Construir a paz
Celebramos o Dia Mundial do Trabalho, homenageando São José Operário, lembrando que todo trabalho é digno, e todas as pessoas têm direito a trabalhar. Ele é fonte de sustento para a vida e faz com que o trabalhador se torne mais humano e realizado como pessoa. Podemos dizer que o trabalho, trazendo condição de vida, constrói a paz.
Jesus cita uma frase muito importante e motivadora de paz: “Dou-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14, 27). Paz que é fruto da boa convivência, de não colocar fardos pesados sobre os outros, de viver a nova lei do amor, ensinada pelo Senhor. A paz é fruto também da capacidade de superação das diferenças no seio de uma comunidade.
Estamos ainda em tempo de Páscoa, do projeto de “um novo céu e de uma nova terra”, na construção de um mundo diferente, mas também conscientes de que isto é possível. Não podemos ser intimidados pela constante onda do mal, da destruição e do desrespeito à vida, impedindo a concretização da paz. Muita gente vive em constante guerra interior.
A Páscoa, o trabalho e a paz devem solidificar a esperança do povo. Sem isto, o futuro fica obscuro e desmotiva a luta por uma vida feliz. A sociedade tem a necessidade de se nutrir de potencialidades com princípios de humanidade, tendo como meta a vitória da vida, ou a realização plena da paz interior e comunitária.
No mundo de violência generalizada na sociedade brasileira, também de uma mídia propagadora e motivadora disto, reina um clima de desvalorização da pessoa humana e de insegurança de todos. Podemos quase dizer que não estamos num país de paz. Alguma coisa precisa ser feita para reverter esta situação preocupante.
Apesar de todo desenvolvimento tecnológico nos diversos campos da atualidade, parece que o principal e mais urgente, que é o valor da pessoa humana, não progrediu. Não há verdadeira preocupação com a paz, porque ela não está sendo verdadeiramente construída por quem tem nas mãos o poder de fazê-lo.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.