Teológico Pastoral

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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

apa Francisco encoraja católicos a manifestarem solidariedade via internet

“A Internet pode oferecer mais possibilidades de reencontro e de solidariedade entre todos, o que é uma coisa boa” afirmou Papa Francisco

Atualizado em 24/01/2014 às 11h12

Foto: Rádio Vaticano
O Papa Francisco pediu na última quinta-feira (23) que católicos sejam “cidadãos digitais” construtivos ao usarem a internet, que definiu como um “dom de Deus”, para manifestar solidariedade. O Papa argentino publicou sua primeira mensagem sobre comunicação social, em uma tradição anual pela festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas.

A mensagem com o título A Comunicação ao Serviço de uma Autêntica Cultura do Reencontro, fala sobre o fenômeno das redes sociais em um tom confiante. “A Internet pode oferecer mais possibilidades de reencontro e de solidariedade entre todos, o que é uma coisa boa. Para ele, a Igreja deve empenhar-se para levar ao homem ferido, pela via digital, o óleo e o vinho: “Que a nossa comunicação seja um óleo perfumado para a dor e um bom vinho para a alegria”, disse o papa.

Na mensagem, o pontífice lembrou que a exclusão, a desorientação, o condicionamento, a doença e a ignorância do outro podem existir também na Internet. O papa Francisco é seguido por mais de dez mi

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

3o. Domingo do tempó comum

UMA VOZ QUE MOVE...

“Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4,19)

Entre as tentações do deserto e as bem-aventuranças, Mateus apresenta  um relato que é como uma síntese  de toda a atividade futura de Jesus, incluindo o chamado dos primeiros discípulos. Como excelente “resumo programático”, marca as linhas diretrizes de todo seu evangelho.
Desde o ponto de vista teológico, é muito importante para Mateus deixar claro que Jesus começa sua atividade longe da Judéia, de Jerusalém, do templo, das autoridades religiosas. Quer desligar a atividade de Jesus de toda possível conexão com a instituição religiosa.
Jesus foi viver e desenvolver sua atividade, pregar sua mensagem numa região distante, habitada por humildes camponeses e pescadores pobres, pessoas que, naquele tempo, eram consideradas uma população sem influência e de má fama. Os “galileus” do tempo de Jesus não gozavam de especial estima (Jo. 7,52); eram considerados ignorantes e impuros com os quais se devia manter distância.

Para evangelizar, ou seja, comunicar uma “boa notícia” à sociedade de seu tempo, Jesus não buscou conquistar para si os notáveis e as classes influentes da sociedade, nem procurou os postos de privilégios, nem o favor dos mais influentes, e nem, muito menos, os que detinham o poder e o dinheiro.
Todos sabemos que as “mudanças profundas e duradouras” na sociedade não vem de cima, mas de baixo, a partir da solidariedade e da identificação de vida com os últimos deste mundo. Há uma esperança alentadora, que vem das periferias e das margens, que se empenham por imprimir um movimento novo à história; nele está a semente na qual Jesus viu a possibilidade de uma vida diferente, nova e mais promissora. E Jesus foi o ponto de partida de uma profunda mudança na história da humanidade.
Por isso, Galiléia foi a primeira decisão importante que Jesus tomou no início de sua vida pública.
“Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galiléia”. Uma decisão que foi essencial em sua vida, porque Jesus permaneceu na Galiléia até pouco antes de morrer.
Galiléia é o lugar do compromisso pela vida, o lugar dos excluídos e desprezados, o lugar dos discípulos, o lugar no qual Jesus realizou os gestos libertadores contra tudo aquilo que atenta contra a vida.
Ele percorreu vilas e cidades despertando a vida e fazendo renascer a esperança nas pessoas.

“Galiléia”  é também o lugar do chamado ao seu seguimento.
A primeira intervenção de Jesus, o evangelho de hoje, não tem nada de espetacular. Não realiza um mila-gre prodigioso; simplesmente, caminha junto ao mar, chama alguns pescadores que se deixam impactar por um convite ousado: “Segui-me”. Assim começa o movimento dos seguidores de Jesus e o germe humilde daquilo que um dia será sua comunidade. Aqui, pela primeira vez, se manifesta a relação que há de se manter sempre viva entre Jesus e aqueles que deixam ressoar em seu coração o mesmo convite.
Fica claro, então,  que a fé cristã não é apenas uma adesão doutrinal ou uma prática piedosa, mas conduta de vida marcada por nossa vinculação a Jesus. Crer em Jesus é viver seu estilo de vida, assumir suas opções, deixar-nos conduzir pelo seu Espírito para nos fazer presentes, de maneira criativa, junto às Galiléias excluídas do mundo de hoje.

Mateus destaca o elemento de irradiação e sedução de Jesus. Tudo começou às margens do mar da Gali-léia... um encontro. Ele vai em busca de pessoas,  chama-as pelo nome; sua presença  e  sua voz  arranca-as do seu ambiente,  da sua rotina... e lança-as para  novos desafios. Jesus entra no cotidiano de 4 homens, no meio daqueles movimentos difíceis e repetitivos, próprios de pescadores. Não estamos no templo, nem num dia sagrado, mas junto do mar, depois da fadiga de um dia de trabalho.
Jesus caminha e, ao passar ao longo do mar, entra no espaço vital daqueles homens, que estavam retornando da pesca. Exatamente ali, naquela vida tão normal, acontece algo novo.
Partindo do lugar e das coisas que representam as esperanças, as dificuldades, as decepções, os sucessos, as derrotas daqueles homens pescadores, Jesus lança a sua promessa:
       “Segui-me e farei de vós pescadores de homens”.

Este chamado deve ser lido não no sentido proselitista, ou seja, convencer pessoas a fazer parte de um determinado grupo religioso. Trata-se de “pescar” o que há de mais humano e nobre em cada pessoa, ajudar as pessoas a viverem com sentido, tirando-as do mar da desumanização; “pescar homens” é extrair o melhor e mais original versão humana de cada pessoa, garimpar a autêntica qualidade humana misturada nesse cascalho de inumanidade que todos carregamos dentro.
E Jesus tem a capacidade de extrair o maior bem possível de cada um, de ativar as melhores possibilidades de vida latentes no seu interior, sem necessidade de dar-lhe lições ou arrastá-lo com argumentos racionais.
Logo que ouviram a Sua voz, aqueles pescadores se dão conta d’Aquele que estava passando: eles já tinham sido vistos, conhecidos, amados, escolhidos por Ele.
 “Eles deixaram as redes e o seguiram”: seguir Jesus não é só assumir o estilo de vida d’Ele; é também uma libertação. Na realidade, o que eles deixam não não só redes, mas tudo aquilo que aprisiona, enreda e que impede a vida ter uma dimensão maior.

Aquela voz abre os olhos, a mente e o coração daqueles pescadores do lago. Sentem-se chamados pelo nome e conseguem compreender melhor a si mesmos, confrontam-se com Aquele que os chama e re-descobrem um sentido novo, um significado inimaginável para a própria existência.
Finalmente, não se sentem mais sozinhos.
O olhar e a voz de Jesus atrai aqueles pescadores à verdade da própria vida: eles descobrem a luz e compreendem para onde devem ir. Jesus os chama do mar, os faz descer da barca e os convida a segui-Lo, para mergulhá-los no Seu mar, para fazê-los subir noutra barca, para atraí-los a uma vida diferente.
O seguimento só se realiza quando alguém se deixa conduzir para águas profundas num novo mar.
A vida de Jesus se torna norma, uma maneira de proceder, um estilo próprio de ser e de viver...
O fundamental é o “estar com Ele”, conviver com Ele, participar de sua Vida, compartilhar do mesmo sonho: a realização do Reino.
Jesus está inteiramente polarizado por esse sonho, por essa utopia esperançada capaz de despertar e mover outras pessoas a participarem do mesmo movimento; toda Sua pessoa foi capaz de despertar nos outros o melhor de si mesmos e de mobilizá-los frente a um novo projeto de humanização.

Os quatro homens são atraídos pela voz, mais do que pelas palavras ou pela promessa do Desconhecido que passa, vê, chama, conhece também o nome de seus pais, e sabe bem quantas e quais são as barcas e as redes que lhes davam segurança. O objetivo da promessa não se refere somente a algo que haverá de acontecer, mas a Alguém que já está presente. A promessa que os atrai é, justamente, Aquele desconhe-cido, que, das margens, os chama pelo nome.
Depois de tê-los despojado de suas seguranças e levado a intuir que a vida não é questão de certezas, mas de busca e de desejos, Jesus chama aqueles pescadores para ficarem com Ele e entre eles, fazendo comunidade.
Aquele Desconhecido se aproxima, ainda hoje, do nosso mar da Galiléia, que representa os lugares, os afetos, os segredos, os costumes da nossa vida cotidiana... nos faz a proposta para entrar em outro mar.
Seguir o Desconhecido do lago significa alargar a vida num novo horizonte de sentido; esta proposta é para corajosos e ousados.
Quê impacto isso tem em minha vida?

Texto bíblico:  Mt 4,12-23

Na oração: No fundo do seu coração cheio de velhas barcas, redes inúteis, mar
                     estreito... é aí que o Senhor passa... e com sua voz provocante o acorda para uma ousadia maior. Compete a você dar-lhe acolhida e entrar na dinâmica do Reino. “Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo”.






domingo, 12 de janeiro de 2014

Homilia dominical - 12 de dezembro

Promulgação do Reino

Após as festas do Natal, em que celebramos
o Mistério da infância de Jesus,
a Liturgia nos introduz no mistério da sua vida pública.

No BATISMO DE JESUS, nas margens do Rio Jordão,
revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao mundo 
enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens.

A 1ª Leitura anuncia um misterioso "Servo" escolhido por Deus e
enviado aos homens com a missão de instaurar um mundo de justiça e de paz.
Com o Espírito de Deus, ele concretizará essa missão
com humildade e simplicidade. (Is 42,1-4.6-7)

Na 2ª Leitura Pedro reafirma que Jesus é o Filho amado
que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projeto de salvação:
Ele "passou pelo mundo fazendo o bem" e libertando os oprimidos.
Essa é também a Missão fundamental dos discípulos. (At 10,34-38)

No Evangelho, temos a realização da promessa profética:
Jesus é o "Servo" enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito,
e cuja missão é realizar a libertação dos homens. (Mt 3,13-17)

+ Jesus precisava receber o Batismo?
   É claro que não. João até não queria batizar Jesus.
- Que sentido faz então Jesus se apresentar a João para receber
  este "batismo" de purificação, de arrependimento e de perdão dos pecados?

Para Mateus, o Batismo é um momento importante,
em que Jesus manifesta a sua IDENTIDADE e a sua MISSÃO:


- Jesus é SOLIDÁRIO com o Homem limitado e pecador.
  Coloca-se ao lado dos pecadores para percorrer com eles
  o caminho que conduz à liberdade.

- Jesus é o "FILHO AMADO" enviado pelo Pai ao mundo
  para cumprir um projeto de libertação em favor dos homens.

- Jesus é o NOVO LIBERTADOR:
  O batismo de Jesus no Jordão recorda a passagem do Mar Vermelho
  e estabelece um novo paralelo entre Jesus e Moisés…
  Jesus é o novo Moisés, revestido do Espírito de Deus,
  para conduzir o seu Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade.














- Jesus é o MESSIAS ESPERADO:
  João reconhece ser apenas o precursor do Messias esperado.
Para aprofundar a Identidade e a Missão de Jesus,
Mateus recorre a três elementos simbólicos muito expressivos:
Os céus abertos, o Espírito que desce em forma de pomba e a Voz do céu:

- "Os céus se abriram...": Deus encerrou o seu silêncio...
  abriu seu coração e voltou a ser amigo dos homens:
  É o momento da reconciliação entre o céu e a terra, entre Deus e os homens...

- "O Espírito Santo desceu sob a forma de Pomba":
   Relembra o Espírito de Deus que na Criação pairava sobre as águas...
   Lembra também o Dilúvio... quando o céu estava fechado,
   e a pomba com o ramo de oliveira foi o sinal
   de que a paz havia sido restabelecida...

- "Ouviu-se uma voz do céu...":
  Há 300 anos o povo não ouvia a voz de Deus pelos profetas...
  Ao enviar o Espírito sobre Jesus, Deus quer mostrar
  que voltou a falar com os homens...
  * Jesus é confirmado pelo Espírito Santo e pelo Pai.

+ O Batismo de João, que Jesus recebeu, não é a mesma coisa
    do Batismo que Jesus instituiu e mandou os apóstolos a realizarem...
   O de João era apenas um rito penitencial... de purificação,
   para os que aceitavam preparar-se para a vinda do Messias.
   Era apenas antecipação do Batismo cristão, na "água e no Espírito".

+ O Batismo de Jesus:

   - É um SACRAMENTO instituído por Cristo e realizado hoje pela Igreja.
- Lava a mancha do pecado original...
- Dá uma Vida Nova...
- Nos torna membros do Povo de Deus e da Igreja....
  Filhos de Deus e herdeiros do céu.
   - É um Sinal sensível e eficaz da Graça...
   - É uma Presença especial de Deus em momentos importantes de nossa vida.

    + O BATISMO é o começo
   de uma caminhada como seguidores de Cristo
   e nos compromete a servir Deus com fidelidade,
   como membros vivos e atuantes no Povo de Deus.

Continuemos a nossa celebração:
- agradecendo o grande dom do nosso Batismo...
- e pedindo forças para sermos fiéis a esse COMPROMISSO assumido.


                                       Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 12.01.2014

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

NOVOS OLHOS PARA NOVOS TEMPOS

“Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido” (Lc 2,20)

Hoje começamos um Novo Ano. Mas, quê pode ser para nós algo realmente novo? Quem fará nascer em nós uma alegria nova? Quem ativará em nós novos sonhos? Quem ensinará a sermos mais humanos?
Para viver o novo ano com mais intensidade, o decisivo é estar mais atentos ao melhor que se desperta em nós e viver sintonizados com a eternidade de Deus.
Esta união com Deus faz com que o tempo seja pleno. Também para nós o tempo pode ser de plenitude na medida em que vivemos unidos a Deus e nos abrimos aos irmãos pelo amor. Pois o amor é o que faz com que o tempo deixe de ser enfadonho e caduco e se abra a uma plenitude que se renova cada dia.
Nem todos os tempos são iguais. Uma coisa é o tempo do calendário, o contínuo movimento dos momentos, todos idênticos; e outra coisa é a vivência humana do tempo: há momentos em que o tempo se faz longo e outros em que se faz curto. Mais ainda, o tempo pode ser vivido como uma experiência opressiva e limitadora ou como uma experiência de plenitude. Quando vivemos o tempo como uma oportunidade para acolher o novo, para abrir-nos às surpresas da vida e para fazer-nos presentes gratuitamente, realizamos uma experiência positiva do tempo.
O tempo se torna “kairós”, ou seja, o momento oportuno para construir algo vital que possa transformar nossas vidas, o tempo propício onde todas as possibilidades estão à nossa disposição.

Foi essa a experiência vivida pelos pastores, segundo o relato do Evangelho de hoje: no seu tempo, roti-neiro e sem expressão, uma criança se faz presente e a alegria tomou conta do coração deles. A plenitude chegou para eles, e quando ela chega não se esgota num instante, senão que permanece ao longo de toda a vida. Na Encarnação e Nascimento de Jesus, o tempo e a eternidade se fecundaram mutuamente. Deus não só entrou no tempo, senão que assumiu o tempo, assumiu nossa realidade passageira para enchê-la de eternidade.
O que faz a diferença é o olhar que pousa sobre o recém-nascido. Esse olhar está maravilhosamente mostrado na cena tão despojada do encontro dos pastores na Gruta de Belém. Trata-se de um olhar que chama à vida, que desperta uma resposta, um olhar perfeitamente realista sobre as dificuldades, mas também sobre o potencial que permitirá construir a vida.
A partir do “olhar” admirado dos pastores, iniciar, ao longo deste ano, um processo minucioso de extirpação das “cataratas” do nosso olhar interior: o olhar das lembranças negativas, das suspeitas, dos julgamentos, das comparações... e reacender o olhar contemplativo capaz de expressar a benevolência, a delicadeza, a acolhida, a serenidade, a modéstia, a afabilidade, a alegria simples de estar juntos...
Recordar todos os “olhares amorosos” que Deus foi depositando sobre nós ao longo da vida.
Coração e olhos espreitam na mesma direção. São os puros de coração os que verão a Deus (Mt. 5,8).

Mas quê “novo olhar” somos convidados a ativar, no início deste Novo Ano, a partir da experiência da Gruta de Belém? É o olhar contemplativo, que libera a capacidade de admiração e de encantamento para com o mundo, a vida, as pessoas... É o olhar que nos abre para perceber a ação de Deus na história e em nossas vidas. É o olhar que desperta o deslumbramento, que é a virtude da criança, a inocência da vida, a capacidade de ver, de aprender, de ser... É o olhar límpido, a face transparente, a memória sem ensaio.
Tudo é novo e por isso tudo é maravilhoso, porque tudo se vê pela primeira vez.
A capacidade de assombro é a medida da vitalidade no ser humano.
O olhar contemplativo, portanto, é marcado pela esperança, pois consegue enxergar possibilidades novas na realidade e abre “espaço para o imprevisto, para a magia e para o milagre de que as coisas podem, de repente, mudar e ganhar outra configuração...” (L. Boff).
Nesse sentido, o olhar é “grávido” de “boa-nova”, ou seja, é evangélico e transformador.
Desse olhar contemplativo, nasce o olhar cuidadoso, que zela e guarda o outro, a ele se dedica e investe o próprio tempo e energia, dispensando o melhor de si; nasce o olhar compassivo, que acolhe e sofre a situação do outro; um olhar ousado, que quebra as barreiras e aproxima corações...
Trata-se de um olhar inclusivo, solidário, humanizante, que procura perceber e valorizar o outro em sua diferença, em sua originalidade, em sua dignidade... e com ele se compromete.

Todos conhecemos o expressivo valor do olhar na dinâmica do encontro, na saudação, no receber e acolher, na conversação, no despedir-se. O olhar fala, tanto assim que muitas vezes o chamamos de eloqüente. No encontro com os outros, os olhos têm uma função fundamental, pois acompanham atentos cada detalhe do modo de ser dos presentes.
Observamos os interlocutores por inteiro, o rosto, os gestos, as posturas, as mãos, o que dizem e como dizem, os silêncios...; queremos saber e compreender com quem estamos nos relacionando, deixamos aflorar reações, avaliamos as impressões que eles produzem em nós e as que nós produzimos neles.
O primeiro encontro é prerrogativa dos olhos; o contato inicial de duas pessoas é sempre feito, antes, com o olhar, e só depois com as palavras. Inversamente, evitar o olhar é evitar o encontro. Voltar a olhar para alguém é o primeiro modo de dizer-lhe: sei que você existe.
O olhar de quem fala cria envolvimento, interação e estimula a atenção. A escuta mantém a distância; o olhar anula a distância e cria a presença. Um amigo se torna presente no momento em que há encontro de olhares, mesmo que ele esteja no outro lado da rua ou da praça e não possa saudá-lo verbalmente.
Entrar no campo visual de uma pessoa é entrar no campo da sua consciência. Nesse momento passa-se da categoria do ser, própria dos objetos, para o da presença e encontro, própria das pessoas.
O olhar tem o poder para despertar e para intimidar. Existem olhares que irradiam luz e atraem, outros que espalham gelo e distanciam. Há um olhar que determina o fim de tudo, outro que a tudo dá um começo ou recomeço. Há um olhar que recusa, outro que propõe e espera. Com o olhar, exprimimos disponibilidade ou indisponibilidade, dizemos a uma pessoa se ela pode ou não contar conosco. E há o olhar autoritário, que reflete a vontade de deixar claro que somos superiores, a essência secreta do poder.

O olhar de uma pessoa nasce da camada mais profunda e secreta do seu ser. Por isso dizemos que os olhos são o espelho da alma, pois transmitem as vibrações que brotam do nosso “eu” mais profundo.
Cada um de nós tem um modo habitual de olhar que é o seu modo habitual de sentir.
Devemos habituar-nos a manter os olhos erguidos, a olhar as pessoas nos olhos; um olhar afetuoso, que não intimide e não se sinta intimidado, um olhar entre iguais, acolhedor, estimulante, que demonstra interesse por aquilo que o outro diz, participação empática no seu modo de sentir. Um olhar desarmado e estimulante que, como o olhar dos pastores, nos motiva glorificar e louvar a Deus diante das infinitas manifestações de sua surpreendente Bondade em nossas vidas.

Texto bíblico:  Lc 2,16-21

Na oração: O cristão é aquele que conserva límpidos os olhos interiores, prontos para perceber a maravilha
                       que está germinando em sua vida.
                       Que olhar você tem sobre sua vida? Contemplativo? pessimista? compassivo?
                       Que olhar você tem sobre o mundo? Sobre as pessoas?...




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