A Beleza da Santidade
No inicio do mês de novembro celebramos todos os santos. Antes de tudo, é bom lembrar que há santos entre nós, perto de nós, convivendo conosco. A santidade refulge em todos os credos e povos. Não é privilégio de uma religião.
Patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, confessores, virgens, monges, santos, santas compõem aquela multidão de homens e mulheres de Deus nos quais resplandece a multiforme graça divina. Eles cantam o poder, a riqueza a sabedoria, a força, a honra, a gloria e o louvor do cordeiro (cj. Ap.5,12). Os santos apontam para Cristo, glorificam a Deus e servem a humanidade.
Os santos acendem em nós o desejo de sermos melhores, de sermos de Deus, cheios da graça divina, enfim, o desejo de sermos parecidos com eles. Mais que pedirmos graças pela intercessão dos santos, precisamos seguir seu bom exemplo, seu testemunho, sua santidade. Desejemos ser como aqueles que nos desejam o bem e tudo façamos para participar de sua felicidade.
Os santos movem a Igreja, transformam o mundo, cuidam dos pobres, têm compaixão dos pecadores, servem a todos. Neles a graça de Cristo é vencedora, o evangelho se faz carne, o amor de Deus tem seu primado e o amor fraterno chega à perfeição. Nos santos refulge a luz do sol que é Deus. A maior aventura da vida é sermos santos, ou seja, sermos melhores do que somos.
O santo não cai do céu. Ele cresce no cotidiano. É alguém extremamente humano, frágil e simples. Por outro lado, o santo é totalmente outro, é diferente, porque se reveste de Cristo. Santidade e amor são sinônimos. Sem o amor o evangelho não é anunciado, a missão enfraquece, a Igreja decai, o mundo se desagrega. Nos santos o amor chega ao seu auge e por eles somos atraídos ao amor. Entre nós e os santos há um intercâmbio de bens. Eis o tesouro da Igreja, ou seja, os santos atraem todos ao Pai, colaboram com o bem da sociedade, incentivam a santidade da Igreja. Pela santidade de seus fieis a Igreja aumenta, cresce e se desenvolve.
O santo se dedica inteiramente à gloria de Deus e ao serviço ao próximo. Não há santidade sem cruz e sem o combate espiritual, caminho pelo qual o santo chega à mais perfeita humanização e a à mais sublime elevação. Quanto mais se diviniza, mais humano o santo se torna. Amemos, pois estes nossos amigos e benfeitores. Quantas pessoas se tornaram santas lendo a vida dos santos.
Há santos que conquistaram culturas e religiões como Tereza de Calcutá, João Paulo II, Francisco de Assis, Irmã Dulce, Gandhi e tantos outros, tendo sempre presente o primado de Deus em suas vidas. A santidade está ao nosso alcance, mas, tem um alto preço a pagar, porque os santos contradizem as certezas comuns, combatem o que é considerado normal, têm a coragem da resistência, libertam da ditadura da moda e da arbitrariedade. Os santos são homens e mulheres livres do mal e em constante libertação.
Para os santos o bem, a verdade, o amor estão acima de qualquer vantagem pessoal, sucesso, aprovação, simpatia. O santo é autêntico, transparente e radical. Num mundo que nos sufoca com bens materiais e distrações, os santos lançam o alerta do “coração ao alto” e nos convocam a agir contra tudo o que envenena nossa vida. Santo quer dizer, saudável, sadio, são. Santidade é sanidade, saúde, salvação. Eis a beleza da santidade que nos torna bons, sadios, melhores, alegres, sensíveis, portanto, verdadeiramente humanos e cristificados. A maior tristeza e frustração é a de não sermos santos.
Dom Orlando BrandesArcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 5 de novembro de 2011