Teológico Pastoral

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sábado, 21 de julho de 2012

Homilia da Liturgia do domingo - 22 de julho de 2012

JESUS, O BOM E VERDADEIRO PASTOR
(Liturgia do Décimo Sexto Domingo do Tempo Comum)

A Palavra de Deus nos apresenta neste Décimo Sexto Domingo do Tempo Comum, Jesus como o Pastor bom, atencioso e guia seguro para o Seu rebanho.
Na primeira leitura profeta Jeremias (26,1-3) nos apresenta um rebanho disperso, confuso e dividido por causa do desinteresse ou da maldade dos pastores aos quais tinha sido confiado. “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem"!  Fica muito claro que o rebanho é propriedade do Pastor Supremo e não dos pastores!
É terrível a maldição de Deus para os falsos e maus pastores, para os impostores, para quem escandaliza e desvia o rebanho!
A cada um de nós é confiado um “pequeno rebanho”. A família, os amigos, os colegas de trabalho etc. Em todos esses ambientes podemos ser fieis testemunhas do amor de Deus ou, pelo contrário, apossar-nos e aproveitar-nos tanto das pessoas como das situações de acordo com o nosso próprio interesse.
O pressuposto fundamental para que alguém seja um bom pastor é o de preocupar-se com as ovelhas que lhe são confiadas. Tomar cuidado das suas necessidades, das suas fragilidades e aspirações.
No Evangelho (Mc 6,30-34) deste domingo Jesus parece quase ver o rebanho descrito por Jeremias e, olhando-o com ternura infinita, se comove!
Mas nós, cristãos deste século, homens deste tempo temos, de fato, necessidade de um pastor? Somos mesmo semelhantes à ovelhas perdidas e confusas? Não seria ofensiva essa comparação ao homem moderno que desvendou tantos segredos da natureza, da ciência e até mesmo do sobrenatural?  É claro que a primeira e imediata resposta dada por cristãos verdadeiros é que sim! Sem dúvida, temos ainda necessidade de um ponto de referência, de um guia, um farol no qual basear a rota da nossa vida e da nossa existência, de modo a reduzir o risco de nos perdermos.
Portanto, há sim, a necessidade de uma moral, uma filosofia divina ou um ideal. O risco aqui é o de trocar a necessidade de ter o Pastor como referência e paradigma pelas “cercas” que podem dar segurança ao rebanho. 
É preciso lembrar que as “cercas” que dão segurança ao rebanho são apenas o abrigo das ovelhas durante a noite. O resto do dia o rebanho corre e caminha livre pelos pastos, onde cada ovelha vive ao seu modo sob o olhar atento do Pastor que sabe reconhecer a cada uma individualmente, ao ponto de chamá-la pelo nome.
Infelizmente, como sempre, não há alternativa: ou seguir o Pastor, ou perder-se, correndo o risco de vir a ser devorado pelos lobos.
A nossa profunda necessidade do Pastor se revela nos momentos das perdas irreparáveis e das dificuldades na vida. É quando descobrimos que somente Ele é capaz de enfrentar as noites escuras e os caminhos acidentados para procurar-nos, resgatar-nos e curar nossas feridas.
É justamente quando a ovelha está mais perdida que o Pastor Bom e verdadeiro estará mais próximo! Nesses momentos o ser humano, ovelha ferida, tem necessidade de um encontro e não de teorias, explicações e conceitos! Nesses momentos terríveis da vida, somente aquele que é Bom Pastor, que vem procurar para carregar o peso das nossas misérias e das nossas dores, pode salvar-nos do desespero.
Jesus queria parar um pouco para descansar com os seus discípulos, mas “viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas que não tem pastor”.
Ele consegue enxergar no mais profundo da alma de cada homem e de cada mulher, a imensa sede de Deus. Consegue ver no mais profundo de cada ser uma imensa necessidade de verdade, de resgate e de sentido da vida!
E então, começa a ensinar-lhes. Recomeça a guiá-los um a um, para que todos, sem exceção, sejam salvos.  O Bom Pastor, no entanto, não se limita a guiá-los com o Seu ensinamento. Ele compreende, não condena, protege e cura cada uma das ovelhas, ainda que tivessem fugido e ido para longe dele! Então, Ele as cura e doa a Si mesmo, diferentemente dos maus pastores denunciados na primeira leitura pelo profeta Jeremias, que são o motivo das feridas nas ovelhas!
Jesus, o Bom Pastor, cuida de suas ovelhas, sacrificando-Se a Si mesmo! Ele se oferece como “presa” para satisfazer o apetite do “lobo” e manter o Seu rebanho salvo, definitivamente, da boca do predador feroz.
Ao oferecer-Se em sacrifício na cruz, Jesus o Bom Pastor, reúne as Suas ovelhas marcando-as com o Seu sangue precioso e tornando-as dignas do Paraíso. Destrói, assim, como escreve São Paulo na segunda leitura (Ef 2, 13-18) a inimizade, o “muro da separação” e o medo.
Graças ao Seu sangue derramado na cruz, a divisão do rebanho e a divisão entre o rebanho e Deus, foi superada para sempre. Ele re-pacifica com o sacrifício redentor, a humanidade inteira consigo mesma e com Deus.
É por isso que temos necessidade de um Pastor. Sozinhos, certamente, nos perderemos e não conseguiremos vencer o mal que se agita dentro e em torno de cada um de nós. Mas incorporados em Cristo, como os ramos na videira e como os membros no corpo, com a sua Graça santificante é que vencemos o “bom combate”. Com o salmista podemos então rezar: “Felicidade e todo o bem hão de seguir-me por toda a minha vida”! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).
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