Teológico Pastoral

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terça-feira, 8 de setembro de 2015

Palavra de Deus

A Palavra de Deus, oito passos


O mês de setembro é dedicado à Palavra de Deus. Já fizemos grandes progressos em relação à Palavra, mas, o analfabetismo bíblico ainda é grande entre nós. Tudo foi escrito para que tenhamos esperança e consolação. É preciso, pois, pegar o livro, comê-lo, ruminá-lo. Lembremos o que dizia Paulo Apóstolo: eu sofro e faço tudo pelo Evangelho, por isso estou na cadeia como um malfeitor. Lembrava, porém, que a Palavra de Deus não se deixa acorrentar.
Nossa experiência com a Palavra tem oito passos. Antes de sermos anunciadores precisamos ouvir, compreender, internalizar e praticar a Palavra. Para que se respeite esta “lógica da experiência” com as Sagradas Escrituras vejamos os oito passos a serem percorridos e vividos.
Primeiro passo: “ouvintes da Palavra”. Ouvir com o coração. Para ouvir é preciso silenciar, dar tempo, acolher a Deus que fala e se comunica na Palavra. Ouvir não é apenas dar ouvidos, mas, deixar a Palavra ressoar, ecoar, transpassar o coração.
Segundo passo: “amigos da Palavra”. Deus fala conosco como os amigos. A Bíblia é uma carta de amor, de amizade, de aliança. Para os amigos nós dedicamos tempo e fazemos de tudo para manter amizade. Quem é amigo da Palavra irá frequentá-la sempre e vibrar de alegria, por este encontro de amizade.
Terceiro passo: “familiares da Palavra”. Ter familiaridade com as Escrituras consiste em tê-las nas mãos, no coração e na missão. A Palavra nos regenera, recria e refaz. Quanto mais lemos, meditamos, estudamos tanto mais nos familiarizamos com a Bíblia. Somos consortes da Palavra.
Quarto passo: “praticantes da Palavra”. Nossos gestos e ações falam mais que nossas pregações. Jesus chama de feliz quem ouve a Palavra e a pratica. Ainda mais, por em prática o que ouvimos e pregamos equivale a construir nossa casa sobre a rocha. Não podemos ter um discurso espiritual e uma vida carnal.
Quinto passo: “discípulos da Palavra”. Neste estágio a Palavra se faz carne em nós. Ele está sempre no princípio de tudo. No princípio do dia, no principio das reuniões, da catequese, da celebração dos sacramentos. Assim, acontece a animação bíblica de toda a vida e pastoral da Igreja.
Sexto passo: “servidores da Palavra”. Não devemos ser donos, patrões, senhores, dominadores da Palavra. Muito menos falsificadores, demagogos, tagarelas. É um verdadeiro “mundanismo espiritual” servir-se da Palavra para nossos interesses próprios. Nada devemos tirar ou acrescentar às Sagradas Escrituras. Não se pode manipular o povo com a Bíblia.
Sétimo passo: “mártires da Palavra”. Sofrer e morrer pela Palavra é um ato de fé e de amor. Estevão, João Batista, Paulo, Tiago, Pedro, enfim, todos os apóstolos foram mártires da Palavra. Assim também aconteceu com os missionários, os santos, religiosos, religiosas, leigos e leigas. Ser mártir, morrer pela Palavra significa internalizar e testemunhar e sofrer pela Palavra. Na boca ela é doce, mas se torna amarga no coração, isto é, a Palavra é exigente, purificadora.
Oitavo passo: “consagrados à pregação da Palavra”. Jesus rezou: “Que eles sejam consagrados pela verdade” (Jo 17, 19). A Palavra é a verdade. Paulo Apóstolo recomenda a Timóteo: “cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério” (II Tm 4,5). Consagrados pela Palavra, consagramos-nos em anunciá-la.
Por fim, precisamos permanecer na Palavra, pois ela é inesgotável, não envelhece, não passa. Permanecer na Palavra significa muitas coisas, como por exemplo, realizar lectio divina diariamente, os conhecimentos bíblicos, não trocar a Palavra pelo devocionalismo, memorizar um texto bíblico no cotidiano, etc. A Igreja sempre venerou as Divinas Escrituras da mesma forma como o corpo do Senhor. Que a Palavra não caia no chão, possa tinir em nossos ouvidos, descer ao coração e subir para nossos lábios.
                                                       

D. Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
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