Teológico Pastoral

Teológico Pastoral

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Artigo - Santidade



Perfeição ou Santidade
Pe. José Antônio Netto de Oliveira, SJ

Introdução:
Não é necessário um grande esforço de observação para notar que muitos cristãos e, particularmente cristãos consagrados, não vivem sua fé com alegria, não dão o um testemunho existencial de que o Evangelho é uma alvissareira e Boa Notícia para todo ser humano, uma libertação de todo medo, diante da revelação, em Jesus Cristo, da inexplicável misericórdia, perdão, amor incondicional de Deus para com suas criaturas.
Cristãos e cristãos consagrados parecem viver um interminável sentimento de culpa diante de Deus, sempre sentindo-se em dívida e conseqüentemente experimentando uma separação ou pelo menos uma distância e frieza no relacionamento com Ele. O Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, revelado como infinita ternura, misericórdia, amor, proximidade para com o homem pecador não é então percebido como Pai, mas como um juiz mal humorado, eternamente esquadrinhando nossa vida atrás de infidelidades, desobediências e fraquezas. Em vez da intimidade, da proximidade e da alegria que Jesus manifesta no seu relacionamento com o Pai, nós, como Adão no Paraíso, sentimos medo de Deus e procuramos esconder-nos.
Nós, cristãos, nem sempre temos sabido refletir em nossos próprios rostos a alegria de Deus: desde o escrúpulo até à angústia, desde a estreiteza de espírito, até à inimizade para com o corpo, desde um ascetismo não integrado, até um legalismo sem calor... damos demasiadas vezes a impressão de que somos pessoas mais presas do que libertadas por nosso Deus.
As causas desses sentimentos e comportamentos dos cristãos, pouco reveladores da Boa Notícia de Jesus, podem ser procuradas em múltiplas direções: no tipo de educação religiosa recebida, na psicologia pessoal mais ou menos propensa a sentimentos de culpa e de escrupulosidade, na experiência de se ter sido ou não amado com gratuidade, na experiência pessoal de Deus, nas múltiplas camadas teológicas e ideológicas que se foram superpondo, obscurecendo muitas vezes a experiência original do cristianismo e conseqüentemente a alegria cristã etc.
No presente artigo gostaríamos de ressaltar um aspecto dessa problemática, uma confusão que fazemos entre santidade e perfeição, em parte responsável, em nossa opinião, por essa distância e frieza no relacionamento com Deus e por certo sentimento de culpa permanente que impede a intimidade da filiação e a alegria de vivermos como filhos amados gratuitamente pelo Pai.
Confundir santidade e perfeição, com a conotação que a palavra perfeição tem aos nossos ouvidos hoje, é condenar-nos a uma eterna insatisfação conosco mesmos, a uma auto-condenação permanente, porque percebemos que somos cada dia mais imperfeitos, na medida mesmo em que avançamos na vida. Passar desse sentimento à verificação de que a santidade não é para nós, é um pulo. Desistimos então da santidade, não ouvimos mais o apelo de Deus "sede santos porque eu sou santo" e nos condenamos à mediocridade na vida cristã.
A Perfeição
A interpretação da santidade como perfeição tem suas raízes no Evangelho de São Mateus e mais particularmente em Mt 5,48 "Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito". Examinemos rapidamente este texto.
Devemos notar primeiramente que a perfeição, segundo o Antigo Testamento, não é um atributo de Deus. Em nenhuma ocasião o Antigo Testamento chama Deus de "perfeito". Chama-o de "santo". Nos evangelhos o adjetivo "perfeito" (teleios) aparece somente duas vezes e ambas em Mateus: Mt 5,48 "Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito" e Mt 19,21 "Se queres ser perfeito" pergunta Jesus ao jovem rico.
Na mentalidade hebraica a perfeição é antes um atributo do ser humano expressando a idéia de totalidade, aplicando-se ao que é completo, intacto, àquilo que de nada carece. Quando em Mt 19,21, Jesus diz: "Se queres ser perfeito", quer significar: se queres que nada te falte, se queres não ter limite algum.
Ao afirmar "sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito" Mateus estaria projetando em Deus uma qualidade propriamente humana. Encontramo-nos diante de um antropomorfismo: Mateus nos convida a imitar em Deus uma qualidade que não é propriamente divina, mas que é a projeção em Deus de um ideal humano.
A perspectiva de Mateus aparentemente parece ser mais moralista que teológica: sua atenção está centrada no dever que se impõe ao homem, na conduta que este deve adotar com relação a seus irmãos para cumprir perfeitamente a vontade divina.
Verifica-se, pois, que neste texto de Mateus o ponto de partida da santidade já não seria Deus em primeiro lugar, mas o que o homem deve fazer. A atenção se desloca da misericórdia de Deus como na versão de Lucas "Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso", para a perfeição do homem em geral, como um progresso no desenvolvimento ontológico do ser humano. A santidade passa a ser vista como a perfeição no cumprimento da lei, manifestação da vontade divina e na prática das boas obras, frutos, basicamente, do esforço do homem.
Poderíamos contudo, vislumbrar uma outra interpretação, seguindo São Jerônimo e outros. O logion "Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito" liga-se com o texto precedente pela partícula de conseqüência "portanto". Ora, o texto imediatamente antecedente fala precisamente do amor sem limites do Pai que faz nascer o sol sobre maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos e que ama a todos: amigos e inimigos. Assim poderíamos concluir que o discípulo deve ser perfeito no amor como o Pai Celestial é perfeito no amor.
Santidade, Perfeição e Pecado
Antes de prosseguir em nossas reflexões sobre a perfeição é iluminador considerar a relação entre santidade, perfeição e pecado. É mesmo curioso observar que a Igreja não assinale uma oposição radical entre santidade e pecado, podendo as duas realidades subsistirem simultaneamente na mesma pessoa ou no mesmo corpo social. A própria Igreja se auto-define como sendo pecadora e santa e os santos Padres não tinham escrúpulos de denominá-la "casta-prostituta": de um lado é patente sua infidelidade e mesmo suas traições a seu Esposo Jesus Cristo, e de outro é patente também à presença do Espírito do Esposo no meio dela purificando-a, salvando-a e fazendo dela sacramento universal de salvação.
Outra realidade que chama nossa atenção é o fato de os santos canonizados pela Igreja nunca se terem considerado santos, antes muito pelo contrário, todos se confessaram grandes pecadores, até o fim de suas vidas, e praticaram penitências por seus pecados que nos assustam. Apesar dessa consciência de serem imperfeitos e pecadores, eram santos e a Igreja reconheceu sua santidade, canonizando-os. Não existe pois uma incompatibilidade radical entre santidade e pecado. Pode-se ser simultaneamente santo e pecador.
Se passarmos à relação entre pecado e perfeição aí encontraremos essa incompatibilidade: não se pode ser simultaneamente perfeito e pecador uma vez que o pecado é a imperfeição por excelência. A perfeição exclui necessariamente o pecado.
Esta breve consideração poderá ajudar a entender melhor as reflexões que se seguem.
Ter pecado e ser pecador
É igualmente importante para a intelecção do que se segue captar a distinção entre ter pecado(s) e ser pecador.
Ter pecado(s) é a consciência que temos de ter falhado objetivamente no amor para com Deus, para conosco mesmos ou para com o próximo. Antes de nos dirigirmos ao sacramento da penitência, costumamos parar, fazer um exame de consciência perguntando-nos "quais os pecados que tenho", quais minhas faltas objetivas de amor, desde a última confissão. Comunicamos então ao sacerdote os pecados que "temos" e, se estamos arrependidos, somos perdoados, Deus nos assegura o seu perdão. Saindo da confissão já não temos mais pecados.
Ser pecador é a consciência que temos de nossa fragilidade. Saindo da confissão não temos mais pecado mas reconhecemos que estamos num estado de fraqueza, que somos vasos de barro, muito quebradiços. O pecado atingiu, de certa maneira, algo de profundo em nós, atingiu de algum modo o nosso ser, o nosso coração como diz a Bíblia (é do coração que saem os maus pensamentos, assassinatos etc.). Encontramo-nos todos numa situação de fragilidade. Cada um percebe no seu "coração" certas tendências inatas para o mal e para o pecado que os teólogos chamam de concupiscências, tendências para o orgulho, a avareza, a gula, a luxúria, a preguiça etc.. É porque estamos neste estado de fragilidade, é porque somos pecadores que voltamos novamente a cometer pecados e assim teremos de confessar-nos uma e outra vez até o final de nossa vida.
Reconhecer não somente que temos pecado mas também que somos pecadores é abrir-se para a verdade do próprio ser, é o início do esvaziamento de si, é começar a descer à verdadeira humildade diante de Deus e diante dos homens.
Impasses da perfeição
O conceito de perfeição que cada um tem em sua própria cabeça, não é puramente teórico, porque o conceito de perfeição forma-se ao longo da vida, é existencial e portanto vem marcado por cargas afetivas desde a primeira infância: os comportamentos corretos, perfeitos eram premiados, os imperfeitos, incorretos eram punidos. O conceito de perfeição foi-se formando em nós a partir de nossa educação, a partir de experiências integradoras ou traumatizantes, de sentimentos de culpabilidade e castigo ou de libertação e perdão. Normalmente terminamos com um conceito de perfeição que se identifica no plano pessoal com não ter defeitos, não ter vícios, não ter traumas nem marcas psíquicas negativas, não ter nenhuma fraqueza, nenhuma falha, nenhum pecado etc..
A busca da perfeição é um projeto do homem, um ideal humano. Trata-se de um projeto fechado dentro do próprio eu orgulhoso, que exige o máximo de si, o máximo de esforço para não falhar em ponto algum, uma vez que o perfeccionista está convencido de que somente será amado por Deus e pelos demais se for perfeito. Nesse esforço ele tende a contar exclusivamente consigo mesmo, prescindindo de Deus e dos outros.
A perfeição estaria no fim do caminho que traçamos para nós, do ideal que nos propusemos, ou então no topo de uma escada que decidimos subir com nosso esforço, galgando degrau por degrau, eliminando vícios e adquirindo virtudes numa busca tensa. A perfeição não suporta o pecado uma vez que o perfeccionista vê o pecado não como uma ruptura de laços de amor, não em relação a um outro, mas em relação ao próprio ideal: "falhei no meu ideal, no ideal que me havia proposto". Esta verificação é sempre sentida como humilhação.
O perfeccionista procura viver apenas com os melhores fragmentos de si mesmo, aqueles que estão conforme com as normas, com o ideal buscado, com o que pensa que os outros esperam dele. O resto, as fraquezas, as tendências obscuras, os fragmentos dos quais está menos orgulhoso, ficam trancados para sempre nas margens da consciência. Eles são recusados e negados. Desse modo, a chaga secreta que está fermentando, supurando e contaminando a vida nunca é reconhecida, nunca vem à luz. A perfeição, humilhada pelo pecado e pelas fraquezas, tende a fechar a pessoa sobre si, e fechá-la para Deus e para os outros. O amor desaparece. O perfeccionista tende a voltar-se sobre si, tornando-se seu próprio juiz e auto-condenando-se. Após certo tempo de luta sua vida pode tornar-se amargurada, amargurada consigo, com Deus, com os outros, com tudo.
A perfeição visa à própria pessoa; ela própria estabelece seus ideais e seus degraus, se mede e se compara, calcula e avalia. Suas quedas e falhas, visto que não têm um referencial fora de si, são amargas, entristecem, levam ao desânimo e à auto-condenação.
A perfeição dialoga com um código de normas e de exigências, dialoga com a lei. Esse código é, não raro, elaborado sob o peso do constrangimento de uma consciência culpada ou aterrorizada que fixa rigidamente as balizas de uma estrada fora da qual não se pode dar um passo sem que a auto-imagem se esfacele em sentimentos de fracasso irremediável.
A perfeição não justifica nem salva o homem. É Jesus quem no-lo diz na parábola do fariseu e do publicano que vão ao templo para rezar. Esta pequenina parábola teve o efeito de uma bomba atômica para a sociedade religiosa judaica, porque nela Jesus coloca tudo de pernas para o ar, inverte toda a concepção de justificação e salvação tranqüilamente aceita por todos, em todos os segmentos sociais. Todos estavam convictos de que as pessoas agradáveis a Deus, que estavam justificadas, eram os fariseus, fanáticos cumpridores da lei. Jesus afirma o oposto, esse homem não saiu do templo justificado. Sua pretensa perfeição no cumprimento da lei, o leva a um grande orgulho "não sou como os demais homens", ao desprezo dos outros, ao fechamento do coração para o amor, a prescindir de Deus, a pensar que se salva pelo próprio esforço, a exigir recompensa de Deus. Jesus afirma sem rodeios, tal homem não está justificado, a perfeição não justifica o homem.
O publicano sim, sai do templo justificado, está a caminho da salvação. O publicano capitula diante de Deus: reconhece seu pecado e sua condição de pecador, reconhece sua incapacidade de salvar-se por si mesmo, abre-se para um outro, abre-se para Deus de quem espera o perdão e a salvação. Esta humildade é a porta de abertura para sair de um mundo enclausurado em si mesmo, um mundo auto-suficiente e tenebroso, onde tudo gira em torno do próprio eu, onde não há lugar para o Outro e os outros, onde não há salvação possível.
"Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso"
A compaixão e a misericórdia são os mais característicos atributos divinos na teologia de Israel. Lucas nos convida, portanto, a imitar uma maneira de ser que é, antes de mais nada, a de Deus. Mostrando-se misericordiosos os discípulos de Jesus se assemelham ao exemplo que Deus nos dá. A atenção aqui está voltada para a visão dos sentimentos da misericórdia de Deus para com seus filhos, na sua solicitude para com os pecadores e os mais desamparados e necessitados. A conduta do homem deve se regular, deve imitar a conduta de Deus.
O versículo 6,36 conclui de modo natural à instrução sobre o amor aos inimigos. Lucas começa com uma recomendação: v. 27 "Amai os vossos inimigos..." Esta recomendação é reforçada por uma primeira consideração em forma negativa: "não imiteis os pagãos e os publicanos que só amam aqueles que os amam" (v. 32). Finalmente uma segunda consideração em forma positiva convida a imitar a Deus: "mostrai-vos como filhos do Altíssimo... e sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso".
Os exegetas nos asseguram que esta versão de Lucas reflete, mais exatamente que Mateus, o pensamento de Jesus, que nos convida a assemelhar-nos a seu Pai reproduzindo em nossas vidas os sentimentos de compaixão e misericórdia que ele tem para com os homens. Por meio dessa conduta com os irmãos aderimos a Deus, reforça-se nosso vínculo de pertença a Ele e, nesse sentido, somos santos como Ele é santo.
O tema da santidade, por conseguinte, deve ser reconduzido à interpretação que Jesus dá da misericórdia de Deus e ao que, de tal imagem paterna deriva, como norma e caminho para a conduta do homem e sua pertença a Deus.
A santidade
Em vez de optarmos pela perfeição, podemos optar pela santidade e santidade está relacionada com compaixão, com misericórdia, com amor, com esse convite que Deus nos faz: "Sede santos porque Eu sou santo". Deus é amor e nisso consiste a santidade de Deus. Trata-se pois de abrir-se para o amor, dentro mesmo dessa nossa realidade de criaturas limitadas, frágeis, pecadoras, vasos de barro como diz São Paulo. Ora, essa capacidade de amar nos é dada por Deus, é um dom de Deus.
A santidade portanto me é dada por Deus e me é dada agora, imediatamente: sou amado por Deus, sem condições, agora, com todas as minhas imperfeições, pecados, fraquezas, debilidades, limitações, traumas... e esse amor de Deus sem condições, me torna capaz de amar agora, de fazer o bem agora, de servir agora, de ser santo agora, apesar de minhas imperfeições e fraquezas. A grande ilusão é pensar que só poderemos amar, servir, fazer o bem quando formos perfeitos. Somos santos agora e devemos amar agora embora sejamos também pecadores: somos uma Igreja pecadora e santa.
A santidade nunca é humilhada pelo pecado, porque a santidade é humilde. Somos humilhados quando pensamos ser alguém, quando nos colocamos num pedestal, quando nos julgamos melhores do que os outros... somos humildes quando aceitamos ser pobres, ser frágeis, limitados, pecadores, mas amados na nossa pobreza e fragilidade.
A santidade é recusa de deixar-se fechar no próprio pecado, é a capacidade de ultrapassar as próprias condenações porque um Outro nos acolhe e nos ama apesar de nosso pecado. A superação da auto-condenação está na entrega da vida a Deus, em saber-se amado como pecador porque pecadores seremos sempre até o fim da vida. Santidade é a certeza de não podermos salvar-nos a nós mesmos e acolher, na ação de graças, uma salvação que nos é oferecida gratuitamente por Deus que nos ama. A santidade nunca leva ao fechamento, antes se abre para Deus acolhendo sempre o seu perdão e abre-se para os outros no amor, no serviço e no dom. Santidade é a recusa de ser o seu próprio juiz, deixando o juízo para Alguém que nos ama e vela por nós com amor. A santidade liberta, é confiante, é alegre; leva-nos a passar da recusa e condenação de nós mesmos e dos outros para a descoberta de nós e dos outros.
Se a perfeição era colocada em termos de uma subida laboriosa de uma escada, a santidade pode ser também representada por esse símbolo da escada, somente que se trata agora de uma descida progressiva a caminho de uma radical humildade. De fato, se meditamos atentamente o evangelho, encontramos Jesus convidando continuamente seus discípulos a uma descida: quem quiser ser o primeiro, seja o último, o servidor de todos; quem se exalta será humilhado, quem se humilha será exaltado; se não vos tornardes como crianças não entrareis no Reino; felizes os pobres porque deles é o Reino...
Trata-se de um esvaziar-se progressivo de toda auto-suficiência e orgulho, de toda ambição de riquezas, de prestígio e projeção, de poder de dominação e opressão, no seguimento do Filho de Deus que "esvaziou-se a si mesmo tomando nossa condição humana". O orgulho fecha o homem sobre si e o impede de amar, de ser santo. A humildade é o reconhecimento pacífico da própria condição de criatura pecadora e frágil, mas amada por Deus, é a porta para a santidade, isto é, para poder amar os irmãos e irmãs pecadores e frágeis como somos amados embora pecadores e frágeis.
Permanecer aí, no fundo do templo, como o publicano da parábola, reconhecendo a própria pobreza, numa súplica permanente: "tem piedade de mim, Senhor, porque sou um pecador", celebrando a misericórdia de Deus para com todos os homens, é tornar-se vulnerável à dor, ao sofrimento, à falta de vida e de sentido de muitos irmãos no mundo, é começar a ter compaixão, misericórdia, é começar a amar, é caminhar para a santidade: "sede santos porque eu sou santo".
Contrariamente à perfeição que dialoga com um código, a santidade dialoga com Alguém, com o Pai, com Cristo, construindo-se nesse lugar privilegiado de liberdade aberta ao sopro do Espírito. O santo nunca se julga alguém infalível, antes é pobre e aceita ser fraco.
Contrariamente ao perfeccionista que pensa só poder ser amado se for digno, o santo aceita ser amado na indignidade, acolhe um amor que lhe é oferecido gratuitamente. Conseqüentemente não espera que os outros sejam dignos de seu amor para amá-los. Procura amá-los como Deus nos ama: é o amor gratuito que cria as condições de uma resposta.
Finalmente santidade é um combate, um afrontamento. Não é no fim da vida que se chega a santidade. Ela deve aparecer e aparece, de fato, em cada instante que passa, em cada pequeno ato de amor, de bondade, de compaixão, de abertura e acolhida do outro. Santidade não é um resultado que possa ser contabilizado, é antes uma tendência, uma superação diária, um esvaziamento progressivo de si. Santidade é um caminhar: um passo depois do outro.
Processo evolutivo: da busca da perfeição ao desejo da santidade.
Os autores do Novo Testamento e seus sucessores imediatos quando escreviam sobre o que chamamos "perfeição espiritual", ou "perfeição da vida cristã, queriam significar algo próximo do que chamamos "maturidade". Ora, só se amadurece usando tempo e experiência para aprender. O ponto crucial dessa aprendizagem é saber ouvir, é ter um ouvido atento primeiramente ao Evangelho, ouvindo Jesus que chama para segui-lo; em segundo lugar à tradição: o seguimento de Jesus ao longo dos séculos e finalmente, em terceiro lugar, ao próprio coração, isto é, à própria experiência como ser humano.
Nossa vida humana e espiritual avança não tanto através de cortes, de saltos bruscos, mas de um processo, com freqüência imperceptível aos nossos próprios olhos: quando nos damos conta, algo está mudado dentro de nós. Cotejando a experiência de muitas pessoas em sua caminhada espiritual, podemos descobrir um processo evolutivo que existencialmente poderíamos descrever como uma trajetória não igual para todos, mas com certas semelhanças.
As primeiras etapas na vida espiritual costumam caracterizar-se pela experiência de uma forte atração de Deus sobre a pessoa e pela presença de grandes consolações espirituais. Diante de tal generosidade divina, a pessoa, sobretudo se é jovem, sente-se desafiada em sua generosidade e deseja responder a tanto amor recebido gratuitamente: "Se Deus é generoso para comigo, devo ser generoso para com Deus". Esta generosidade primeira é freqüentemente interpretada em termos de perfeição: devo eliminar vícios, falhas, fraquezas, pecados... para responder e agradar a Deus.
O jovem lança-se então a subir a escada da perfeição, num esforço louvável e tenaz, mas nesse esforço conta muito consegue e pouco com Deus: confia em si, na sua generosidade, no seu esforço, no seu idealismo, na sua força de vontade. Nessa tentativa mescla-se uma forte dose de vontade de poder e, sobretudo, um orgulho sutil, que na sua sutileza não é percebido. Esta fase do esforço voluntarista centrado em si pode ter a duração de oito a quinze anos, dependendo do nível de profundidade da oração pessoal.
Em seguida, a pessoa começa a perceber pouco a pouco que estacionou, que não avança mais, que o carro não consegue mais subir a ladeira da perfeição, está derrapando. Entra-se progressivamente numa série de crises, de falhas, de quedas que aparecem sobretudo como fracassos no ideal proposto. Há uma sensação vaga de que os fundamentos da casa estão abalados. Problemas inconscientes não suficientemente trabalhados anteriormente, emergem agora com violência, exigindo gratificações. A experiência concreta se manifesta no aparecimento de paixões de todos os tipos que a pessoa julgava já ter domado definitivamente no passado: agora reanimam-se subitamente com força redobrada e experimenta-se a própria pobreza e fraqueza. Aos poucos chega-se a uma verificação: não só os fundamentos da casa estão abalados, a casa toda está em ruínas, "estava construída sobre a areia".
Há um período de angústia profunda, que não pode ser evitado, uma sensação de cansaço na luta, de não saber por onde recomeçar porque a pessoa sabe que não pode mais fazer uso do dinamismo gasto de sua vontade: a garra, o fogo, o idealismo da juventude, que acreditava superar tudo com a força de vontade, esgotou-se, acabou. E então?
Há duas saídas possíveis para esta crise: uma é a do desânimo e do abandono: "a santidade não é para mim". Outra é a busca de uma saída em Deus: voltar-se para uma oração simples, de súplica humilde: "tem compaixão de mim, Senhor, porque sou um pecador", "do fundo do abismo clamo por ti, Senhor", "mais do que o vigia, espero pela aurora"... esperando a iniciativa de Deus. Trata-se agora de iniciar a descida da escada rumo à humildade radical. A verificação da própria indigência já é o início dessa descida, uma descida cheia de esperança, expectativa e confiança no amor, na graça, na salvação que vem de Deus. "O Senhor está próximo de todos os que o invocam, dos que o invocam na verdade". A súplica que brota do reconhecimento da própria pobreza, é sempre verdadeira. O lugar mesmo onde a busca da perfeição fracassa, pode ser o ponto de partida da estrada da santidade.
Conclusão
De um lado a busca, o esforço humano, a vida ascética, de outro a graça, o dom de Deus, o amor gratuito e transformante, a vida mística: atividade e passividade. Estas duas dimensões estão presentes em nossa experiência espiritual, mas em equilíbrio instável: por vezes nos perguntamos se não estamos contando unicamente com nosso esforço, nosso compromisso, nossa força de vontade e esperando pouco ou nada de Deus; outras vezes teremos a impressão de estarmos esperando tudo de Deus, passivamente, sem nada fazermos para procurá-lo. Gostaríamos de ver com clareza onde estamos e se estamos no caminho certo. Essa clareza nem sempre é possível. O que é possível é continuar avançando, sem ver claro, a partir do ponto aonde chegamos.
Santo Inácio percebe com clareza que a santidade é esse dom de Deus que transforma a criatura e a torna capaz de "em tudo amar e servir". Percebe também que há muitas desordens no ser humano que o impedem de acolher o dom santificador de Deus e por isso vai empenhar-se em fornecer meios e instrumentos para ordenar a própria vida e assim dispor-se para acolher o dom. Inácio está convencido de que o que transforma e santifica o ser humano é a graça, o dom, o amor de Deus, mas que é necessário uma busca, um esforço, uma ascese de nossa parte, que tem como única finalidade dispor-nos para acolher o dom e não conquistar, merecer a graça. O dom é gratuito, está à nossa disposição, mas há indisposições em nós para acolhê-lo, indisposições que Inácio vai chamar com vários nomes: cobiça de riquezas, honra vã do mundo, soberba, amor próprio, sensualidade, amor carnal e mundano, afeições desordenadas, pecados... Tudo isto está em nós e nos atrapalha, cria obstáculos à acolhida do dom de Deus.
Os Exercícios Espirituais são conhecidos como uma experiência em que a busca generosa de ordenação da própria vida no horizonte de Jesus Cristo, abre para a acolhida do dom transformante de Deus e conseqüentemente para a santidade, isto é, para em tudo amar e servir. "Cada qual esteja convencido de que tanto mais progredirá em todas as coisas espirituais, quanto mais sair de seu amor próprio, querer e interesse" (EE 189). Esse sair do amor próprio, do próprio querer e interesse tem como objetivo acolher um outro amor, um outro querer, isto é, a vontade de Deus, e um outro interesse, a saber, os interesses do Reino e dos outros. Esse sair implica uma missão: somos enviados e revestidos de uma capacidade de amar que não vem de nós, porque somos e seremos sempre vasos de argila, vasos de barro bem frágeis e quebradiços, mas dentro desse barro carregamos um tesouro, o amor de Deus derramado em nossos corações. Esse amor nos santifica, nos torna capazes de realmente "em tudo amar e servir".
Terminemos com uma página de rara beleza sobre a pureza do coração e conseqüentemente sobre a santidade, que se encontra no livro Sabedoria de um pobre, de Elói Leclerc (Editorial Franciscana, Braga, 1975, pp.137-140).
"... Depois de um momento de silêncio, Francisco perguntou a Leão: Irmão, sabes acaso o que é a pureza de coração? - É não termos falta alguma de que nos acusemos, respondeu Leão sem hesitar. - Então compreendo a tua tristeza, disse Francisco, porque temos sempre alguma coisa de que nos acusar. - Sim, concordou Leão, e é precisamente isso que faz com que eu perca a esperança de chegar um dia à pureza de coração.
Ah! Frei Leão, acredita-me, retorquiu Francisco, não te preocupes tanto com a pureza de tua alma. Volta o olhar para Deus. Regozija-te por Ele ser todo santidade. Dá-lhe graças por causa dele mesmo. Isso é que é, irmãozinho, ter o coração puro. E quando estiveres voltado para Deus, não voltes a debruçar-te sobre ti. Não perguntes a ti próprio em que ponto estás em relação a Deus. A tristeza de não sermos perfeitos, de nos descobrirmos pecadores é, ainda, um sentimento humano, demasiadamente humano. É preciso que eleves o teu olhar mais alto, muito mais alto. Há Deus, a imensidade de Deus e o seu inalterável esplendor. O coração puro é aquele que não cessa de adorar o Senhor vivo e verdadeiro; o que toma um interesse profundo pela própria vida de Deus e é capaz, no meio de todas as suas misérias, de vibrar com a eterna inocência e a eterna alegria de Deus. Semelhante coração é, há um tempo, despojado e cumulado. Basta-lhe que Deus seja Deus. É mesmo nisso que ele encontra toda a sua paz, todo o seu amor. E então, é o próprio Deus que é toda a sua santidade.
Deus, no entanto, exige o nosso esforço e a nossa fidelidade, observou Leão.
Sim, sem dúvida, respondeu Francisco. Mas a santidade não é uma realização do nosso eu, nem uma plenitude que nos damos a nós mesmos. Acima de tudo ela é um vazio que descobrimos em nós, que aceitamos e que Deus vem encher na medida em que nos abrimos à sua plenitude. O nosso nada, compreendes, quando é aceito, transforma-se no espaço vazio onde Deus pode, ainda, criar. O Senhor não deixa que ninguém lhe roube a sua glória. Ele é o Senhor, o único, o Santo. Toma, porém o pobre pela mão, tira-o da lama e fá-lo sentar no meio dos príncipes do seu povo a fim de que ele veja a sua glória. Deus torna-se, então o céu da sua alma.
Contemplar a glória de Deus, Frei Leão, descobrir que Deus é Deus, eternamente Deus para além do que nós somos ou possamos ser, alegrar-se, em cheio, com aquilo que Ele é, extasiar-se diante de sua eterna juventude e dar-lhe graças por causa da sua indefectível misericórdia, eis a exigência mais profunda desse amor que o espírito do Senhor não cessa de derramar em nossos corações. Ter o coração puro é isto. Mas esta pureza não se obtém à força de punhos e de tensão.
Que fazer para a alcançar? perguntou Leão.
Basta simplesmente nada guardar para si. Nem sequer essa percepção aguda da nossa miséria. Desprender-se de tudo. Aceitar ser pobre. Renunciar a tudo o que é pesado, inclusive ao peso das nossas faltas. Já não ver senão a glória do Senhor e deixar-se iluminar por ela. Deus é, isto basta. O coração como a cotovia ébria de espaço e de azul abandonou todo e qualquer cuidado, toda e qualquer inquietação. O seu desejo de perfeição mudou-se num simples e puro querer de Deus.
Leão escutava com ar grave, enquanto ia caminhando adiante de seu pai. Porém, à medida que avançava, sentia que o coração se lhe tornava leve e que uma grande paz o invadia".
Este artigo faz parte da Revista Itaici 18













segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Oração


 Cheirar a Deus

Um jovem perguntou ao mestre: “O que é rezar?’ e o mestre respondeu: “Rezar é experimentar Deus!”
Ficou do mesmo jeito, na cabeça do jovem... e aí ele perguntou: “E o que é experimentar Deus?” E o mestre explicou: “Experimentar Deus é cheirar a Deus!”
Piorou! O nó se apertou na cabeça do jovem... e ele ousou ainda perguntar: “Mas.... o que é cheirar a Deus?
E, foi então que o mestre contou uma parábola:
“Um dia, Deus se aproximou de uma pessoa e deu para ela um pequeno vidro, contendo a sua divindade, a sua Graça. A pessoa ficou encantada! Naquele vidro, em suas mãos, ela tinha a divindade, a Graça de Deus, o próprio Deus! Ela quase não podia acreditar... e suas mãos quase não conseguiam tocar aquela preciosidade! Correu para casa, arrumou um fio de ouro, pendurou nele o vidro sagrado e o colocou religiosamente no pescoço, como um adorno poderoso que poderia ostentar por onde andasse.
Aconteceu depois que Deus ofereceu outro vidro igual a uma outra pessoa. Também ela ficou extasiada e seu coração não podia conter a sensação profunda de estar tocando a essência de Deus em suas mãos! Correu para casa e preparou um altar de rara beleza, ornou-o de pedras preciosas e quadros valiosos, acendeu velas e incenso, para que aquele vidro que continha o próprio Deus pudesse ser adorado.
O mesmo vidro foi oferecido por Deus a outra pessoa. O fascínio foi tão grande, que esta terceira pessoa não agüentou de curiosidade e a sua ansiedade a fez correr para o laboratório e aí ficou analisando aquele vidro, refletindo, tirando conclusões e elaborando discursos a respeito da natureza do vidro que continha o próprio Deus.
Uma quarta pessoa foi presenteada por Deus com um vidro igual. Também esta pessoa ficou seduzida e fascinada pelo mistério que estava tocando... mas logo, esta quarta pessoa abriu o vidro, derramou-o na sua cabeça, respirou fundo sentindo o perfume que se derramava sobre ela... e saiu por aí, espalhando aquele perfume por onde passava”.
Cheirar Deus e cheirar a Deus. Respirar o mistério de Deus, saborear sua presença... e sair por aí espalhando o cheiro de Deus, na vida das pessoas e no mundo...
É isso a oração: Cheirar Deus! E é para isso a oração: para que, inebriados pelo cheiro de Deus que sua presença experimentada em nós derramou, possamos andar por aí cheirando a Deus!
Quem reza, cheira Deus e cheira a Deus. Buscamos a experiência de Deus não apenas para nos deliciarmos bebendo seu perfume, mas para que depois possamos espalhar seu perfume pelo mundo aonde vamos. Não cheiramos Deus para ficar com seu perfume. Cheiramos Deus para cheirar a Deus!
Mas, sabemos que nunca poderemos cheirar a Deus, se não cheiramos Deus!
(Do Livro: Meditação Cristã - Domingos Cunha, CSh )


sábado, 27 de outubro de 2012

Homilia dominical - 28 de outubro de 2012

"Quero ver de novo"
               
Nos momentos de trevas em nossa vida,
a Palavra de Deus é sempre uma Luz,
que ilumina a nossa caminhada na fé.

Na 1ª Leitura, Jeremias anuncia um sinal de  luz  
para o povo sofrido, que vivia nas trevas do exílio:
"Coxos e cegos, mulheres grávidas e que deram à luz" retornam à pátria,
guiados por Deus, que cuida deles com cuidados de pai. (Jr 31,7-9)
- É um apelo à esperança e confiança em Deus.

A 2ª Leitura destaca que Jesus é o Sumo Sacerdote,
mediador entre Deus e a Humanidade. (Hb 5,1-6)

No Evangelho, Jesus dá a um cego a luz da visão e da fé. (Mc 10,46-52)

O núcleo central do evangelho de Marcos, que refletimos nesse ano,
é uma caminhada de Jesus para Jerusalém, onde será morto e ressuscitará.
No texto de hoje, temos o último Milagre e última Catequese de Jesus, encerrando sua caminhada para Jerusalém.  

Os APÓSTOLOS estavam "cegos" e necessitavam de "Luz":
aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a cruz.

- Perto de Jericó, um cego, sentado "à beira da estrada",
informou-se de que Jesus estava passando e gritou por socorro:
"Filho de Davi, tem piedade de mim". ("Filho de Davi": título messiânico)
- CRISTO parou e chamou-o.
- O cego jogou longe o manto e as moedas, e "saltou" ao encontro de Jesus.
- Cristo tomou a iniciativa: "O que você está querendo?"
- "Mestre, eu quero ver de novo", respondeu o cego.
- E Jesus afirmou: "Vai, a tua fé te salvou".
- E o cego, duplamente "iluminado" por Cristo,
   tornou-se um seguidor de Jesus no caminho a Jerusalém.

Esse episódio, mais do que uma crônica, é uma CATEQUESE BATISMAL:
   - JESUS se manifesta, passa pelo caminho do cego...
   - O CEGO não vê, mas percebe a presença do Senhor e acolhe o convite...
   - Trava-se o diálogo...
   - O cego recebe a visão da fé e segue Jesus pelo caminho até o Calvário.

+ Quem era o cego Bartimeu?
Um cego, à beira do caminho, marginalizado como tantos ainda hoje...
O encontro aconteceu "ao longo do CAMINHO". ("Caminho": cristianismo)
O cego não estava no caminho, estava à margem da religião e da vida.
No final, também Bartimeu seguiu Jesus "no caminho".

* A Cura de Bartimeu é mais do que a história de um cego...
   É o caminho da FÉ, dos que querem VER e SEGUIR Jesus.
+ O que faz o cego?

- Está atento à passagem de Cristo...
- Toma consciência de sua situação e decide sair dela.
- Supera o medo, a vergonha, começa a gritar, pede ajuda:
- Não desanima diante das contrariedades, continua procurando a Luz…
  mesmo quando o povo manda que se cale…
- E quando Jesus o chama: dá um pulo, joga o manto para longe e
  corre ao encontro daquele que podia restituir a vista.
- Saiu da margem do caminho e se pôs no caminho com o Mestre.

* Joga fora o Manto, em que recolhia as esmolas...
   Para o pobre mendigo, o manto era a sua riqueza, a sua casa, o seu abrigo.
- Quais são os obstáculos que impedem tanta gente, que quer enxergar,
  de se aproximar mais de Cristo e de sua Igreja?
  Talvez as nossas discórdias internas, a falta de unidade dos cristãos,
  talvez uma falta de acolhimento, também uma linguagem complicada,
  talvez um chamado mais carinhoso?

* Dá um "Salto" ao encontro de Jesus:
   É um gesto significativo "pular" para um cego que "não vê"...
   Mas Bartimeu entendeu que Cristo podia curá-lo.
   Por isso, jogou o manto, deu um "Pulo" e se aproximou de Jesus.

+ Que tipos de pessoas o cego encontra?
- Uns atrapalham: tentam abafar o seu grito... mandam que se cale...
- Outros ajudam, animam: "Coragem, ele TE CHAMA..."
- Jesus ESCUTA o grito sofrido e confiante do cego, PÁRA e LIBERTA:
  Da margem, Jesus o coloca no centro do caminho.
    a luz da VISÃO e a luz da .

+ E Nós o que podemos fazer?

 1) Descobrir as nossas cegueiras:
     Cegos são todos os que "não vêem" no seu coração as coisas importantes,
      não reconhecem a presença e o amor de Deus e vivem na escuridão.
      - Quais são as nossas cegueiras, que devemos apresentar a Cristo,
        para que ele nos cure e nos dê a verdadeira Luz?

2) Perseverar na Oração como Bartimeu.
    - Somos pacientes e perseverantes na oração?

3) Seguir Jesus no Caminho:
   Na Igreja primitiva, "o Caminho" significava o cristianismo.
   Os "seguidores do Caminho" eram os cristãos.
   O cego curado seguiu Jesus pelo caminho, tornou-se um "Discípulo".
   Para ser "Discípulo" precisa querer VER e decidir CAMINHAR.
   Não basta a euforia do primeiro encontro.

Façamos nossa, a oração do cego: "Mestre, eu quero ver de novo!…"

                                                Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 28.10.2012

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Família


FAMÍLIA, A COLMÉIA DO MUNDO


Você já se deu conta de que em uma colméia, com mais de 70 mil abelhas, tudo segue uma rigorosa disciplina e que cada abelha exerce uma função. As operárias são as que alimentam as larvas, cuidam da colméia, trazem comida para todos os habitantes da comunidade.
Elas começam como faxineiras, limpando as células onde estão os ovos,
depois produzem a geléia real que serve para alimentar as abelhas mais jovens e a rainha.
Também trabalham como babás alimentando as abelhinhas mais crescidas com pólen e mel.
Ainda jovens elas se tornam construtoras e começam a produzir cera, que lhes permite construir e remendar as células da colméia.
A tarefa da rainha é botar ovos, dos quais sairão novas operárias, os zangões e as futuras rainhas.
Tudo na colméia reflete ordem e equilíbrio.
Imagine a sua família como uma colméia racional.
Cada um tem sua tarefa a cumprir, visando o crescimento da pequena coletividade, como exige o lar.
E todos são importantes no desempenho do grupo doméstico.
E na família que se exercita a cooperação, a união, a amizade, o respeito e a educação.
Se na colméia familiar reinar o amor, conseguiremos com certeza ter elementos para uma atuação segura, verdadeiramente cristã, junto à família, a colméia do mundo.

Maria Santíssima

MARIA- MÃE DE DEUS
- No seio de Maria o Filho de Deus. Maria é esta mulher, cheia de graça, que gera a vida e a doa ao mundo, com os braços abertos entrega Jesus como Salvador do mundo: “E, entrando o anjo onde ela estava disse: Ave, cheia de graça o Senhor é contigo”. Lc 1,28.

- O forte vermelho de suas vestes faz memória da ação do Espírito Santo na vida de Maria.” Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”.Lc 1,35. Maria deixa-se conduzir pelo Espírito Santo de Deus. Toda a sua vida, alegrias e sofrimentos, é o caminho abraçado fielmente no desejo de viver o projeto de Deus e de se dispor à sua ação.

- As velas acesas e os desenhos na veste de Jesus expressam a luz divina no evento Jesus Cristo:” Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida”.Jo 8,12. Aproximar-se de Jesus é aproximar-se da luz, assim Ele ilumina, com sua vida concreta, toda a vida da humanidade.

- Na tradição iconográfica as três estrelas em Maria ( cabeça e ombros ) significa sua santificação pela Trindade, foi virgem antes, durante e depois do parto. Compreendo aqui sua virgindade como Dom de Deus, graça acolhida, que vai muito além de sua sexualidade. Poderíamos compreender estas três estrelas também como a fidelidade assídua de Maria ao Projeto de Deus ( Pai, Filho e Espírito Santo). “Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela”.Lc 1,38.

- Maria tem seus braços e mãos elevados e em gesto de louvação, bendizendo a Deus por todas as maravilhas realizadas em sua vida e na história da humanidade. “Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador”;Lc 1, 46-47. Maria louva e bendiz a Deus pela vida de Jesus, sua encarnação e a salvação que vem de Deus.

- Jesus, na mão direita, sinala com seus dois dedos, sua divindade e sua humanidade. Isso mesmo, verdadeiramente homem e Deus, o maravilhoso mistério de sua encarnação. “ E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.” Jo 1,14.
- Jesus na outra mão, na mão esquerda, segura o Projeto do Pai, assume a sua missão completamente:” Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto e o meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.” Jo 5,30.

Renato,SJ

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Maria Santíissima

MARIA – MÃE DA ESPERANÇA
- O ser humano é o ser da esperança. Perder esperança é perder a própria vida, acredito que seria dificílimo, ou até impossível, viver sem esperança. Maria professa com a vida sua crença no Deus da Esperança, no Deus da Vida.
“ e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Rm 5,5.

- Na tradição iconográfica as três estrelas em Maria ( cabeça e ombros ) significa sua santificação pela Trindade, foi virgem antes, durante e depois do parto. Compreendo aqui sua virgindade como Dom de Deus, graça acolhida, que vai muito além de sua sexualidade. Poderíamos compreender estas três estrelas também como a fidelidade assídua de Maria ao Projeto de Deus ( Pai, Filho e Espírito Santo). “Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela”.Lc 1,38.

- A veste branca de Jesus expressa sua filiação divina,”Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” Mt 17,5., sua comunhão com o Projeto do Pai, mas os detalhes em tons de verde de sua veste revelam sua humanidade, é filho de Maria e de José, Jesus encarnado em sua cultura, em sua região, na realidade de seu povo.

- As mãos de Maria seguram o filho Jesus, gesto que simboliza toda a aceitação, a acolhida de Maria a missão que Deus lhe confia: “ Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela” .Lc 1,38.

- Jesus de braços abertos para acolher toda a humanidade. Seu Projeto de Vida é para todos, sem distinção, mas também traça assim a cruz, está pronto para enfrentar todas as conseqüências de seu agir. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.Jo 15,13

- As velas acesas, como também a veste branca de Jesus, simbolizam a luz de Jesus ao mundo.” Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. Jo 1,4

- Os traços indígenas das pessoas( cabelo, cor morena da pele, auréola de Maria) dizem da presença de Deus em todas as culturas, querem dizer a necessidade da inculturação em todo caminho de evangelização. “Pois a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo”.Jo 1,9.

- A janela aberta revela o processo de abertura da vida de Jesus. A salvação acontece nesta família de Nazaré e se estende a toda a humanidade. “Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida”. Jo 8,12.

Renato,SJ

domingo, 21 de outubro de 2012

Formação humana

Muitas pessoas justificam a sua baixa autoestima culpando os outros que não os entendem e achando uma série de razões externas. Não são capazes de admitir a sua própria fraqueza e deficiência e encontram sempre um bode expiatório. Para muitos é a esposa, para outros é marido, tem aqueles que acusam o chefe, outros ainda o ambiente exterior e ali vai uma ladainha de coisas para neutralizar a sua responsabilidade.
A autoestima é uma experiência interna que se manifesta socialmente. Eu reflito para fora aquilo que se manifesta no meu interior. Se eu estou integrado por dentro, agindo por mim mesmo, assumindo a vida nas próprias mãos, tendo consciência daquilo que faço e porque faço, é claro que isso se perceberá no meu jeito de ser e de viver. Quando as pessoas perguntam como eu estou, eu costumo responder: ‘do jeito que você está me vendo’. E isso é tão verdade, que o meu físico não mente, se eu realmente souber observá-lo. Ele é a mais pura manifestação do meu interior.
Existem dois tipos de pessoas que tentam enganar o seu interior, através de suas atitudes nem sempre muito claras. A principio parece que estão bem, aparentam uma coisa, mas vivem e sentem uma outra coisa totalmente diferente. Vou utilizar a imagem de duas aves para demonstrar como elas escondem, ou tentam esconder a sua realidade interna.
Em primeiro lugar, as pessoas com a imagem de avestruz. Essas pessoas aparentam humildade, mas o que vivem na verdade é uma enorme baixa autoestima. Se escondem debaixo da terra, para não ver os problemas. Essa atitude é uma negação dos gatos, da realidade, daquilo que está acontecendo ao seu redor. Elas preferem não falar sobre o assunto, como se ele não tivesse nenhuma importância, mas na verdade elas não tem coragem de olhá-lo de frente e por isso o negam. É uma atitude de pessoas fracas, que diante dos problemas silenciam, se escondem negando a realidade dolorosa. Preferem dizer que está tudo bem, que isso vai passar, que bastante reza vai ajudar na solução, mas tudo isso são claros sinais de negação. A pessoa avestruz nega um problema, não admite uma situação dolorosa e difícil. Eu sempre digo que o nosso mundo está cheio de avestruzes, incapazes de olhar a verdade de frente. É mãe que quer proteger o seu filho errado; a esposa que encobre os erros de seu marido; a Igreja que nega os erros de seus padres e assim por diante. Isso é uma enorme ilusão, porque somente olhando os problemas de frente, sem fugir deles, é que poderemos encontrar uma solução, uma saída.
Outro tipo de pessoa com atitude de baixa autoestima é a imagem do ganso. Ele sempre anda com o pescoço erguido, como se fosse o todo poderoso. No fundo, é uma defesa contra algo que possa agredi-lo ou feri-lo. A pessoa avestruz sempre anda com a cabeça alta, como se estivesse se protegendo contra os outros. É aquele tipo de pessoa que sempre sabe tudo, que conhece mais que os outros, comumente chamado de nariz empinado. É exatamente o contrário do avestruz, pois se esse se esconde para não ver os problemas, o ganso anda sempre com um olhar de soberba, de auto-suficiência, diminuindo o outro. Esse parece que não tem nada a aprender com as pessoas, pois sabe tudo, conhece tudo, e sempre está disposto a criticar e rebaixar os outros. Essa sua atitude demonstra o seu grande complexo de superioridade, que no fundo é uma defesa, para esconder o seu vazio interior e seus enormes distúrbios interiores. Muitos dizem que essa pessoa tem autoestima demais, o que é absolutamente incorreto.
Devemos buscar sempre o equilíbrio, nem ganso e nem avestruz; nem se diminuir e nem se exaltar demais. Ambas as atitudes demonstram a baixa autoestima.
Dr. Pe. André Marmilicz


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Liturgia dominical - 21 de outubro de 2012

Partilha tua Fé

No mês de outubro, a Igreja intensifica as atividades
para despertar a consciência e a vida Missionária.
Hoje, promove também a coleta mundial para as Missões,
para atividades de promoção humana e evangelização, sobretudo onde as necessidades materiais são mais urgentes.

As Leituras bíblicas e a Mensagem do Papa motivam essa realidade:

A 1a Leitura apresenta o "Servo de Javé". (Is 53,10-11)

Isaías apresenta o Messias como uma pessoa insignificante e desprezada
pelos homens, através do qual se revela a vida e a salvação de Deus.
O Messias não será um rei de grande poder, mas um humilde "servo sofredor".
Cristo, o grande Missionário do Pai,
"não veio para ser servido, mas PARA SERVIR".  

Na 2ª Leitura, Paulo afirma que Cristo foi para nós um grande Sacerdote,
mediador entre Deus e os homens, que resgatou com sua morte na cruz e continua intercedendo por nós junto ao Pai. (He 4,14-16)

No Evangelho, Jesus educa para a Missão os seus apóstolos,
ainda impregnados pelos falsos conceitos de grandeza da época. (Mc 10,35-45)

- Jesus continua sua caminhada para Jerusalém e,
  na sua catequese, faz o 3º Anúncio da Paixão.
- Dois discípulos íntimos de Jesus lhe fazem uma pergunta estranha:
   "Mestre, faça que nos sentemos um à tua direita e
    outro à tua esquerda, na tua glória".
- Os demais Apóstolos reagem indignados,
  pois todos eles tinham as mesmas pretensões.
- A resposta de Jesus foi taxativa: "Não sabeis o que pedis…"

* A procura dos primeiros lugares pelos dois irmãos,
e a indignação dos outros dez apóstolos
revelam muito bem a mentalidade dos discípulos,
que alimentavam sonhos pessoais de grandeza, de ambição e de poder.

Jesus convida os discípulos a não se deixarem levar por sonhos
de ambição, de grandeza, de poder e domínio,
mas a fazerem de sua vida um dom de amor e de "serviço".
- E Jesus apresenta seu exemplo:
"O Filho do homem não veio para ser servido,
mas para SERVIR e dar a sua vida em resgate de muitos.


Mensagem do Papa: «Chamados a fazer brilhar a Palavra da verdade».
Neste ano, a celebração do Dia Mundial das Missões reveste-se dum significado muito particular. A ocorrência do cinqüentenário do início do Concílio Vaticano II, a abertura do Ano da Fé e o Sínodo dos Bispos cujo tema é a nova evangelização concorrem para reafirmar a vontade da Igreja se empenhar, com maior coragem e ardor, na missão, para que o Evangelho chegue até aos últimos confins da terra.

Eclesiologia missionária: «Os homens, à espera de Cristo, constituem ainda um número imenso»... «Não podemos ficar tranqüilos, ao pensar nos milhões de irmãos, que ignoram ainda o amor de Deus»... Cristo «hoje, como outrora, envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra». E esta proclamação «não é para a Igreja uma contribuição facultativa: é um dever que lhe incumbe, por mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens possam acreditar e ser salvos. Por conseguinte, temos necessidade de reaver o mesmo ímpeto apostólico das primeiras comunidades cristãs, que, apesar de pequenas e indefesas, foram capazes, com o anúncio e o testemunho, de difundir o Evangelho por todo o mundo conhecido de então.

A prioridade da evangelização: Também hoje a missão ad gentes deve ser o horizonte constante e o paradigma de toda a atividade eclesial, porque a própria identidade da Igreja é constituída pela fé no Mistério de Deus, que se revelou
em Cristo para nos dar a salvação, e pela missão de O testemunhar e anunciar
ao mundo até ao seu regresso.

Fé e anúncio: O anseio de anunciar Cristo impele-nos também a ler a história para nela vislumbrarmos os problemas, aspirações e esperanças da humanidade que Cristo deve sanar, purificar e plenificar com a sua presença. De fato, a sua Mensagem é sempre atual, e é capaz de dar resposta às inquietações mais profundas de cada homem... Isto exige, antes de mais, uma renovada adesão de fé pessoal e comunitária ao Evangelho de Jesus Cristo. Com efeito, um dos obstáculos ao ímpeto da evangelização é a crise de fé, patente não apenas no mundo ocidental mas também em grande parte da humanidade, que no entanto tem fome e sede de Deus e deve ser convidada e guiada para o pão da vida e a água viva, como a Samaritana que vai ao poço de Jacob e fala com Cristo. (Jo 4, 1-30.

O anúncio faz-se caridade: «Ai de mim, se eu não evangelizar!»: dizia o apóstolo Paulo (1 Cor 9, 16). Esta frase ressoa, com força, aos ouvidos de cada cristão e de cada comunidade cristã em todos os Continentes. Mesmo nas Igrejas dos territórios de missão, Igrejas em grande parte jovens e freqüentemente de recente fundação, já se tornou uma dimensão conatural a missionariedade, apesar de elas mesmas precisarem ainda de missionários.
Queridos irmãos, invoco sobre a obra de evangelização ad gentes, e de modo particular sobre os seus obreiros, a efusão do Espírito Santo, para que a Graça de Deus a faça avançar mais decididamente na história do mundo. Apraz-me rezar assim com o Beato John Henry Newman: «Acompanhai, Senhor, os vossos missionários nas terras a evangelizar, colocai as palavras certas nos seus lábios, tornai frutuosa a sua fadiga». Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja e Estrela da Evangelização, acompanhe todos os missionários do Evangelho.

                                              Pe, Antônio Geraldo Dalla Costa -21.10.2012
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