A Reconciliação
A Liturgia é um convite à RECONCILIAÇÃO.
As leituras mostram os caminhos da Reconciliação:
O Amor de Deus Pai se manifesta dando uma pátria ao povo de Israel,
uma casa paterna ao filho que volta e uma personalidade nova em Cristo.
Como resposta, o homem celebra o dom de Deus, reconhece seu pecado
e volta arrependido aos braços do Pai e reconhece que a iniciativa
da reconciliação vem de Deus por meio de Cristo reconciliador.
Na 1ª Leitura Deus se reconcilia com o seu Povo. (Jos 5,9a.10-12)
Israel celebra pela 1ª vez a Páscoa na Terra Prometida.
Antes, os nascidos no deserto, ainda não circuncidados, devem passar
pela circuncisão, como sinal da Aliança e de pertença ao Povo eleito.
Assim TODOS poderiam celebrar a Páscoa, como início de uma vida nova.
* A Quaresma é tempo de retificar os caminhos e nos reconciliar com Deus.
O Povo de Israel caminhou pelo deserto, buscou a liberdade e,
no final, chegou à terra prometida. Nela celebrou a Páscoa.
E nós, novo povo de Deus, que páscoa, que terra, que libertação procuramos?
A 2ª Leitura é um Hino que enaltece a Misericórdia de Deus,
que nos deu a vida em Cristo e recomenda:
"DEIXAI-VOS RECONCILIAR com Deus". (2Cor 5,17-21)
* Ser cristão é aceitar essa Reconciliação com Deus, em Cristo.
A comunhão com Deus exige a reconciliação com os outros irmãos.
No Evangelho, o PAI se reconciliou com o filho e
convidou os filhos se reconciliarem entre eles. (Lc 15,1-3.11-32)
Um grupo de fariseus e escribas criticava Jesus,
pela atenção especial que dava aos marginalizados,
muitas vezes tidos como "pecadores pela sociedade de então.
- Jesus responde com três parábolas (Ovelha, Moeda e Filho Pródigo),
que revelam a grande bondade e misericórdia de Deus,
que sai à procura do perdido
A Parábola do PAI MISERICORDIOSO (ou do Filho Pródigo)
narra 2 cenas: o Filho mais novo e o Filho mais velho,
unidas pela ação do PAI, que é o centro do relato:
+ O Filho mais novo, numa atitude de orgulho e de desprezo...
afastou-se do Pai, da família e da comunidade...
renunciou à sua posição de filho e foi "para longe"...
- Sonhou sua felicidade com uma vida de independência e de liberdade,
e voltou espoliado, esfarrapado, faminto e sem dignidade...
- "Longe" da casa do Pai, não encontrou a felicidade desejada.
A fome fez ter saudades da casa do Pai e
a lembrança da bondade do Pai o animou a voltar...
+ O Filho mais velho é um "bom filho", sóbrio, obediente e trabalhador...
mas não é um bom irmão. Não aceita a volta do irmão,
nem mesmo o amor do Pai, que o acolheu...
+ O Pai é o personagem central:
Sai ao encontro dos DOIS FILHOS:
- CORRE "movido de compaixão" ao encontro do Filho mais novo...
abraça-o... beija-o... Manda buscar roupa, calçado, o anel,
para que o filho seja restituído em sua dignidade de filho.
E faz uma FESTA para celebrar na alegria a sua volta...
- VAI também ao encontro do Filho mais velho...
Suplica-lhe que entre... convida-o para a festa... para a alegria...
* Podemos abandonar a nossa dignidade de filhos.
Deus não abandona a sua missão de Pai.
Deus sai à procura dos perdidos e festeja porque são resgatados...
A ação do Pai reflete a atitude de Jesus e deve ser também a nossa.
- Quem é esse jovem, que num desejo de liberdade e felicidade,
vai longe do pai, da família, da comunidade e de Deus...
e quando sente o vazio em que se encontra,
começa a sentir saudades da casa do pai?
- Quem é esse irmão mais velho, "bom praticante", mas mau irmão,
que não se alegra com o retorno do irmão arrependido,
e até tenta impedir a volta de quem se desgarrou na vida?
Quantos filhos pródigos (Jovens) continuam ainda hoje pródigos,
perdidos, longe da casa do Pai...
porque não há quem acredite neles e vá ao seu encontro,
ajudando-os a descobrirem os valores da vida e da fé...
* Talvez sejamos um pouco dos dois:
Todos temos um pouco do pecado do mais novo e
da intransigência do mais velho.
+ O Evangelho de hoje nos convida a imitar o gesto do Pai:
- que respeita a liberdade e as decisões dos seus filhos...
- que continua a amar e a esperar o regresso dos filhos rebeldes.
- que está sempre preparado para abraçar os filhos que retornam..
- que os acolhe com amor e os reintegra na sua família.
- que festeja com alegria a sua volta...
Acolhendo os apelos de conversão da Quaresma e da Palavra de Deus,
a nossa celebração será sempre um verdadeiro banquete
para celebrar na alegria a volta ao Pai e à comunidade
dos filhos pródigos que estavam perdidos, mas que voltaram à vida
pela Bondade de Deus e pela Acolhida dos irmãos.
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 10.03.2013