Teológico Pastoral

Teológico Pastoral

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Novena do Coração de Jesus

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
NOVENA EM PREPARAÇÃO
TEMA GERAL: O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E A MISERICÓRDIA DIVINA
1º dia: Tema: O abraço da misericórdia de Deus
Invocação ao Espírito Santo
Introdução: Queridas Irmãs, com grande alegria, iniciamos hoje a novena em preparação à solenidade do Coração de Jesus, nosso Patrono, centro e inspiração de toda pessoa. E nossa alegria se apoia também no momento histórico que vive nossa Igreja, nosso Instituto e, cada uma de nós: É o Jubileu Extraordinário da Misericórdia; Estamos nos preparando para celebrar o 17º Capítulo Geral que tem como tema “Reavivar no mundo a chama da misericórdia de Cristo”.  Estes dias de oração se apoiam neste grande contexto do Amor Misericordioso do nosso Deus. Seja Ele nossa Luz, Guia e Forte Inspirador em toda a nossa vida!
A Misericórdia de Deus! Como é bela essa realidade da fé para a nossa vida! Como é grande e profundo o amor de Deus por nós! É um amor que não falha, que sempre segura a nossa mão, nos sustenta, levanta e guia!” (Papa Francisco).
Na grande graça do “Jubileu Extraordinário da Misericórdia”, voltamo-nos para o Coração de Jesus, o Rosto da Misericórdia, nesta preparação de sua solenidade, para sempre mais a Ele nos unirmos e mais profundamente nos associarmos aos seus sentimentos e ações, neste momento histórico de nossas vidas. Que Ele nos inflame sempre mais do seu infinito amor.
Voz 1 – “Precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, de serenidade e de paz. É condição da nossa salvação“. Contemplar a misericórdia significa vê-la impressa no rosto de Cristo, que está vivo e realmente presente no mistério da santíssima Eucaristia.
Voz 2 – Cada vez que a Igreja celebra os sacramentos, não faz mais que tornar sempre viva e presente a misericórdia do Pai, que age através do Filho e transforma o coração dos inquietos, e a matéria dos sacramentos em graça eficaz para a nossa salvação. A obra da graça do Espírito Santo, com o poder transformador da sua ação, torna forte o que é fraco.
Voz 3 – Na Bula Misericordiae Vultus, o Papa Francisco nos lembra: “Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai” (MV,3). Contemplar o Coração do Filho é um momento privilegiado para poder descobrir e deixar-se fascinar pelo rosto misericordioso do Pai.
Voz 4 – No Evangelho de São João, o apóstolo Tomé experimenta precisamente a misericórdia de Deus, que tem um rosto concreto: o de Jesus, de Jesus Ressuscitado. Tomé não confia nos demais apóstolos, quando lhe dizem: ”Vimos o Senhor”; para ele, não é suficiente a promessa de Jesus que havia anunciado: no terceiro dia ressuscitarei. Tomé quer ver, quer colocar a mão no sinal dos cravos e no peito.
Voz 5 – Como reage Jesus? Com a paciência. Jesus não abandona Tomé relutante na sua incredulidade; dá-lhe uma semana de tempo, não fecha a porta, espera. E Tomé acaba por reconhecer sua própria pobreza, sua pouca fé. “Meu Senhor e meu Deu” – Com essa invocação simples, mas cheia de fé, responde à paciência de Jesus. Deixa-se envolver pela misericórdia divina, vê-a a sua frente, nas feridas das mãos, dos pés e do lado aberto, e readquire a confiança: é um homem novo, já não incrédulo, mas crente.
Leitura – João 20, 19-28 – Momento de reflexão.
Podemos rezar o Salmo 25:
A ti, Senhor, minha alma se eleva. / Meu Deus, em ti ponho minha confiança, que eu não fique decepcionado. / Que meus inimigos não cantem vitória sobre mim. / pois aqueles que em ti confiam não ficam decepcionados. /  ( ... ) Faze-me conhecer, Senhor, os teus caminhos/, ensina-me as tuas estradas  ...) Ensina-me que tu és o meu Deus e o meu Salvador. / Em ti espero todos os dias / Lembra-te, Senhor, da tua compaixão e da tua lealdade, pois elas duram para sempre. ( ...)









2º dia: tema:  O Rosto da  Misericórdia – Jesus
Invocação ao Espírito Santo
Introdução: A solenidade da festa do Coração de Jesus designa o próprio mistério de Cristo, a totalidade do seu ser, a sua pessoa considerada no núcleo mais íntimo e essencial: o Filho de Deus, sabedoria incriada, princípio de salvação e de santificação para toda a comunidade. O Coração de Jesus é Cristo, Verbo encarnado e Salvador, intrinsicamente voltado, no Espírito, com infinito amor divino-humano para o Pai e para os homens, seus irmãos.
Voz 1 – Contemplando o Rosto da Misericórdia, recordemos o caso de Pedro: por três vezes renega Jesus, precisamente quando Lhe devia estar mais unido. E quando chega ao fundo, encontra o olhar de Jesus que, com paciência e sem palavras lhe diz: “Pedro, não tenhas medo da tua fraqueza, confia em Mim”. E Pedro compreende, sente o olhar amoroso de Jesus e chora... Como é belo esse olhar de Jesus! Quanta ternura! Que jamais percamos a confiança na paciente misericórdia de Deus!
Voz 2 – Continuemos nossa oração e, voltemo-nos para os discípulos de Emaús: o rosto triste, passos vazios, sem esperança. Mas Jesus não os abandona; percorre juntamente com eles a estrada. E não só; com paciência, explica as Escrituras que a Si se referiam e para na casa deles, partilhando a refeição. Este é o estilo de Deus: não é impaciente como nós, que muitas vezes queremos tudo imediatamente, mesmo quando se trata de pessoas.
Voz 3 – Deus é paciente conosco, porque nos ama; e quem ama compreende, espera, dá confiança, não abandona, não derruba as pontes, sabe perdoar. Recordemos na nossa vida: Deus sempre espera por nós, mesmo quando nos afastamos. Ele nunca está longe e, se voltarmos para Ele, está pronto para nos abraçar.
Voz 4 – Continua causando grande impressão a releitura da parábola do pai misericordioso; impressiona pela grande esperança que sempre provoca. Pensemos no filho mais novo, que estava na casa do pai, era amado; e, todavia, deseja sua parte da herança; abandona a casa, gasta tudo, chega ao nível mais baixo, mais distante do pai; e, quando tocou o fundo, sente saudades do calor da casa paterna e regressa.
Voz 1 – E o pai? Teria esquecido o filho? Não! Está lá, avista-o ao longe; tinha esperado por ele todos os dias, todos os momentos: como filho sempre esteve no seu coração, apesar de tê-lo deixado e gasto todo o patrimônio, isto é, sua liberdade. Com paciência e amor, com esperança e misericórdia, o pai não tinha deixado nem um instante sequer de pensar nele, e logo que o vê, ainda longe, corre ao seu encontro e o abraça com ternura - ternura de Deus – sem uma palavra de censura: voltou! Isso é a alegria do pai; naquele abraço ao filho, está toda essa alegria: voltou! Deus sempre espera por nós, não se cansa. Jesus mostra-nos essa paciência misericordiosa de Deus, para sempre reencontrarmos confiança, esperança.
Voz 2 - Pensemos ainda:  a paciência de Deus deve encontrar em nós a coragem de regressar a Ele, qualquer que seja o erro, o pecado na nossa vida. Jesus convida Tomé a colocar a mão em suas chagas. Nós também podemos entrar nas chagas de Jesus, podemos tocá-lo realmente; isso acontece todas as vezes que recebemos, com fé, os sacramentos. É justamente nas chagas de Jesus que vivemos seguros; nelas se manifesta o amor imenso do seu coração. É importante a coragem de me entregar à misericórdia  de Jesus, confiar na sua paciência, refugiar-me sempre  nas feridas do seu amor.
Voz 3 - O que estamos rezando nos leva a perceber o papel da fé. A luz da fé possui um caráter singular: ilumina toda existência humana. Isto mostra seu caráter singular: sua origem é Deus. A fé nasce do encontro com o Deus vivo que nos chama e revela seu amor. Transformados por esse amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há Nele uma grande promessa de plenitude e nos abre a visão do futuro.
Voz 4 - Queridas Irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida. Muitas vezes sucede que nos sentimos cansadas, desiludidas, tristes; sentimos o peso dos nossos pecados... Não nos fechemos em nós mesmas, não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidas; não há situação que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrimos a Ele.
Leitura: “Correu-lhe ao encontro, lançou- se- lhe ao pescoço e o beijou”. Lc 15,20  (reflexão)
Rezemos o Sl 41:
Feliz quem cuida do explorado. / O Senhor o protegerá e lhe preservará a vida, / a fim de que tenha felicidade na terra, / e não deixará aos caprichos do inimigo. (...) Eu disse: “Senhor, tem piedade de mim! Cura minha alma, pois pequei contra ti!”. (...) Seja bendito o Senhor, o Deus de Israel, / desde agora e para sempre! Amém

3º dia - Tema: O amor do Pai: fonte da Misericórdia
Introdução:
Invocação ao espírito santo
“Gostamos de pensar no amor do Pai como uma fonte inesgotável de água puríssima, cristalina, que jorra sem cessar Seu Amor de forma incondicional, plena, infinita e gratuita.
Os padres da Igreja chegaram a apresentar, nesta imagem, o mistério de Deus Pai, Filho e Espírito Santo – Trindade de Amor e Misericórdia Infinita. Eles vêm o Pai como fonte de água pura – fonte e origem eterna do Amor Infinito. Enxergam o Filho como o rio que desta fonte nasce e que, descendo, nos alcança, sem cessar, até o fundo do abismo da nossa miséria. Visualizam o Espírito Santo como a água, o mar imenso do Amor do Pai, no qual somos mergulhados, fecundados, regenerados. “Considerai o Pai como fonte de vida; o Filho como rio que nasce; o Espírito Santo como mar, pois a fonte, o rio, o mar têm a mesma natureza”. (S. João Damasceno).
Voz 1 – Esse mistério é tão alto, e ao mesmo tempo tão simples! De fato, o nosso Deus é infinitamente “Amor”! “Deus é amor, quem está no amor está em Deus e Deus está nele” (cf 1Jo 4, 16). Mistério tão profundo que nunca terminaremos de contemplar e compreender.
Voz 2 – Toda a Bíblia, toda a história da salvação é a história do Amor de Deus que nos precede. É a história da nossa miséria, do nosso pecado e das contínuas e inumeráveis intervenções do Amor Misericordioso do Pai que não cansa de nos perdoar. É em Jesus, porém, que se manifesta o cume deste Amor, a plenitude desta aliança de misericórdia, a realização da Promessa: “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3, 16).
Voz 3 – Disse Jesus a santa Faustina: “Minha filha, escreve que quanto maior é a miséria de uma alma, tanto mais direito tem à Minha misericórdia, e que todas a almas confiem no inconcebível abismo da Minha misericórdia, porque desejo salvá-las todas”. O Papa Francisco nos recorda que “Deus nunca se cansa de nos perdoar, nós é que nos cansamos de pedir Sua Misericórdia”.
Voz 4 – Olhando para Cristo, manifestação encarnada do Amor do Pai e termo que a nosso ver, melhor expressa este Amor é o Seu abaixamento, o descer de Cristo até o abismo de nossa miséria. De fato, Jesus desceu até o inferno para livrar-nos do inferno que nosso pecado merecia. Desceu do céu no seio de uma criatura, assumindo a limitação da carne, da história, da cultura, do tempo, do espaço, assumindo nossas enfermidades, nosso pecado, carregando no seu Corpo nossas misérias e nossas chagas (Is. 53, 1 ss).
Voz 1 – Na Eucaristia, Ele se fez “coisa”, alimento para nós, para tornar-nos filhos de Deus. Desceu no meio dos pecadores no rio Jordão para ser batizado, desceu no meio dos excluídos, leprosos, endemoninhados, doentes... fez-se servo dos seus discípulos  lavando -lhes os pés... Só subiu na Cruz, onde no cume do abandono, da dor manifestou-se como Misericórdia: “Pai, perdoa-lhes! Não sabem o que fazem!” (Lc 23,34).
Leitura:
“De fato, Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3, 16-17).
Voz 2 – Como vivermos esta palavra? Deixando-nos alcançar, primeiramente, pelo perdão de Cristo, deixando-nos lavar pelo Sangue e pela água que correm do Seu Lado aberto. Também, desçamos com Cristo até os “porões da existência humana”, em que jazem tantos irmãos que ainda não conhecem o Amor de Deus. O convite é voltarmos ao primeiro amor Misericordioso que alcança a miséria humana.
Rezemos o Sl 42: “Assim como a cervo suspira pelas águas correntes, assim minha alma suspira por Vós, ó Deus ! / Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: / quando terei a alegria de ver a face de Deus ? (...) Porque você está triste, minha alma, gemendo dentro de mim ? / Espere em Deus, e eu ainda o louvarei (...). /  Digo a Deus, a Ele que é o meu rochedo: Por que te esqueces de mim? (...) Espere em Deus, e eu ainda o louvarei; “Meu Deus, salvação da minha face”.







4º dia: Tema: Misericórdia: um mistério sem medida
Introdução: Invocação ao Espírito Santo
A Misericórdia do Senhor é um mistério sem medida, pois ela é, como diz Jesus a Santa Faustina, “o maior atributo de Deus”. Mistério é algo que nunca poderíamos compreender por nós mesmos. É algo que precisa ser revelado por iniciativa divina e que, mesmo assim nunca poderíamos compreender totalmente, porque supera nossa capacidade humana.
Deus, “que é Amor” por sua natureza (cf  1Jo 4,8) revela-se misericordioso na história do homem, que caiu num abismo de miséria por causa do pecado original! É a Misericórdia divina que transfigura a história do pecado humano em história de salvação.
Voz 1 - O Senhor relacionava-se com Moisés, com quem “falava face a face, como alguém que fala com seu amigo (cf Ex 33,11), revelando-se como “Deus Misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel, que conserva a Misericórdia por mil gerações e perdoa culpas, rebeldias e pecados” (cf Ex.34,6). Esta Palavra é uma das revelações mais significativas da Misericórdia na manifestação de Deus, para com Moisés, na história da libertação do povo de Israel da terra da escravidão.
Voz 2 - Deus se apresenta a Moisés como Aquele que vê a opressão do seu povo, que ouve seu grito de aflição, que conhece seus sofrimentos, que desce até o fundo da sua escravidão para libertá-lo e fazê-lo sair para a terra prometida, terra de liberdade e prosperidade plena! (cf Ex 3, 7...). Misericórdia é, então, o descer do Amor de Deus no “inferno” da nossa existência, ferida pelo pecado.
Voz 3 – Misericórdia, então, expressa o sentimento pelo qual a miséria do outro toca e entra no coração de Deus, ou no nosso coração. O nosso Deus é, então, um Deus que não fica indiferente perante a humanidade. Ele desce na história humana, deixa-se ferir e sofre conosco. Esta revelação encontrará, em Cristo, e Cristo crucificado por causa dos nossos pecados, a sua plena manifestação.
Leitura: “Desci a fim de libertá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir a uma terra boa e vasta, terra que mana leite e mel” (cf Ex 3,8). Olhando para a história de Israel e para a nossa história pessoal, poderemos entender algo desta divina Misericórdia que continuamente nos surpreende r nos comove.
(Breve pausa e reflexão)
Voz 4 -  O Senhor deseja manifestar a Sua Misericórdia através de cada um de nós. Ele que, como diz o Salmo 14, “se inclina para olhar” e “ergue da poeira o indigente e do lixo levanta o pobre, para fazê-lo assentar-se entre os príncipes do seu povo”. O chamado que recebemos é um carisma belíssimo: sermos instrumentos, canais da Misericórdia para o mundo! É um privilégio sem medida termos sido “escolhidas” como Apóstolas, o que não é mérito pessoal, mas, sim, uma fascinante responsabilidade.
Voz 1 – Hoje o Senhor repete para nós, como para Moisés: “Vai! Eu te envio a Faraó para fazer sair do Egito o meu povo, os filhos de Israel”.  Quantas vezes nos sentimos incapazes, fracas e pobres perante a grandeza da missão! Quantas vezes dissemos como Moisés: “Quem sou eu para ir ao Faraó e fazer sair do Egito os filhos de Israel?”
Voz 2 – Mesmo assim podemos testemunhar a fidelidade de Deus em nossa vida. Assemelhando-se ao que disse e fez com Moisés, Ele nos diz continuamente: “Eu estarei contigo” (ex 3,12).  Quantas vezes o Senhor tem se manifestado e sido presente “na providência”, “nas curas”, nas “conversões”, nos dando o cêntuplo que Ele promete para os que O seguem, juntamente com as provações, que também não faltarão, e a vida eterna? (cf Mc 10,29).
Voz 3 – Esse é realmente o sentido do misterioso nome com que o Senhor se revela a Moisés: “Eu sou aquele que é” (cf Ex 3,14). Ele nos revela: “Eu, o Eterno, sou Aquele que se faz presente na tua história, no teu presente”. Ele, o Infinito, entrou na finitude do nosso viver para nos dizer: “Eu te amo sem cessar, independente dos teus pecados, eu te amo! Eu sou Amor, Aquele que é sempre, unicamente, infinitamente, incondicionalmente Amor!”.
Voz 4 – Como corresponder a este Amor? Acolhendo-o, deixando-nos alcançar até o fundo de nossas limitações para nos tornarmos sinais da Sua Misericórdia. Deixemos esta água correr como rio de água viva, e deixemo-la transbordar e descer, através de nós, para alcançar nossos irmãos nas suas grandes necessidades. “Quem tem sede venha e beba... e de seu peito jorrarão rios de água viva !” ( Jo 7,37). Vem, espírito de Misericórdia, desce sobre nós e sobre toda a fraqueza deste nosso mundo!
Rezemos o Salmo 43:
Julga-me, ó Deus, defende a minha causa / contra uma nação sem piedade! Por que me rejeitas? / Envia tua luz e tua verdade: / elas me guiarão e me levarão ao teu monte santo, ao teu santuário / Irei até o altar de Deus, / ao Deus da minha alegria e júbilo / (...) Espere em Deus, e eu ainda o louvarei: Meu Deus, salvação da minha face!.”

5º dia: Tema: O bom Pastor e a ovelha perdida
Introdução: Invocação ao Espírito Santo
Alegrai-vos comigo! Encontrei a ovelha que estava perdida!” (Lc 15,6). Este é um trecho da parábola do Bom Pastor, uma das mais conhecidas de todo o Evangelho. O próprio Jesus é este Pastor que deixa as noventa e nove ovelhas para procurar a que se perdeu.  Esta manifestação do Amor é a Boa Nova da Misericórdia de um Deus que, apaixonado pelo homem, dá Sua própria vida, ama até o desprezo de si, tornando-se servo obediente até a morte, e morte de Cruz (cf Fl 2,7).
Voz 1 – Santo Agostinho diz que existem, fundamentalmente duas formas de viver: amar a Deus até o desprezo de si, no serviço dos outros; ou amar a si mesmos até o desprezo de Deus, servindo-se dos outros. Este segundo “amor” é a causa de todos os males sociais.
Voz 2 – O capítulo 15 do Evangelho de S. Lucas é uma única parábola em três episódios. Aparentemente as três parábolas repetem o mesmo esquema: o Bom Pastor, a mulher com a dracma perdida e o Pai misericordioso. Os três estão em busca de algo e, quando encontram, fazem festa.
Voz 3 – Na tradição bíblica, a repetição tem o sentido de chamar a atenção sobre a importância da mensagem dada, tão essencial que vale a pena repetir. Da mesma forma que é essencial comermos para manter a vida, na caminhada espiritual devemos meditar diariamente sobre a Misericórdia do Senhor para manter-nos vivos! Esta Misericórdia é que nos dá forças e nos enche de entusiasmo, na certeza de que “Ele me  ama e não desiste de mim!”
Voz 4 – Meditar e mergulhar na Misericórdia de Deus é uma experiência que não cansa, que nos dá força para recomeçar todas as vezes que caímos; é viver a vida como uma festa sem fim, pois  “haverá alegria entre os anjos de Deus por um pecador que se converte” (cf Lc 15,10). É alegrar-se com Deus pelos pecadores convertidos, buscar incansavelmente, com o Senhor, as ovelhas perdidas, lembrando que a Igreja é uma família de pecadores transformados pelo Amor do Pai, que revela o tesouro precioso de cada homem. “Tu és precioso aos meus olhos, és digno de estima, pois Eu te amo!” (cf Is. 43,4).
Dirigente – “Alegrai-vos comigo! Encontrei a ovelha que estava perdida!” (Lc 15,6). Jesus insiste nessas três parábolas sobre a Misericórdia, pois Ele sabe que a tentação do homem após o pecado original é como a de Adão: fugir de Deus por medo da sua própria culpa. Por isso o Senhor se apresenta como Pai de ternura e compaixão que sempre nos espera, nunca desiste e não nos acusa, mas apenas nos acolhe num abraço de amor e de perdão.
Voz  1 – Jesus se apresenta como Filho, Bom Pastor, que não veio para condenar, mas para salvar o mundo e buscar os que estavam perdidos. Ele se apresenta como Espírito Santo, expressão do Amor materno da mulher que varre a casa em busca da moeda perdida. Um Deus que enxerga o tesouro precioso de cada filho, além da impureza do pecado, pois como Jesus disse a Santa Faustina “pois, mesmo que seus pecados fossem mais numerosos que os grãos de areia da terra, ainda assim seriam submersos no abismo da Minha Misericórdia”.
Voz 2 – Na parábola da moeda perdida, as ações da mulher refletem exatamente o Espírito Santo em nossa vida:
1.    Acende a luz: O Espírito santo é a luz que ilumina nossa consciência, revela-nos o Cristo e o amor do Pai que nunca desiste de nós!
2.    Varre a casa: O espírito nos dá discernimento para reconhecer o mal que em nós habita (cf Jo 16,8), e assim separar o pecado da graça preciosa aos olhos do Pai, que é meu coração de filho!
3.    Encontra a moeda: O espírito, vitória da Misericórdia do Senhor na Cruz que nos justifica do pecado, pelo preço precioso do Seu Sangue. Vitória que venceu o mundo e “destruiu pela morte o autor da morte, Satanás” (cf Hb 2, 14).
Voz 3 – É maravilhoso ler as parábolas da Misericórdia sob essa luz trinitária: o amor do único Deus revela, na particularidade de cada pessoa, as diferentes ações da mesma Misericórdia. O Filho que busca a ovelha perdida; o Pai que nunca desiste do filho pródigo e deixa-nos livres para sair de casa e depois voltar ao seu Coração, que nunca deixa de nos amar; o Espírito Santo que gera luz e ordem em nossa vida, varrendo o que é lixo e resgatando o valor precioso da nossa morada: o preço da jornada terrena que JESUS pagou por nós.
Voz 4 - Como viver esta palavra? Tornando-nos instrumentos do Espírito Santo, que sabe reconhecer o tesouro de inestimável valor que é a vida de cada pessoa, preço do resgate na Cruz, de Jesus. Não por acaso as parábolas são ambientadas ao redor da mesa, nos banquetes, nas festas e na casa dos pecadores (cf Lc15,2). Jesus revela-nos Seu Amor e quer nos “arrastar” com Ele neste movimento de saída, procurando aqueles que estão perdidos. “Sede misericordiosos como vosso Pai é Misericordioso” (cf Lc 6,36).
Procuremos descobrir em cada pessoa e com nossa própria vida os dons, as graças e os talentos preciosos que, mesmo às vezes escondidos debaixo de limites, podem ser resgatados, revelados e frutificados para a glória do Pai.  Sejamos expressão viva da criativa Misericórdia do Espírito Santo. Senhor que dá a vida!
Rezemos o Sl 51: Tem piedade de mim, ó Deus, conforme a tua misericórdia! / Por tua infinita compaixão, apaga a minha culpa! / Lava-me completamente da minha falta, / e purifica-me do meu pecado! (...)























6º dia: Tema: O Pai  Misericordioso: um Amor que não se cansa nem descansa
Introdução:
Nesta terra, Jesus quis mostrar a Misericórdia que o Pai tem por nós, pecadores. Ele sabia que não poderíamos  voltar ao Pai sem que primeiro Ele se oferecesse como sacrifício por nós. Fez-se homem para se tornar um entre nós, filhos que, pelo pecado, desobedecemos ao Pai. Assumiu todos os nossos pecados, sem se tornar pecador. Entregou-se voluntariamente na cruz e, com Suas palavras e gestos, curas e milagres, revelou o Pai Misericordioso, que ama cada ser humano desde toda a eternidade.
A parábola do Filho Pródigo é um exemplo deste amor misericordioso (cf Lcl5,11-32). Teólogos preferem afirmar que, na verdade, esta é a “parábola do Pai Misericordioso”, pois o personagem principal não e o filho  que deixa a casa do pai, nem o filho maior que se revolta contra Ele, mas o Pai que é misericórdia, perdão e acolhida perante os dois filhos.
Voz 1 – “Meu Pai, dá-me a parte da herança que me cabe. O pai então repartiu entre eles os bens.” (cf Lc 15,12). Neste ato de dar a herança ao filho, Jesus quis revelar uma verdade a Seus discípulos e a nós. A lei proibia uma pessoa ainda viva de entregar sua herança aos filhos. Este pai vai além da lei. Para ele a lei  é  o amor, amor que dá liberdade ao outro. Podemos afirmar que é o Amor do Pai do céu, que não quer guardar nada para si, mas deseja dar tudo para cada um de nós. Ele nos dá a herança, todos os Seus bens, capacidade e riquezas. Fez o homem à sua imagem e semelhança e o Seu único desejo é que usufruamos bem de tudo o que Lhe pertence.
Voz 2 – Já somos os herdeiros de tudo. Poderíamos experimentar a glória do Pai, mas preferimos, muitas vezes, ser como o filho pródigo, buscando tudo com nossas próprias forças, sem tomarmos consciência dos limites e pecados que afetam nossa mente e nosso coração. Ficamos cegos e surdos, buscamos as coisas que passam e abandonamos a vida na casa do Pai.
Voz 3 - O pai correu ao encontro do filho, aparentemente acabado e sem forças; abraçou-o, vestiu-o de novo e colocou um anel em seu dedo.  O Pai nos espera, a cada momento. Ele olha para mim e espera que eu volte. Não importa se estamos “sujos dos pecados” cometidos, acabados, cansados, perdidos, envergonhados. Ele corre ao nosso encontro e cobre-nos com vestes reais. Deseja somente que voltemos à Sua casa. Ele vê em nós a Sua imagem e semelhança; se interessa e se importa com nossa vida. Para o Pai, o amor vai além dos pecados cometidos. Ele me ama assim como sou.
Voz 4 – A parábola conta que o pai ordenou que matassem um novilho gordo para celebrar a volta do filho.  No tempo de Jesus, uma família que tivesse um novilho gordo era símbolo de riqueza. O novilho gordo era um animal que geraria mais novilhos, ou seja, multiplicaria a riqueza.  O que fez o pai? Ofertou sua riqueza, aquilo que tinha de melhor, um novilho gordo. Neste gesto podemos ver a doação total do Pai do céu que, para nos receber de volta em Sua casa, entrega Seu Filho Único por amor a nós. Amor sem limites!
Voz 1 – “Estava ainda longe quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro (...)”. Ele se comoveu.  É o que vive Jesus na comunhão recíproca com o Pai e o Espírito Santo. Quando Jesus se entrega ao Pai por amor, para nos dar vida em plenitude, Ele vive nossos sofrimentos e chagas, carrega sobre si nossas enfermidades. Éramos perdidos, sem forças, não conseguíamos mais voltar ao Pai somente com nossas forças... “Correu-lhe ao encontro, lançou- se -lhe ao pescoço e o beijou”.
Voz 2 - O Pai permitiu que Seu Filho vivesse o drama da humanidade. E Jesus, como Filho, disse: “Pai, em Tuas mãos entrego meu espirito” (cf Lc 23,46). Com esse grito, o Pai se comove. Vive a dor do Filho, dor da distância e da solidão daquele que se fez homem. Une-se e entrega o Seu Amor infinito, movendo-se pelas fraquezas e sentimentos de abandono na Cruz, que por amor quer doar-se a Si mesmo pelos pecados da humanidade. Esse é o agir de Deus, que vive as dores como a mãe no parto, para gerar uma nova humanidade. O grito de dor se torna sinal de amor. Jesus conclui dizendo: “tudo está consumado”.
Voz 3 – A Misericórdia do Pai tem essa marca: viver para que outros recebam vida. Somos chamados a viver o kenosis, o esvaziamento, a morrer como o Pai no Filho até o sepulcro, onde o relacionamento une a vida dos que amam até a morte, lugar de silêncio e mistério. É o mistério do Pai misericordioso que, no sepulcro vê o Filho morto e entregue completamente a Ele. Mas, o ressuscita na força do Espírito que é o amor que une Seus corações.
Voz 4 – Em Jesus, o Pai nos dá uma vida nova, oferece-nos a nova terra e o novo céu. Meditemos esta parábola, para bem vivermos nosso ideal de cristãs, consagradas ao Reino do Senhor. Ele nos permitirá ser o filho que volta ao Pai. E se em algum momento nos sentirmos como o filho maior, por que não podemos nos decidir definitivamente a mudar nossas atitudes?
Rezemos o Salmo 57:
Tem piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim, / pois em ti me refugio / à sombra de tuas asas me abrigo / até que passe a calamidade. / Clamo ao Senhor Deus Altíssimo / ao Deus que me faz tudo de bom / Dos céus me enviará a minha salvação / me enviará seu amor e sua felicidade! Meu coração está firme, ó Deus! Cantarei e tocarei! Desperta, glória minha! / Eu irei despertar a aurora! / Vou louvar-vos entre os povos, Senhor!























7º dia: Tema: Misericordiosos como o Pai
Introdução:
Na bula “O rosto da Misericórdia”, o Papa Francisco nos convida a aproveitar este tempo favorável para contemplar o mistério do amor misericordioso que é “fonte de serenidade e paz; é condição da nossa salvação; é o ato supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro; é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa; é o caminho que une Deus e o homem” (MV).
Voz 1 – Aproveitar este tempo favorável significa não apenas acolher a Misericórdia que o Pai nos oferece, mas, sobretudo, “sermos misericordiosos como o Pai” e fazer desta Palavra nosso programa de vida, porque viver a misericórdia para com os irmãos “é o critério para diferenciar, discernir quem são os seus  verdadeiros filhos” (MV, 9).
Voz 2 – No livro do Levítico, encontramos: “Sede santos porque eu, o SENHOR, sou santo” (Lv 119,2). Isto implicava uma série de normas e práticas, bem determinadas e severas, que definiam quem era puro ou impuro e que excluíam os considerados pobres pecadores.
No Evangelho de Lucas, Jesus introduz uma novidade revolucionária: identifica a santidade de Deus, que parecia inalcançável, com a Misericórdia do Pai. Deus é santo porque é Misericórdia.
Voz 3 – Mergulhada na misericórdia, a própria miséria é objeto de um amor maior, porque no mal se revela a gratuidade, o amor absoluto. Assim, Jesus não nos pede a perfeição, mas para sermos misericordiosos, para amarmos nossos irmãos com um amor maternal, que “sai das entranhas”.  A santidade mal entendida poderia colocar-nos acima dos outros, enquanto a misericórdia nos coloca do lado dos últimos da sociedade, das pessoas marginalizadas e excluídas, dos pecadores.
Voz 4 – Para Jesus, a semelhança com o Pai, a santidade, não se realiza tanto através da observância de normas religiosas, mas pelo amor, que derramado gratuitamente nos nossos corações nos leva a estar  próximos de quem sofre, repartindo com eles nossa vida, em Cristo.
Voz 1 – Ser misericordioso é anunciar a Misericórdia do Senhor com nossa vida. Este é o programa que Jesus nos propõe. Ele quer que nos tornemos como Ele: o rosto misericordioso do Pai. Este é um objetivo acessível a todos, porque Ele nos enviou o Espirito que é amor. “O Espírito do Senhor está sobre mim”. Espírito que nos acompanha nesta missão fundamental e é acessível porque Deus nos amou primeiro; se doou por primeiro, conquistando-nos, transformando-nos e tornando-nos testemunhas deste amor que chegou a aniquilar-se na Cruz, por nós.
Voz 2 – O Pai nos ama gratuitamente. Onde há misericórdia, todo limite se torna lugar de acolhida; toda miséria se torna lugar de misericórdia; todo mal se torna lugar de perdão, e todo abismo de maldade  é absorvido, preenchido por um abismo de Amor infinito. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5,20).
Voz 3 – É no perdão, em particular, que Deus manifesta sua Misericórdia. Se entendermos a Misericórdia, não podemos deixar de praticá-la para com os irmãos. Aceitar o outro em seu limite, suas falhas, é maior do que qualquer ato heroico  e nos eleva mais que qualquer experiência mística. Acolher o outro assim como ele é, amá-lo sem julgar e condenar, absolvê-lo mesmo quando é culpado, doar nossa vida sem quere nada em troca... é a mais sublime ascese, porque é amor sem condições.
Voz 4 – A Misericórdia é o Amor que surpreende o mundo, que fala ao coração dos homens do nosso tempo. Como viver esta mensagem?  “A Misericórdia de Deus não é uma ideia abstrata, mas uma realidade concreta”, fala-nos o Papa Francisco. A Palavra nos convida à conversão, colocando em prática  os passos concretos no relacionamento com os irmãos: não julgar; não condenar; perdoar e doar-se sem medida. Temos certeza de que o Senhor nos surpreenderá. Este é o tempo favorável. Deixemo-nos surpreender por Deus!
Rezemos o Salmo 92: - É bom celebrar o Senhor / e fazer músicas em teu nome, ó Altíssimo; / anunciar pela manhã a tua graça / e a tua fidelidade pela noite / com a lira de dez cordas / e com arranjos da harpa. / (...) Como são grandes, ó Senhor, as tuas obras / e os teus planos, como são insondáveis!(...) O justo florescerá como a palmeira, / crescerá como o cedro que há no Líbano / Plantado na casa do Senhor, / florescerá nos átrios de nosso Deus. / Mesmo no tempo da velhice darão frutos, / (...) para anunciar que o Senhor é retidão, / Ele é meu rochedo, e nele não existe injustiça.





8º dia – Tema:  Aproximar-se de quem sofre: um gesto de Misericórdia
Introdução:
Uma das mais conhecidas parábolas da Bíblia é, certamente, a famosa parábola do Bom samaritano (cf Lc 10, 25-37). Pela sua “riqueza”, ela estará nos acompanhando também no dia de hoje, nessa nossa preparação à solenidade do Coração de Jesus, quando somos convidadas a entrar, cada vez mais, no mistério da Sua Misericórdia. (fazer a leitura da parábola – Lc 19, 25-37 ).
Nesta parábola, a reflexão parte de uma citação do Levítico: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração. De toda a tua alma, com toda a tua força e de todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo” Esta é a chave para obter a vida eterna: Faze isso e viverás!”.
Voz 1 – Com esta parábola, Jesus quer nos chamar a atenção sobre duas verdades:
1.    A salvação nos vem, não apenas do conhecimento, mas do cumprimento de Sua Palavra: “O que está escrito na Lei? Como é que lês? (...) Faze isso e viverás”.
2.    Na prática, nos é “fácil amar a Deus que não vemos”, enquanto temos dificuldade para amar “o irmão que vemos” (cf 1Jo 4,20).
Voz 2 – Os Padres da Igreja sempre viram, neste “Bom Samaritano”, o próprio Senhor que, de fato, nos carregou como Bom Pastor; carregou nossas feridas e pagou o preço da nossa salvação. Claramente, esta passa a tornar- se nossa missão como cristãos/ãs. Somos chamadas a perpetuar, no tempo, a presença do Senhor no meio dos homens, a manifestar na nossa carne a Misericórdia do Pai que se revelou plenamente em Cristo Jesus.
Voz 3 – Jesus muda nossa perspectiva perante a vida e perante os irmãos: se queremos alcançar a vida eterna, a nossa pergunta não deve ser mais: “Quem é o meu próximo?”, mas “De quem eu me tornei próximo”?  Tornar-me próximo é chegar perto do meu irmão, é mover-me para conhecê-lo: conhecer seus gostos, seus dons, também seus limites... e amá-lo na  sua totalidade.
Voz 4 – O Bom Samaritano se faz próximo e vê. “Ver” é a primeira característica do amor. O sacerdote e o levita também “enxergaram” o pobre homem  ferido, mas de longe; não se aproximaram, porque para eles era um desconhecido. Os dois eram religiosos e esperava-se que fossem praticantes da Palavra de Deus. Eles, de fato, não “viram de verdade”, pois ver é trazer dentro do coração o sofrimento do outro, e fugiram frente às aparências.
Dirigente: Nesta parábola encontramos uma pedagogia do amor concreto, verdadeiro. De fato, o Amor não é apenas sentimento, é vida! O Samaritano não apenas viu, não só compadeceu-se. Ele cuidou de suas chagas derramando óleo (cuidados humanos) e vinho (cuidado espiritual).  Carregou-o no seu próprio animal e o levou à hospedaria. A hospedaria representa a Comunidade, a Igreja. Sim, a Igreja é a hospedaria, a comunidade-família que acolhe a todos, principalmente os feridos pela vida; cuida das feridas da alma, protegendo dos perigos e salvando da morte.
Voz 1 – O Samaritano cuidou do pobre até o fim: pagou do próprio bolso, envolveu outros (o dono da hospedaria) e voltará, preocupando-se como uma mãe se preocupa com o próprio filho, porque o amor exige tempo. Não é impulso de um momento, exige partilha de bens. O próximo é aquele que usou de Misericórdia, que se aproximou do outro primeiro, sem interesses pessoais, descobrindo que o irmão é a “porta do céu” a “Casa de Deus”, “a escada de Jacó” que nos leva para o céu.
Voz 2 – Em nossa vivência, vamos fazer o exercício contínuo da “proximidade”, perguntando-nos como tornar-me próximo de todos? De quem preciso me aproximar mais? Aproximamos dos irmãos através de gestos concretos, gastando nosso tempo, partilhando nossos bens, orando e cuidando de quem precisa. Assumimos a vida do outro com sentimento ( não sentimentalismo ), amando com todo nosso coração, com toda alma e forças, para que a Palavra de Deus e Sua Misericórdia se tornem vida em nossa vida.
Rezemos o Salmo 103 -  Bendiga o Senhor, ó minha alma / e não esqueça de nenhum de seus favores!? Ele perdoa todas as suas  culpas / Ele cura todas as suas enfermidades. / Ele resgata a sua vida da sepultura / Ele o coroa com seu amor e compaixão. / (...) O Senhor é compassivo e clemente, / lento para a cólera e repleto de amor .







9º dia: Tema: Um Pentecostes de Misericórdia
Introdução:
Jesus também tinha Sua “carteira de identidade”. Quando Ele quis revelar-se ao mundo, após Seus trinta anos de vida oculta e submissa em Nazaré, o fez através das Palavras do profetas Isaias, que proclamou na sinagoga da sua cidade:  “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me consagrou pela unção para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos  presos e,  aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (cf Lc 4, 18-19). Terminada a leitura, disse solenemente: “Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura” (cf Lc 4,21).
Voz 1 – Jesus tinha clareza desta Sua identidade de servo do Senhor, de servo sofredor. Seu nome expressa o rosto do Pai Misericordioso, Deus salva. Por isso Ele se manifesta  logo, também no Evangelho de João, como Misericórdia do Pai: “Pois  Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único, para que todo o que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou seu Filho ao mundo para julgar o mundo , mas para que o mundo seja salvo por Ele” ( jo 3,16-17).
Voz 2 – Neste sentido Ele pode afirmar, com toda autoridade para Filipe: “Quem me vê, vê o Pai” ( Jo 14,9). E o Papa Francisco nos convida a contemplar no Cristo a plena revelação do Pai. “Ele é o resplendor da Glória do Pai, a expressão do seu ser ( Hb 1,3).” Ele é a imagem do Deus invisível” ( Col 1, 15 ).  O Deus que os judeus esperavam, como “Rei todo poderoso”, para libertar Israel do poder dos pagãos e levar seu povo escolhido a dominar sobre o mundo inteiro, se apresenta como servo sofredor, fraco, “em tudo semelhante aos irmãos”.
Voz 3 - Talvez por isso o próprio João Batista ficou perplexo, num determinado momento da sua vida, enquanto estava preso , na escuridão da prisão e da noite espiritual  e mandou perguntar se era mesmo Jesus aquele Messias que ele tinha anunciado. A resposta de Jesus foi clara. Ele afirmou: “Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciado o Evangelho; e feliz aquele que não se escandaliza a meu respeito ( Lc 7, 23 ).
Voz 4 -  O Espírito, o Paráclito, que responde ao grito , ao clamor dos que sofrem, revela a Missão do Senhor como uma chuva de graça sobre a humanidade pecadora, um novo dilúvio, não mais para eliminar a humanidade pecadora, mas para eliminar o pecado, transformando pela Sua graça  os pecadores em santos e testemunhas da Sua Misericórdia.
Voz 1 – Desde sua concepção, o Senhor surpreendeu e contradisse as expectativas do povo de Israel. Ele sempre “desceu” - desceu do céu no seio de uma virgem; desceu numa gruta no meio de animais; desceu em Nazaré, onde esteve submisso; desceu no rio Jordão; desceu no meio de pecadores, pobres, marginalizados; doentes; desceu tornando-se “coisa” nas nossas mãos na Eucaristia...
Voz 2 – É próprio de Deus usar de Misericórdia, e nisto se manifesta de modo especial a Sua onipotência. Hoje, certamente, o Senhor voltará a surpreender-nos, como o foi no tempo de sua encarnação. Acreditamos que o Senhor prepara a humanidade para um novo “Pentecostes de Misericórdia”, do qual já vislumbramos as primícias. Deus é Amor! Ele é Pai e, se permitir alguma purificação, cremos que seja para a nossa correção, pois quem ama corrige.
Voz 3 – Este é o tempo favorável, é o tempo da Salvação. Não por acaso o Papa Francisco proclamou este ano como Jubileu da Misericórdia. 2017 será a comemoração dos cem anos de Fátima, e os trezentos anos de Aparecida. Tudo isso, temos certeza coincidirá com o tempo do “Pentecostes da Misericórdia”. Este é o tempo favorável! E como podemos vivê-lo? Trata-se de descer com Jesus, com gestos concretos de amor, com aquela criatividade do Espírito para uma nova evangelização. Os homens do nosso tempo querem ainda “ver Jesus” e nós podemos torná-lo visível, deixando viver em nós os traços da sua identidade.
Voz 4 – Descemos com Cristo, para mostrar o Cristo não pelas palavras, e sim pelo Seu Amor Misericordioso, compassivo, paciente, como fez Madre Teresa de Calcutá quando um muçulmano lhe disse: “Agora sei que Jesus é vivo; eu o vi no amor com que suas mãos cuidaram das feridas da minha lepra!” Ele  é fiel! Que sua Misericórdia viva e se revele  em nós !
Rezemos o  Salmo 136: Celebrem o Senhor, porque Ele é bom / Porque eterno é o seu amor! /  (...) Só Ele fez grandes maravilhas / porque eterno é seu amor (...) Ele se lembrou de nós na humilhação, / porque eterno é seu amor (...) / Celebrem o Deus dos céus / porque eterno é seu amor.




COMPAIXÃO: atributo divino e que nos diviniza

“Ao vê-la, o Senhor encheu-se de compaixão por ela e disse: ’Não chores!’” (Lc 7,13)

Segundo a Revelação bíblica Deus é compaixão e misericórdia. Ele se sente “afetado” ao relacionar-se com o ser humano. Deus não é insensível. Nele há emoções que, longe de significar imperfeição, manifes-tam sua proximidade e o compromisso para com cada ser humano.
A compaixão é uma atitude permanente de Deus, e não uma atitude ocasional que surge em determinadas situações. É um “modo de ser” divino. Precisamente aí temos uma luz que nos indica que a compaixão humana não surge unicamente ali onde há sofrimento. É uma atitude permanente e habitual, um modo de relacionar-nos e encontrar-nos uns com os outros. Não se pode identificá-la nem reduzi-la a ter pena.
Neste sentido, a compaixão é um princípio ético que permite relacionar-nos com os outros a partir dos afetos profundos, das entranhas.
De fato, o vocábulo latino “cum-passio” que traduz o vocábulo grego “simpatia”, é uma palavra composta de “com”, comunicação, e “paixão”, afeto por alguém. Na compaixão se trata de um intercâmbio afetivo e efetivo. Compaixão é interação; não é um sentimento superficial, passageiro ou paternalista. É a capacidade de sentir como o outro sente, colocando-se em seu lugar, buscando ver as coisas como ele as vê. Por isso, a compaixão significa também a capacidade de pôr amor onde há dor; ela permite passar da fria justiça ao calor do amor; a compaixão torna possível ir mais além da dura lei para viver a alegria do Evangelho.

A compaixão constitui, junto com a gratuidade, a coluna vertebral da mensagem e da prática de Jesus.
A ética compassiva de Jesus de Nazaré é nuclear em seu evangelho, em sua boa nova, até o ponto de que no relato do juízo, no final dos tempos, ela vai ser o “teste do exame final”: “...tive fome e me destes de comer; ...estava nú e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e viestes me ver” (Mt 25,35-36).
A ética compassiva, pois, é o sentimento que continuamente perpassa sua pregação, seus ensinamentos e sua vida, como se manifesta nesta cena de hoje, na entrada da cidade de Naim.
Normalmente passamos pela vida e não vemos nada; ou somos cegos ou não temos coração; outros passam pelo mesmo caminho e se deixam impactar pelas situações com as quais se encontram.
Jesus é um desses que sempre encontra algo em seu caminho que toca seu coração. Para Ele, os caminhos da vida estão sempre cheios de surpresas, de interrogações, cheios de gente, cheios de dor e sofrimento...
O seguidor de Jesus deve ser alguém que, por onde vai, sabe olhar e escutar, para não passar pela vida como cego e surdo. E esta deveria ser a pergunta que deveríamos fazer continuamente: “Quê vimos ou ouvimos desde que saímos de casa?

Jesus se aproxima de Naim. A cena não é nada simpática. Um funeral de um jovem “filho único” e uma mãe que se desfaz em lágrimas de dor e que, além disso, era viúva. Ela está passando por uma dura prova. A perda de seu filho supunha também a perda de dignidade e consideração na sociedade onde vivia, além de ter sofrido a perda de seu marido, que lhe assegurava estabilidade e respeito.
As lágrimas são como a linguagem do coração que sofre. E quem não se sente comovido pelas lágrimas de uma mãe sofredora? O coração de Jesus é demasiado sensível para não deter-se diante da dor de uma mãe. É a compaixão do Pai que O faz tão sensível diante do sofrimento das pessoas.
Por isso, “ao vê-la, encheu-se de compaixão”.
Lucas, o evangelista da misericórdia, mais uma vez nos des-vela, em Jesus, o rosto do Deus compassivo diante da miséria humana. A expressão ‘encheu-se de compaixão’ não consegue traduzir a força da palavra original, que evoca as entranhas, o seio maternal. Jesus deixa transparecer os sentimentos de ternura maternal e de compaixão para com aqueles que estão na miséria. Ou seja, Ele não tem como permanecer insensível a um tal sofrimento. Por isso, intervém para aliviar a miséria desta pobre mulher.
Comentando o relato de Lucas, o padre Léon Paillot escreve: “A viúva de Naim tinha uma chance: seu filho. Economicamente falando, era importante: ela tinha como viver. E no plano afetivo, ela não estava sozinha: seu filho era para ela como uma presença continuada de seu marido, como o testemunho de um grande amor. E seu filho morre! Coloquem-se no lugar desta mulher. Ela está agora na miséria mais extrema. Seu horizonte está totalmente encoberto. Não há mais nenhum futuro para ela. É como se ela também tivesse morrido”.

O relato de hoje nos diz que há dois cortejos que se encontram na entrada da cidade de Naim: a multidão que segue Jesus; uma grande multidão, alegre, que se dirige para a cidade, isto é, para o lugar da vida. A outra multidão, ao contrário, sai da cidade e se dirige ao cemitério, isto é, ao lugar da morte.

No momento em que as duas multidões se encontram, Jesus se detém e mobiliza a todos a olhar com atenção para aquela triste cena: um jovem é levado para ser sepultado.
Léon Paillot escreve: À multidão alegre que segue atrás da vida, Jesus diz: “vocês não tem o direito de passar ao largo do sofrimento e da miséria humana sem parar. Eu, Deus, parei. Também meus discí-pulos devem parar”.
Jesus não conhece a mulher, mas se deixa impactar pela situação dela, se solidariza com ela, olha-a com atenção e a leva em consideração. Capta sua dor e solidão, e se comove até as entranhas. O abatimento daquela mulher lhe atinge o mais profundo. O pranto da viúva é o grito silencioso de uma mulher que sente não só a perda de seu filho mas também seu destino de vulnerabilidade, exclusão e desigualdade. É o pranto que denuncia o machismo e a discriminação social.
A reação de Jesus é imediata: “Não chores”. Ele não pode ver ninguém chorando. Precisa intervir.
Não pensa duas vezes; detém o enterro, aproxima-se do féretro, toca o esquife e diz ao morto: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” Esta é a palavra chave de Jesus: que o filho da viúva se levante... que retome seu caminho. Quando o jovem se ergue e começa a falar, Jesus o entrega à sua mãe para que deixe de chorar. De novo estão juntos; a mãe já não estará mais sozinha. E aquele que era levado a caminho do cemitério, regressa agora à sua casa, tomado pela mão de sua mãe. Jesus não só ressuscitou o filho; também ressuscitou a mãe. Secaram-se as lágrimas e o sorriso voltou a florescer em seus lábios.
Tudo parece simples. O relato não insiste no aspecto prodigioso daquilo que Jesus acaba de fazer. Convida os seus leitores para que vejam n’Ele a revelação de Deus como Mistério de compaixão e força de Vida, capaz de salvar inclusive da morte. Jesus transgride de novo as regras excludentes daquela sociedade, devolvendo a vida e a dignidade à mulher.

Essa mensagem de Lucas é uma mensagem de esperança. A morte não pode ter a última palavra sobre a vida. Deus nos quer vivos e devemos nos deixar conduzir pela vida.
A estratégia de Jesus não é de tipo assistencial, mas libertador. Não ajuda passivamente à viúva, senão que lhe entrega seu filho, para que iniciem um novo caminho, ativo, comprometido, no seio da comunidade.
Em Sua mensagem e em Sua atuação profética pode-se escutar este grito de indignação: o sofrimento dos inocentes deve ser tomado a sério; não pode ser aceito como algo normal, pois é inaceitável para Deus.
A compaixão que Jesus introduz na história reclama uma maneira nova de nos relacionar com o sofri-mento que há no mundo. Para além de imperativos morais ou religiosos, Jesus está exigindo que a com-paixão penetre mais e mais nos fundamentos da convivência humana e se torne um “estilo de vida”.

Texto bíblicoLc 7,11-17

Na oração: Na Igreja temos de recuperar, o quanto antes, a compaixão como estilo de vida próprio dos segui-
                    dores de Jesus. Devemos resgatá-la de uma concepção sentimental e moralizante que a esvaziou de sentido. A compaixão que exige justiça é o grande mandato de Jesus: "Se compassivos como vosso Pai é compassivo”.
- Quê lugar ocupa a “compaixão” em minha vida interior, em minha vida espiritual, em meu compromisso diário, no horizonte de minha vida?




Posted by Redacao on 24 May, 2016
 
Francisco comentou, na homilia na capela da casa Santa Marta, desta terça-feira, 24, o trecho litúrgico extraído da Primeira Carta de Pedro, definindo-a como um ‘pequeno tratado sobre a santidade’. Esta é, antes de tudo, “caminhar de modo irrepreensível diante de Deus”:
“Este ‘caminhar’: a santidade é um caminho, a santidade não se compra e nem se vende. Nem se pode presentear. A santidade é um caminho na presença de Deus, que eu devo fazer: ninguém o faz em meu nome. Posso rezar para que o outro seja santo, mas é ele que deve fazer o caminho, não eu. Caminhar na presença de Deus, de modo irrepreensível. Usarei hoje algumas palavras que nos ensinam como é a santidade de todo dia, a santidade – digamos – anônima. Primeira: coragem. O caminho rumo à santidade requer coragem”.
“O Reino dos Céus de Jesus”, repetiu o Papa, é para “aqueles que têm a coragem de seguir em frente” e a coragem, observou, é movida pela “esperança”, a segunda palavra da viagem que leva à santidade. A coragem que espera “num encontro com Jesus”. Depois, há o terceiro elemento, quando Pedro escreve: “colocai toda a vossa esperança na graça”:
“A santidade não podemos fazê-la sozinhos. Não, é uma graça. Ser bom, ser santo, avançar a cada dia um passo na vida cristã é uma graça de Deus e devemos pedi-la. Coragem, um caminho. Um caminho que se deve fazer com coragem, com a esperança e com a disponibilidade de receber esta graça. E a esperança: a esperança do caminho. É tão bonito o XI capítulo da Carta aos Hebreus, leiam. Fala do caminho dos nossos pais, dos primeiros que foram chamados por Deus. E como eles foram avante. E do nosso pai Abraão diz: ‘Ele saiu sem saber para onde ia’. Mas com esperança”.
Francisco prosseguiu: na sua carta, Pedro destaca a importância de um quarto elemento. Quando convida os seus interlocutores a não se conformarem “aos desejos de uma época”, os impulsiona essencialmente a mudar a partir de dentro do próprio coração, num contínuo e cotidiano trabalho interior:
“A conversão, todos os dias: ‘Ah, Padre, para me converter devo fazer penitência, me dar umas pauladas…’. ‘Não, não, não: conversões pequenas. Mas se você for capaz de não falar mal do outro, está no bom caminho para se tornar santo’. É tão simples! Eu sei que vocês nunca falam mal dos outros, não? Pequenas coisas… Tenho vontade de criticar o vizinho, meu colega de trabalho: morder um pouco a língua. Vai ficar um pouco inchada, mas o espírito de vocês será mais santo nesta estrada. Nada de grandes mortificações: não, é simples. O caminho da santidade é simples. Não voltar para trás, mas ir sempre avante, não? E com força”. (Com informações Rádio Vaticano)

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Pentecostes

TERÇO DO PENTECOSTES     -    MISTÉRIOS GOSOSOS

1 - ANUNCIAÇÃO DO ANJO
:  Ao refletirmos nas palavras “O Espírito Santo descerá sobre Ti…” contemplemos Maria, sempre disposta a aceitar as manifestações da Vontade de Deus.
Maria acolheu em Si a Luz, murmurando interiormente a palavra SIM. Nesse momento uma nova luz, muito mais clara que a da primeira criação, iluminou a Terra e “o Verbo fez-Se Carne”. É que o SIM de Maria encontrou-se com o Espírito Santo. A luz do Espírito envolveu esse Sim, que determinou a nossa Redenção, e estabeleceu uma comunhão real da criatura com o seu Criador, desejoso de a salvar. Depois de Maria ter dito a Deus, livremente, o Seu SIM, o Verbo assumiu a natureza humana. Ainda hoje é assim que se efetua em nós e na Igreja uma nova e continuada encarnação do Verbo: concebe-se primeiro no espírito, pela fé, e em seguida o Senhor estabelece em nós a Sua morada. É obra do Espírito Santo fomentar e desenvolver a vida de Jesus em cada um de nós. Só quem está disposto,como Maria,a”perder a sua vida por Deus” pode deixar Jesus crescer em si até à plenitude,de modo a poder dizer como S.Paulo: "Já não sou eu que vivo,é Cristo que vive em mim”.

2) VISITAÇÃO:  O mesmo Espírito que veio sobre Maria e A cobriu com a Sua sombra, encheu o Coração de Maria e santificou o Menino que ia dEla nascer. A Encarnação de Jesus em nós é graça do Espírito Santo. A saudação de Maria a Santa Isabel foi sem dúvida uma saudação no “Espírito Santo” e foi também acolhida por Santa Isabel no “Espírito Santo”, porque havia nela muita humildade. Foi um hino recíproco de louvor a Deus no Espírito Santo. Santa Isabel reconheceu em nossa Senhora os dons de Deus e deu glória ao Altíssimo, dizendo: “Feliz de Ti, que acreditaste…” “E de onde me vem esta graça, que a Mãe do meu Senhor venha ter comigo?”
Santa Isabel soube reconhecer e proclamar em nossa Senhora os dons de Deus e foi capaz de ver numa jovem a Mãe do seu Senhor. O encontro da humildade de nossa Senhora com a humildade da Sua prima foi uma manifestação sensível da presença do Espírito Santo. 

3) NASCIMENTO DE JESUS:  O primeiro e mais maravilhoso fruto do Espírito Santo é Jesus. Nossa Senhora acolheu em Si a Palavra e deixou-Se invadir e trabalhar pelo Espírito Santo. E assim, nEla, a Palavra fez-Se Carne. Também Nossa Senhora foi um maravilhoso fruto do Espírito Santo e por isso os Seus frutos assemelham-se aos de Jesus: alegria, mansidão, humildade, paciência, piedade, silêncio, serviço atento aos outros, abertura a Deus. É preciso que nos deixemos também invadir pelo Espírito Santo para sermos fecundos. Faremos de novo nascer Jesus em nós, na medida em que a Sua Palavra se torna vida da nossa vida.

4) APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO:  Ao fazermos uma leitura atenta da narração deste mistério que nos faz S. Lucas, ficamos impressionados pela repetida menção que se faz do Divino Espírito Santo. Nada menos que três vezes. O Divino Espírito Santo:
a) Estava com Simeão  /  Revelou-lhe que não morreria sem ver a Cristo Senhor /  Impeliu-o a ir ao templo.  Estamos, portanto, diante de uma vida orientada pelo Divino Espírito Santo. E quando o Espírito de Deus ilumina domina uma vida, tudo se torna diferente: S. Paulo recomendava aos Gálatas que se deixassem guiar pelo Espírito e exortava assim os Efésios: enchei-vos do Espírito Santo. Simeão é exemplo de uma pessoa que se deixou guiar pelo Divino Espírito Santo. Ao meditar o mistério da Apresentação, cada um de nós pode perguntar: de que está cheia e quem domina a minha vida: o Divino Espírito ou o egoísmo e o espírito do mundo?

5) PERDA E ENCONTRO DE JESUS NO TEMPLO: Jesus amava Maria e José como só pode amar um filho que é Deus. No entanto, sem que previamente os avisasse, ficou em Jerusalém quando eles voltaram para Nazaré. Previu toda a aflição porque passariam naqueles três dias separados dEle. Em paz, Jesus voltara ao templo, onde O esperava a Vontade de Deus.
Em cada instante do dia precisamos de coragem para cumprir a Vontade de Deus, seja o que for que os outros pensem de nós. É um dom do Divino Espírito Santo, que habita na nossa alma. Rezando constantemente com Ele, teremos força para cumprir a Vontade de Deus. Nossa Senhora meditava tudo no Seu Coração. E tinha muito que meditar. Era através destas provações que o Divino Espírito Santo Lhe fazia descobrir Jesus cada vez melhor.
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