Deus Pai.
Essa “hora” tem lugar justamente na Cruz, que assume um tom de realeza e de vitória de Deus sobre o “príncipe das trevas”. A “hora” da cruz de Jesus é a hora na qual o grão de trigo, cai na terra e morre, produzindo muito fruto.
Muitas vezes, uma aplicação moral precipitada, fez desta parábola do Grão de trigo uma metáfora para a nossa vida mostrando o lado severo, ascético e sacrificial da vida cristã. É importante lembrar que Jesus não está falando de nós, os discípulos, mas da Sua própria missão e da Sua cruz, portanto, de Si mesmo! Assim, o grão de trigo é Ele que, através da Sua morte, oferece a todos os homens os frutos da Sua Paixão!
O Evangelho de hoje, mais uma vez, reafirma o ponto de partida da nossa fé, ou seja, o ponto de partida para a festa da Páscoa que já está chegando. Este ponto é sempre Jesus que dá o primeiro passo em direção à nossa vida. 
Sem a cruz e a morte de Cristo a nossa vida não poderá produzir nenhum fruto. A fecundidade ou esterilidade não depende da nossa capacidade de fazer sacrifícios ou de suportar o sofrimento, mas depende, acima de tudo, da capacidade de acolher os frutos da cruz de Cristo!
Jesus morre na cruz para restituir-nos o fruto da libertação de tudo o que nos confunde, é mentiroso e medíocre e de tudo o que nos torna escravos. Nosso Senhor morreu na cruz para que pudéssemos gozar do fruto da misericórdia infinita de Deus, que nos resgata do pecado e nos reergue de qualquer situação, pagando Ele mesmo o preço pelas nossas culpas.
A Sua morte produz para nós o fruto da Igreja, chamada a levar a mensagem da confiança e da esperança a toda a humanidade descrente e sem projeto de futuro.
Nestes poucos dias que precedem à Páscoa do Senhor, paremos um pouco diante do crucificado para pôr sobre os Seus ombros tudo aquilo que, somente com a Sua graça, pode “morrer” em nossa vida, para depois produzir frutos . Refiro-me a todas as escolhas e decisões que temos que fazer em nome do amor, e que exigem de nós sofrimento e sacrifício, de modo que a Sua morte nos dê os frutos da liberdade e nos resgate de uma vida sem sentido e medíocre.
Jesus nos deixa uma direção e uma decisão a tomar, isto é, depois de ter revelado “a hora” da sua missão e de sua glória, fala aos seus discípulos: “Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém quer me servir, siga-me e, onde eu estou estará também o meu servo”.
A Sua palavra no Evangelho interpela a nossa liberdade, mostrando-nos a direção para tornar-nos seus discípulos; direção que passa por um paradoxo terrível e maravilhoso: morrer para viver e perder para ter! Ele quer doar-nos a Sua própria glória, não a glória vã do mundo, mas a glória autêntica que abre a nossa vida para a verdade do que nós somos chamados a ser.
O termo “vida” (perdê-la ou ganhá-la) aqui tem tudo a ver com significado da expressão “amor próprio”. A nossa vida será autêntica quando escolhermos passar da lógica do possuir e do vencer _, isto é, a lógica centrada em nós mesmos, calcada nos nossos próprios projetos fechados em nós mesmos, sobre as nossas satisfações e direitos pessoais, _ à lógica do “ser e do perder”.
Há uma palavra que João usa de modo diferente dos outros evangelhos que serve como um pressuposto para seguir a Jesus: servir!  Antes de seguir Jesus devemos decidir transformar a nossa vida com a Sua graça, no serviço e em missão. Isto é, decidir começar a ver a nossa vida em função dos outros, das pessoas que o Senhor nos confiou, seja o esposo, a esposa, o vizinho, os filhos, os doentes, o rebanho, o trabalho pastoral, a obra social, enfim, as pessoas com as quais, de um modo ou de outro, somos chamados a nos relacionar.
A minha vida, os meus amores se tornarão autênticos e frutuosos quando não começarem mais a existir exclusivamente a partir da busca da satisfação dos meus desejos, do meu bem ou do prazer unicamente meu. Os meus amores serão autênticos na medida em que partirem da busca do bem do outro! Nossa vida será, realmente, autêntica, quando o ponto de partida não for mais os nossos projetos egoístas, mas a busca da vontade de Deus, oferecendo os próprios frutos surpreendentes e abundantes que Jesus realiza com a Sua morte na cruz! Que o Senhor Jesus nos dê a graça de acolher os frutos da sua cruz e de decidir tomar, com coragem, a direção que abre o caminho de nossa vida. Uma vida, de fato, autêntica! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).

quarta-feira, 21 de março de 2012

QUARESMA


A PROCURA DE DEUS
Reflexões de Quaresma, por Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo Metropolitano de Belém

BRASILIA, terça-feira, 20 de março de 2012 (ZENIT.org) - Os Evangelhos mostram Jerusalém como a meta do caminho de Jesus. Lá ele se entregou até o fim, morreu e ressuscitou. E justamente no centro do culto e da doutrina, onde se achava o templo, não foi acolhido. Muitos se aproximam do Senhor, mas aparecem logo os contrastes. Há grupos que fazem perguntas a Jesus, mais interessados em preparar-lhe armadilhas. "Com que autoridade fazes isso?" (Mc 11,29), perguntam-lhe instigados pela ação de Jesus, que purifica o Templo. Provocam-no a respeito do tributo a César (Mc 12,13-17), querem saber do mandamento mais importante, ou os saduceus questionam a ressurreição dos mortos (Mc 12, 18-27).

Da Jerusalém do mistério pascal de Cristo brotou o anúncio de seu nome e da salvação que ele oferece, percorrendo as estradas ou atalhos da história. Naquela cidade se revelaram os recônditos do coração humano que busca Deus. Sabemos que muitos foram de longe para conhecer Jesus. Lá no início, foram homens chegados do oriente, viajando atrás de uma estrela. No decorrer da vida pública de Jesus, eram cegos, surdos, mudos, coxos, aleijados, prostitutas, publicanos e outras classes de pecadores públicos. Acorriam a ele escribas e fariseus, pobres e ricos, maus e bons. Afinal, o convite era dirigido a todos! As decisões das pessoas foram tomadas pouco a pouco. E nos séculos e milênios que se seguiram, muitos o procuram. E nós fazemos parte da incontável multidão dos que são sedentos de Deus!

Em Jerusalém, quando estava para se concluir a atividade de Jesus, abre-se uma janela para a conversão dos pagãos! São homens que acorreram à cidade para a festa. Chega a hora da glorificação de Jesus! Pela paixão e morte ele chegará à glória, como ilustra a comparação do grão de trigo, sepultado na terra para dar fruto. A mesma sorte caberá aos seguidores de Jesus, que hão de acompanhá-lo onde quer que ele vá: à cruz e à glória. Revistamo-nos da pele daqueles estrangeiros que se aproximaram dos apóstolos, desejando ver Jesus (Jo 12,20-33), para descobrir dentro de nós mesmos e em tantas pessoas as perguntas autênticas.

Há coleções de livros que retratam vidas célebres. Posto ao lado de personagens históricos, pode até parecer que Jesus Cristo seja apenas um mestre a mais, dentre tantos outros. Sua sabedoria viria a ser comparada com outras figuras que marcaram época. Os cristãos sabem que ele é infinitamente maior do que qualquer sábio de qualquer tempo. O que atraiu os estrangeiros que foram aos apóstolos querendo "ver Jesus" é sua originalidade. Ver, no Evangelho de São João, é aproximar-se para crer! Crer é mais do que curiosidade, mais do que a emoção, muito mais do que um vago sentimento religioso.

A Jesus se vai não para negociar milagres ou favores. Diante dele caem todas as provocações e eventuais exigências ou cobranças. Desconcertadas ficaram todas as pessoas que acorriam para provocá-lo. Intrigados ficaram todos os Pilatos ou os Herodes da história. Nos Sinédrios e Tribunais de todos os tempos, que se reuniram para analisar sua doutrina ou julgá-lo, mesmo quando o condenaram ou aos seus discípulos, deixou-lhes dentro do coração o terrível incômodo de não terem aderido à verdade que se apresentava (cf. Mt 27,11-26; Jo 18,28 -19,16). Ele lhes escapa sempre, continuando o caminho, como fez em Nazaré (Lc 4,30).

"Jesus Cristo é a boa nova da salvação comunicada aos homens de ontem, de hoje e de sempre; mas, ao mesmo tempo, ele é também o primeiro e supremo evangelizador. A Igreja deve colocar o centro da sua atenção pastoral e da sua ação evangelizadora em Cristo crucificado e ressuscitado. Tudo o que se projeta na Igreja deve partir de Cristo e do seu Evangelho. Por isso, ela deve falar cada vez mais de Jesus Cristo, rosto humano de Deus e rosto divino do homem. É este anúncio que verdadeiramente mexe com os homens, que desperta e transforma os ânimos, ou seja, que converte. É preciso anunciar Cristo com alegria e fortaleza, mas, sobretudo com o testemunho da própria vida" (Ecclesia in America 67).

A todos os interlocutores, sinceros ou não, Jesus se apresenta como aquele que é Caminho, Verdade e Vida. Será sempre nova e provocante a caridade que o levou a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo! Não dá para ficar indiferente diante de sua pessoa. Quero homenagear as pessoas inquietas, que desejam saber mais, aquelas que têm no coração muitas perguntas que perturbam e para as quais só Deus é a resposta. Que ele mesmo abra as portas da fé para todos os homens e mulheres que acorrem à Igreja. Peço ao Senhor, às portas da Semana Santa e da Páscoa, que nós, cristãos, digamos com a vida o que celebraremos dentro da Igreja. Que ninguém passe em vão ao nosso lado, mas saibamos levar, como Filipe e André, até Jesus Cristo, a humanidade suplicante de nosso tempo, que quer vê-lo e segui-lo.
*Dom Alberto Taveira é Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará e acumula também essas outras funções na Igreja: Bispo Assistente Nacional da Renovação Carismática Católica, Por nomeação da Santa Sé é Assistente Internacional das "Comunidades Novas nascidas da Renovação Carismática Católica, membro do Conselho Administrativo da Fundação "Populorum Progressio", Presidente da Fundação Nazaré de Comunicação, preside anualmente o "Círio de Nazaré" e é membro da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos.
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Por Dom Alberto Taveira Corrêa

sábado, 17 de março de 2012

Liturgia Dominical - 18 de março de 2012

DEUS DA ALIANÇA: FIDELIDADE SEM LIMITES!

A primeira parte do Evangelho deste quarto domingo da quaresma (Jo 3,14-21), juntamente com a carta de São Paulo aos Efésios (Ef 2,4-10) e o Segundo Livro das Crônicas (2Cr 36,14-16.19-23), que no versículo 23 assinala, pelas mãos de um pagão, o fim do exílio da Babilônia, nos recorda que Deus é Aquele que constantemente toma a iniciativa para a salvação do ser humano, pelo fato de amar sempre muito mais e porque é um Deus que, por ser todo amor, dá sempre o primeiro passo.
Assim, afirma o evangelista São João: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que n’Ele crer, mas, tenha a vida eterna” (Jo 3, 16), enquanto São Paulo nos conscientiza desse amor de Deus, do qual nasce a possibilidade da nossa salvação: “Com efeito, é pela graça que sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, mas de Deus”! (Ef 2,8).
João afirma que quem crer nesse Deus que enviou o seu Filho ao mundo para salvá-lo será salvo.  O contrário também é verdade: quem não crê, já está condenado! Mas em que medida isso acontece?  Aqui somos convidados a olhar para Deus como o “remetente” da salvação e para o homem, como o seu destinatário, percebendo que a condenação não é uma fatalidade atribuída ao desejo de um Deus caprichoso. A condenação é atribuída à deficiência espiritual do ser humano.
Um Deus que ama o mundo ao ponto de enviar, conscientemente, o Seu Filho para a morte na cruz, como se fosse o único culpado, pode ser rotulado de um Deus curioso, enigmático, irônico, chocante, misterioso, mas nunca, um Deus mau! Já o homem que, ao invés da evidência e do brilho da luz "prefere" usar seus olhos para não ver ("têm olhos e não veem") ou se preferir, o ser humano que gasta tempo, inteligência política para debater sobre a negatividade absoluta das trevas, este homem, certamente não é saudável, pelo menos, funcionalmente, porque não quer reconhecer que suas próprias obras são más, e quando ele quer atribuir a elas um valor de luz, quando na verdade, são trevas!
A oração da Coleta da missa deste domingo da alegria nos recorda que o retorno do ser gênero humano à santidade do Pai, acontece através da vida, morte e da ressurreição de Cristo: “Ó Deus, que por vosso filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam, cheio de fervor e exultante de fé”!
É por causa da salvação como dom gratuito que tudo “é pintado” de cor de rosa, a cor da alegria que se pode usar neste quarto domingo, no lugar da cor roxa, realçando a alegria à qual nos convida a antífona de entrada da missa: “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais. Vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações”! (cf. Is 66,10-11).
No período quaresmal somos convidados, a Igreja inteira, a realizar um itinerário ou “percurso” que podemos chamar de catecumenal na medida em que, tanto quem recebe o batismo como quem já o recebeu, tem a oportunidade de verificar a própria fé e de reforçá-la para realizar ou renovar a profissão de fé durante a Vigília Pascal ao final deste percurso, no sábado Santo.
É nesta ótica catecumenal que a Palavra de Deus precisa ser recebida e escutada por nós durante a quaresma. A Páscoa do Senhor, centro do ano litúrgico é o evento em torno do qual gira a nossa vida espiritual, litúrgica e moral, isto é, a nossa fé, em síntese. A penitência quaresmal é um anúncio Pascal porque revela a nossa intenção concreta de colocar o Senhor Ressuscitado em primeiro lugar em nossas vidas, sem exceção. A vida moral é anúncio Pascal porque orienta as nossas ações à luz da fé no Ressuscitado, tendo Cristo como ponto de referência das nossas escolhas.
A alegria do quarto domingo da quaresma nos recorda que o esforço cristão, ainda que exigente, tem sentido porque nasce do discipulado ao Ressuscitado, da alegria de saber que Deus reserva para nós o grande dom, que é a Páscoa do Senhor Jesus que nos torna familiares de Deus com o dom do Espírito.
A segunda parte do Evangelho e a primeira leitura insistem também sobre outro ponto. Trata-se da possibilidade do homem recusar a alegria que Deus lhe propõe. É por isso que lemos no segundo livro das Crônicas: “O Senhor Deus de seus pais dirigia-lhes frequentemente a palavra por meio de seus mensageiros, admoestando-os com solicitude todos os dias, porque tinha compaixão do seu povo e da sua própria casa. Mas eles zombavam dos enviados de Deus, desprezavam as suas palavras, até que o furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não houve mais remédio”. São João, no Evangelho, responde muito apropriadamente à questão da recusa do homem à alegria de Deus: “A Luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à Luz, porque suas ações eram más”! (Jo 3,19).
Aqui está o maior paradoxo, ou seja, a possibilidade real de que se recuse o que é melhor, para ir na direção do mal ou, pelo menos, na direção daquilo que não realiza de forma plena e concreta a nossa vida. O compromisso quaresmal, por conseguinte, é também um “treinamento” que nos ajuda a orientar a cada um de nós para o bem, e também capaz de educar a nossa liberdade para ser, de fato, a base sobre a qual se apoia a obra da redenção. Trata-se da mesma liberdade de Jesus que escolheu o dom de Si mesmo para o nosso bem, isto é, a vontade do Pai, o Deus da Aliança até as últimas consequências, numa tipo de fidelidade sem limites!
(Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).

sexta-feira, 16 de março de 2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

Ano da Fé

Carta Apóstólica “Porta Fidei”
Ano da Fé

No dia 11 de outubro de 2011, o Papa Bento XVI, preocupado com a identidade de nossa fé, brindou-nos com uma Carta Apostólica, em forma de Motu Próprio, chamada de “Porta Fidei”, que significa “A Porta da Fé”. Com isto, o Santo Padre está anunciando, em todo o mundo, o “Ano da Fé”.
A data, por ele indicada, começa em 11 de outubro de 2012 e termina em 24 de novembro de 2013. O início coincide com a abertura do Concílio Vaticano II, cinquenta anos passados. A de encerramento comemora os vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, promulgado pelo Papa e Beato João Paulo II.
A fonte de nossa fé é Jesus Cristo e sua Palavra. A Bíblia perpassa todo o itinerário de fé dos cristãos. Mas na caminhada, somos fortalecidos e orientados pelos documentos de autoridade da Igreja. Entre eles podemos destacar a riqueza contida no Concílio Vaticano II e no Catecismo da Igreja Católica.
Com a Carta Apostólica Porta Fidei, a Igreja toda é convocada para uma retomada de caminho. O anúncio da Palavra deve abrir os corações das pessoas para a ação da graça de Deus e a presença transformadora da Trindade Santa, recebida no dia do batismo e revigorada através do outros sacramentos.
O papa retoma o tema da alegria acontecida no encontro pessoal com Jesus Cristo. Na prática, esse encontro supõe um redescobrir o caminho da fé para renovar o entusiasmo e compromisso com as exigências do Evangelho. Entendemos que o mundo vem sendo envolvido por uma profunda crise de fé.
Não podemos confundir a fé em si mesma, que tem como fundamento a Palavra inspirada e a salvação contida na Ressurreição de Cristo, com as consequências e práticas dela mesma. A fé em si é balizada e firmada na ação concreta da sadia doutrina da Igreja.
É importante lançar mão dos ensinamentos contidos nos dezesseis documentos do Concílio Vaticano II e no Catecismo da Igreja Católica. Mas ter cuidado com o apego exagerado na letra e ao seu espírito. A fé vai além de tudo isto, focada na vida mesma de Cristo.
Jesus é o poço de onde emana, com muita profundidade, a água da vida (Jo 4, 14). Não existe verdadeira fé sem uma identificação e paixão por Ele. Crer em Cristo é o caminho da salvação. Ele é o alimento que perdura e dá a vida eterna (Jo 6, 28).
O Ano da Fé será convocação para uma evangelização de forma nova, tendo um olhar direcionador, como uma bússola, focado no ensinamento oficial da Igreja. Para isto, o papa dá destaque aos documentos do Concílio Vaticano II e o Catecismo da Igreja Católica como um valor em si mesmos.
A fé é um dom, mas também tem que ser procurada e seguida (II Tm 2, 22). Com ela conseguimos perceber e ver as maravilhas que Deus realiza em nós. Assim podemos ser sinais vivos da presença de Cristo no mundo. Em tudo isto está a motivação para a celebração do Ano da Fé.

Dom Paulo Mendes Peixoto – Bispo de São José do Rio Preto.

sábado, 10 de março de 2012

Homilia da Liturgia do domingo - 11 de março de 2012

DESTRUÍ ESTE TEMPLO: EM TRÊS DIAS EU O LEVANTAREI!
(Liturgia do Terceiro Domingo da Quaresma)
           
Como é bom entrar numa casa e sentir o amor e o carinho que ali se vive através da organização, da limpeza e da beleza do ambiente. Mesmo que seja uma casa simples, sem luxo, mas cheia de encanto nas coisas que fazem memória do que une aquelas pessoas que moram ali. O contrário também é verdade!
            A casa onde se vive tem o poder de retratar muito mais do que móveis e utensílios domésticos. Ela pode expressar os laços, os sentimentos, a história, os gostos da família. A casa em que se vive é sagrada! E quando acontece algo que invade muito mais que o espaço, mas principalmente a vida daqueles que nela residem, ficamos atordoados. Quem já teve a sua casa invadida e roubada sabe o que sentiu. O que foi vilipendiado foi muito mais do que o patrimônio material; foi o patrimônio construído pelos relacionamentos dos seus habitantes, as coisas que viveram. 
            Jesus também vê a casa do Pai, o templo há pouco tempo reconstruído, no Evangelho deste terceiro domingo da quaresma, invadido, vilipendiado e ultrajado! Como nós, fica indignado e com raiva! Ele humano!
Para os hebreus o templo de Jerusalém evocava todo um passado feito de construções e reconstruções, fruto do desejo de Davi, concluído pelo filho, o rei Salomão, de dar a Deus uma casa, mesmo consciente de que nem mesmo o Céu pode conter ou deter a Deus.
O templo, de qualquer modo, é a “casa de oração para todos os povos”. Um espaço sagrado no qual se mantém o relacionamento com Deus. No tempo de Jesus o templo de Jerusalém era uma nova construção, não concluída ainda, começada por Herodes no ano 19 a.C.
Jesus já havia entrado no templo outras vezes. Lembremos a passagem de Lucas, quando Jesus tinha apenas doze anos e parecia inacreditável que estava, finalmente, na casa de Seu Pai, tanto que se “esqueceu” de tomar o caminho de volta a Nazaré, com Maria e José.
Jesus sempre soube o que acontecia naquele lugar sagrado. Mas chegou a hora, tendo começado a Sua vida pública, de realizar, como em Caná da Galileia, um novo sinal, de fazer um novo gesto. O templo tornou-se um lugar de mercado. Ao invés de encontrar pessoas apaixonadas por Deus, o que Jesus vê é gente ávida por lucro. A “limpeza” que Jesus pretende fazer tem o objetivo de levar a redescobrir o verdadeiro templo.
Podemos imaginar a confusão criada por Jesus que, naquele dia, deve ter agido muito estranho, talvez, exageradamente agitado e parecendo insano. Imagine Jesus chutando e expulsando e a reação dos mesmos que perguntam e Lhe pedem as credenciais que justificam o gesto: “mas que sinal nos mostras para agir assim”? Na resposta Ele identifica o Templo com o seu corpo: “Destruí este templo e em três dias eu o levantarei”! Os discípulos também não compreenderam imediatamente o gesto que Ele acabava de realizar. Na verdade, só compreenderam depois da ressurreição. É preciso entender que não trata, de fato, de uma simples lembrança, mas indica, ao contrário, compreender em plenitude, reviver, celebrar e interpretar à luz da Páscoa! Na verdade, o que recordaram é um versículo do Salmo 69: “o zelo pela tua casa me consome”. Isto é, o amor zeloso “ciumento” pela santidade de Deus e do seu templo.
Este “fogo” que consome equivale, para Jesus, ao fogo do amor que o fará morrer pela salvação do mundo, em adesão plena à vontade do Pai. O verdadeiro templo é o próprio Jesus. É neste momento, mesmo usando uma linguagem misteriosa, que Jesus convida os seus ouvintes a fazerem uma passagem do templo feito de pedras terrenas ao templo do Seu corpo. Este será o sinal: “destruí este templo e em três dias eu o levantarei”!
            Uma afirmação “absurda” que será usada pelo Sinédrio contra Jesus, durante o julgamento. Como pode um homem destruir uma construção, fruto do trabalho de quarenta e seis anos, para depois reerguê-la em três dias? Como para a transfiguração, o evento narrado hoje, nada mais é do que uma antecipação do mistério pascal, uma preparação para o evento grandioso da nossa salvação.
            A afirmação de Jesus, bem como todo o seu discurso, também para os discípulos será de difícil compreensão. Mas depois da morte e ressurreição, recordaram-se dessas suas palavras e compreenderam que ele falava do templo do seu corpo.
            Para nós, hoje, a imagem do templo se aplica à Igreja no seu sentido mais pleno, como também ao nosso corpo. Nós somos o templo vivo do amor de Deus, como nos lembra São Paulo: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo que Deus, que sois vós, é santo!” (1Cor 3, 16-17).
            A primeira leitura nos transporta à experiência do povo no deserto e ao recebimento do decálogo. O texto, bem conhecido por nós, destaca o fato de que o Antigo Testamento era marcado pela Lei. O homem deve viver no respeito o seu relacionamento com Deus, o único, que o fez sair da terra da escravidão do Egito. Mas deve também salvaguardar o relacionamento com o próximo. O templo, lugar no qual a Lei devia encontrar o espaço do sagrado, torna-se, pelo contrário, lugar do pecado, da ambição e do lucro. O templo do nosso corpo, hoje, é o espaço sagrado no qual devemos viver em plenitude o dom do decálogo, não como lei que amarra e aprisiona, mas como Palavra que liberta. O decálogo não é o “não” de Deus à humanidade, mas o “sim” do homem a Deus.
            De fato, em Cristo, a Igreja encontra a perfeição, restauração para a alma, sabedoria, alegria, luz, pureza e doçura. A Ele a Igreja renova a profissão de fé de Pedro: “Senhor, tu tens palavras de vida eterna”! (Jo 6,69). Os três versículos da primeira carta aos Coríntios contém todo o sentido do mistério da Cruz. O centro da pregação da Igreja não está na sabedoria, nos milagres ou no poder de Deus, mas na “fraqueza” da Cruz.  Deus se fez pequeno, humilde, vivendo em Jesus toda a natureza e fragilidade humana, exceto o pecado. É nessa “fraqueza” que está a força de Deus! Ele que é capaz de reedificar o verdadeiro templo em três dias, faz, em Jesus, a experiência do sofrimento e da morte para dar a todos a esperança de que a morte não é a última palavra e de que o homem foi criado para a vida e para a ressurreição!
(Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).

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