NATAL ENCONTRO COM CRISTO
O Novo Testamento registra encontros fascinantes e decisivos entre as pessoas e Jesus. O homem moderno aprecia, valoriza e necessita de encontros, de comunicação interpessoal, de aceitação de uma presença, de uma experiência de amizade.
Natal cristão é encontro pessoal com Jesus Cristo, o amigo por excelência porque é o salvador. No rosto de Cristo, o homem sente-se atraído para Deus e impelido para encontrar os irmãos. No olhar de Jesus Cristo, descobrimos quem é Deus e quem nós devemos ser. Jesus é o nosso verdadeiro eu e fascinação da humanidade.
O Documento de Aparecida focaliza algumas características dos encontros com Jesus de Nazaré. Primeiro, um encontro vivo. É uma experiência vital entre um eu e um tu. É um acontecimento que arrebata, fascina, transforma. Um encontro que impacta e causa assombro, admiração, encantamento. Segundo, um encontro decisivo. Que o digam a samaritana, Zaqueu, Maria Madalena, Nicodemos, Paulo e os milhares de convertidos, como também, nossos santos e mártires. Encontrar Jesus foi decisivo em suas vidas.
Terceiro, um encontro persuasivo. Provoca fé, opção, seguimento, rendição. Sentimo-nos conquistados por Cristo Jesus, assumimos seus pensamentos, seus sentimentos, seus critérios, suas atitudes, seu destino. Quarto, um encontro fundante. Jesus Cristo é o fundamento, a raiz, a rocha do nosso existir. Nele encontramos a verdade, a vida, o caminho, a direção, a bússola.
Quinto, um encontro fascinante. Encontramos em Jesus o tesouro, a felicidade, a prioridade de nossas vidas. Ele o Primeiro e o Último. “Nada antepor a Cristo Jesus” dizia São Bento. Podemos assim conhecer Jesus internamente, amá-lo ardentemente, segui-lo generosamente e anunciá-lo corajosamente.
Sexto, um encontro profundo. Tal encontro acontece no íntimo do coração, cria vinculação, intimidade, amizade com o Filho de Deus. Tudo isso torna a vida bela, grande e livre. Jesus Cristo promove, eleva, enaltece a vida humana. Tão profundo é este encontro que nos permite ver Jesus, viver com Jesus, ser como Jesus e permanecer com Ele.
Sétimo, um encontro irradiante. Trata-se de uma experiência inesquecível, envolvente e contagiante porque irradia entusiasmo, alegria, paz. Não é possível esconder o que aconteceu, pelo contrário, a divulgação, o testemunho, a missão evangelizadora torna-se irresistível. “Não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” atestam os Apóstolos. Jesus Cristo é então seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado.
Oitavo, um encontro fecundo. Produz frutos de conversão, transformação da realidade, promoção humana, profetismo, consciência social, opção pelos pobres, defesa da vida, implantação do reino de Deus. Não é um encontro íntimista, mas, comprometedor, e transformador.
Nono, um encontro libertador. Livres do mal, do egoísmo, do comodismo, podemos servir os irmãos. Percebemos que diante da idolatria, Jesus apresenta o Pai como bem supremo. Diante do erotismo, Ele pede oblação, renúncia e doação de si. Diante do individualismo, Jesus de Nazaré nos convoca à comunhão fraterna. Diante da exclusão, ele defende os fracos e a vida digna. Diante da natureza ameaçada, O Filho de Deus fala do cuidado que o Pai tem pelas criaturas.
Neste Natal procuremos estabelecer um encontro com Jesus para superarmos o cristianismo anêmico e o catolicismo pagão que acontece ao nosso redor. O Natal deste ano tem um toque especial porque acontece dentro do Ano da Fé. Foi exatamente a fé que propiciou o encontro dos pastores e magos com Jesus, a “Criança de Belém”. Os pastores voltaram maravilhados e os magos voltaram por outro caminho, porque Jesus é o caminho, a verdade, a vida.
Dom Orlando BrandesArcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 15 de dezembro de 2012
Folha de Londrina, 15 de dezembro de 2012